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Um mês depois
Se arrependimento matasse...
A garota ajeitou a roupa no corpo e sacudiu o cabelo, ansiosa só de esperar que Marcelo abrisse a porta. O rapaz tinha mudado para um apartamento próprio há umas três semanas e mesmo perante todos os choros de Charlotte, ela parecia ter entendido que aquilo era de uma imensa importância para ele, principalmente pelo fato de que o garoto já tinha 24 anos e precisava viver sozinho. Angel entendia bem o lado dos dois e não pretendia ir embora daquela cidade tão cedo, por mais que a vaga na faculdade em Toronto lhe aguardasse, depois que ela não passou nem perto de entrar na McGill.Ela respirou fundo ao ajeitar o cabelo rebelde no rabo de cavalo e apertou as mãos uma na outra em ansiedade assim que viu a maçaneta rodar, ensaiando na mente a desculpa de ter batido ali tão cedo.- Angel! Hey! – o garoto sorriu e parecia arrumado para sair. Ela tomou fôlego para falar alguma coisa, mas só conseguiu sorrir mais e pensar como ele estava bonito.- Hey!! – a garota arregalou os olhos, mergulhada em uma animação repentina. – Eu! Eu disse que vinha ver a Delilah! Aposto como ela tá morrendo de saudade. – a moça soltou uma risada animada ao ouvir a dele e entrou no apartamento do amigo do irmão, assim que o rapaz deu espaço.- Eu lembro. E você veio mesmo! – o rapaz riu com a promessa dela. – Mas eu não sei se ela sente sua falta, a Delilah tá sendo bem cuidada! – a cara de cocota convencida surgiu no garoto e os dois riram com aquilo, assim que ele fechou a porta de casa.- Eu estou meio sem rumo já que acabei o colégio, aí vim ver minha bebê! – Angel fez uma pose ao justificar mais uma vez a visita e se sentindo em casa, começou procurar a chihuahua com a vista.- Putz, já acabou, verdade!- Eu adiantei um semestre, na verdade. – Angel riu meio desesperada em saber que tudo estava mudando tão cedo e vincou as sobrancelhas ao começar estalar os dedos. – Mas nem sei se vou mesmo para faculdade esse ano. Lilaaaaaa!- Tem que ir, Angel. Vai ser bom, novos ares! – Marcelo piscou e fez uma careta gigantesca. Ela tinha dado um apelido para sua cadela? Quê? – Lila? Você deu apelido para minha cachorra?- Claro que dei, eu disse: ela me ama mais! – a moça riu e pegou o pet no colo, fazendo carinho no pinguinho de cachorro animado. – Não sei, não quero sair de Montreal, mas passei longe de entrar na McGill. – ela explicou sobre precisar sair da cidade e sorriu para cadelinha feliz.- Mas é bom para gente sair um pouco de casa, Angel. Pensa nisso! – Marcelo sorriu tentando confortar a amiga, mesmo sabendo que pela cara dela a resposta era negativa.- Eu vou ver, Gallo! – ela arregalou de leve os olhos para ele, mas voltou a brincar com a cadelinha do pelo escuro com branco.- Ta bom, né? – Marcelo sacudiu a cabeça negativamente. – Angel, já volto. – ele sorriu fechado buscando a aprovação da menina, que meneou a mão.- Tudo bem, você tá em casa! – a moça sorriu até com os olhos e logo sentou no chão para brincar melhor com Delilah, enquanto sacudiu um osso de borracha e via a cadelinha pular atrás dele, quase brava por não conseguir pegar o brinquedo e rosnando como se Angel fosse parar de brincar daquele jeito.- Mandy!!! Tá pronta? – Marcelo gritou no corredor do pequeno apartamento, fazendo a irmã do amigo arregalar os olhos bem assustada. Ele não estava sozinho em casa? Uma garota tinha dormido lá? Marcelo estava namorando?A mais nova levantou de uma vez do chão, finalmente soltando o osso que Delilah brincava e sentiu toda a coragem descer pelas pernas, percebendo o quão tinha sido ridícula em procurar uma desculpa para visitar ele e a cachorra.- Sim! Só guardando as coisas na bolsa, me avisaram que o Mr. Boone vai atrasar hoje! – a voz doce da garota ressoou pelo cômodo, fazendo o estômago de Angel revirar ainda mais.- Eu não sabia que você estava com alguém aqui. – a moça se atropelou nas palavras sem saber o que fazer com as mãos suadas de nervosismo. – Desculpa! Eu devia ter ligado antes. Droga, Angel.- Imagina, Angel! – Marcelo piscou brincalhão, chamando a cadelinha com estalos de dedo. – Minha namorada tá aí. Daqui a pouco ela tem aula, aí eu vou levar. Mas como você é de casa, fica brincando com a Lila até eu voltar! – o rapaz disse com um sorriso imenso, sorriso esse que causou algo bem diferente do recorrente reviramento no estômago. – Amor, vem cá!- Estou indo! Cheguei! – a moça de olhos verdes e o cabelo cor de fogo, natural, chegou sorridente na sala do pequeno apartamento, deixando a garota mergulhada em um pavor gigantesco. – Hey! Tudo bem? – o sorriso simpático se fez presente em ver a amiguinha do namorado ali.- Hey, tudo bem sim. – a moça prendeu a respiração mais uma vez para evitar que seu estômago reclamasse da decepção.- Deixa eu fazer as apresentações... – Marcelo abraçou Amanda de lado, pronto para apresentar as duas garotas. – Mandy, essa é a Angel. Angel, essa é a Amanda! – ele apontou de uma para outra, prestando atenção apenas no sorriso imenso da namorada. – É a pequena Valenthina !O bolo no estômago da mais nova dos Valenthina só aumentou, enquanto ela só queria vomitar todo o café da manhã e tinha plena consciência de que se aquele circo continuasse, ela vomitaria.- A irmã do Enrico? É um prazer! – o grito de Amanda foi de quem já conhecia aquele grupo há muito tempo, tanto os irmãos Gallo quanto o mais velho filho dos Valenthina . Então Marcelo já namorava ela há muito tempo? – Seu irmão é muito gente boa!- Sim, eu sou irmã do Enrico. – a moça sentiu a garganta parecer um deserto de tão seca. – E também é um prazer te conhecer, Amanda. Eu vim só ver a Delilah, já tava de saída, não vou atrapalhar vocês.- Eu falei que você pode ficar, Angel! – o rapaz riu de leve com a insistência dela. – Eu vou só deixar a Mandy na faculdade e nem é tão longe assim. – ele sorriu mais uma vez e beijou a bochecha da ruiva.- Eu não posso! – o sobressalto da mais nova chamou a atenção dos dois, enquanto a impulsividade dela a fazia tomar uma das decisões mais loucas da vida. Ela iria para Toronto sim, e no fim da semana, se possível. – Minha mãe vai me levar para ver as compras da viagem, então não vai dar.- Eu vou logo tomando café para ser mais rápido ainda, a McGill não é tão perto, amor! – ela arregalou os olhos claros e incrivelmente redondos, mostrando a tamanha intimidade que tinha com o garoto por quem Angel era perdidamente apaixonada desde os 15. Sem falar que a perfeitinha fazia faculdade na McGill e a mais nova não tinha passado nem perto de entrar lá. – Para onde você vai?- Fazer faculdade em Toronto. – a moça sorriu fechado, à medida que respirava fundo para não desmaiar.- Fazer faculdade em Toronto! Não é incrível? – Marcelo exclamou realmente eufórico com a conquista da menina.- WOW! Toronto? Que incrível, eu não cheguei nem perto dos classificáveis por lá. – Amanda sorriu feliz pela moça que ela tinha conhecido a pouco. – Parabéns, mesmo! A prova é uma das mais difíceis e precisa de um alto nível de notas para passar!- Obrigada, Amanda! – Angel sorriu triste com Marcelo, mas ainda agradecida pela sinceridade da namorada dele e por mais dolorido que fosse, a garota a sua frente não merecia raiva de ninguém. – Mas eu vou indo, prometi a mamãe que não ia me atrasar. – a moça amassou os dedos das mãos e ao olhar para o chão, viu a pequena Delilah brincar com a barra da sua calça.- Essa garota é sucesso! – Marcelo disse rindo ainda abraçado a namorada, de alguma forma ele se sentia realmente feliz pelas vitórias da quase irmã. – Eu vou deixar a Mandy na faculdade, passo lá e te deixo em casa!- Eu estou com o carro do meu pai, então não precisa. Mesmo! – Angel sorriu fechado e abaixou pegando a cadelinha no colo. – Tchau, Lila! – a garganta quis travar por toda a situação ruim. – Tchau, Amanda. Tchau, Marcelo! Espero ver vocês ainda antes de ir para Toronto. – a moça foi cordial, recebendo sorrisos iguais.- Nossa, até eu tô emocionado com essa menina indo para Toronto! Eu sou amigo do irmão dela desde sempre, então imagina... Ela é da minha família! – Marcelo puxou a garota para um abraço de surpresa que não foi sequer retribuído eficazmente, principalmente quando o jogo de palavras usado não estava fazendo-a se sentir bem. – Se eu não te ver mais... Boa sorte em Toronto, irmãzinha!- Obrigada, vou mesmo precisar. – a pequena frase sem expressão, saiu até meio dolorosa da boca dela. Irmãzinha? Sério, Marcelo? Você era tão cego àquele ponto?- Tchau, Angel! – a ruiva sorriu de uma forma meiga. – Adorei te conhecer, aparece antes de ir, a Delilah gosta mesmo de você! – Amanda riu divertida. – Eu não posso nem chegar perto!- Posso levá-la? Eu prometo que deixo ela na sua mãe e você pega ela depois. – Angel cortou as despedidas ao pedir permissão para levar Delilah para casa, embora a vontade fosse de sequestrar a pequena cachorrinha.- Pode! Pode, claro! – o rapaz sorriu animado e jogou a chave da moto para cima, mesmo que involuntariamente fazendo Angel entender que aquele era o aviso para ela ir embora.- Obrigada! – um sorriso fechado partiu da moça destruída em questão e sem esperar por mais qualquer contato de despedida, acenou para o casal que era tão bonito e parecia tão feliz ali no meio da sala.Talvez Marcelo fosse realmente um grande idiota como Enrico sempre tivera pintado para ela, um cara que não estava nem aí para tanto sentimentalismo. Talvez mais uma vez, seu irmão tivesse coberto de razão com tudo aquilo e Lauren e Charlotte fossem apenas mais duas loucas que não sabiam os limites das relações entre os filhos.Eu odeio seu maldito irmão idiota!A garota entrou no quarto respirando fundo, frustrada, brava e decepcionada com o que tinha acabado de acontecer, ainda que soubesse que não tinha o menor direito daquilo.Marcelo nunca tinha lhe notado mesmo, não ia acontecer àquela altura do campeonato.Angel respirou fundo e apertou o telefone sem fio na mão, enquanto esperava queViviana atendesse ao telefonema.- EU ODEIO O SEU IRMÃO! – o grito injuriado fez a moça do outro lado da linha tomar um tremendo susto. – Odeio! Odeio com todo o meu ser e eu vou embora para Toronto e vou sequestrar a cachorra dele!-Ei, ei, ei, ei, fala devagar!–Viviana pediu confusa com toda aquela gritaria. Desde quandoAngel odiava seu irmão? Aquilo era meio doido, para falar a verdade. –Eu não entendi nada. Uma coisa por vez, m
Você é um grande idiota,EnricoValenthina !O homem parou a foto em frente à casa da irmã e respirou fundo. Não era possível queEnrico tinha deixado tudo chegar àquele ponto, sem falar deViviana que poderia ter dado uns cutucões nele em relação ao tratamento para comAngel.Marcelo sabia que não tinha feito nada de errado durante todos aqueles anos, mas possuía a plena certeza de que poderia ter evitado muitos constrangimentos, principalmente quando nem imaginava que a irmã mais nova dosValenthina tinha passado tanto tempo gostando dele.Bom, entender aquilo tinha sido o mais perturbador durante toda a viagem de volta para casa.Ele entrou na casa que osValenthina moravam e por já se sentir em casa, não tocou a campainha ou bateu à porta. Colocou o capacete no sofá claro que de
- E você planeja casar com ela e ter seis filhos? –Enrico cruzou os braços com uma das sobrancelhas arqueadas, sabendo bem que tinha ganhado aquela discussão quando viu o mais idiota da dupla bufar derrotado, ainda que mascarasse isso.- Sinceramente? Vai te catar! –Marcelo rolou os olhos e se encolheu um pouco mais na bancada.Não era possível que estivesse brigando com o melhor amigo da vida, por causa daquilo,Angel não era nenhuma inocente eEnrico sabia muito bem. Se ela queria, ela fazia e ninguém impedia o furacão que a menina mulher se tornava.- Não dá para conversar com você, eu me importo comAngel sim. Eu me senti um merda quando ela me contou tudo e sendo bem sincero, não estou melhor agora! – o suspiro escapou frustrado.O irmão da moça enfiou os dedos entre os cabelos e respirou fundo. Ele não ia intern
– Acabei comprando umas roupas legais e uma sandália para usar nas bodas. Pelo visto, vai ser o evento do ano, né?- Nem me fale! – o homem coçou a cabeça e se recostou no banco como se escorresse por lá. Essa história de aniversário de casamento em conjunto estava tirando o juízo dele, principalmente quandoMarcelo não tinha qualquer plano de casar, justamente para evitar aquele estresse.- Não sabia que você andava a pé! –Angel engatou a primeira marcha, pronta para sair do acostamento.- Comi demais no fim de semana. Tem que queimar a gordura! –Marcelo soltou uma risada espontânea quando afivelava o cinto de segurança e ouviu um resmungo duvidoso da garota.- Continua do mesmo jeito de antes dessa extrapolada. – ela alegou e pelo canto do olho, viu o homem dar de ombros. A moça suspirou e com a concentraç&
- Entregue, filhote exemplar! – ela desligou o automóvel e encolheu os ombros, fazendo um bico que tenderia a ser infantil, mas atingiu o amigo ao lado de uma forma completamente diferente.Ele soltou uma risada anasalada e entendeu que não fazia mal brincar um pouco com a situação que os dois tinham se metido, por mais que sua cabeça gritasse que ele se controlasse com certas brincadeiras que não conseguiria controlar em um futuro próximo.- Não vou te beijar, não adianta insistir! – o bico foi zoado prontamente.- Quem falou em beijo? Você quer um beijo? –Angel fez a linha confusa.- Você vai ser informada com antecedência. –Marcelo piscou extremamente sinuoso, vendo um sorriso malandro surgir nos lábios mais do que convidativos da filha mais nova dosValenthina . – Tchau,Angel, valeu pela carona! – os dois riram com
- Fala sério! -Angel voltou ao assunto de o melhor amigo tocar na banda e o abraçou mais uma vez. - Então a gente precisa almoçar para conversar sobre isso! - ela piscou.- Amanhã! - ele instituiu. - E não aceito resposta negativa!A despedida se instituiu com mais alguns beijinhos na bochecha e após um abraço apertado, cada um seguiu seu caminho na corrida matinal.Angel abraçou o irmão de lado e recebeu a casquinha mista com bastante gosto.- Vocês deveriam namorar! -Enrico soltou como se não fosse algo muito importante.- Eu sou uma bruxa desapegada, meu anjo! - a mulher fez um bico ridículo e os dois riram. - Minha missão no mundo é beijar homens solteiros e encantá-los.- Porra,Angel! - o mais velho soltou um berro esganiçado e apertou-a um pouco mais pelos ombros. - Mas vamos? Ou vão nos crucificar por demo
- É o que enfermeiro faz para cuidar de doente, não é? – ela piscou ao despejar apenas um comprido na palma da mão dele.Marcelo olhou para mão desgostoso e suspirou derrotado ao se encostar na bancada que contornava a pia.- Também acho. –Marcelo repetiu o piscado. – É seu trabalho, sua vocação!- Tapado! – a mulher xingou e os dois riram alto. – Toma a aspirina e eu vou procurar a compressa nas gavetas dessa casa.- Você que manda, enfermeira! – ele jogou a capsula na boca e com ajuda de um gole de água, sentiu ela descer rasgando a garganta.Marcelo fez uma careta desgostosa pelo incomodo e sacudiu de leve a cabeça como se aquilo fosse melhorar seu estado, mas pode considerar uma certa piora na atenção assim que viuAngel agachada perto da última gaveta dos armários. Óbvio que ela não e
- Eu não tinha pensado nisso, mas confesso que seria lindo!- Claro que não,Angel! –Marcelo esganiçou em um baleies quase incompreensível. - A gente era moleque sem noção.- Mas agora são belos homens, dava uma senhora capa de álbum muito da bonita! - ela abriu as mãos uns centímetros a frente do corpo como se fosse uma tela. - Nossa, seria uma bela imagem, hein?- Você não pode tá falando sério. -Marcelo se deu por vencido, rindo junto com a enfermeira e comemorou contidamente ao ver a pista livre.- E na verdade, não estou! -Angel riu. - Minha última esperança seriam os alunos de vocês.Gabriel tocaria metade da noite e vocês têm uma semana para ensaiar um coral lindo com as crianças. – um sorriso trincado deixou claro que aquilo não era um pedido, se enquadrava mais como u