Serenity Sinclair. Apelido: Sky.
Com um nome como Serenity, talvez apelidos fossem desnecessários, mas tão logo a doce garota de cabelos cor de fogo começara a escrever, ainda na adolescência, percebera que a melhor forma de não ser massacrada pela crítica era usar perfis fakes e um nickname para manter sua identidade segura.
Funcionou. Por um tempo.
Na adolescência a garota escrevera dezenas de contos, todos românticos e sonhadores. Mas tão logo perdera a inocência com um amigo da escola, notara que seus pensamentos e sua arte caminhavam para um novo nível, algo mais quente e molhado, com palavras e ideias que nem todos aprovavam.
Fora nessa época que nascera Sky, escritora de romances eróticos com um blog super visitado, elogiado e vulgarizado por homens, apreciado e criticado por mulheres. Havia todo tipo de leitores e o melhor era se esconder da maioria.
Quando pequena, Sky odiava seu perfil, pele rosada, cabelos cor de cobre, olhos verdes muito claros e muitas sardas nas maçãs da face. Para piorar, já aos dezessete anos ainda tinha seios pequenos, era alta e magra demais, diferente das amigas cujos atributos já chamavam a atenção dos garotos.
Como se não bastasse, tinha a boca grande e os lábios finos. Quase sempre era vista com tranças feitas por sua mãe e isso era outro detalhe que a irritava. Achava suas orelhas grandes demais e se pudesse usar os cabelos soltos, ao menos podia as esconder. Mas não era o que normalmente acontecia.
A ascensão e a queda de Sky aconteceram quase simultaneamente no ano de 2015. Na ocasião, Serenity tinha vinte e dois anos e nenhum lucro real com sua maior paixão, a escrita. Algo que estava prestes a mudar.
Só havia uma coisa que Sky amava tanto quanto escrever. Transar.
Embora não saísse se oferecendo para todos os homens que cruzavam seu caminho, a idade lhe trouxera coisas que ela sentira falta na adolescência, como seios maiores e mais curvas, principalmente no bumbum.
A escritora nunca namorara ninguém sério e a única vez que pensara sobre isso, não terminara bem. Era frequentadora assídua de barzinhos e boates, onde encontrava a maioria dos parceiros, casos de uma noite e nada mais.
Em 2015, Sky se mudara da pacata cidade de Little River, com suas longas avenidas, florestas e fazendas para a movimentada e conquistadora Nova York. A mudança não fora algo impensado. Durante os muitos anos escrevendo para seu blog Sexy Notes, a ruiva permitira que apenas um relacionamento com leitor se tornasse algo mais. O romance secreto com Robert Hemingway.
Havia duas grandes razões para o romance entre o casal ser secreto e Sky nunca se importara, até ser tarde demais. Uma delas era o fato de que na época em que se conheceram, Serenity era ainda menor de idade, com seus dezesseis anos, enquanto seu primeiro grande amor tinha dezenove anos a mais. A outra razão era Robert ser casado, pai de dois filhos, sendo a mais velha, uma menina da idade dela.
Mesmo assim, o sujeito a convencera, ela era seu grande amor ou ao menos era o que Sky pensava. A idade era irrelevante diante de seus sentimentos e tão logo ela ficasse maior, ele pediria o divórcio e ficariam juntos. A única forma de tal romance ficar ainda melhor era Robert fazer parte do conselho de uma grande editora de Nova York. E a garota teria seus livros publicados e reconhecidos.
Não havia como resistir aqueles olhos verdes e perfil de homem experiente e sedutor. Ela era uma criança ansiando por crescer e descobrir os prazeres da vida adulta e lá estava ele, aquele que poderia lhe dar tudo que sonhava.
Parte dessa história se concretizou. Outra parte não.
Robert a visitava na pacata cidade onde a moça morava periodicamente. Os anos que Sky vivera sem namorados ou relacionamentos a faziam ser razão de piada para todos, mas ela sabia que havia um futuro esperando por ela.
O que não sabia era que nem tudo em seu futuro era o que desejava.
Os invernos passaram rápido e a garota apenas sonhava com as promessas do amante mais velho, sedutor, influente e rico. A maioridade chegara para ela e para a filha do sujeito. Érika, a filha de Robert, ganhara uma grande festa e ela ganhara um cartão de aniversário. A relação continuava, contudo, a esposa de Robert parecia ter ficado doente, impedindo o divórcio.
Quando Sky decidira terminar aquele romance que, agora a seu ver, não a levaria a lugar algum, Robert respondera com uma nova proposta. A convidara para morar em Nova York em um apartamento que teria em seu próprio nome, pago por ele, como presente. A garota também teria um de seus livros publicado pela editora qual o sujeito fazia parte.
Uma única condição deveria ser cumprida, que ela tivesse paciência.
O relacionamento entre ambos deveria continuar em segredo até que ele pudesse a assumir. E agora estariam mais perto e ela teria mais atenção.
No fundo de seu coração, Sky ainda acreditava que ele pudesse se divorciar e ficarem juntos. Era comum esse tipo de coisa acontecer, um homem mais velho e bem sucedido se separar e se casar com uma mulher mais nova.
Isso não aconteceu.
Por outro lado, o pior aconteceu.
Grande parte dos romances eróticos de Sky eram sobre eles. Nomes e faces mascaravam os personagens reais, mas lá estavam as fantasias da jovem. E a editora escolhera justamente um romance entre uma escritora e seu amante, um homem mais velho e casado.
Embora a garota negasse, todos suspeitavam que o livro fosse escrito com base em sua vida pessoal, onde ela fora amante de um homem casado. Só não suspeitavam que o homem fosse Robert.
Quase todos pensavam assim.
Quase todos.
Érika, a filha mais velha do sujeito, desconfiada de que Sky pretendia dar um golpe no pai e já suspeitando do relacionamento de longa data dos dois, na noite do lançamento do livro Desejos Secretos, colocara um plano em prática a fim de descobrir a verdade. E descobrira.
Robert usava um broche que a filha dera de presente sem saber que havia uma escuta instalada no presente de grego. E toda uma conversa particular fora gravada entre o casal de amantes. Conversa essa onde Robert afirmara que iria continuar bancando a amante e publicar outros livros até poder se separar da esposa, coisa que claramente não pretendia fazer.
Érika colocara a gravação ao vivo na festa de lançamento do livro para todos, incluindo a mãe, familiares, amigos e acionistas da editora ouvirem. A noite acabara em desastre e os sonhos de Sky foram de vez para o ralo.
No dia seguinte a garota era notícia na mídia, que se dividia entre a chamar de vítima ou de vilã. Mas se havia uma coisa que a jovem sempre pensara, era que nada estava perdido até a última carta ser jogada na mesa.
O apartamento que havia ganhado, bem como o Lamborghini, estavam em seu nome e não podiam ser tirados dela. Agindo rápido, a garota contratara um advogado que garantira a publicação do livro, que agora graças à mídia vendia como pão quente às seis da tarde.
Certamente Sky jamais publicaria de novo, senão com um novo apelido, sem ser ela mesma. Quando Robert a chamara para uma conversa, a jovem já sabia que ele jamais deixaria a esposa. Na festa de lançamento do livro conhecera a elegante e charmosa Amélia Hemingway, esposa de Robert, uma linda mulher nove anos mais nova que o marido, esbanjando saúde e disposição.
Ela havia sido uma criança tola por anos.
Não mais.
Sky fora acompanhada do advogado e não se surpreendera quando Robert aparecera da mesma forma. O encontro era para que ela assinasse um contrato, concordando em não revelar intimidades entre ambos quando indagada sobre o conteúdo do livro, que já se esgotava nas livrarias.
Havia ainda uma última carta na manga que a jovem de coração partido não hesitara em usar. Registros de sua relação com Robert quando ainda era menor de idade. Eram fotos de ambos juntos tiradas com celular, cartas, vídeos, áudios e centenas de fotos com nus dos dois juntos.
O advogado do ex-amante ameaçara a processar por chantagem, mas ela estava disposta a encarar as acusações diante de um tribunal. Até lá, tudo aquilo vazado na mídia já teria derrubado o empresário e ela teria sua vingança.
No entanto, se havia uma coisa melhor que vingança era um bolso cheio de dinheiro. E fora o que acontecera. Em troca de assinar documentos garantindo que jamais falaria sobre sua intimidade com Robert, bem como jamais revelar sobre sua relação com o sujeito quando ainda era menor de idade, Sky ganhara uma poupança com dez milhões de dólares.
Não era o sonho que tinha em mente, mas era uma aposentadoria saudável. Poderia continuar escrevendo pelo resto da vida sob outro pseudônimo sem se preocupar com contas para pagar. E ainda tinha um apartamento e um carro!
Aproveitando seus cinco minutos de fama, a escritora não se acanhara em ir a diversos programas de entrevistas falar sobre seus livros não publicados. O blog Sexy Notes bombara como nunca em acessos antes de fechar.
Finalmente a poeira baixara e Sky se tornara só mais uma notícia passada. A única edição publicada do livro Desejo Secretos se esgotara nas livrarias e a ruiva tinha que seguir em frente.
Era hora de recomeçar.
O ano agora é 2020, inverno na belíssima cidade de Camden, no Maine.
A linda ruiva reduzira a marcha do Jeep Renegade logo depois da curva que a colocava na longa ladeira que era a Avenida Kennedy. Normalmente dirigia em baixa velocidade e gostava de apreciar as coisas por onde passava, fosse uma árvore, um animal ou uma criança brincando em um quintal. Ao contrário de quando era criança, seus cabelos agora eram muito claros e ela reforçava a cor com pinturas. Havia aprendido a gostar de seu estilo ruiva e sexy após a adolescência. Os olhos verdes, que já eram claros, tinham ficado ainda mais claros com o passar do tempo e sobre isso não havia o que fazer. Ainda não conhecia a cidade, mal sabia o caminho até sua nova casa, mas encontrar uma loja de produtos femininos de qualidade já estava em sua lista de prioridades. De qualquer forma, da primeira vez que estivera ali com a corretora, podia jurar ter identificado uma discreta loja de bebidas e torcia para se lembrar bem do lugar. Aquela noite pretendia degustar um bom vinho ao pé da
Sky saíra do armazém abraçada às duas garrafas que havia ganhado. Tinha de admitir que aquilo parecia um sinal de boa sorte, conhecer gente simpática e ganhar presentes logo que chegara na cidade. E teria de voltar ali para provar a comida de Elliott ou fosse lá quem cozinhasse naquele lugar. Porém, nem tudo parecia ser sorte. A garota mal dera dois passos e pisara em falso, desequilibrando para a frente. Antes mesmo que soltasse as garrafas para tentar se equilibrar de volta, sentira quando uma sombra a envolvera. Mãos fortes e quentes a seguraram com firmeza pelos ombros, a mantendo em pé até que recuperasse o equilíbrio. Do fim da longa avenida abaixo, uma lufada vento soprara, esvoaçando seus cabelos e carregando diversas folhas secas pela calçada. —Essa foi por pouco – dissera a ruiva, apertando as duas garrafas contra os seios com o braço esquerdo enquanto levava a mão direita até a face para mover a mecha de cabelos cor de fogo que o vento colocara sob
Sky seguia pela trilha entre as árvores ouvindo The Black Eyes Peas no rádio e pensando em como seria sua rotina do dia seguinte em diante. Certamente os primeiros dias seriam agitados, teria de ir à cidade comprar coisas novas para a casa e fazer anotações de tudo que precisava ser consertado.Contudo, calculava que dentro de um mês as coisas estariam resolvidas, aí então a vida seria de pura tranquilidade. Isso se sua mãe não decidisse aparecer. Joana, ou como preferia ser chamada, Melody, estava sempre disposta a fazer todo o possível para canalizar as energias do ambiente e isso significava mudar tudo que Sky organizava para um lugar diferente.A ruiva costumava pensar que ela era o mar calmo e sua mãe o tsunami. De qualquer forma, não podia negar que as coisas sempre ficavam bem no final.Logo após o portão de entrada da proprie
A jovem escritora vira sua inspiração retornar de forma mágica ao ter aquele caderno em suas mãos. Não era de seu feitio escrever manualmente. Como toda garota de sua geração, anotava o mínimo possível em papel com caneta. Até as listas de compras eram digitadas no celular ou notebook. Porém, não conseguia deixar a esferográfica de lado quando começava a esboçar um novo livro. Escrevera até adormecer exausta. Havia sido um dia longo e conturbado. Acordara com o som da campainha. Abrira os olhos devagar e percebera que sequer tinha apagado as luzes do quarto. A primeira coisa de que se lembrara fora do caderno de anotações e quando não o vira em lugar nenhum, se sentara na cama apavorada tentando lembrar onde o havia guardado. Felizmente Sky tinha um jeito simples de organizar as coisas e lá estava o caderno na gaveta do enorme criado-mudo com o abajur de cor creme ao lado da cabeceira. Ouvira novamente o som da campanhia na porta e deduzira, contra a vontade,
—Não sou casada – respondera a garota – Na verdade, comprei a casa tem pouco tempo e moro sozinha. Gosto de espaço, solidão, privacidade. E todos os ambientes têm câmeras que registram tudo vinte e quatro horas por dia a fim de garantir minha segurança no caso de assalto ou coisas assim.—Câmeras escondidas? – comentara o advogado varrendo cada canto da cozinha com o olhar – Devo dizer que a ideia é genial, mas acho um desperdício uma mulher tão linda gostar tanto de solidão como diz.E lá estava o sujeito lançando seu charme irresistível novamente. Era como um predador que caçava por prazer e não escondia as presas. Sky sabia para onde aquele jogo de flertes seguiria e era exatamente o que desejava. Contudo, não havia mais um coração indefeso para ser partido em seu peito.—Quer um pouco? &nd
As bolas também eram grandes. O saco, completamente depilado, fora o primeiro ponto de parada da garota com sua língua sedenta de desejo. Sky não pretendia demorar muito por ali. O tempo continuava correndo e o que desejava era aproveitar como se o mundo fosse acabar dali meia hora, ainda mais depois que sentira aquele colosso pulsando entre seus dedos.A boca gulosa e insaciável da ruiva explorara cada centímetro em menos de um minuto. Sky não sabia dizer exatamente o tamanho daquele maravilhoso brinquedo para adultos em suas mãos, mas a julgar por outros amigos com quem já estivera, calculava uns vinte e quatro centímetros. E a grossura se destacava entre os maiores que já tinha visto!A chupada durara menos de cinco minutos. A intenção da mulher era apenas o deixar lubrificado o suficiente para que, ao se sentar, as coisas rolassem sem problemas. A calcinha já estava
Ângela Sant’Anna Del’Aventura. Quando ouvira o nome pela primeira vez, Sky precisara se controlar para não rir. De alguma forma, para a escritora, aquele parecia o nome de alguma protagonista de novela mexicana.Contudo, a verdade era um pouco mais complicada e séria.Agente Del’Aventura. O título não fazia o nome parecer menos engraçado.Ângela, como pedira para ser chamada, era uma agente do FBI e segundo explicara brevemente, estava à frente de uma operação para capturar o homem com quem a ruiva havia passado a noite.Quando ouvira que o advogado com quem transara era procurado pelo FBI em três estados, acusado de oito homicídios, Sky começara a ponderar se havia tomado a decisão certa na noite anterior, pouco antes de aquele belo espécime de homem bater à sua porta.Entretanto, não conseguia se concentra
—Estamos lidando com um assassino. Chegamos aqui após muito trabalho e investigação de muitos profissionais. Pessoas morreram porque não podemos prever o futuro, então, independentemente do que acredite, sorte ou não, está viva e não teremos mais mortes nesse caso – respondera rispidamente.—E quanto à última garota que mencionou? – perguntara Sky.—A encontramos no porta-malas do carro. Não chegamos a tempo para ela.Por fim, a mulher vestindo roupas negras saíra, caminhando no chuvisqueiro em direção à SUV que a esperava. Todos os demais agentes já aguardavam em seus veículos. Sky continuava em pé à porta da frente da casa, agora vestindo calças, blusa de moletom e chinelos.De braços cruzados, via os veículos manobrando e deixando a propriedade. Esperava que aquele evento