O Pai do Meu Filho é o meu Professor
O Pai do Meu Filho é o meu Professor
Por: Bhia Pear
Capítulo 1 A Noite Deserta

Por Milena

Nossa, estou voltando bem tarde para casa. Levei mais tempo do que queria na biblioteca. Infeliz ideia de vir caminhando, agora o campus está deserto. Apenas os poucos seguranças e nada mais.

A luz dos postes de iluminação se apagam bem na hora que estou passando.

– Mais essa agora! – murmuro para mim mesma, tentando ignorar a sensação de inquietação que cresce dentro de mim.

Mas continuo mesmo assim, pois preciso chegar em casa logo.

Estou tão cansada!

E de repente um carro surge do nada… E freia em cima de mim!

Acabo com o susto caindo no chão.

Que droga!

Meu Deus… Estou parecendo um purê mole esparramado pelo prato, sentada neste chão.

O coração b**e descontrolado no peito enquanto tento recuperar o fôlego.

O motorista desce do carro às pressas, seus passos rápidos na direção onde estou caída.

Mas espera!

Eu não acredito!

Ele abaixa e olha a lataria do carro.

Não é possível uma coisa dessa!

Estou estabacada no chão, e o homem está olhando seu carro!

Eu não estou vendo isso!

Ele parece preocupado, mas não comigo!

A rua está muito escura e o farol alto do seu carro aceso não me deixa ver seu rosto.

– Caramba menina, você deveria ter mais cuidado, ainda mais com as ruas nesse breu – esbraveja ele, com uma voz de trovão em dias de tempestade.

Me levanto, sentindo uma mistura de raiva e medo.

Me sinto pequena diante desse homem alto e imponente.

Me mexo, limpando a poeira que veio sobre minha roupa e vendo se não me machuquei.

– Desculpe, eu... eu não vi o seu carro. Você freou de repente! – respondo, tentando manter a calma.

Ele balança a cabeça, claramente irritado.

– Isso não importa. Você poderia ter causado um acidente! Preste mais atenção da próxima vez!

Sua voz é dura e impaciente, como se estivesse me repreendendo por algo grave.

Me sinto desconfortável, desejando estar em qualquer outro lugar além dessa rua deserta.

– Eu entendo, desculpe mesmo. Eu só... só quero ir para casa – murmuro, olhando ao redor em busca de uma rota de fuga.

Ele parece notar minha hesitação e dá um passo para mais perto de mim.

Que droga!

Esse breu não me deixa ver seu rosto, apenas algumas nuances que não me ajudam muito.

– Vou te levar para sua casa então. Entre no carro.

Êxito, afinal não faço ideia de quem ele seja.

Ele percebe minha hesitação e sai falando:

– Faço parte do corpo docente da faculdade, não se preocupe, só irei te deixar em casa, para evitar que provoque algum acidente mais grave com essa sua falta de atenção.

Nossa, minha falta de atenção.

Por esse comentário eu não esperava, mas opto pelo silêncio, ele não parece ser uma pessoa muito… sociável.

E com isso, me lembro do spray de pimenta que tenho na bolsa. Trago ela ainda mais perto de mim, deixando seu zíper aberto, pois qualquer situação diferente, eu disparo nele o spray.

– Vamos, entre, não tenho tempo a perder e você já está ocupando muito mais do que poderia lhe dar. - me diz, sem nenhuma paciência.

E com isso, não vejo muita escolha além de obedecer, então entro no carro sem dizer mais nada.

O interior é escuro e a música alta ecoa no espaço confinado.

Por um momento ele abaixa o som do carro e me pergunta onde moro. Dou meu endereço, ele digita rapidamente no GPS do carro.

Graças ao céu, eu estou perto de casa.

E depois de confirmar o endereço, volta a aumentar o volume da música que está tocando; um rock melodioso e ao mesmo tempo interessante.

No espaço confinado em que nos encontramos, o cheiro inconfundível de sua colônia preenche cada canto, amadeirada e única. Como uma suave carícia olfativa que se espalha ao meu redor, despertando memórias e criando um vínculo invisível entre nós. Mas automaticamente reprimo qualquer coisa, pois ele é apenas um estranho que se compadeceu de mim e está me levando em segurança para casa.

Ao menos é o que digo para mim mesma em meu silêncio.

Ele dirige rápido, muito rápido para as ruas do campos, e eu me seguro no banco, rezando para que cheguemos logo. Durante o trajeto, ele não diz uma única palavra.

A noite está tão escura lá fora e mesmo dentro do carro a iluminação é quase nenhuma.

Não consigo ver seu semblante e mesmo que eu quisesse, com ele dirigindo desse jeito, tento ao máximo me segurar no banco e mantenho meus olhos lá fora no breu.

A tensão no ar é palpável, e eu me sinto aliviada quando finalmente chegamos em frente à minha casa.

A penumbra ainda está presente, parece que tivemos um blecaute geral.

– Chegamos – diz ele, sem emoção na voz.

Agradeço sem olhar para ele, desejando sair o mais rápido possível daquele carro.

Quando fecho a porta, ele simplesmente acelera e vai embora, deixando uma nuvem de poeira para trás.

Fico ali parada por alguns segundos, tentando inutilmente entender o que foi isso, afinal?

Entro em casa tremendo, a experiência com aquele homem desagradável ainda ecoando em minha mente.

Me jogo na cama, tentando afastar os pensamentos ruins. A noite parece mais escura do que nunca lá fora, e eu me pergunto se vou conseguir dormir depois de tudo isso.

O encontro com o homem do carro me deixou com uma sensação de vulnerabilidade que eu nunca tinha experimentado antes.

A escuridão revelou não só o perigo das ruas desertas, mas também a amargura e falta de empatia de algumas pessoas.

Com pode um carro ser mais importante que uma pessoa?!

Amanhã, com a luz do dia, talvez consiga entender melhor o que aconteceu. Mas por enquanto, só quero esquecer essa noite e dormir em paz.

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