—Minha irmã era tão jovem. Ela não merecia partir deste mundo por sua causa; ela tinha muitas coisas para viver e muitos momentos para escrever. Infelizmente, ela se apaixonou pelo homem errado em uma idade errada e não pensou nas consequências de seus atos. Eu não chamaria isso de amor, foi algo passageiro e estúpido que a condenou à morte. —Ela fez uma pausa para limpar as lágrimas. Hope fungou e olhou fixamente para ela—. Ela tinha apenas quinze anos quando engravidou de você, e minha mãe disse que poderíamos fazer algo, que talvez indo ao médico pudéssemos interromper a gravidez. No entanto, optar por um aborto naquele momento era ilegal e havia também o risco de que, por ser menor de idade, corresse perigo de morte durante todo o processo. Mesmo assim, já não havia nada que pudéssemos fazer, era tarde demais, já que a gravidez estava um pouco avançada, quase três meses.
Ela só queria que ele parasse de falar.—Não...—Estávamos todos arrasados com a situação enfrentada por minha irmã. Ela não merecia estar nessa posição perigosa, apesar de ter buscado essa consequência por falta de precaução. Ela não havia pensado nas possíveis consequências ao mostrar seu suposto amor, e agora estava condenada a viver com um filho em tão tenra idade. No entanto, a vida tinha preparado outro destino para ela, um cruel e fulminante. Durante os primeiros meses, tudo parecia correr bem. Sua barriga crescia normalmente e íamos às consultas médicas para garantir que o processo ocorresse sem problemas. Ela seguia todos os exames e tomava os remédios recomendados. Além disso, fazia exercícios para se manter saudável. Minha mãe estava sempre cuidando dela, garantindo que seguisse todas as instruções. Ela nunca cometeu um erro e esteve ao seu lado, ensinando tudo o que podia. Quando chegou o dia do parto, estávamos todos bastante nervosos. Devido à sua pouca idade, decidimos que seria melhor fazer uma cesárea. Todos concordamos e confiávamos que tudo daria certo. Mas, infelizmente, nada aconteceu como planejado ou como os médicos haviam previsto. Era uma terça-feira à noite e estávamos dormindo. De repente, seus gritos nos acordaram. O bebê decidiu chegar antes e ela estava praticamente em trabalho de parto, havia rompido as águas e se contorcia de dor em sua cama, sentindo um desconforto intenso em todo o seu corpo.—Oh meu Deus —sussurrou a garota. Ela não queria mais ouvir aquela história com o típico final trágico, mas sentia-se compelida a terminar de ouvir o relato sombrio de sua tia.—O desespero de nossa mãe, de todos nós como família, ao vê-la tão destroçada que ela mal conseguia lidar com o que estava acontecendo. Na verdade, ela sempre foi a mais protegida da mamãe e a mimada, a que mais ficava doente e todos esses detalhes. Isso fazia com que o que estava vivendo naquele momento se tornasse a experiência mais difícil do que poderia ser. A mulher parou de caminhar de um lado para o outro e sentou-se no sofá vazio. Ela entrelaçou as mãos sobre o colo e olhou para sua sobrinha com seus olhos profundos. A sobrinha estava visivelmente afetada pelo ocorrido no passado, mas agora, no presente, ela sentia a dor de uma forma mais intensa, como se fosse algo completamente novo. Seu coração estava apertado e ela tinha um nó na garganta que dificultava engolir normalmente. Ela nunca havia sentido uma dor tão intensa e imaginava toda a cena do que provavelmente tinha acontecido com sua verdadeira mãe. A culpa continuava aumentando a um nível incontrolável, muito difícil de medir.—Quem é meu pai? — ela perguntou, entre lágrimas, percebendo que o homem a quem ela havia chamado de "pai" todos esses anos era apenas uma mentira.—Não terminei —disse a mulher com dureza. Ela continuou com a história e a jovem não teve escolha senão ouvir—. Minha irmãzinha fez tudo o que pôde naquela noite, lutou e resistiu com todas as suas forças até onde seu corpo permitiu. No entanto, ela morreu, talvez um minuto depois que você nasceu. Ela olhou para você e segurou você com a pouca força que lhe restava, e então se foi. Maldição! Ela partiu deste mundo e tudo foi por sua culpa.—Lamento muito pelo que aconteceu, mas não considero justo que me culpe por uma situação que eu nunca quis e da qual nem mesmo estava ciente. Não sou responsável pelo que aconteceu, também sou inocente em tudo isso. Você não pode simplesmente me odiar por uma questão na qual estou envolvida, mas da qual não sou culpada —disse a jovem, olhando diretamente nos olhos dela, sentindo-se muito magoada por tudo aquilo. Ela não era culpada pelo que aconteceu, de nada. Por mais que a mulher desabafasse e jogasse tudo isso na cara dela, ela sabia que era inocente.—Para mim você é e sempre será culpada. Você é a única culpada por minha irmã não estar mais nesta vida. Além disso, você era a única que deveria ter partido deste mundo e não ela. Agora você entende por que eu não posso te amar? Mesmo assim, te dei tudo durante todo esse tempo: educação e uma boa vida. Você não pode reclamar. Mas não aguento mais, não quero mais te olhar nos olhos porque toda vez que o faço, me lembro dela. É como se estivesse vendo ela. Você se parece tanto com ela e isso me afeta demais. Você não pode mais viver aqui. Sinto muito.—Leonardo não é meu pai? Diga-me. E não parece justo o que você está fazendo. Não sou culpada por te lembrar da mamãe. Em poucas palavras, você está me expulsando porque desperto uma dor em você que não deveria ser assim. Você também é minha família, sou sua sobrinha e nada vai mudar isso —disse ela, angustiada, levantando-se e a outra a imitou.—Como você pode pensar isso? Leonardo também não é seu verdadeiro pai. O infeliz que engravidou minha irmã desapareceu como se fosse mágica. Ele só a usou, acabou cortando suas asas e a jogou para a morte. Ele era apenas um abusador e um maldito covarde que não teve coragem nem valentia para aparecer e assumir a responsabilidade pelo que fez. Porque ele também deveria ter sido responsável por minha irmã e pelo bebê dela, mas nem sequer teve a intenção de apoiá-la durante o tempo em que ela estava grávida. E nada disso nos surpreendeu, de verdade. O que mais se poderia esperar de um homem assim? Certamente nada de bom.Diante da admissão de sua tia de que Leonardo não era seu pai, ela não se sentiu perplexa nem caiu no sofá impactada com suas palavras, já que era de se esperar outra bomba que a deixasse suspensa entre destroços contundentes. Ainda assim, algo dentro dela estava se quebrando, deixando pequenos pedaços de vidro cravados em sua pele e abrindo feridas que doíam e ardiam e que não tinham cura, pois não havia ungüento capaz de curar cada uma das feridas, muito menos fechar as aberturas.A amargura se misturou com diversos sentimentos e quebrou as emoções como se fosse um copo de vidro na beirada de uma mesa. Bem, ela já não estava perto da beirada, mas sim pior ainda, espalhada pelo chão em pedaços.- Está bem, vou pegar minhas coisas e vou embora daqui. Vou sair da sua vida para sempre e juro que nunca mais vou voltar para você de jeito nenhum. Não quero mais te ver na minha vida. Agradeço pelo que você fez, mesmo que tenha sido forçada a agir de maneira boa, porque vejo agora que você não é essa pessoa que pensei todo esse tempo. Você é má, você é... Nem sequer consigo pronunciar a palavra. O que eu sei é que você não merece que ninguém te ame, porque nem sequer sabe como fazer isso e te atreveu a brincar com esses sentimentos todos esses anos - fez uma pequena pausa para pegar ar, precisava que o ar voltasse a circular em seu sistema ou perderia a fala, tudo doía, absolutamente tudo - Espero que você não se arrependa de agir dessa maneira tão má como está porque não estou disposta a te perdoar. Adeus, Marie.Então ela foi para o quarto, andando de forma brusca enquanto subia rápido cada degrau que levava ao seu quarto. Nunca antes a escada para cima tinha lhe parecido tão longa. Assim que entrou no quarto, começou a procurar no guarda-roupa algumas coisas que precisaria, como roupas. Ela teria gostado de não levar nenhuma peça do que tinha ali, pois tudo tinha sido comprado por eles. Ainda assim, mais tarde ela se arrependeria, porque não tinha nada, nem um centavo no bolso para comer. Nem mesmo sabia para onde ir agora que sua tia a havia expulsado de casa. Era inacreditável pensar que algo assim poderia acontecer com ela, por isso não tinha se preocupado em guardar parte do seu salário da semana passada, então não contava com nada nem ninguém. Estava perdida.Não pôde evitar começar a chorar enquanto fazia uma mala grande e a enchia com suas roupas. As lágrimas saíam violentamente e rolavam por suas bochechas, caindo frias sobre o tecido de alguma camisa ou vestido que nem se preocupava em dobrar, pois também não tinha vontade de fazê-lo. Só queria sair dali, não ver a cara daqueles dois.Não importava que não tivesse um destino certo. Ela veria o que fazer, provavelmente teria que recorrer a uma amiga, que sim tinha. Além disso, era rica. Mas tinha vergonha de ir até Alicia e pedir ajuda. Era uma loucura ir até ela e perguntar se poderia ficar em sua casa. Além disso, havia o fato de que ela vivia com seu pai, que era um homem bastante rico e um tanto sério. Na verdade, não tinha certeza de nada.Não tinha muitas opções, era simplesmente algo que deveria fazer de qualquer jeito. Talvez fosse melhor conversar com ela e propor um empréstimo. Seu rosto ficava ruborizado de vergonha e ela imaginava vivendo ao lado daquele homem que havia lhe parecido bastante bonito quando o viu pela primeira vez. Não conseguia imaginar estar tão perto dele naquela linda mansão para a qual havia ido várias vezes e da qual estava apaixonada, não só pelos arredores, que pareciam um palácio real, mas pelo dono que durante a festa de 18 anos de sua melhor amiga tinha ficado olhando para ela de forma estranha. Agora que pensava, não parecia uma boa ideia pedir ou solicitar abrigo lá.Já não sabia o que fazer. Deveria ir a algum lugar, jamais ficar como se fosse uma mendiga na rua, o que, só de pensar, lhe causava um arrepio em todo o corpo e medo de sofrer alguma desgraça.Suspirou fundo. Se a vida lhe lançava essa bola curva, ela lançaria com mais força. Tudo agora era difícil e estranho, uma reviravolta que aceitaria com otimismo.Sim, é claro que falaria com Alicia, ou talvez fosse melhor ligar para Ashton...Enquanto ela estava prestes a bater na porta daquela mansão, sentiu a necessidade de desistir e sair correndo com a mala na mão. No entanto, ela bateu sem pensar muito e em pouco tempo uma mulher jovem de olhos verdes recebeu a garota. Pelo uniforme, ela sabia que era a empregada, uma mulher muito gentil que teve o privilégio de conhecer antes durante suas visitas à casa, embora já fizesse muito tempo desde a última vez que foi lá, mas agora estava ali novamente com outra intenção, uma que a assustava pronunciar porque poderia ser interpretada como um abuso, mesmo que ela realmente precisasse da ajuda.Na verdade, suas opções nunca se esgotaram, quando só havia uma e era essa, ir para casa, não, para a enorme mansão de Alicia e falar com ela sobre ficar por um tempo enquanto ela encontrava uma maneira de pagar por um quarto em outro lugar."Olá, como posso ajudar você? Mas entre, não fique aí parada", imediatamente a empregada se afastou. Ela já a conhecia."Você se lembra de mim?""C
Mas ao estar sob seus poderosos olhos, esses olhos azuis tão lindos que te levavam ao céu com apenas um olhar, não queria parecer piegas, mas era assim que seu cérebro funcionava naquele momento. Vê-lo daquela forma a fazia suspirar por ele e sentir coisas que não deveria. Não era correto, não era de maneira alguma certo se sentir assim. Nunca em sua vida pensou que experimentaria esse sentimento tão profundo por um homem, e ainda mais pelo pai de sua amiga, alguém mais velho que ela. Sinceramente, embora não admitisse, ele poderia até ser seu pai. Mas o desejo queimava. Seus olhos, de repente, a timidez deixou de ser um problema e ela precisou apertar os músculos internos de suas pernas porque o desejo tinha ido para aquele lugar que precisava de um pouco de atenção. E ela sabia que era errado desejar esse tipo de contato com ele, simplesmente não podia se permitir. Mas já estava pensando demais, e às vezes não pensar era muito difícil quando se tinha o anseio cravado no ser.Já era
A única coisa que lhe preocupava era como sua filha podia levar as coisas, sabia que nunca Alicia ia permitir que seu pai estivesse com sua amiga. Ia ser um escândalo para ela e um golpe muito duro, mas pensar dessa forma era precipitar-se a um fato que nem sequer havia ocorrido. Mas ele se agarrava àquela festa em que viu a moça pela última vez, com aquele lindo vestido que a fazia parecer mais velha e muito mais madura do que era na realidade, com todo aquele cabelo caindo sobre seus ombros, o decote lindo em seu peito e seus olhos fixos nele. É que naquela noite Ele também não conseguiu tirar os olhos de cima dela, e ela menos, mas ninguém se disse nada a não ser um cruzamento de palavras que se limitaram a uma saudação inicial.Não era segredo para ele que ela estava interessada nele. E embora ele nunca tivesse dito isso a ela, ele podia perceber isso em seus olhos, e era a única coisa que, além de sua timidez absoluta, o convencia a ter a chance de estar com ela como ele queria t
Ficou tão quente com a presença daquele espécime de homem. Agora que falava com Alicia, não se afastava daquele sentimento um tanto lascivo, causando um monte de coisas nela. Dios Deus! Ardor e mais ardor, é o que ela sentia.- Sim, é verdade que vamos ficar juntas, mas não quero ser... Eu não quero causar aborrecimento. Eu só vou tentar vir dormir, Eu não quero incomodar ou ser um terço ruim em sua família-ele se atreveu a dizer honestamente. Um de seus maiores medos era esse, sobrar ou estar metida em uma família e não se sentir parte dela. Porque a realidade é que não era nem seria, não importa o carinho que esta lhe tinha.A única coisa que o preocupava era como sua filha poderia levar as coisas. Sabia que nunca Alicia ia permitir que seu pai estivesse com sua amiga, ia ser um escândalo para ela e um golpe muito duro. Mas pensar dessa forma era precipitar-se a um fato que nem sequer tinha acontecido, embora ele se agarrasse àquela festa em que viu a moça pela última vez com aquele
Ambos sabiam que deveriam parar, mas nenhum deles tomou a iniciativa de conter a situação. Só complicava as coisas tornando-se cada vez mais intensa, como a profundidade do mar. Embora você não poderia encontrar qualquer comparação suficiente com o que eles estavam fazendo. De repente, eles não podiam mais respirar bem e ela começou a ficar em cima dele, experimentando excessivamente a sensação viril sob suas calças, o que o deixou louco. Mas ele se continha, não queria causar um escândalo.Não importava que não houvesse mais ninguém presente, de qualquer forma aquele não era o lugar adequado para se expressar ou fazer coisas proibidas.Foi um milagre que ele pudesse detê-lo e finalmente ser capaz de dizer não a ele. Mesmo que depois tivesse que tomar um banho frio e se aliviar por si mesmo. No entanto, foi a decisão certa, na época não importava quantas vezes eu desejasse tê-la dessa maneira. Agora que ele podia tocá-la e senti-la, agora que eles estavam prestes a fazê-lo em sua cama
Não podia fazer mais do que concentrar-se na iguaria que se preparara, embora já não tivesse muito apetite. A vontade de comer tinha sido arrancada dele desde o momento em que ele se sentou lá. Eu não conseguia nem dar uma mordida sem perceber o quão nervosa eu estava. Mas ele se esforçou para agir normalmente e pegou o garfo e a faca certos para cortar um pedaço suculento de carne, que ele provou lentamente e, como que por mágica, voltou a sentir apetite. Felizmente, a falta de apetite já havia desaparecido e eu podia comer tranquilamente. Enquanto isso, sua amiga Alicia não parava de gemer e fazer comentários sobre a preparação, chegando a perguntar o que o prato parecia para ela. Hope só conseguiu acenar com a cabeça, pois tinha o olhar profundo do pai de sua amiga preso nela.- Sim, gosto muito, obrigado-respondeu.- É um prazer que seja do teu agrado. Aqui também aceitamos sugestões, nem sempre é comida caseira —interveio ele, olhando para ela, com um sorriso no rosto que parecia
- Desculpe, não quero que isto te faça parecer de outra maneira. Eu não sou essa pessoa... eu nem sei o que aconteceu comigo. Eu simplesmente perdi o controle. Mas eu... eu nunca quis que isso realmente acontecesse. Por favor, desculpe-me. Isso não está certo, não está certo.- Não te preocupes, sabes que a culpa é toda minha. Fui eu que te beijei. A verdade é que você está certo, foi um erro e não se repetirá. Mas não se sinta mal, Eu sou o único culpado.- Não é verdade, eu tenho toda a culpa por isto. Fui eu quem te beijou. Nem tente me fazer sentir menos culpado, porque não vai funcionar. Não acredito que fui capaz disto. Você que me deu onde morar e um teto sobre minha cabeça, além de comida... isso é simplesmente terrível. A Alicia é minha amiga e, por favor, não lhe digas nada disto.- Eu sei, eu sei como você se sente e não se preocupe que eu não vou dizer nada para Alicia. Isso é algo que ficará entre nós. Além disso, somos adultos e não precisa ser comentado com outra pessoa
A culpa não a abandonou, no entanto, aliviou-a tanto que, ao terminar a fita, já sentia suas pálpebras pesadas, o que não achou possível, pois pensou que teria que sofrer dessa insônia irritante. Não era daquelas com esse problema, a não ser que alguma confusão lhe acontecesse, tal como naquele dia. Em um estalar de dedos, ela já havia adormecido. Alicia não, porque estava acomodando um brinco da Universidade, do qual tarde se lembrou, e se sentiu uma péssima aluna. Não se revelou mais que um par de horas, diante daquela tela, apoiando o queixo em sua palma aberta que sobre a mesa lhe servia de apoio. Um parágrafo e depois dois, já não dava para mais, só de ver sua amiga tão placidamente Adormecida também lhe dava vontade de se acomodar ao lado e descansar. Bufou, não podia desistir, tinha que entregar isso cedo sim ou sim, não tinha mais opções. Tinha vontade de chorar. Como é que o esqueceu? Se esse projeto era tão importante para ela. Não podia acreditar-se assim tão irresponsável