Querida leitora, espero que esteja se divertindo. Me conte qual sua parte favorita até agora? Quem você está amando odiar? Não se esqueça de seguir o perfil da autora para ser notificada dos próximos lançamentos.
Hugo se culpava por tudo: a negligência com os filhos, a dor que eles passaram, a medo que deveriam sentir, o sumiço da mãe, sem nenhum tipo de despedida ou explicação. Todas essas emoções tomavam conta de seu peito. Uma pontada aguda o atravessou. Que tipo de homem não consegue proteger os filhos? Não sabe cuidar da família? Não percebe o que acontece dentro de sua própria casa? Andava pelo quarto observando os filhos dormindo, com os bracinhos perfurados pelas agulhas da bolsa com vitaminas. Mais do que remorso, o que mais o feria era o sentimento de parecer um ser desnecessário. Não servia para nada nesta vida miserável. Um homem que não protege a família é um inútil. Afundado nesse momento de autocomiseração, ouviu de longe a recepcionista falando algo sobre o cartão não ter sido aprovado e devolvendo o plástico para ele. Ele lhe deu outro, e outro, mas sempre voltava com a mesma expressão. — Desculpe, senhor, todos os cartões foram recusados. Sem o pagamento, não poderemos ate
Um novo dia trouxe um ânimo levemente melhorado para Jéssica. A tela do celular brilhou, informando que havia saldo na conta. Luan apressou o pagamento da rescisão e ainda exigiu que fosse paga uma indenização pelo que Janete fizera na frente de todos.Isso ajudava a manter as coisas, pelo menos, até o fim deste mês. Encontrar um novo emprego seria muito difícil. Ela pensava no que poderia encontrar nas pessoas quando saísse pela porta da frente. Não tinha nenhuma confiança em si mesma nesse momento.Era desafiador olhar para o futuro com positividade diante de tanta tristeza que a rodeava. Criava coragem para sair e enviar currículos quando alguém bateu na porta. Receosa sobre que tipo de visita receberia naquele momento, abriu devagar.— Mãe? Por um momento, teve a ilusão de que a mãe soubera da situação e viera até ali para ampará-la, prestar apoio e lhe acolher neste momento de dor tão grande.— Que bela palhaçada você arrumou, hein? Júlia entrou sem esperar convite. Queria ver co
Hugo pediu a ajuda do detetive para descobrir tudo sobre a mulher que encontrou na casa no dia da live. Seu semblante o impactou; parecia tão devastada quanto ele com o que aconteceu. Foi muito injusto com a moça e queria consertar isso. Ricardo tinha toda a razão. O linchamento virtual que Clara promoveu contra ele acabou com qualquer possibilidade de se reerguer em Pedra Branca. Nenhum contato sério quis fazer qualquer tipo de acordo com ele; as pessoas o olhavam como se fosse algum criminoso. Estava circulando entre os moradores do condomínio um abaixo-assinado para que fosse expulso. Recebeu apoio do pior tipo de gente que existe: abusadores de mulheres que achavam que ele era parte desse grupo asqueroso. Ia embora de Pedra Branca, recomeçar com os filhos em outro lugar, mas, antes, precisava se acertar com a pessoa que prejudicou, mesmo que sem querer. — Me deixa conversar com você um minuto. — Falou rápido, para que a moça não tivesse tempo de afastá-lo assim que o reconhecess
As crianças se entrosaram rapidamente. Em poucos minutos, já estavam brincando animadamente pela sala quase vazia. Maria tentava ajudar a preparar as coisas para a refeição. Queria garantir que Caio tivesse o que comer.Ela se sentiu um pouco sobrecarregada quando conheceu Breno, achando que precisaria cuidar dele também. No entanto, Jéssica, com toda a docilidade do mundo, lhe disse para se divertir, pois ela e seu pai cuidariam das crianças.A menina levou um choque. Ninguém nunca lhe pediu para brincar antes, e muito menos de forma tão carinhosa. "Além de linda, essa moça é muito boa", pensou, e obedeceu, pegando um carrinho para si.— Que bom que você trouxe as crianças para o Breno brincar. Olha como ele ficou feliz. Tivemos um momento muito difícil no parquinho hoje — disse Jéssica, sorrindo ao observar a cena.— Eles se deram bem de cara. Veja como brincam em harmonia — respondeu Hugo, enquanto preparava os sanduíches com um largo sorriso. Por alguns instantes, tudo parecia mais
Uma noite mal dormida rendeu um dia tempestuoso. As coisas tendem a ficar melancólicas quando somos arrastados por um mar de sentimentos sombrios. Jéssica com dificuldade se levantou do colchão para ir até Breno que ouvia chorar pela babá eletrônica. Passos arrastados, o corpo descoordenado e lento caminhava pelo corredor com coisas espalhadas do roubo ainda. Passou boa parte da noite vendo o perfil de Leonardo e Clara enojada e fissurada com o que via. Como um vício nocivo assolava qualquer possibilidade de seguir em frente que ela pudesse ter. Uma espécie de feitiço tomava conta do seu corpo e fazia com que ficasse ali parada vendo o desenrolar da mentira que aqueles dois estavam contando. A cada minuto aumentava a sensação de inferioridade em relação à Clara. A imagem de mulher indefesa que foi espancada e obrigada a fugir, contrastava tanto com a de guerreira que precisava resolver tudo sozinha e não tinha em quem se apoiar. Jéssica cuidava de Breno desconexa. Fazia tudo no aut
Era uma cena chocante. O homem proferia várias ameaças e ofensas a Jéssica enquanto atirava tudo o que encontrava pelo chão, no portão.— Quem é esse? — Hugo perguntou, assustado com o que estava vendo.— Meu irmão. — Jéssica respondeu, de cabeça baixa, sem querer que Hugo visse aquela cena.— Por que ele está fazendo isso? — Hugo ficou confuso.— Não sei. Vou resolver isso. Pode parar por aqui. — Ela não o encarava, pensando em uma maneira de fazer Damião ir embora sem ser atingida pelos objetos que ele estava jogando.— De jeito nenhum deixo você sozinha assim. — Ele estacionou o carro com calma, mas seus olhos fixaram-se em Damião com intensidade. A postura ereta e os ombros tensos denunciavam que ele não estava ali para fazer amizade. Com a mão levemente tensionada no volante, ele deu um passo firme ao sair do carro, como se o confronto já fosse uma certeza. Quando se aproximou de Damião, o olhar desafiador e o tom de voz controlado mostraram que estava pronto para enfrentar o que
Esse novo dia, para aquelas pessoas, trazia uma sensação de confusão. Ainda estavam aturdidos pelos momentos de tensão que viveram na noite anterior. Jéssica tinha um olhar fixo, um tanto inerte, e andava lacrimejando pela casa, fazendo tudo no automático. Hugo procurava uma maneira de abordar o assunto sem parecer invasivo. Maria tentou assumir os cuidados com os pequenos, presumindo que a mulher que chorava o tempo todo não conseguiria fazer nada. Ficou surpresa quando a mesma a pegou depois do banho, arrumou seus cabelos de maneira tão carinhosa. Não houve gritos nem puxões para machucar. Não, ela era gentil e fez um penteado que Maria nunca tinha usado. A menina olhou no espelho e ficou encantada com a própria beleza. Estava arrumada e perfumada como uma criança normal. Foi difícil conter a emoção. Abraçou Jéssica com o mais sincero dos abraços. Ela sentiu algo nesse momento. Não estava presa no limbo de desespero, nem por um segundo. Olhou para a linda menina à sua frente pela
A mudança para Campinas trouxe algumas novidades estranhas para Jéssica. O ritmo mais acelerado, as pessoas sempre com bom humor e sem nenhum tipo de receio de resolver nada. Tudo acontece em tempo recorde por aqui.A escolha da casa foi um ponto de discussão intensa entre ela e Hugo. Jéssica pensava que moraria sozinha com Breno, mas Hugo disse que não fazia sentido se afastarem.— Jéssica, pense. Podemos ser o apoio um do outro aqui. — Ele falava enquanto vestia Caio com uma cuequinha, decidido a resolver o problema das fraldas de uma vez por todas.Ela arrumava o cabelo de Maria com uma buchinha na boca e a trança entre os dedos. Ponderava que era uma situação estranha para se explicar, algo que poderia confundir a mente das crianças.— Como vamos explicar isso? E as crianças? Imagina os problemas que teremos com o mundo por causa de algo assim.— Jéssica, quem se importa com isso? Não temos vínculo com ninguém aqui. Somos nós e nossos filhos. Não há para quem se explicar e muito m