Louis BeaumontEstava sentado à mesa da minha sala, a vista panorâmica de Paris à minha frente. Mas, naquele momento, nem as luzes da cidade podiam acalmar o turbilhão dentro de mim. A ligação de Carolina ainda ecoava na minha mente. Eu sabia que o dia em que ela descobriria a verdade poderia chegar, mas nunca imaginei que seria tão cedo. E agora, ela estava desconfiada. Talvez até com medo. Não deveria ter sido tão impulsivo. Sempre fui calculista, cada passo meticulosamente planejado. Mas quando se tratava de Carolina, algo em mim mudava. Ela mexia com minhas certezas, quebrava a armadura que construí ao longo dos anos. Quando soube do que aquele miserável havia feito, algo dentro de mim explodiu. Eu o matei com minhas próprias mãos. E, sim, tive prazer em fazer isso. Tive prazer em arrancar cada grito dele, em mostrar que ninguém tocava o que era meu. Mas ao agir assim, deixei rastros. Rastejei até o meu pior erro: subestimar o impacto disso sobre Carolina. Ela havia ligado os
Louis BeaumontO campus estava quieto, com poucas pessoas circulando sob a luz fraca dos postes. Carolina estava do lado de fora, braços cruzados, o semblante carregado de uma seriedade que eu nunca havia visto nela antes. Assim que me viu, caminhou até o carro sem hesitar e entrou, batendo a porta com força. A tensão no ar era insuportável, cortante, como se algo prestes a explodir estivesse sendo contido à força. Antes que eu pudesse falar, ela ergueu a mão, me interrompendo. — Não. Antes que você diga qualquer coisa, eu vou falar. — A voz dela era firme, quase fria. — Até quando você achou que poderia manter sua maldita mentira, Louis? Meus olhos se estreitaram. Meu coração deu um salto no peito. — Do que você está falando? Ela riu, mas a risada era amarga, cheia de mágoa e ironia. — Do que eu estou falando? — Seus olhos brilharam com lágrimas acumuladas, mas sua expressão era de puro desgosto. — Não se faça de idiota, Louis. Eu descobri. Tudo. Você é um patético! Um mentir
Carolina SmithAcordei com uma dor insuportável na cabeça, uma consequência da enxurrada de lágrimas que derramei na noite anterior. Os olhos ardiam, pesados, como se tivessem carregado o peso do mundo. Me virei na cama, abraçando o travesseiro que ainda trazia o perfume suave do meu condicionador. O vazio no peito era pior que a dor física.Louis Beaumont.O nome dele ecoava na minha mente como um refrão repetitivo e doloroso. Eu estava decepcionada, magoada, mas, acima de tudo, triste. Triste por ter que me afastar de alguém que me fazia sentir tantas coisas ao mesmo tempo. Triste por perceber que tudo o que vivemos – cada sorriso, toque, palavra trocada – agora parecia uma mentira cuidadosamente construída.Fechei os olhos, tentando bloquear as memórias, mas elas vinham como uma avalanche. O jeito como ele me olhava, como se eu fosse a única pessoa no mundo que importava. O som da risada dele, algo tão raro, mas que fazia meu coração acelerar. A forma como ele parecia tão invencíve
Louis BeaumontJá se passaram duas semanas desde que Carolina e eu nos afastamos, e, sinceramente, parecia que o tempo estava se arrastando. Durante todo esse período, eu me concentrei no trabalho, nas operações e na captura de Jacques, tentando me manter ocupado e não pensar em tudo o que tinha perdido. Mas, mesmo com tantos afazeres, não consegui evitar os momentos em que o vazio dela me atingia, como uma onda de frio que invadia meu peito, me lembrando que ela não estava mais por perto.Eu estava na minha sala, resolvendo as últimas questões sobre a captura de três homens ligados a Jacques, quando, de repente, ouvi uma leve gritaria do lado de fora. Era uma conversa alterada, mas não consegui entender as palavras. Fiquei alguns segundos imerso nos papéis sobre a mesa, tentando ignorar o som, mas a irritação foi crescendo. Sabia que, com todos os problemas em mãos, nada poderia interromper minha concentração agora.Levantei-me e fui até a porta. Ao abrir, vi minha secretária, com a
Carolina SmithO frio da sala parecia penetrar em meus ossos. Eu estava sentada em um canto, abraçando meus joelhos para tentar conservar o pouco de calor que ainda restava em mim. A escuridão ao meu redor era opressiva, tão intensa que meus olhos nunca se acostumavam completamente. Já fazia dois dias — pelo menos, era o que eu achava — desde que fui trazida para cá. Dois dias de medo, incerteza e lágrimas.Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e minha garganta doía de gritar por ajuda sem receber nenhuma resposta. Quem quer que tenha me colocado aqui não fez questão de revelar suas intenções. Nenhuma palavra, nenhum rosto. Apenas uma porta pesada que se abria uma vez ao dia para que uma bandeja com comida simples e duas garrafas de água fossem empurradas para dentro. Não havia como saber quem estava do outro lado. Eu já havia tentado perguntar, implorar e até ameaçar, mas sempre era recebida com o mesmo silêncio.Meus pensamentos eram um caos. A cada minuto que passava, minha
Louis BeaumontO relógio marcava quase três da manhã. O silêncio da madrugada em Paris parecia pesado, quase sufocante, enquanto eu, Ryan e o restante da equipe nos preparávamos para a missão. Havíamos localizado o celular de Carolina em um armazém abandonado nos arredores da cidade. Era nossa primeira pista concreta, e o tempo estava contra nós. Cada segundo contava, e cada segundo que ela passava desaparecida me deixava mais perto da loucura.Ryan estava ao meu lado, revisando o mapa do armazém e instruindo os soldados sobre as rotas de entrada e saída. Seu rosto estava tenso, refletindo a seriedade da situação. Eu sabia que ele estava tão determinado quanto eu, mas minha mente não conseguia se desligar de Carolina. A imagem dela, sozinha, com medo, talvez machucada, não me deixava pensar em mais nada.— Louis, temos que ser rápidos. Se esse local foi identificado, eles podem já ter saído. — A voz de Ryan me trouxe de volta ao presente.— Eu sei. Vamos acabar com isso. — Minha voz s
Louis BeaumontA dor no meu braço latejava enquanto eu me sentava na sala de operações improvisada. Os curativos cobriam parte das queimaduras e cortes que a explosão no armazém deixara. Mas a dor física era insignificante comparada ao peso na minha mente. Carolina ainda estava desaparecida, e cada minuto parecia uma eternidade.Eu me culpava por ter deixado ela desprotegida, me culpava por ter me afastado, me culpava por fazer ela chorar, me culpava por não estar lá com ela, protegendo e acalmando ela. E essa culpa era sufocante, cruel e desesperadora.Depois que tudo isso acabasse, contaria meus sentimentos a Carolina. Pois só agora com essa situação, eu me toquei no quanto eu a amo.E mesmo que ela não aceitasse ficar comigo, pelo menos ela saberia o quanto significava para mim. Pois eu daria a minha vida pela dela.Ryan estava ao meu lado, conferindo relatórios e coordenando os soldados, enquanto os hackers vasculhavam qualquer pista que pudesse nos levar a Jacques Renaud. Era dif
Louis BeaumontO peso do colete em meu peito parecia mais leve do que o fardo que eu carregava nos últimos dias. O fardo da culpa, do medo e do ódio. Tudo isso borbulhava dentro de mim, mas agora eu tinha algo que não tinha antes: uma chance. A localização que Damon me passou poderia ser o lugar onde Carolina estava sendo mantida. Se não fosse, eu não tinha ideia de onde procurar depois. Eu me apegava àquela possibilidade com unhas e dentes.Ryan, eu e o resto da equipe estávamos na sala de operações, discutindo os detalhes finais do plano. O mapa do local estava sobre a mesa, com marcadores indicando as entradas e saídas, além da provável posição dos guardas. Era uma estrutura grande, um armazém antigo, isolado no meio do nada, cercado por árvores e um terreno mal iluminado. Perfeito para alguém como Jacques esconder seus "negócios".— Vamos entrar com dois grupos, — Ryan explicou, apontando para o mapa. — O time Alpha vai pela entrada principal e atrairá atenção. Enquanto isso, o ti