03

Ando até o meu armário e lá encontro minha melhor amiga (e única, vale ressaltar) Katherine Star, ou Kathe. Ela tem cabelos louros platinados, olhos cor de chocolate. Usa na maioria das vezes vestidos ou roupa de líder de torcida que mostram suas perfeitas curvas. Sim, minha amiga é líder de torcida por que é uma tradição da família que vem sendo seguida por gerações. Coitada!

– Kathe, me salva! – Eu falo parando em seu lado e abrindo meu armário.

– Não vou ajudar você com o seu encosto. Eu avisei que não seria uma boa ideia colocar fogo na escola. – Ela falou com aquele tom “eu te avisei, não avisei?” que todo mundo sempre fala comigo quando eu faço alguma coisa errada, mas eles nunca me impedem de fazer.

– Nem queimou nada. – Eu me defendo. – Só o salão dos fundos. Pena que eu não tive a ideia de colocar no laboratório. Imagina como seria legal.

– Você tem problemas! – Ela comenta se afastando de mim. – Até mais!

Dou um tchau para Kathe que nem deve ter ouvido. Coloco minhas coisas no meu armário e pego o que é necessário para tarefas de casa e afins. Jogo tudo na mochila, que por sua vez vai parar desajeitada em meu ombro.

O sinal bateu logo em seguida anunciando que estava na hora que os portões da prisão iriam se abrir e todas as almas iriam para o pátio de sol ter alguma diversão. Sai andando e continuei minha caminhada por dez intermináveis quarteirões até chegar a minha casa e sentir vontade de voltar à escola.

Assim que entrei em casa senti logo de imediato o cheiro de algo queimado. Sem pensar duas vezes joguei minha mochila no chão e corri para a cozinha de onde vinha o cheiro. Chegando lá, descobri a causa: A panela de arroz estava queimando com o fogo máximo. Motivos? Deve ser por que meus pais estavam aos gritos discutindo alguma banalidade como sempre. Embora eles se amem, sempre estão em pé de guerra.

Olho para os dois e tento entender algumas palavras... Sem sucesso. Desligo todas as chamas do fogão, prevenindo para que nada mais pegue fogo e atenção daqueles dois indivíduos que estava até agora brigando se viram para mim.

– O que está fazendo garota? – Pergunta minha mãe aos gritos.

– Salvando a gente de um incêndio se não percebeu. – Respondo como se fosse obvio.

– Não fale assim com sua mãe, menina. – Meu pai me repreende.

– Não fala assim com a minha filha. – Minha mãe fala se virando para o meu pai.

– Ela não é só sua filha. É minha também. Agora eu sei por que ela tem maus modos, você não ensinou nada para sua filha mesmo. Deixe-me ensinar um pouco de educação. – Meu pai grita com a minha mãe e recomeça a briga.

Como eles haviam esquecido totalmente da minha existência, o pivô da sua nova briga deles sai da cozinha e subi para o meu quarto com minha mochila. Joguei-a em um canto do quarto e fui tomar banho. Com isso feito ouço minha mãe gritando que o almoço estava pronto. Visto qualquer roupa que encontro pela frente de desço para comer.

O almoço corre tudo magnifico, sem contar nos gritos de meus pais e as aguas atiradas por ambos. Coisa corriqueira da minha vida. Motivos para eu viajar sozinhas é o que não me faltam. Meus pais sempre me fazem passar vergonha principalmente na frente de gatinhos que eu estou afim.

É um vexame!

Lá pelas três horas da tarde, meu pai já havia ido para o trabalho. Minha mãe havia dito que iria visitar a sua floricultura por que não confiavam suas flores nas mãos de Greice. Fiquei esperando o idiota aparecer na minha casa por um bom tempo. Quando foi quatro e meia da tarde, ouço a campainha de casa tocando e me despertando de meu cochilo.

Corro e abro a porta. Patrício estava ali com um sorriso triunfante no rosto e roupas normais, sem serem aquelas de jogadores estúpidos. Vestia uma bermuda estilo surfista, uma regata branca (que já não era mais branca devido a uma mancha enorme no meio) e Havaiana nos pés.

– Você demorou. – É a primeira coisa que comento quando o vejo.

– Não sabia o seu endereço, então tive que bater em casa em casa desta rua. Por que sua amiga havia dito a rua. – Ele disse ainda na porta. – Não vai me convidar para entrar?

– Entra. – Digo e dou passagem. Patrício passa por mim deixando um rastro de cheiro de mar. Ele olha a sala de estar com um ar critico e com as mãos dentro dos bolsos. – Quer dizer que você procurou minha casa nesta rua toda, batendo em porta em porta?

– Sim. Encontrei pessoas legais até. – Ele falou me olhando. – Peguei o telefone de algumas gatas que abriram a porta e umas velhinhas me serviram chá com bolachas quando contavam história de guerra que haviam participado.

– Uma tarde bem agitada! – Eu comento.

– Pode crer.

Ficamos nos silêncio, parados sem saber o que fazer ou o que falar. Passamos assim, se balançando para frente e para trás por uns bons minutos até que ele quebrar o silêncio.

– Onde vamos estudar?

– Aqui ou no meu quarto? – Pergunto e ele me olha.

– Tanto faz. – Ele fala.

– Ok... Hm... Vamos lá em cima! – Digo conduzindo-o escada a cima até o meu quarto.

Assim que entro no quarto vou direto procurar os livros para começarmos a estudar. Quando ele entra no meu quarto fica olhando tudo mexendo em algumas coisas. Parece criança com um brinquedo novo que tem que mexer tudo.

– Qual sua matéria preferida? – Eu pergunto me sentando em minha cama.

– Cama de casal é? – Ele pergunta sentando-se em uma poltrona para frente da minha cama.

– Cala a boca. – Ordeno. – Que tal começarmos por geografia?

– Não. Isso é fácil. – Ele fala pegando uma bolinha que estava em cima de meu criado mudo e começar a mexer.

– Ok... Que tal história?

– Muitas datas.

– O que quer estudar?

– Português. – Ele fala deixando a bolinha cair no chão e fazer um barulho quase mudo.

– Então que seja português.

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