Capítulo 2 A Festa

Por Milena

Alguns dias depois

– Letícia, olha só onde você nos meteu.

– Relaxa, Milena, sair um pouco da rotina faz bem. Além disso, logo estaremos ocupadas com as aulas que começam na próxima semana.

– Nem me lembre. Não sei por que inventei de fazer essa especialização.

– Porque você não quer ser apenas mais uma entre tantas outras.

E com isso, deixei Letícia me convencer a vir para uma festa de uns amigos dos pais dela. Algo bem formal, mas com pessoas de todas as idades.

Letícia e eu nos conhecemos desde o ensino fundamental. Nos tornamos amigas desde o nosso primeiro "oi" e aqui estamos nós.

Procuramos estar o mais próximas possível. Letícia é filha única e eu, bem, passei minha vida em um orfanato.

Quando a família da Letícia descobriu que eu morava em um abrigo, eles fizeram questão de me deixar o mais à vontade possível. Com isso, eu passava mais tempo com eles do que no orfanato. Eles até consideraram me adotar, mas parece que havia um documento que não permitia ou algo do tipo. Na verdade, nunca mexi com esses papeis e a diretora do orfanato sabia quem eram os Sugg, pois, aqui entre nós, estávamos falando de uma das maiores fortunas do nosso condado.

Se tive sorte, não sei, mas a família da Letícia me proporcionou muitas oportunidades.

Mesmo agora, com meus vinte e dois anos, eles ainda me incluem em suas festas e passeios.

Com o curso que estou fazendo, ainda estou morando nas dependências da faculdade, mas meus planos são ter meu próprio consultório.

Ainda estou trabalhando no armarinho, mas só até concluir essa especialização. Já estou preparando meu curriculum e com fé em Deus, irei conseguir uma boa oportunidade de trabalho.

Financeiramente, consigo me manter com o básico, nunca fui esbanjadora e me viro bem com o que tenho.

Me formei em psicologia e agora estarei começando uma especialização em neuropsicologia na próxima semana.

Quero lecionar nessa área e dividir conhecimento, acho fantástica a mente humana.

Finalmente chegamos ao hotel onde está acontecendo a festa.

Antes de entrar, viro para Letícia:

– Presta atenção no que vou te dizer. Se você for ficar com alguém, me avisa, pois não quero ficar esperando como da última vez. Quase criei raízes te esperando.

– Nossa, você ainda está amargando isso, Mi?

– Amargando não! Você ainda me deve. Se não fosse o segurança me avisar que a festa já havia acabado, possivelmente estaria lá até agora.

– Credo! Eu não teria te deixado lá, mulher!

– Ah, tá. Você parece uma daquelas gatas no cio, basta saber miar que te leva.

– Não é bem assim!

Olho para ela com incredulidade.

– Tá bom, tá bom, é quase isso!

E caímos na risada.

– Amiga, você precisa deixar de levar tudo tão a sério. A vida passa depressa e se não aproveitarmos, quando nos dermos conta, já foi.

– Se com isso você está falando sobre eu ainda ser virgem, não vejo problema. Só não quis perder minha virgindade com nenhum palhaço.

– Você é cheia de regras, isso sim!

– Sou! E a regra de hoje é não me deixar sozinha.

– Já entendi, minha matrona!

– Que seja! Amo ser uma senhora respeitável… Só que não!

E com isso, a risada nos pega enquanto entramos no salão onde está acontecendo a festa.

O lugar é enorme!

Letícia já sai me arrastando, cumprimentando quase todo mundo.

Os pais dela estão oferecendo um jantar em homenagem a um casal de amigos.

Acho que não foi má ideia ter vindo, ao menos a comida está deliciosa.

Letícia já está disparando seu olhar de lince na direção de alguns homens, mas nada que possa atrapalhar nossa noite.

Finalmente a pista de dança é liberada e lá vamos nós!

Já dançamos não sei quantas músicas.

Os pais da Letícia até chegaram a nos fazer companhia, mas logo pediram licença pois alguns amigos estavam esperando por eles.

A festa segue, até que divertida.

Estou muito cansada, a semana de trabalho está cobrando uma pausa e Letícia parece estar entretida com um moreno alto, bem afeiçoado que ganhou a atenção da minha amiga.

Vou até ela e falo que vou dar uma pausa, pois meus pés estão pedindo descanso.

E com isso, saio da pista de dança.

A festa está até que divertida, mas quero um lugar mais tranquilo e decido ir até o bar, onde há algumas banquetas para sentar.

Escolho uma banqueta mais discreta, onde consigo ver as pessoas dançando.

– O que posso te servir? - me pergunta o barman.

– O que você escolher para mim está bom, desde que não seja forte e nem muito adocicado.

– Já tenho algo em mente.

E com isso, ele pisca para mim e sai preparando seja lá o que a mente dele sugeriu.

Enquanto espero minha bebida, fico observando as pessoas.

Por mais que eu não tenha uma família para chamar de minha, fui muito abençoada quando a família da Letícia me acolheu em seus corações.

Minha vida poderia ser muito mais difícil, mas eles sempre estiveram ao meu lado.

Além de bancarem todos os meus estudos, ainda cuidam de mim como pais.

Mas eu sempre soube meu lugar e nunca invadi demais o espaço deles.

O barman traz minha bebida e incrível, ele acertou em cheio!

– Está perfeito!

– Sabia que você iria gostar.

E assim, ele sai para atender os demais convidados e eu sigo bebericando minha bebida.

Estou distraída olhando a pista de dança e sorrindo, vendo um casal se divertindo, mesmo tendo os dois pés esquerdos. Eles não estão nem aí, só querem aproveitar a noite.

De repente ouço:

– É incrível quando as pessoas se permitem ser elas mesmas!

Me viro na direção de onde aquela voz acabara de vir e me deparo com um homem... lindo!

Por todas as calcinhas indefesas!!!

De onde apareceu esse ser?!?

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