Carolina SmithAcordei com uma dor insuportável na cabeça, uma consequência da enxurrada de lágrimas que derramei na noite anterior. Os olhos ardiam, pesados, como se tivessem carregado o peso do mundo. Me virei na cama, abraçando o travesseiro que ainda trazia o perfume suave do meu condicionador. O vazio no peito era pior que a dor física.Louis Beaumont.O nome dele ecoava na minha mente como um refrão repetitivo e doloroso. Eu estava decepcionada, magoada, mas, acima de tudo, triste. Triste por ter que me afastar de alguém que me fazia sentir tantas coisas ao mesmo tempo. Triste por perceber que tudo o que vivemos – cada sorriso, toque, palavra trocada – agora parecia uma mentira cuidadosamente construída.Fechei os olhos, tentando bloquear as memórias, mas elas vinham como uma avalanche. O jeito como ele me olhava, como se eu fosse a única pessoa no mundo que importava. O som da risada dele, algo tão raro, mas que fazia meu coração acelerar. A forma como ele parecia tão invencíve
Louis BeaumontJá se passaram duas semanas desde que Carolina e eu nos afastamos, e, sinceramente, parecia que o tempo estava se arrastando. Durante todo esse período, eu me concentrei no trabalho, nas operações e na captura de Jacques, tentando me manter ocupado e não pensar em tudo o que tinha perdido. Mas, mesmo com tantos afazeres, não consegui evitar os momentos em que o vazio dela me atingia, como uma onda de frio que invadia meu peito, me lembrando que ela não estava mais por perto.Eu estava na minha sala, resolvendo as últimas questões sobre a captura de três homens ligados a Jacques, quando, de repente, ouvi uma leve gritaria do lado de fora. Era uma conversa alterada, mas não consegui entender as palavras. Fiquei alguns segundos imerso nos papéis sobre a mesa, tentando ignorar o som, mas a irritação foi crescendo. Sabia que, com todos os problemas em mãos, nada poderia interromper minha concentração agora.Levantei-me e fui até a porta. Ao abrir, vi minha secretária, com a
Carolina SmithO frio da sala parecia penetrar em meus ossos. Eu estava sentada em um canto, abraçando meus joelhos para tentar conservar o pouco de calor que ainda restava em mim. A escuridão ao meu redor era opressiva, tão intensa que meus olhos nunca se acostumavam completamente. Já fazia dois dias — pelo menos, era o que eu achava — desde que fui trazida para cá. Dois dias de medo, incerteza e lágrimas.Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e minha garganta doía de gritar por ajuda sem receber nenhuma resposta. Quem quer que tenha me colocado aqui não fez questão de revelar suas intenções. Nenhuma palavra, nenhum rosto. Apenas uma porta pesada que se abria uma vez ao dia para que uma bandeja com comida simples e duas garrafas de água fossem empurradas para dentro. Não havia como saber quem estava do outro lado. Eu já havia tentado perguntar, implorar e até ameaçar, mas sempre era recebida com o mesmo silêncio.Meus pensamentos eram um caos. A cada minuto que passava, minha
Louis BeaumontO relógio marcava quase três da manhã. O silêncio da madrugada em Paris parecia pesado, quase sufocante, enquanto eu, Ryan e o restante da equipe nos preparávamos para a missão. Havíamos localizado o celular de Carolina em um armazém abandonado nos arredores da cidade. Era nossa primeira pista concreta, e o tempo estava contra nós. Cada segundo contava, e cada segundo que ela passava desaparecida me deixava mais perto da loucura.Ryan estava ao meu lado, revisando o mapa do armazém e instruindo os soldados sobre as rotas de entrada e saída. Seu rosto estava tenso, refletindo a seriedade da situação. Eu sabia que ele estava tão determinado quanto eu, mas minha mente não conseguia se desligar de Carolina. A imagem dela, sozinha, com medo, talvez machucada, não me deixava pensar em mais nada.— Louis, temos que ser rápidos. Se esse local foi identificado, eles podem já ter saído. — A voz de Ryan me trouxe de volta ao presente.— Eu sei. Vamos acabar com isso. — Minha voz s
Louis BeaumontA dor no meu braço latejava enquanto eu me sentava na sala de operações improvisada. Os curativos cobriam parte das queimaduras e cortes que a explosão no armazém deixara. Mas a dor física era insignificante comparada ao peso na minha mente. Carolina ainda estava desaparecida, e cada minuto parecia uma eternidade.Eu me culpava por ter deixado ela desprotegida, me culpava por ter me afastado, me culpava por fazer ela chorar, me culpava por não estar lá com ela, protegendo e acalmando ela. E essa culpa era sufocante, cruel e desesperadora.Depois que tudo isso acabasse, contaria meus sentimentos a Carolina. Pois só agora com essa situação, eu me toquei no quanto eu a amo.E mesmo que ela não aceitasse ficar comigo, pelo menos ela saberia o quanto significava para mim. Pois eu daria a minha vida pela dela.Ryan estava ao meu lado, conferindo relatórios e coordenando os soldados, enquanto os hackers vasculhavam qualquer pista que pudesse nos levar a Jacques Renaud. Era dif
Louis BeaumontO peso do colete em meu peito parecia mais leve do que o fardo que eu carregava nos últimos dias. O fardo da culpa, do medo e do ódio. Tudo isso borbulhava dentro de mim, mas agora eu tinha algo que não tinha antes: uma chance. A localização que Damon me passou poderia ser o lugar onde Carolina estava sendo mantida. Se não fosse, eu não tinha ideia de onde procurar depois. Eu me apegava àquela possibilidade com unhas e dentes.Ryan, eu e o resto da equipe estávamos na sala de operações, discutindo os detalhes finais do plano. O mapa do local estava sobre a mesa, com marcadores indicando as entradas e saídas, além da provável posição dos guardas. Era uma estrutura grande, um armazém antigo, isolado no meio do nada, cercado por árvores e um terreno mal iluminado. Perfeito para alguém como Jacques esconder seus "negócios".— Vamos entrar com dois grupos, — Ryan explicou, apontando para o mapa. — O time Alpha vai pela entrada principal e atrairá atenção. Enquanto isso, o ti
Louis BeaumontO som dos meus passos ecoava pelo armazém enquanto eu me movia, cauteloso, mas determinado. Jacques estava aqui em algum lugar. Eu podia sentir isso. Ele era esperto, mas eu era mais rápido, mais motivado, e agora o cheiro de sangue e pólvora me guiava. — Ele não foi longe, Louis, — disse Ryan pelo comunicador. — Fique alerta. — Não se preocupe, — respondi. — Ele não vai escapar desta vez. Meus olhos percorreram cada canto do corredor estreito à minha frente. O ar estava pesado, carregado de poeira e tensão. Meu coração batia rápido, mas minha mente estava fria. Então ouvi um som: passos apressados à distância. Acelerei, ignorando a dor que ainda latejava no meu ombro depois da explosão no armazém anterior. Eu precisava pegar Jacques. Por Carolina. Por tudo o que ele fez. Virei uma esquina e o vi. Jacques estava parado no meio de uma sala aberta, suas costas para mim, parecendo despreocupado. Ele segurava algo nas mãos, um dispositivo pequeno que parecia um control
Carolina SmithO caminho para a casa de Louis foi silencioso. Eu estava exausta, tanto física quanto emocionalmente, mas o alívio de estar viva e longe daquele lugar horrível era maior. Ainda assim, minha mente continuava revivendo cada momento de pavor, cada segundo em que achei que nunca sairia de lá. Louis, sentado ao meu lado no carro, parecia igualmente exausto. Suas mãos estavam firmes no volante, mas sua expressão era um misto de alívio e tensão.Ryan seguia em outro carro para buscar Jenifer. Saber que ela logo estaria comigo trazia um conforto enorme, mas, por ora, eu estava apenas tentando assimilar tudo o que havia acontecido.Quando chegamos à casa de Louis, ele desligou o motor e saiu do carro, abrindo a porta para mim antes que eu pudesse sequer tentar sair sozinha. Era um gesto pequeno, mas me deixou sem palavras. Ele me olhou com intensidade, como se quisesse ter certeza de que eu estava mesmo ali, inteira e viva.— Vamos, — ele disse, com a voz baixa, estendendo a mão