Louis BeaumontA dor no meu braço latejava enquanto eu me sentava na sala de operações improvisada. Os curativos cobriam parte das queimaduras e cortes que a explosão no armazém deixara. Mas a dor física era insignificante comparada ao peso na minha mente. Carolina ainda estava desaparecida, e cada minuto parecia uma eternidade.Eu me culpava por ter deixado ela desprotegida, me culpava por ter me afastado, me culpava por fazer ela chorar, me culpava por não estar lá com ela, protegendo e acalmando ela. E essa culpa era sufocante, cruel e desesperadora.Depois que tudo isso acabasse, contaria meus sentimentos a Carolina. Pois só agora com essa situação, eu me toquei no quanto eu a amo.E mesmo que ela não aceitasse ficar comigo, pelo menos ela saberia o quanto significava para mim. Pois eu daria a minha vida pela dela.Ryan estava ao meu lado, conferindo relatórios e coordenando os soldados, enquanto os hackers vasculhavam qualquer pista que pudesse nos levar a Jacques Renaud. Era dif
Louis BeaumontO peso do colete em meu peito parecia mais leve do que o fardo que eu carregava nos últimos dias. O fardo da culpa, do medo e do ódio. Tudo isso borbulhava dentro de mim, mas agora eu tinha algo que não tinha antes: uma chance. A localização que Damon me passou poderia ser o lugar onde Carolina estava sendo mantida. Se não fosse, eu não tinha ideia de onde procurar depois. Eu me apegava àquela possibilidade com unhas e dentes.Ryan, eu e o resto da equipe estávamos na sala de operações, discutindo os detalhes finais do plano. O mapa do local estava sobre a mesa, com marcadores indicando as entradas e saídas, além da provável posição dos guardas. Era uma estrutura grande, um armazém antigo, isolado no meio do nada, cercado por árvores e um terreno mal iluminado. Perfeito para alguém como Jacques esconder seus "negócios".— Vamos entrar com dois grupos, — Ryan explicou, apontando para o mapa. — O time Alpha vai pela entrada principal e atrairá atenção. Enquanto isso, o ti
Louis BeaumontO som dos meus passos ecoava pelo armazém enquanto eu me movia, cauteloso, mas determinado. Jacques estava aqui em algum lugar. Eu podia sentir isso. Ele era esperto, mas eu era mais rápido, mais motivado, e agora o cheiro de sangue e pólvora me guiava. — Ele não foi longe, Louis, — disse Ryan pelo comunicador. — Fique alerta. — Não se preocupe, — respondi. — Ele não vai escapar desta vez. Meus olhos percorreram cada canto do corredor estreito à minha frente. O ar estava pesado, carregado de poeira e tensão. Meu coração batia rápido, mas minha mente estava fria. Então ouvi um som: passos apressados à distância. Acelerei, ignorando a dor que ainda latejava no meu ombro depois da explosão no armazém anterior. Eu precisava pegar Jacques. Por Carolina. Por tudo o que ele fez. Virei uma esquina e o vi. Jacques estava parado no meio de uma sala aberta, suas costas para mim, parecendo despreocupado. Ele segurava algo nas mãos, um dispositivo pequeno que parecia um control
Carolina SmithO caminho para a casa de Louis foi silencioso. Eu estava exausta, tanto física quanto emocionalmente, mas o alívio de estar viva e longe daquele lugar horrível era maior. Ainda assim, minha mente continuava revivendo cada momento de pavor, cada segundo em que achei que nunca sairia de lá. Louis, sentado ao meu lado no carro, parecia igualmente exausto. Suas mãos estavam firmes no volante, mas sua expressão era um misto de alívio e tensão.Ryan seguia em outro carro para buscar Jenifer. Saber que ela logo estaria comigo trazia um conforto enorme, mas, por ora, eu estava apenas tentando assimilar tudo o que havia acontecido.Quando chegamos à casa de Louis, ele desligou o motor e saiu do carro, abrindo a porta para mim antes que eu pudesse sequer tentar sair sozinha. Era um gesto pequeno, mas me deixou sem palavras. Ele me olhou com intensidade, como se quisesse ter certeza de que eu estava mesmo ali, inteira e viva.— Vamos, — ele disse, com a voz baixa, estendendo a mão
Carolina Smith A brisa fresca da manhã em Paris acariciava meu rosto enquanto Louis estacionava o carro em frente à faculdade. Eu olhava pela janela, perdida nos meus pensamentos, enquanto ele desligava o motor e se virava para mim.— Quer que eu espere você aqui? — ele perguntou, sua voz sempre tão firme e protetora.Eu balancei a cabeça, sorrindo suavemente.— Não precisa. Vai ser só uma aula de despedida. Eu pego um táxi depois.Louis hesitou, seus olhos claros avaliando cada traço do meu rosto. Ele parecia querer dizer algo, mas se limitou a um aceno.— Certo. Qualquer coisa, me liga.— Eu ligo, prometo.— Eu te amo, mon ange.- Eu também te amo, Louis! — respondi e ele sorri, me beijando.Essas palavras deveriam ser suficientes para acalmar meu coração. Mas, ao sair do carro e vê-lo se afastar, um peso tomou conta de mim. Hoje era meu último dia no curso de gastronomia, o encerramento de algo que mudou minha vida. Mas, mais do que isso, significava que minha estadia em Paris est
Carolina Smith Dois dias. Era o tempo que eu ainda tinha no restaurante antes de encerrar meu contrato. Paris tinha sido um sonho, e trabalhar ali me proporcionou memórias que eu levaria para sempre. Era o último lugar onde eu precisava estar para encontrar um pouco de normalidade em meio ao turbilhão de sentimentos e decisões que pairavam sobre mim.Cheguei cedo, como de costume. O movimento ainda estava tranquilo, e aproveitei para ajudar a organizar algumas coisas na cozinha antes de o fluxo de clientes aumentar. Estar ali me fazia esquecer, pelo menos por algumas horas, as dúvidas e medos que me assombravam desde o sequestro.Os colegas de trabalho eram como uma segunda família. Eles me acolheram desde o primeiro dia, mesmo quando eu ainda tropeçava no francês ou demorava para me adaptar à rotina. Agora, enquanto trocávamos piadas e trabalhávamos em sincronia, eu me pegava pensando em como seria difícil me despedir de tudo aquilo.O almoço começou a atrair mais clientes, e, como
Carolina SmithDeixei o restaurante ao final do turno com uma mistura de sentimentos que parecia difícil de decifrar. A presença inesperada de Ethan havia despertado lembranças que eu pensava estar enterradas no passado. Mesmo com tantas dúvidas sobre meu futuro e meu relacionamento com Louis, o reencontro com Ethan adicionou ainda mais camadas a essa confusão que eu sentia.Era final da tarde, e o clima em Paris estava agradável, com uma leve brisa que balançava as folhas das árvores. Decidi não voltar diretamente para casa. Sentia uma necessidade de clarear a mente, e nada melhor do que fazer isso em uma das minhas cafeterias favoritas, próxima à Torre Eiffel. Caminhei pelas ruas da cidade, observando os turistas que se maravilhavam com cada canto de Paris. A cidade tinha esse jeito mágico de encantar qualquer um, inclusive a mim.Cheguei à cafeteria, pedi um cappuccino e um croissant, e me sentei em uma mesa do lado de fora, de onde podia avistar a torre ao longe. Paris estava viva
Louis BeumontO silêncio dela era como uma sombra que se estendia pelo carro. Carolina estava sentada ao meu lado, olhando para a janela, mas claramente perdida em pensamentos. Eu mantinha uma das mãos no volante, tentando não olhar para ela diretamente. Respeitei aquele momento de introspecção, mas a verdade é que o silêncio dela estava começando a me incomodar.Não era o silêncio habitual de cansaço ou relaxamento. Era outro tipo, um silêncio carregado de algo que eu não conseguia decifrar. E, pior ainda, na minha mente, eu não parava de pensar no que meu soldado havia me dito mais cedo. Coloquei dois para cuidarem dela a distância, mas não esperava pela notícia."— Senhor, vimos a senhorita Smith em uma cafeteria próxima à Torre Eiffel. Ela estava acompanhada de um homem."Aquela frase ficou ecoando na minha cabeça. Quem era ele? Um amigo? Alguém do curso dela? Ou algo mais? A ideia de que Carolina pudesse estar com outro homem, rindo e conversando como fazia comigo, era suficiente