— Que cara péssima, — Alexandre falou assim que Hugo pisou na sala.
— Bom dia pra você também. — Hugo cumprimentou e caminhou até sua mesa. — Infelizmente, hoje será um dia longo e cansativo. Adoraria amenizar para você, mas não será possível. — O que é agora? — Nosso querido concorrente Valdo está de novo espalhando desinformação a nosso respeito. — Alexandre disse com cara bem irritada. — Qual o tamanho do estrago? — Hugo esfregou os olhos irritado. — Três montadoras pedindo auditoria. E a versão de luxo da Ferrari está sendo atrasada até verificarem a procedência do cliente. Não aguento mais lidar com esse sujeitinho! — Alexandre bateu na mesa irritado. — Vou fazer umas ligações e não temo as auditorias. Sabemos que está tudo certo. — O problema é o tempo que perdemos com isso. O que há com você? Por que está com essa cara? — Alexandre mudou de assunto com bastante facilidade. Hugo estava de pé, de costas para aJéssica entrou com o coração ainda disparado. Estava mesmo disposta a beijar Hugo. Esquecer, nos lábios dele, todo o desarranjo que estava vivendo.Assim que passou pela portaria, recebeu um aviso da secretária do RH pedindo que ela subisse direto para a sala da gerência. Arqueou as sobrancelhas, surpresa."Será que fiz algo errado?", pensou, o coração acelerando com a velha ansiedade. Estava farta de más notícias.Mas não era bronca. Era convite.— Doutora Jéssica, gostaríamos de conversar sobre o seu futuro por aqui — disse a coordenadora de residência com um sorriso profissional, mas gentil. — Estamos muito satisfeitos com seu desempenho. O hospital tem planos de ampliar o atendimento ambulatorial, e acreditamos que você poderia liderar uma das áreas.Jéssica piscou, sem entender.— Liderar… como assim?— Você poderá montar seu próprio consultório dentro da ala de especialidades. Terá autonomia para organizar a agenda, as linhas de
Jéssica caminhava para a sala de atendimentos, ainda um pouco atordoada com o que acabara de acontecer. Assim que se acomodou, um buquê de flores foi entregue, acompanhado de um cartão discreto. Ao ler a mensagem, franziu a testa com desgosto: “Me ligue, precisamos conversar. — Leonardo.”Ela não respondeu de imediato, o descaramento daquela frase pairando no ar como uma provocação. Estava em um turbilhão de sentimentos, mas não tinha qualquer intenção de ceder à pressão emocional de Leonardo.— Esse idiota acha mesmo que vou me rastejar atrás dele? — murmurou. — É muita cara de pau.Ia jogar as flores fora, mas hesitou. As flores eram belas. Inocentes até.— Glória, coloca lá na sala de descanso de vocês.— Que lindas, doutora! A senhora não vai lev
Clara entrou no escritório com um sorriso satisfeito nos lábios, seguida por Amanda, assistente de Leonardo, que trazia uma notícia que a beneficiaria muito. Ela se aproximou, sentou-se com elegância e, sem perder tempo, soltou a informação que fazia seu coração bater mais forte.— Leonardo, tenho uma grande novidade. Fechei uma turnê fora do país. Serão 30 shows em 15 países diferentes. — Clara falava com um brilho nos olhos, a expressão de quem sabia o poder que essa notícia teria sobre ele.Leonardo levantou os olhos, sentindo a ansiedade tomar conta de seu corpo. Ele não gostava da ideia de se afastar de casa agora, ainda mais em um momento tão delicado, com tudo o que acontecia com Jéssica e Breno. O som daquelas palavras reverberou na sua mente, e logo ele tentou esconder o desconforto.— Trinta shows? Isso da
Leonardo chegou à escola para o trabalho social. Tinha tanto charme pessoal que, mesmo com o ocorrido com Jéssica e Hugo, conseguiu manter o plano e continuar frequentando a escola. A única questão era que não poderia se aproximar de Breno novamente, sob o risco de acabar com tudo. Achou a condição injusta, mas, enfim, preferia vê-lo de longe do que não vê-lo.Caminhava para a sala que receberia a turma nova e viu um aluno na turma de educação. Breno estava entre eles, jogando basquete de maneira incrível. O homem olhava com orgulho, vendo que o filho herdara as habilidades dele para os esportes. Leonardo teve que se controlar muito para não ir até lá e jogar com o menino.— Professor, já estamos prontos. — Uma aluna o chamou para a sala de música, retirando-o do momento de pai coruja.— Ok. Vamos lá... Quero saber o
Jéssica acordou às 5h40 com um barulho alto vindo da cozinha. Garantiu que Breno continuasse dormindo e foi ver o que estava acontecendo. Já podia prever a situação: Leonardo tinha chegado bêbado novamente. Essa situação se tornou frequente desde que se casaram.— Bom dia. — disse ela, chegando na cozinha para confirmar seu palpite. O marido estava caindo de bêbado. Mal se aguentava em pé. Tentava pegar um copo d’água, mas, apoiado na porta da geladeira, balançava muito e quase derrubou tudo o que tinha lá dentro. Um barulho que certamente acordaria o bebê.— Para com isso! — ela o sentou na cadeira e pegou a água para servi-lo, a fim de evitar o pior.— Meu anjo, Jéssica... — ele falava com a voz embargada pelo álcool. Não dava para saber se estava elogiando ou debochando da esposa. Ela o servia em partes para evitar o escândalo e, em parte, porque realmente acreditava que esse era o dever de uma boa esposa.— Qual é o problema com esse seu trabalho? Você é o único da banda que chega
Do outro lado da cidade, Hugo e Clara estavam discutindo sobre a campanha que Clara estrelaria. O sonho dela de se tornar uma influencer famosa parecia finalmente estar dando os frutos desejados.— Não podemos colocar cerveja numa campanha de carros, Clara!. O cliente já especificou o que gostaria que tivesse no comercial. — Hugo estava exausto nesse momento. Estava há horas tentando convencer a esposa a fazer exatamente o que o cliente queria, e não havia nenhum sinal de que ela tivesse entendido o que precisava.— Uma campanha com amigas se divertindo vai parecer muito mais legal. E vai atrair os jovens. As amigas, com roupas bem sensuais, bebendo muito... — Ela divagava, como se não estivesse falando nenhum absurdo. O problema é que o principal posicionamento das redes dela era a família. Mudar assim não fazia sentido para ninguém.— Clara, é um carro para família! Não tem nada de sensual nessa campanha! Você pelo menos leu o briefing? — Hugo parecia um pouco exasperado. Clara tem
Leonardo olha a notificação no celular com expressão neutra. Manter Clara por perto tem suas vantagens e desvantagens. Ele observa o vestido que tem nas mãos com atenção, lembrando das curvas de sua esposa. Precisa agradar a Jéssica hoje.Sabe que passou do limite, pois a vizinha veio reclamar da barulheira de bêbado que ele fez. Foi muito gentil com a vizinha, pediu um milhão de desculpas e prometeu que nunca mais iria acontecer.Não é que ele sinta arrependimento pelas suas ações. Acontece que precisa criar uma boa imagem pública, pois será uma estrela do rock algum dia. Leonardo jamais deixa qualquer coisa ao acaso. Sempre faz tudo projetando o futuro que deseja para si mesmo.Conferiu todo o cenário que montou para esposa. Se tinha flores o suficiente, se os doces estavam bem atrativos, se o cheiro traria boas lembranças. Precisava seduzir para ter o que queria. O perdão da esposa. Pediu pra mãe ficar com Breno durante a noite. Queria que a surpresa fosse completa e planejou leva
Depois da festa, Jéssica e Leonardo voltaram para casa e o clima de romance continuava. Leonardo estava sendo o melhor marido do mundo naquela noite. Tudo perfeito e muito romântico, exatamente como Jéssica sempre sonhou.Nem as grosserias de Clara conseguiram ofuscar o brilho daquela noite. ela conseguiu descansar um pouco e foi para o trabalhar.No trabalho, Jéssica estava nas nuvens, toda distraída, lembrando-se da noite passada.— Mulher, que isso? Hoje você parece tão... leve — Janete falou com um leve deboche, que Clara não percebeu.— E estou mesmo. As coisas parecem que vão melhorar — Jéssica nunca falava da vida pessoal no trabalho e foi a única coisa que disse para Janete, por mais que a amiga insistisse.— O que aconteceu que te deixou assim tão feliz? — Janete procurava saber qualquer coisa sobre a vida de Jéssica. Não entendia o porquê de Luan falar tanto com ela todo dia à tarde e pensava que estivessem tendo um caso.— Coisa minha. Nada demais. Agora, deixa eu passar as