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Capítulo 6 - "Um Beijo, Um Segredo e Uma Reprimenda"

— Ora, Ivy, o que está a fazer? — disse eu, encarando-a enquanto ela sorria com aquele ar travesso.

— Sua atrevida, já está na hora de regressarmos a casa!

Ela tomou minha mão e começou a puxar-me sem cerimônia. Olhei para trás e vi o senhor Hyun permanecendo imóvel, fitando-me com uma expressão impossível de decifrar.

Quem Ivy pensa que é para interromper um momento tão mágico, tão intenso, tão maravilhoso? Agora, sinto um aperto no peito, quase como se fosse chorar. Céus, não devo estar em meu juízo perfeito!

— Amiga, diga-me que estou a delirar! Você beijou o senhor Hyun! — exclamou Sophie, visivelmente escandalizada com a cena que acabara de presenciar.

Eu apenas esbocei um sorriso débil, ainda sentindo os efeitos do vinho que havíamos tomado. Contudo, no fundo, eu queria chorar. Fiz um pequeno bico, olhando para elas com ar de desalento.

— Perdoe-me, minha querida. — disse Sophie, ajeitando a luva de renda como quem tenta disfarçar a situação. — Desejava que nos divertíssemos mais, mas meu pai enviou-me uma dezena de bilhetes e já fez com que o cocheiro viesse me buscar. Não consegui responder devido ao burburinho do salão.

— Não faz mal, querida. Tivemos uma noite memorável — respondi, tentando conter a emoção que insistia em transbordar.

♡♡♡♡♡♡♡

A noite estava fresca e silenciosa enquanto a carruagem avançava lentamente pelas ruas da cidade. Ivy sentou-se ao meu lado, ainda sorrindo como se nada tivesse acontecido. Sophie, por outro lado, estava inquieta, lançando olhares curiosos para mim e para Ivy, como se quisesse dizer algo, mas hesitava.

— Bem, chegamos — anunciou o cocheiro, abrindo a porta da carruagem assim que paramos diante da elegante casa de Ivy e Hanna.

Descemos, o som dos nossos sapatos ecoando na calçada de pedra. A luz tênue dos lampiões iluminava a fachada da casa, destacando as janelas ornamentadas com cortinas de renda.

— Amanhã passo para buscar Hanna — disse Sophie, virando-se para Ivy. — Ainda que a carruagem dela esteja no conserto, não posso deixá-la caminhar até a escola.

— Ótimo, Sophie — respondeu Ivy com um sorriso gentil. — Tenho certeza de que Hanna ficará grata.

Fui bem próximo da Sophie e dei um beijo na sua bochecha sem cerimônias, éramos muito intumas , quase irmãs de coração, a Ivy nos olhou sem graça.

— Espero que a senhorita Hyun durma bem .— murmurou Sophie com uma pitada de ironia, lançando-me um olhar divertido antes de subir novamente na carruagem.

-Cala a boca ! -Falei sorrindo , mais com um calor estranho no meu corpo , com umas palpitações que eu ainda não havia sentido , me deu um calafrio na espinha .

— Até amanhã! — acenou Ivy, puxando-me pela mão para dentro da casa.

Já no interior, o aroma de chá recém-preparado e o calor da lareira tornaram a atmosfera acolhedora. Eu só desejava que o dia seguinte trouxesse menos reviravoltas... ou talvez ainda mais.

♡♡♡♡♡♡♡♡

Despertei sobressaltada, meu coração disparado enquanto olhava em volta. A luz da manhã já iluminava o pequeno quarto, e ao avistar o relógio na mesinha, meu peito apertou. Meia hora! Apenas meia hora até minha primeira aula começar.

— Céus! — exclamei, pulando da cama.

Vesti a primeira roupa que encontrei, um vestido simples que já havia usado inúmeras vezes, e corri para o pequeno lavatório. Mal tive tempo de prender o cabelo de forma adequada antes de escovar os dentes. Enquanto terminava de ajeitar-me às pressas, ouvi um som impaciente vindo lá de fora: a buzina da velha carruagem que Sophie chamara.

No corredor estreito da casa, cruzei-me com Clara, a empregada, que carregava um balde de água para as tarefas matinais. Seus olhos arregalados e a expressão de reprovação eram evidentes.

— Senhorita Hanna, o que houve? Não é de seu feitio levantar tão tarde! — disse ela, tentando manter a compostura. — Se fosse a senhorita Ivy, eu não estranharia, mas a senhora...

— Não posso conversar agora, Clara, estou atrasada! — murmurei, já descendo os degraus às pressas.

— Bem, o chá está esfriando! — gritou ela, mas eu já saía pela porta.

Do lado de fora, Sophie me esperava na carruagem.

— Hanna, você está um desastre! — disse ela, olhando-me de cima a baixo.

— Vomitei três vezes — confessei, segurando a cabeça. — Estou me sentindo péssima.

— Vamos nos atrasar — alertou ela.

— Eu sei — respondi, suspirando.

Chegamos à instituição de ensino e corremos pelos corredores frios e austeros, os ecos dos nossos sapatos denunciando nosso atraso. Ao entrar na sala de aula, todos os olhares recaíram sobre nós. O professor, um homem de meia-idade com expressão severa, observou-nos com a sobrancelha arqueada.

— Estão atrasadas, senhoritas Young e Will — disse ele, fitando o relógio de bolso com um ar de absoluto desdém.

— Mil desculpas, professor. Tivemos… problemas pessoais — gaguejei, sentindo o rubor subir às minhas bochechas.

Ele nos olhou com uma expressão que misturava desaprovação e indignação, como se não pudesse conceber tamanha afronta. Não era comum mulheres atrasarem-se para algo tão importante, sobretudo em um ambiente onde a educação feminina era ainda tão rara e disputada.

Tomamos nossos assentos no fundo, tentando não chamar mais atenção, mas cada olhar discreto dos colegas e o tom de voz rígido do professor nos lembravam do desagrado geral.

Antes que a aula terminasse, a porta rangeu ao ser aberta pelo secretário da instituição. Ele entrou com passos apressados, o rosto sério, trazendo consigo uma tensão que pairou pelo ambiente.

— Peço desculpas por interromper, professor. — Ele fez uma pequena reverência antes de continuar: — Senhorita Hanna Young, senhorita Sophie Will, senhor Christopher Parker, espero todos na minha sala assim que esta aula terminar.

Os murmúrios começaram entre os alunos, mas o olhar austero do professor silenciou a sala rapidamente. Meu coração, que já estava acelerado, quase parou. O que poderia ser tão urgente?

Trocamos olhares assustados, as palavras do secretário ecoando em nossas mentes. O que poderia ser? Seria por causa do atraso? Meu estômago revirava com uma mistura de ansiedade e medo, e minhas mãos começaram a tremer involuntariamente.

Sophie segurou meu braço com firmeza, tentando acalmar-me, mas sua expressão era tão tensa quanto a minha. Eu estava pálida, sentindo cada batida acelerada do meu coração como se ele estivesse tentando escapar do meu peito.

O restante da aula foi um borrão. Não conseguia me concentrar em nada que o professor dizia, as palavras se transformavam em um zumbido distante. Tudo que conseguia pensar era no tom severo do secretário e no peso de suas palavras.

Quando o sinal da aula soou, levantamo-nos quase em uníssono. O silêncio dos colegas enquanto deixávamos a sala apenas aumentava minha aflição. Caminhamos pelos corredores sombrios, o som dos nossos passos ecoando como se fosse um prelúdio de algo terrível.

— Hanna, o que acha que é? — murmurou Sophie, apertando os lábios.

— Não sei — respondi, com a voz trêmula. — Talvez… talvez seja sobre o atraso… ou algo pior.

Ao chegarmos à porta da sala do secretário, hesitamos por um breve instante. O ar parecia mais pesado, e o cheiro de madeira velha e tinta fresca invadia minhas narinas, intensificando minha náusea. Sophie ergueu a mão e bateu suavemente na porta.

— Entrem — respondeu a voz grave do secretário do outro lado.

Respirei fundo e troquei mais um olhar nervoso com Sophie antes de empurrarmos a porta. O interior da sala era austero, com poucas janelas e prateleiras abarrotadas de livros. O secretário, um homem de cabelos grisalhos e olhar severo, estava sentado atrás de uma grande escrivaninha de carvalho.

Gregory já estava lá, de pé em um canto da sala, com uma expressão tão séria quanto a situação exigia. Ele nos lançou um olhar furtivo, mas manteve-se em silêncio.

— Senhorita Young. Senhorita Will. Senhor Rodrigues , senhorita Leblanc e senhor Lee . — O secretário pausou, ajeitando os óculos enquanto nos observava. — Imagino que saibam por que estão aqui.

A pressão em meu peito aumentou. Não, não sabíamos. E esse mistério, mais do que qualquer outra coisa, era o que me aterrorizava.

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