por Milena Acordei com a cabeça latejando, como se mil martelos estivessem batendo em uníssono dentro do meu crânio. Pisquei várias vezes, tentando clarear a visão turva, enquanto flashes da noite anterior passavam pela minha mente como relâmpagos rápidos e desconexos. Lembrava-me da festa, das luzes cintilantes e da música alta. — A bebida — murmurei desgostosa. Lembrei que um dos garçons estava me servindo sempre que possível. Eu a aceitei, sem suspeitar de nada, e então tudo ficou nebuloso. Lembrava-me de rir, de me sentir estranha, fora de controle. Depois… a conversa com um dos convidados… Max era seu nome. Lembro de irmos para a biblioteca com o pretexto de sairmos do barulho da festa e seguirmos na conversa interessante que estávamos. De repente ele estava perto, muito perto. E então Lucian, seu rosto uma máscara de raiva e decepção. Suas palavras cortantes e acusadoras. Mas tudo estava envolto em uma névoa de confusão. O que realmente aconteceu? Por que me
por Débora Eu sabia que Lucian estava vulnerável. Depois do escândalo na festa, sua confiança em Milena estava abalada, e era o momento perfeito para agir. Desde o início, minha estratégia sempre foi simples: aproveitar qualquer fraqueza e usá-la a meu favor. E agora, com Milena fora de jogo, Lucian era meu para conquistar. Na manhã seguinte ao incidente, me esforcei para parecer o mais atenciosa e solícita possível. Fiz questão de preparar um café da manhã perfeito, algo que Milena costumava fazer, mas que, devido aos últimos acontecimentos, estava fora de suas capacidades emocionais. Eu sabia que Lucian apreciaria o gesto. — Bom dia, Lucian - disse, com um sorriso que eu sabia ser a mistura perfeita de simpatia e provocação. — Preparei seu café da manhã favorito. Pensei que você poderia precisar de um pouco de conforto. Ele me olhou, surpreso e grato. — Débora, não precisava. Mas obrigado - respondeu, a exaustão visível em seus olhos. — Eu só quero aj
por Milena Minha cabeça estava um caos. Os últimos dias foram um turbilhão de emoções, decepções e traições. A imagem de Lucian me acusando, me colocando como nada fervia dentro de mim. Eu precisava entender, precisava de respostas. Mas, acima de tudo, precisava resolver tudo isso antes que meu coração explodisse de dor. Caminhei pelo corredor em direção ao quarto de Lucian, minha determinação crescendo a cada passo. Eu sabia que nosso casamento era apenas um acordo comercial, mas isso não impedia os sentimentos de florescerem. Eu odiava estar apaixonada por ele, odiava como meu coração acelerava quando ele estava por perto, como um simples toque seu fazia meu mundo tremer. Eu não queria sentir nada do que sinto quanto estamos próximos. Mas isso não iria me impedir de tentar me reconciliar com ele. Mesmo sendo um casamento de fachada, eu queria que pudéssemos ser ao menos, amigos. Respirei fundo ao chegar à porta do quarto de Lucian. Bati levemente, mas não houve r
por Lucian A noite caiu como um manto pesado sobre mim, enquanto eu me sentava no silêncio sombrio do meu escritório, a única luz sendo a fraca chama de uma vela que eu esquecera de apagar. Meus pensamentos estavam enevoados, e minha mente girava em torno do que havia acontecido mais cedo. Milena... Milena nos flagrou. A dor em seus olhos, a mágoa em seu rosto, estavam gravadas em minha memória como um punhal cravado no coração. Débora entrou silenciosamente no escritório, fechando a porta atrás de si. Ela se aproximou com um olhar de preocupação e um toque de arrependimento, sentando-se ao meu lado. Sua presença era ao mesmo tempo confortante e repulsiva. Ela havia sido parte do desastre, mas agora era a única que parecia entender o peso do momento. — Lucian, você está bem? - sua voz era suave, quase um sussurro, enquanto ela colocava a mão sobre a minha. Eu a afastei gentilmente, incapaz de lidar com seu toque naquele momento. — Como você pode perguntar isso, Déb
por Milena A dor parecia envolta em uma neblina sufocante, envolvendo-me em suas garras implacáveis. Desde que vi Lucian na cama com Débora, minha vida se tornou um redemoinho de desespero e angústia. — Como ele pôde? - murmurei para mim mesma, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Como ele pôde fazer isso comigo? Não que tivéssemos um acordo de fidelidade total. Mas ele me devia respeito, ao menos, por ser sua esposa em um documento. Tenho para mim que ele não foi consultado quanto ao nosso casamento, simplesmente parece que seus pais determinaram e ponto! Mas mesmo que tenha sido assim, ele deveria ao menos respeitar a minha pessoa. Que levasse Débora para um dos hoteis da rede Donovan. Que fosse para um motel com ela, mas debaixo do mesmo teto que estou. É muita humilhação! Voltei para o meu quarto, o lugar que passará a ser um refúgio para mim nessa casa estranha. Sentei-me na cama, segurando um travesseiro contra o peito, tentando acalmar a tempes
por Débora Desde aquela noite, minha vida parecia se desenrolar em uma sequência de movimentos calculados e frios. Cada passo que dava em direção a Lucian era meticulosamente planejado, mas, apesar de tudo, algo estava errado. Ele não estava tão na minha como eu esperava. A chama da paixão que inicialmente acendemos parecia vacilar, deixando-me inquieta e ansiosa. Parei diante do espelho no quarto de hóspedes que Lucian pediu para as empregadas arrumarem para mim, observando meu reflexo. O rosto que me encarava parecia sereno, mas por dentro, a turbulência crescia. Eu precisava manter a calma. O jogo ainda não estava perdido. — Preciso pensar - murmurei para mim mesma, tentando ordenar os pensamentos. — Lucian é mais resistente do que eu previa. Milena ainda tem uma influência sobre ele que eu subestimei. Passei os dedos pelos cabelos, tentando afastar a frustração. Milena era um obstáculo constante, uma sombra que pairava sobre meus planos. Se eu quisesse cons
Por Milena O dia estava nublado, e o vento frio que cortava a cidade parecia refletir a tempestade que assolava meu coração. Caminhei pelas ruas com passos hesitantes, a mente ainda presa aos eventos daquela noite devastadora. Peguei um táxi até a clínica, ansiosa e assustada. Dispensei meu motorista, queria um pouco mais de normalidade. Precisava confirmar que meu bebê estava bem, especialmente depois da quantidade de álcool que ingeri naquela maldita festa. Meu coração pesava com culpa e incerteza, mas havia uma chama de esperança que me empurrava para frente.Ao entrar na sala de espera, meus pensamentos se voltaram para Lucian e Débora. O choque de encontrá-los juntos ainda reverberava em minha mente, uma ferida aberta que teimava em sangrar. Mas agora, precisava me concentrar no meu bebê. Precisava saber que ele estava bem, que não havia sido afetado pela minha imprudência.A porta do consultório se abriu, e a enfermeira me chamou. Entrei, e o Dr. Henrique, meu obstetra,
por Milena Estava uma manhã ensolarada, o céu azul contrastando com o turbilhão de emoções que eu carregava dentro de mim. Aceitar o convite de Beatrice, a mãe de Lucian, para um almoço parecia uma oportunidade de respirar um pouco, de encontrar algum apoio em meio ao caos. Afinal, ela sempre foi carinhosa comigo, desde o início do meu casamento com Lucian. Mas, a sombra de Débora pairava sobre cada passo que eu dava, tornando difícil encontrar consolo.A casa de Beatrice era um refúgio de tranquilidade, com seu jardim florido e a brisa suave que sempre parecia soprar ali. Ela me recebeu com um abraço caloroso, um gesto simples que trouxe lágrimas aos meus olhos, tão faminta eu estava de afeto verdadeiro.— Milena, querida, é tão bom te ver - disse Isabel, guiando-me para a sala de estar onde a mesa já estava posta.— Obrigada, Beatrice. Precisava muito de um pouco de paz - respondi, tentando sorrir.Nos sentamos à mesa, e enquanto Beatrice servia o almoço, tentávamos manter uma