Capítulo 3 Sem nomes

Por Milena

Fico espantada e percebo que ele já viu meu olhar, porque sorri, enquanto sacode a cabeça.

– Desculpe… seu comentário me pegou... me pegou de surpresa!

Além de ser pega babando por ele, agora tropeço nas palavras.

Nossa, estou parecendo uma estúpida.

Mas ele percebe minha falta de jeito e sai falando:

– Eu que devo me desculpar, você estava distraída.

– Não por isso, as pessoas me fascinam. É sempre bem-vindo quando algo tão inocente surge e ao mesmo tempo tão rico em seus detalhes.

– Interessante, pois compartilho do seu pensamento, em um mundo onde tudo acontece rápido demais, os pequenos detalhes ainda me chamam mais atenção… a propósito, você não me disse seu nome.

E me olha de forma curiosa.

Mas o estranho é que está voz… este tom de voz, me é familiar, mas esquisito, olho para ele e não me lembro de ter visto ele.

Será que ele esteve no armarinho?!?

Acho improvável, um rosto desse, eu não iria me esquecer fácil.

E por fim, não irei me prender a querer lembrar de alguém só pela voz.

Melhor deixar isso para lá.

– Nem você o seu - acabo dizendo e deixando meus pensamentos de lado.

Ele abre um sorriso incrível, nitidamente entendendo a brincadeira.

– Sem nomes? - me pergunta.

Acho que hoje não serei quem eu costumo ser, posso me permitir ser alguém diferente do que de fato sou.

– Nomes são apenas rótulos e hoje acho que posso me permitir em não usá-lo. Algum problema?

– Não! Nenhum, também não gosto de certas formalidades que nos são impostas.

– Esse é o ponto.

– Posso lhe oferecer uma bebida?

– Puxa, ainda estou aproveitando a que o barman fez para mim.

– O que ele lhe trouxe?

– Não sei o nome, mas está uma delícia!

E ele vê minha satisfação com a bebida.

– Certo, vou pedir apenas um Scott, para lhe fazer companhia, se não se importar.

Olho para ele descrente. Quem em seu juízo perfeito deixaria passar um homem lindo como ele? Já faz tempo que não me dou a esse desfrute, e não vejo porque não aproveitar a companhia dessa espécie interessante.

– Seus pais estão na festa? - ele pergunta de forma despretensiosa.

– Não, vim com uma amiga e seus pais.

– Ah, então está sem toque de recolher?

Olho para ele na tentativa de entender onde essa conversa irá nos levar, mas como o rosto e tudo mais estão agradando meus olhos, acho que posso seguir falando.

Pois o bofe, não é de se desperdiçar, se é que me entende!

– Mesmo que eles estivessem aqui, a filhinha deles sabe se comportar muito bem!

Ele sorri com minhas palavras.

– Isso é bom, porque caso fosse necessário, eu mesmo pediria permissão para levá-la um pouco mais tarde.

Uauuu, ele quer me levar mais tarde, como assim produção?

– E qual seria o motivo de me levar “um pouco mais tarde”?

Seu olhar ganha uma intensidade que eu não esperava, ele sai literalmente me olhando como se eu fosse algo deliciosamente bom de se saborear.

Abençoada foi a minha escolha para essa noite. Letícia tinha me dado esse vestido frente única bordô que usara apenas uma vez. Aproveitei uma sandália salto agulha com strass, cabelo em ondas grandes caindo sobre meus ombros e maquiagem um pouco mais forte do que costumo usar. Com meus um metro e sessenta e cinco, até que ganhei alguns olhares na festa e claro, não imaginava que iria conseguir um homem lindo flertando comigo de forma tão descarada.

– Como sabemos, a noite é uma criança e para isso, basta saber brincar.

– Humm, interessante… e se eu não quisesse brincar, como ficaríamos? - comento.

– Eu faria de tudo e mais um pouco, pois desde que meus olhos caíram em você, eu comecei a desenhar uma noite incrível para nós dois. E não costumo brincar sozinho.

Nossa, ele foi direto!

Por essa eu não esperava.

Ele me olha profundamente, deixando claro que suas palavras são reais e o convite permanece no ar.

Sei muito bem o que as palavras dele trazem em suas profundezas.

Letícia sempre me lembra da seriedade com que levo tudo em minha vida. Preciso mudar as coisas de lugar e por que não me deixar levar por uma noite com um homem lindo assim?

E estendi minha mão para ele, que definitivamente compreendeu que poderíamos brincar, a dois!

Saímos da festa e caminhamos até a recepção do hotel.

– Sente-se aqui por favor, vou ali na recepção pegar as chaves do quarto.

E assim, aquele homem lindo sai caminhando.

Ele parece não se importar, mas é nítido, como as mulheres o devoram com os olhos.

Até mesmo a simples recepcionista se pudesse, se penduraria em seu pescoço, disso não tenho dúvidas!

Mas hoje, a felizarda parece que serei euzinha.

Dei uma olhadinha em seus dedos enquanto conversávamos, sem marcas de aliança.

Ao menos tudo indica que seja solteiro.

Logo ele volta.

– Vamos!

Balanço minha cabeça concordando, enquanto me coloco em pé.

Ele me põe para caminhar a sua frente, enquanto me apoia com seus braços.

Seguimos para o elevador e adentramos.

Mas quando as portas se fecham, ao som do plim, ele me empurra contra a parede do elevador e abocanha meus lábios.

Eu fui pega de surpresa por seu beijo.

Ele literalmente devora minha boca, algo que eu não estava esperando.

Seu perfume me alcança e esse cheiro me traz a sensação de já ter sentindo em algum lugar. Mas, não me recordo onde.

No entanto, não deixo que me beije sozinho e me permito ser levada por seus lábios.

Nossas bocas se duelam, entre línguas e mordidas.

Ele me toma em seus braços enormes e me aperta contra seu corpo, enquanto segue me beijando.

Definitivamente ele não quis perder tempo!

Logo o elevador dispara o sinal de que chegamos.

Ele se afasta, mas a intensidade que há em seus olhos é algo que eu nunca vi.

Ele me estende a mão e eu seguro nela, seguimos até o quarto que ele reservou.

Entramos e sei muito bem que ele reservou uma das suítes presidenciais.

Interessante!

Acho justo que queria me oferecer o melhor.

– Fique à vontade, vou até meu quarto e já volto.

Meu quarto!

Nossa, não imaginei que ele estivesse hospedado aqui.

Mas que seja, já estou aqui mesmo e se algo estranho acontecer, basta eu sair.

A suíte é muito ampla, há uma boa sala de estar, com uma mini cozinha acoplada. Tem uma porta no canto direito, possivelmente um lavabo.

E um pequeno home office em um canto, onde vejo muitos livros bem organizados.

Oras, ele gosta de ler!

Que grata novidade!

– Agora sim, estou à vontade.

Quando me viro para olhá-lo, ele está descalço. Vestindo uma camisa preta com os botões abertos e usando uma calça de flanela bem soltinha.

Sabe aquele sorvete que enche primeiro os olhos para depois você querer sair lambendo ele todinho.

Isso!

É isso que estou olhando, nesse exato momento!

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