Aquela voz grave e profunda me fez estremecer da cabeça aos pés. Olhei lentamente para o audaz cavalheiro à minha frente, que parecia estar convencido demais, acusando-me de estar procurando por ele? Ora, na verdade, estava, mas ele não deveria ter a audácia de perceber isso.
Quando meus olhos se encontraram com os dele, quase duvidei de meus próprios sentidos. — Senhor Hyun Choi? — Olá outra vez, senhorita desastrada. Que impertinente! Ele estava a me seguir? Seria o destino que o colocava em meu caminho? Não sabia, mas uma vontade repentina de me levantar e fugir dele tomou conta de mim. Contudo, a quantidade de licor em meu sistema só me fez soltar uma gargalhada diante do "Oláoutra vez , senhorita desastrada". Dei-lhe um leve empurrão no ombro e, pela primeira vez, vi seu sorriso completo, tão encantador, tão perfeito... Ah, licor. Ele ficou ali, observando-me com um olhar travesso, mordendo o lábio. De repente, tive a irresistível vontade de morder aquele lábio. Será que o licor estava me afetando mais do que imaginava? — Então, a senhorita está a consumir o quê? — perguntou ele, com um sorriso de lado. — Licor — respondi, e gargalhei, sentindo o efeito da bebida. Ele sorriu ainda mais, mas não sabia se sorria de mim ou comigo. Seja como for, eu estava gostando dessa atmosfera descontraída. Nesse momento, a Sophie se aproximou, espantada. — Senhor Hyun Choi? O que faz aqui, se me permite perguntar? digo , porque vi o senhor indo embora. Ele olhou para ela, um tanto confuso. — Quero dizer, o senhor pode estar onde desejar, mas... Ele interrompeu, com um sorriso malicioso, antes que ela se perdesse em suas palavras. — Mesmo um CEO tem o direito de se divertir, senhorita. Todos sorrimos ao mesmo tempo. --- Como era de se esperar, Ivy abandonou o grupo de damas com quem conversava e se aproximou rapidamente de nós, o olhar carregado de curiosidade e um certo brilho que só ela tinha. Sophie lançou-me um olhar exasperado antes de revirar os olhos. — Não vão me apresentar o distinto cavalheiro? — Hyun Choi, ao seu dispor — respondeu ele com uma leve inclinação de cabeça, mantendo a etiqueta impecável. — Ivy, sua criada — retrucou ela, e sem cerimônia depositou um beijo breve, porém ousado, em sua bochecha. Não consegui evitar que meus olhos se cruzassem com os de Sophie, refletindo o mesmo julgamento silencioso. — Hyun Choi, das renomadas Indústrias Choi? — perguntou Ivy, a voz transbordando de um interesse que não era apenas cortesia. Ele assentiu educadamente, mas era impossível não notar o suspiro discreto de enfado que acompanhou o gesto. A menção às Indústrias Choi parecia ser uma constante em suas apresentações, e pela expressão dele, já era algo que o incomodava. Ivy, no entanto, não se intimidou. Continuou a lançar perguntas e tecer comentários, usando toda sua graça e charme. Ela era uma mulher de beleza notável, com olhos de um verde que parecia prometer mundos inteiros, e não duvidei que pudesse atrair a atenção de qualquer cavalheiro que desejasse. Mas, para minha surpresa, Hyun ignorou seus avanços. Com um movimento decidido, ele segurou meu braço e me conduziu até o salão de dança. — Senhorita, permita-me roubá-la por um momento. Eu hesitei, mas a força gentil com que ele me guiou foi o suficiente para me fazer obedecer. O calor do salão e o som da orquestra enchiam o ar, e embora eu houvesse me permitido uma taça de champanhe ou duas, logo percebi que fora um erro. O mundo girava ligeiramente, e o toque de Hyun em meu braço era a única coisa me mantendo estável. Começamos a dançar ao som da valsa que preenchia o salão com uma harmonia etérea. Eu não conseguia parar de sorrir, o que certamente era culpa do vinho espumante que havia tomado mais cedo. Mas havia algo mais. Era a forma como ele conduzia a dança, como se estivéssemos em perfeita sintonia, deslizando pelo chão polido com uma leveza que parecia tirar-nos do mundo real. Era inacreditável. Eu, Hanna, filha de um modesto cavalheiro rural, dançando com o renomado Senhor Hyun Choi, que todos diziam ser reservado e distante. Mas ali, sob as luzes suaves dos candelabros e envoltos pelo murmúrio do salão, ele parecia tão próximo, tão humano. A conexão que sentíamos parecia um segredo apenas nosso, algo que até o tempo se esquecia de testemunhar. Meus olhos se fixaram em seus lábios por um instante, perfeitamente delineados, e senti uma ousadia que nunca me reconheceria sóbria. — Senhor Hyun, acho que desejo... beijá-lo — sussurrei, o rubor subindo ao meu rosto antes mesmo de terminar. Assim que as palavras escaparam, percebi o quanto eram impróprias, e desejei ter tido a sensatez de guardá-las para mim. O sorriso em seus lábios desapareceu, mas seus olhos suavizaram. Ele parou de dançar por um momento e inclinou-se ligeiramente para mim. Sua mão, quente e firme, subiu até meu rosto, afastando com cuidado uma mecha de cabelo que havia se soltado. — Hanna — ele murmurou, como se meu nome fosse algo precioso a ser dito em segredo. Então, com uma delicadeza que fez meu coração disparar, ele aproximou seu rosto do meu. Quando seus lábios tocaram os meus, tudo ao nosso redor pareceu desaparecer. O beijo era terno e doce, como se cada segundo fosse um novo aprendizado. Eu podia sentir a suavidade de sua respiração e o calor que emanava de sua presença. O perfume dele era inebriante — uma mistura de cedro e especiarias que parecia envolver minha mente, gravando-se para sempre na memória. Enquanto sua mão descansava em minha nuca com um toque gentil, o mundo ao nosso redor parecia vibrar em um ritmo só nosso. O salão, as pessoas, a música — tudo se tornara um borrão distante. E, por um momento, permiti-me acreditar que aquilo era eterno. Foi então que um toque abrupto, um empurrão inesperado, me arrancou daquele instante mágico. Ainda atordoada, levei um momento para perceber que o mundo ao nosso redor tinha voltado a existir, com toda a sua intensidade.— Ora, Ivy, o que está a fazer? — disse eu, encarando-a enquanto ela sorria com aquele ar travesso.— Sua atrevida, já está na hora de regressarmos a casa!Ela tomou minha mão e começou a puxar-me sem cerimônia. Olhei para trás e vi o senhor Hyun permanecendo imóvel, fitando-me com uma expressão impossível de decifrar.Quem Ivy pensa que é para interromper um momento tão mágico, tão intenso, tão maravilhoso? Agora, sinto um aperto no peito, quase como se fosse chorar. Céus, não devo estar em meu juízo perfeito!— Amiga, diga-me que estou a delirar! Você beijou o senhor Hyun! — exclamou Sophie, visivelmente escandalizada com a cena que acabara de presenciar.Eu apenas esbocei um sorriso débil, ainda sentindo os efeitos do vinho que havíamos tomado. Contudo, no fundo, eu queria chorar. Fiz um pequeno bico, olhando para elas com ar de desalento.— Perdoe-me, minha querida. — disse Sophie, ajeitando a luva de renda como quem tenta disfarçar a situação. — Desejava que nos divertíssemos mai
Salão de Reuniões do Lorde HarringtonEntramos eu e Sophie, claramente ansiosa, retorcendo o lenço entre os dedos, acompanhadas de outros três jovens de distintas salas , exceto o Gregory que já estava lá. O ambiente era austero, decorado com cortinas de veludo verde e um imponente relógio de pêndulo que marcava cada segundo de nossa expectativa.— Senhores, por favor, tomem seus lugares. — anunciou o mordomo com voz firme e postura impecável, indicando as cadeiras dispostas ao redor da longa mesa de mogno.Ele abriu um pergaminho e começou a leitura dos nomes:— Heitor Lee.— Sophie Will.— Claire Leblanc.— Gregory Rodrigues.— Hanna Young.Meu coração acelerou quando ouvi meu nome, e Sophie apertou minha mão por baixo da mesa.O Lorde Harrington, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos perfeitamente alinhados, se levantou com uma postura imponente. Sua voz ecoou pelo salão:— Meus parabéns aos presentes. Vocês foram cuidadosamente selecionados pelo prestigiado senhor Hyun Cho
A Sophie veio me buscar e, nossa, como ela estava linda.— Você veio para causar uma boa impressão, não é? — comentei, analisando-a da cabeça aos pés.— Nem me fale. E você? Está deslumbrante como sempre.Sorri, olhando rapidamente para mim mesma. Eu usava um vestido preto de corte simples, mas elegante, com detalhes em renda que valorizavam a cintura. Havia combinado com um sapato de salto baixo, pois sabia que o dia seria longo. Hoje começaríamos uma nova etapa, e cada um de nós seria alocado em uma área específica dentro da Companhia Choi.O caminho até lá foi repleto de conversas animadas com Sophie. Mas, à medida que nos aproximávamos, meu coração começou a disparar — não apenas pela importância do momento, mas pela expectativa de reencontrar o senhor Hyun.Chegamos à entrada principal, e a grandiosidade da Companhia Choi já era evidente. As paredes de pedra cinza estavam impecáveis, e os vitrais coloridos davam ao edifício um ar majestoso. Uma senhora de postura impecável, vesti
Ele me apresentou formalmente aos meus colegas de trabalho, incluindo meu líder direto, o jovem e cortês senhor Gustavo. Com seu tom impecavelmente profissional, o senhor Hyun descreveu as responsabilidades que eu teria como estagiária e detalhou os processos com uma clareza que demonstrava domínio absoluto de tudo o que ocorria ali. Enquanto caminhávamos pela imponente sala de marketing, os sons de canetas rabiscando e folhas sendo folheadas ecoavam suavemente, complementando a atmosfera dinâmica do ambiente onde eu começaria a trabalhar.Quando concluímos o tour, ele pegou delicadamente minha mão enluvada, seus dedos exercendo uma pressão sutil, mas firme. Seu olhar, intenso e profundo, encontrou o meu, fazendo meu coração disparar com um misto de nervosismo e curiosidade. Era como se, naquele momento, apenas nós dois estivéssemos ali.— Agora é com você, Gustavo.A voz dele soou autoritária e precisa, como se não houvesse espaço para réplica. Sem sequer olhar para o senhor Gustavo,
Ao sair da empresa, notei que os corredores e o pátio estavam quase desertos. A maioria dos funcionários já havia partido, e o silêncio da noite começava a tomar conta do ambiente. O vento fresco da noite sussurrava através das árvores, balançando suavemente as folhas sob a luz amarelada dos postes de gás. Por um momento, hesitei ao passar pela entrada principal, dando uma última olhada em direção ao gabinete do senhor Hyun. Mas ele não estava mais lá.Respirei fundo, ajustando o tecido do meu vestido antes de seguir em direção à carruagem que me aguardava. A carruagem me levaria ao centro da cidade, onde eu buscaria minha montaria na oficina. O senhor Wicks, o responsável pela manutenção do meu cavalo, sempre fazia questão de manter tudo em perfeito estado. Confiante de que tudo estaria em ordem, minha preocupação diminuiu, e caminhei em direção à saída. Contudo, antes que eu pudesse seguir adiante, um grito ecoou pelo pátio quase vazio, fazendo-me sobressaltar.- Hanna !Virei-me ra
Cheguei em casa mais cedo do que o esperado, mesmo após uma breve passagem pela oficina. Ao atravessar a rua e enfim chegar em casa, sentia uma mistura de alívio e cansaço. O dia fora exaustivo, mas, ao menos, o primeiro passo em minha nova posição estava dado. Ainda assim, algo me incomodava: precisava contar a Ivy sobre meu novo trabalho e como isso alteraria nossa rotina. Na confeitaria onde trabalhava antes, meus horários eram mais flexíveis, mas agora, na Companhia Choi, precisaria de ordem e silêncio para estudar os materiais que o senhor Gustavo havia me recomendado , mas pelo menos chegaria mais cedo que quando estava trabalhando meio período no café.Assim que destranquei a porta e entrei na sala, fui recebida por uma cena tão inesperada que deixei cair minha bolsa no chão e precisei cobrir os olhos.— Ahhhh! Mas o que está acontecendo aqui?! — exclamei, em estado de choque.À minha frente, Ivy estava completamente nua, com o cabelo desgrenhado e as bochechas coradas, enquant
O café estava quieto e acolhedor, com poucas pessoas ao redor, mas a tensão no ar era palpável. Ryan e eu estávamos sentados em uma mesa próxima à janela, enquanto o calor da manhã ainda nos envolvia. O aroma do café fresco e do pão quentinho fazia o lugar se sentir como um abrigo seguro, mas eu não conseguia deixar de me sentir incomodada com o que tinha visto em casa.Ryan parecia mais relaxado do que nunca, mas eu, por outro lado, estava com a cabeça cheia de preocupações, principalmente sobre Ivy.— Ryan, sério... o que você vê naquela garota? — perguntei, tentando não soar mais nervosa do que realmente estava, gosto da Ivy , ela que me acolheu quando eu precisei de um lugar na cidade para morar , mais o comportamento dela , era totalmente inapropriado. — Você sabe como ela se comporta... E não estou falando só de hoje, você sabe o que quero dizer. A Ivy não tem o mínimo de decência. Ela se envolve com os cavalheiros sem o menor pudor. Não é assim que uma dama se comporta, e você
Ainda confusa com a situação toda ,Levantei-me quase que pedindo socorro , as bochechas coradas e suando frio . Ajeitando a saia desengonçada e com un olhar de desespero. -Então Sr. Choi , como eu ia falar ...Ele me interrompeu colocando o dedo levemente nos meus lábios. O que estava acontecendo naquele momento ? O meu coração acelerou freneticamente, a respiração começou a vacilar , por qual motivo ele estava tão próximo a mim ?Ele percebeu o meu desconcerto e deu um passo para trás .-Vamos Senhorita Young .-Mas ... o Sr. Wicks está me aguardando. Ele continuou caminhando enquanto eu ia atrás dele , sem conseguir alcançá-lo. Quando ele finalmente saiu do café, ele fez um gesto para eu entrar na carruagem luxuosa dele ..-Mas Sr. CHOI como falei ... Olhei de um lado para o outro procurando o Sr. Wicks , mais cadê ele , Ah não o Ryan não fez isso comigo ! Como ele me deixou aqui nesta situação. -Entre Srta. Young . -Ele falou num tom firme , o meu coração já estava tão a