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As crianças se entrosaram rapidamente. Em poucos minutos, já estavam brincando animadamente pela sala quase vazia. Maria tentava ajudar a preparar as coisas para a refeição. Queria garantir que Caio tivesse o que comer.Ela se sentiu um pouco sobrecarregada quando conheceu Breno, achando que precisaria cuidar dele também. No entanto, Jéssica, com toda a docilidade do mundo, lhe disse para se divertir, pois ela e seu pai cuidariam das crianças.A menina levou um choque. Ninguém nunca lhe pediu para brincar antes, e muito menos de forma tão carinhosa. "Além de linda, essa moça é muito boa", pensou, e obedeceu, pegando um carrinho para si.— Que bom que você trouxe as crianças para o Breno brincar. Olha como ele ficou feliz. Tivemos um momento muito difícil no parquinho hoje — disse Jéssica, sorrindo ao observar a cena.— Eles se deram bem de cara. Veja como brincam em harmonia — respondeu Hugo, enquanto preparava os sanduíches com um largo sorriso. Por alguns instantes, tudo parecia mais
Uma noite mal dormida rendeu um dia tempestuoso. As coisas tendem a ficar melancólicas quando somos arrastados por um mar de sentimentos sombrios. Jéssica com dificuldade se levantou do colchão para ir até Breno que ouvia chorar pela babá eletrônica. Passos arrastados, o corpo descoordenado e lento caminhava pelo corredor com coisas espalhadas do roubo ainda. Passou boa parte da noite vendo o perfil de Leonardo e Clara enojada e fissurada com o que via. Como um vício nocivo assolava qualquer possibilidade de seguir em frente que ela pudesse ter. Uma espécie de feitiço tomava conta do seu corpo e fazia com que ficasse ali parada vendo o desenrolar da mentira que aqueles dois estavam contando. A cada minuto aumentava a sensação de inferioridade em relação à Clara. A imagem de mulher indefesa que foi espancada e obrigada a fugir, contrastava tanto com a de guerreira que precisava resolver tudo sozinha e não tinha em quem se apoiar. Jéssica cuidava de Breno desconexa. Fazia tudo no aut
Era uma cena chocante. O homem proferia várias ameaças e ofensas a Jéssica enquanto atirava tudo o que encontrava pelo chão, no portão.— Quem é esse? — Hugo perguntou, assustado com o que estava vendo.— Meu irmão. — Jéssica respondeu, de cabeça baixa, sem querer que Hugo visse aquela cena.— Por que ele está fazendo isso? — Hugo ficou confuso.— Não sei. Vou resolver isso. Pode parar por aqui. — Ela não o encarava, pensando em uma maneira de fazer Damião ir embora sem ser atingida pelos objetos que ele estava jogando.— De jeito nenhum deixo você sozinha assim. — Ele estacionou o carro com calma, mas seus olhos fixaram-se em Damião com intensidade. A postura ereta e os ombros tensos denunciavam que ele não estava ali para fazer amizade. Com a mão levemente tensionada no volante, ele deu um passo firme ao sair do carro, como se o confronto já fosse uma certeza. Quando se aproximou de Damião, o olhar desafiador e o tom de voz controlado mostraram que estava pronto para enfrentar o que
Esse novo dia, para aquelas pessoas, trazia uma sensação de confusão. Ainda estavam aturdidos pelos momentos de tensão que viveram na noite anterior. Jéssica tinha um olhar fixo, um tanto inerte, e andava lacrimejando pela casa, fazendo tudo no automático. Hugo procurava uma maneira de abordar o assunto sem parecer invasivo. Maria tentou assumir os cuidados com os pequenos, presumindo que a mulher que chorava o tempo todo não conseguiria fazer nada. Ficou surpresa quando a mesma a pegou depois do banho, arrumou seus cabelos de maneira tão carinhosa. Não houve gritos nem puxões para machucar. Não, ela era gentil e fez um penteado que Maria nunca tinha usado. A menina olhou no espelho e ficou encantada com a própria beleza. Estava arrumada e perfumada como uma criança normal. Foi difícil conter a emoção. Abraçou Jéssica com o mais sincero dos abraços. Ela sentiu algo nesse momento. Não estava presa no limbo de desespero, nem por um segundo. Olhou para a linda menina à sua frente pela
A mudança para Campinas trouxe algumas novidades estranhas para Jéssica. O ritmo mais acelerado, as pessoas sempre com bom humor e sem nenhum tipo de receio de resolver nada. Tudo acontece em tempo recorde por aqui.A escolha da casa foi um ponto de discussão intensa entre ela e Hugo. Jéssica pensava que moraria sozinha com Breno, mas Hugo disse que não fazia sentido se afastarem.— Jéssica, pense. Podemos ser o apoio um do outro aqui. — Ele falava enquanto vestia Caio com uma cuequinha, decidido a resolver o problema das fraldas de uma vez por todas.Ela arrumava o cabelo de Maria com uma buchinha na boca e a trança entre os dedos. Ponderava que era uma situação estranha para se explicar, algo que poderia confundir a mente das crianças.— Como vamos explicar isso? E as crianças? Imagina os problemas que teremos com o mundo por causa de algo assim.— Jéssica, quem se importa com isso? Não temos vínculo com ninguém aqui. Somos nós e nossos filhos. Não há para quem se explicar e muito m
Ele estava tentando encontrar as palavras certas para pedir desculpas. Ensaiava mentalmente o que dizer para não ser mal interpretado, quando foi pego de surpresa por um convite inesperado.— O jantar está servido. — Jéssica bateu na porta, convidando-o para a refeição. Ele entrou na sala de jantar e viu uma mesa com uma refeição lindamente preparada. Os pratos eram coloridos, com vários tipos de legumes, e as crianças estavam comendo e gostando. Até a carne parecia muito boa.— Isso está lindo e cheirando muito bem! — Hugo, salivando, fez o elogio. Ele era especializado em massas e carnes mais elaboradas, e uma comida simples e rica em nutrientes não era exatamente seu forte.— Quem diria que uma gorda saberia fazer refeições saudáveis e adequadas para crianças? — A ironia era o resquício da raiva que ele a fez sentir. Jéssica gostaria de ser superior e deixar essa história para trás, mas sentiu que já havia engolido todos os sapos que podia. Não conseguiria deixar passar isso, por m
Digerindo o que leu nos relatórios, Jéssica recuou na decisão de morar sozinha. As crianças precisavam dela. Mesmo que não fossem seus filhos, não tinha coração para abandoná-las depois de saber o que haviam sofrido.Mas não estava disposta a ser dependente de um homem novamente. Com Leonardo, parecia que ela não era capaz de fazer nada sozinha, que precisava da opinião e aprovação dele para tudo.A dor de tudo o que passou ainda era viva e pulsante em seu coração. Os episódios de choro e stalking eram mais secretos agora, que tinha um pouco mais de privacidade, mas continuavam frequentes. Sentia um misto de emoções em relação a Clara. Não poderia dizer que era apenas ódio, havia outras coisas.Mas de Leonardo, era isso. Um ódio puro e bem fundamentado. Jéssica começava a perceber que vários dos comportamentos que ele tinha com ela, no início, ele repetia com Clara. Isso ainda era difícil de digerir.Não queria voltar a viver aquilo novamente. Visitou os apartamentos como planejado, ma
Junto com a decoração da casa, eles fizeram os combinados. Queriam que sua nova vida começasse da maneira certa, sem mentiras ou mal-entendidos. Desejavam entrar nesse novo capítulo sabendo exatamente o que aconteceria. — Acho que devemos estabelecer algumas regras — disse Hugo, tentando falar com suavidade. Não queria parecer mandão. — Sabe, para sabermos até onde podemos chegar, quais assuntos podemos abordar. O que você acha? — perguntou, analisando a reação dela, com receio. — Concordo. Eu tinha pensado nisso também. Não gostaria que as coisas ficassem estranhas. Pensei em algumas coisas que gostaria de definir. — O que tem em mente? — Ele se sentou no confortável sofá da sala de estar para conversar, enquanto as crianças tiravam a soneca da tarde. — Precisamos de uma empregada. — Ela estava um pouco constrangida, mas também determinada a começar a vida de forma diferente. — O quê?! Jéssica, podemos fazer isso? Quero dizer, é nossa vida, devemos ser capazes de cuidar dela. — H