Eu odeio seu maldito irmão idiota!
A garota entrou no quarto respirando fundo, frustrada, brava e decepcionada com o que tinha acabado de acontecer, ainda que soubesse que não tinha o menor direito daquilo. Marcelo nunca tinha lhe notado mesmo, não ia acontecer àquela altura do campeonato. Angel respirou fundo e apertou o telefone sem fio na mão, enquanto esperava que Viviana atendesse ao telefonema.
- EU ODEIO O SEU IRMÃO! – o grito injuriado fez a moça do outro lado da linha tomar um tremendo susto. – Odeio! Odeio com todo o meu ser e eu vou embora para Toronto e vou sequestrar a cachorra dele!- Ei, ei, ei, ei, fala devagar! – Viviana pediu confusa com toda aquela gritaria. Desde quando Angel odiava seu irmão? Aquilo era meio doido, para falar a verdade. – Eu não entendi nada. Uma coisa por vez, moça Angel!- O seu irmão é um tremendo idiota!!!- É, eu sei. – a mais velha suspirou em concordância com a melhor amiga. – Por que estamos com raiva dele? – o apoio veio em uma frase simples, mas que fez toda a diferença em Angel.- Porque ele tem uma namorada bonita, inteligente, mais velha e simpática. – o bico de choro rapidamente se formou na boca da mais nova, enquanto a amiga soltava um muxoxo desgostoso com a informação. Ela já sabia que o irmão estava namorando, não fazia ideia de que Angel ainda estava às cegas com aquilo, era praticamente impossível quando Marcelo exibia Amanda aos quatro ventos. – Você sabia, não sabia?- Você me odeia? – o suspiro frustrado escapou pela ligação, enquanto a irmã de Enrico apenas resmungou que não. Bem lá no fundo, ela sabia que Viviana não tinha feito por mal. – Ótimo, então eu concordo com tudo, menos em trazer a Delilah. Não dá para gente morar com um cachorro!- Deixa eu levá-la! Ela nem gosta da namorada dele! – Angel protestou mais uma vez, pedindo como se a amiga fosse uma espécie de mãe e ao entrar no personagem, a filha mais nova dos Gallo, negou como uma. – Eu cuido!- Angel, não dá! – a moça foi ainda mais firme, ouvindo um grunhido de choro bem sentido.- Eu vou fazer ele comer na minha mão. Pode escrever e ai eu vou pisar nele! - o grito estridente da mais nova causou na amiga uma das reações mais engraçadas e contraditórias, só por ela ser irmã do dito cujo.-< I>IHÁ! ASSIM QUE SE FALA, PISA NO VAGABUNDO!- Você não tá me levando a sério, Viviana. – Angel respirou fundo e se jogou sentada na cama. – Ele me chamou de irmãzinha! – o resmungo baixo veio pegando de surpresa até Viviana, que bufou irritada com a capacidade do irmão de ser um idiota aquele ponto.- Ah merda, Gallo! – a garota disse frustrada e até decepcionada com a postura do rapaz.- Você me aceita aí? Eu prometo que não sou criança e aprendo tudo rápido!- Eu já estou limpando seu quarto enquanto a gente conversa! – Viviana sorriu encorajadora e ouviu um suspiro grato e aliviado da amiga e possivelmente futura cunhada, mas pelo lado do Enrico, quem sabe. Principalmente se Lauren e Lottie continuassem com aquela loucura.- Eu te amo, Viviana! – Angel declarou imensamente feliz por estar sendo tratada como alguém relevante. – Eu quero crescer! Odeio ser tratada como uma criança, ou como uma pessoa frágil.- Então vamos crescer! – a mais velha incentivou a mudança que viria pela frente. – Você é maravilhosa e eu quero que lembre disso, okay? Também te amo!Angel sorriu em finalmente entender que ela fugiria de uma vida tão pequena e logo começaria a mudar completamente, para melhor, se possível. A moça olhou para cachorrinha brincando no chão do quarto e só aí conseguiu perceber que para esquecer de vez Marcelo, ela precisava deixar a pobre cadelinha em paz com o dono desnecessário. Era preciso desapegar de tudo que ainda lembrava o crush, começando por Delilah.- Eu vou sim! – ela disse convicta. – Eu vou lembrar disso! Mas preciso desligar e contar a minha mãe que precisamos comprar minhas malas!- Eu quero presente! – o gritinho da mais velha fez as duas rirem. – Beijo, Angel! Até o fim da semana!- Beijo! Até! – Angel disse eufórica e não esperou muito para correr dentro de casa após bater a porta do quarto. – MÃE, EU VOU PARA TORONTO!2019
Então, eu acho que beijei “o quê” não devia
A mulher tomou fôlego ao bater as unhas médias na pedra de mármore da cozinha e pegou o celular de uma vez. Era melhor ligar para Viviana e contar o que tinha acontecido na noite anterior, principalmente quando Marcelo tinha saído bem estranho da casa dela. O homem parecia bem desconfortável por ter possivelmente tomado um fora e não estava digerindo muito bem aquilo, quando a enfermeira pediátrica não via motivo para que ele estivesse tão retraído.
- Oi! – Viviana atendeu ao telefone e parecia bem animada com a ligação da amiga, principalmente quando a última organização para as bodas estava tirando o juízo de todo mundo.- Heeey! – o tom condenatório de Angel foi o necessário para que a outra entendesse que alguma merda ela tinha feito e não era pequena, pelo visto.- Ih, não gostei desse tom não, fala logo!A garota respirou fundo e mordeu a boca, parando de andar em círculos na sala do apartamento.- Primeira coisa é que eu odeio o fato de você me conhecer tão bem! – a mais nova resmungou, fazendo a amiga rir convencida. – E a outra é: eu acho que deu merda a estadia do seu irmão aqui em casa!- Ah merda! O que ele fez? Vocês brigaram? Por que vocês brigaram????? – o nervosismo na voz da cunhada fez a mais nova respirar fundo diante da situação.- Então, sabe que não. A gente tava convivendo que nem adulto até ontem. – Angel mordeu a boca só para completar seu tom muito culpado. – Aí ele inventou de cozinhar por agradecimento e comprou vinho. Viviana quando eu bebo vinho eu fico boca solta!- O que você fez, Angel?- Eu posso ter falado do crush antigo? – o tom culpado da enfermeira fez a outra bufar, já imaginando a dor de cabeça que viria. – Eu bebi, ele bebeu, a gente entrou em assuntos antigos e eu deixei seu irmão transtornado quando falei que era louca por ele. Marcelo começou se culpar e aí a merda maior aconteceu...- Espera aí... transtornado como? Angel, me conta!!!! – Viviana soltou um esganiço nada bonito com aquele diabo de notícia. – PIORA?- Ele ficou se culpando por algo nada a ver! – a mais nova soltou meio desesperada. – Bom, talvez piore. – ela mordeu a boca, se sentindo mais culpada do que tudo na vida.- Fala! – o suspiro da Mrs. Valenthina parecia bem saturado. – Você bagunçou o coitado do meu irmão, Valenthina !- Ele me bagunçou bem antes, meu bem! Marcelo vale tanto quanto eu. Ou seja, nada!- Angel, desembucha logo!Um suspiro pesado foi dado e logo a enfermeira começou contar o ocorrido:- A gente meio que entrou em um momento discussão apavorada e eu perguntei o que ele queria que eu fizesse... – Angel mordeu a boca e por mais que não quisesse, um sorriso vitorioso brotou nos lábios dela ao despertar uma pontinha bem pequena e malvada de vingança.- Isso não acaba bem... – a cunhada cortou levemente a frase, já prevendo a bagunça que viria a seguir.- E eu beijei o que não devia.- VOCÊ O QUÊ, ANGEL VALENTHINA ?-A CULPA NÃO FOI MINHA, DROGA! Ele disse que queria que eu o beijasse, poxa! Você acha que eu ia recusar? Um homem daquele tamanho que já tinha verbalizado com todas as letras que eu tinha ficado gostosa. Eu não resisti! – a mulher explanou bem os argumentos para o tal beijo, ouvindo uma risada irônica da cunhada.- Realmente, impossível resistir, fato. – Viviana usou do seu maior deboche, ouvindo a risada alta da Valenthina mais nova. – VOCÊ NÃO TEM 16 ANOS MAIS, VALENTHINA !- E você acha que com 16 eu ia fazer isso? Meu bem, oportunidade eu tive! – Angel riu mais um pouco da postura indignada da melhor amiga. – Com 16 eu via seu irmão mergulhado em uma devoção escrota! Eu era retardada! Agora é diferente, eu vejo um homem maravilhoso que arrastou uma asa imensa para mim e a gente acabou se beijando!- Que merda, Marcelo! - a Mrs. Valenthina xingou o irmão como se ele pudesse ouvir e a curiosidade lhe atingiu sobre como tinha ficado a situação depois do tal beijo. - E aí?- Ele nem olha na minha cara. - a enfermeira pediátrica coçou a testa, tendo plena consciência da merda que tinha feito.- Vocês vão ter que conversar. É impossível vocês ficarem assim nas bodas. Não dá! - Viviana esganiçou meio apavorada com o provável papelão que os dois fariam na festa da Lauren.- E você acha que eu não sei? Dona Lauren já deu um jeito de combinar meu vestido com a gravata dele! Qual o problema dessas duas? Elas não se tocam?- Eu juro que tentei intervir, mas me convenceram! - Viviana soltou uma gargalhada estrondosa com a história que a mãe e a sogra tinham encenado, ouvindo Angel bufar, mas logo se dar por vencida, rindo junto. - Elas contaram uma historinha tão linda que eu não quis interferir!- Ai… - Angel suspirou. - Acho que ele vai chegar meio puto com o Enrico, mas você já deixa meu irmão preparado. Só não conta que a gente acabou se beijando, ou Enrico vai dar siricotico.- Tá doida? Eu não estou com paciência para ouvi-lo surtando com isso. Os dois que se entendam! Mas sério, você precisa conversar com o Marcelo e melhorar essa bagunça.- Eu sei, amiga. Eu sei! E eu vou, prometo. Assim que eu chegar aí, a gente vai conversar e se entender!- Obrigada! Agradeço de coração. - as duas suspiraram contentes com o consenso.- Preciso ir, Viviana! Organizar minha vida depois desse furacão que foi a passagem do seu irmão por aqui.- Tudo bem, cunhada! Boa sorte! - Viviana desejou energizada com a boa semana que estava por vir e ouviu gritinhos animados.As duas riram e após se despedirem, Angel prometeu que estaria na Península de Bruce do Norte em algumas semanas, finalmente desligando o celular para que pudessem organizar a vida depois do acontecimento que mesmo não querendo, respingava em todo mundo.Você é um grande idiota,EnricoValenthina !O homem parou a foto em frente à casa da irmã e respirou fundo. Não era possível queEnrico tinha deixado tudo chegar àquele ponto, sem falar deViviana que poderia ter dado uns cutucões nele em relação ao tratamento para comAngel.Marcelo sabia que não tinha feito nada de errado durante todos aqueles anos, mas possuía a plena certeza de que poderia ter evitado muitos constrangimentos, principalmente quando nem imaginava que a irmã mais nova dosValenthina tinha passado tanto tempo gostando dele.Bom, entender aquilo tinha sido o mais perturbador durante toda a viagem de volta para casa.Ele entrou na casa que osValenthina moravam e por já se sentir em casa, não tocou a campainha ou bateu à porta. Colocou o capacete no sofá claro que de
- E você planeja casar com ela e ter seis filhos? –Enrico cruzou os braços com uma das sobrancelhas arqueadas, sabendo bem que tinha ganhado aquela discussão quando viu o mais idiota da dupla bufar derrotado, ainda que mascarasse isso.- Sinceramente? Vai te catar! –Marcelo rolou os olhos e se encolheu um pouco mais na bancada.Não era possível que estivesse brigando com o melhor amigo da vida, por causa daquilo,Angel não era nenhuma inocente eEnrico sabia muito bem. Se ela queria, ela fazia e ninguém impedia o furacão que a menina mulher se tornava.- Não dá para conversar com você, eu me importo comAngel sim. Eu me senti um merda quando ela me contou tudo e sendo bem sincero, não estou melhor agora! – o suspiro escapou frustrado.O irmão da moça enfiou os dedos entre os cabelos e respirou fundo. Ele não ia intern
– Acabei comprando umas roupas legais e uma sandália para usar nas bodas. Pelo visto, vai ser o evento do ano, né?- Nem me fale! – o homem coçou a cabeça e se recostou no banco como se escorresse por lá. Essa história de aniversário de casamento em conjunto estava tirando o juízo dele, principalmente quandoMarcelo não tinha qualquer plano de casar, justamente para evitar aquele estresse.- Não sabia que você andava a pé! –Angel engatou a primeira marcha, pronta para sair do acostamento.- Comi demais no fim de semana. Tem que queimar a gordura! –Marcelo soltou uma risada espontânea quando afivelava o cinto de segurança e ouviu um resmungo duvidoso da garota.- Continua do mesmo jeito de antes dessa extrapolada. – ela alegou e pelo canto do olho, viu o homem dar de ombros. A moça suspirou e com a concentraç&
- Entregue, filhote exemplar! – ela desligou o automóvel e encolheu os ombros, fazendo um bico que tenderia a ser infantil, mas atingiu o amigo ao lado de uma forma completamente diferente.Ele soltou uma risada anasalada e entendeu que não fazia mal brincar um pouco com a situação que os dois tinham se metido, por mais que sua cabeça gritasse que ele se controlasse com certas brincadeiras que não conseguiria controlar em um futuro próximo.- Não vou te beijar, não adianta insistir! – o bico foi zoado prontamente.- Quem falou em beijo? Você quer um beijo? –Angel fez a linha confusa.- Você vai ser informada com antecedência. –Marcelo piscou extremamente sinuoso, vendo um sorriso malandro surgir nos lábios mais do que convidativos da filha mais nova dosValenthina . – Tchau,Angel, valeu pela carona! – os dois riram com
- Fala sério! -Angel voltou ao assunto de o melhor amigo tocar na banda e o abraçou mais uma vez. - Então a gente precisa almoçar para conversar sobre isso! - ela piscou.- Amanhã! - ele instituiu. - E não aceito resposta negativa!A despedida se instituiu com mais alguns beijinhos na bochecha e após um abraço apertado, cada um seguiu seu caminho na corrida matinal.Angel abraçou o irmão de lado e recebeu a casquinha mista com bastante gosto.- Vocês deveriam namorar! -Enrico soltou como se não fosse algo muito importante.- Eu sou uma bruxa desapegada, meu anjo! - a mulher fez um bico ridículo e os dois riram. - Minha missão no mundo é beijar homens solteiros e encantá-los.- Porra,Angel! - o mais velho soltou um berro esganiçado e apertou-a um pouco mais pelos ombros. - Mas vamos? Ou vão nos crucificar por demo
- É o que enfermeiro faz para cuidar de doente, não é? – ela piscou ao despejar apenas um comprido na palma da mão dele.Marcelo olhou para mão desgostoso e suspirou derrotado ao se encostar na bancada que contornava a pia.- Também acho. –Marcelo repetiu o piscado. – É seu trabalho, sua vocação!- Tapado! – a mulher xingou e os dois riram alto. – Toma a aspirina e eu vou procurar a compressa nas gavetas dessa casa.- Você que manda, enfermeira! – ele jogou a capsula na boca e com ajuda de um gole de água, sentiu ela descer rasgando a garganta.Marcelo fez uma careta desgostosa pelo incomodo e sacudiu de leve a cabeça como se aquilo fosse melhorar seu estado, mas pode considerar uma certa piora na atenção assim que viuAngel agachada perto da última gaveta dos armários. Óbvio que ela não e
- Eu não tinha pensado nisso, mas confesso que seria lindo!- Claro que não,Angel! –Marcelo esganiçou em um baleies quase incompreensível. - A gente era moleque sem noção.- Mas agora são belos homens, dava uma senhora capa de álbum muito da bonita! - ela abriu as mãos uns centímetros a frente do corpo como se fosse uma tela. - Nossa, seria uma bela imagem, hein?- Você não pode tá falando sério. -Marcelo se deu por vencido, rindo junto com a enfermeira e comemorou contidamente ao ver a pista livre.- E na verdade, não estou! -Angel riu. - Minha última esperança seriam os alunos de vocês.Gabriel tocaria metade da noite e vocês têm uma semana para ensaiar um coral lindo com as crianças. – um sorriso trincado deixou claro que aquilo não era um pedido, se enquadrava mais como u
- A levei até a doceira, mas depois ela saiu com oHerculano. -Marcelo bufou baixo, se impedindo de rolar os olhos só pelo jeito que sua irmã mais nova lhe encarava.Viviana podia jurar como tudo aquilo era o mais puro ciúme pela filha dosValenthina ter dispensado ele, na verdade se encaixava mais como ego ferido.- A gente encontrou ele ontem na orla. - o Mr.Valenthina sorriu animado ao lembrar da cena. - Pareciam duas crianças se encontrando depois de semanas sem se ver.- Eu gosto dele! -Viviana prendeu uma risada ao ver o queixo do irmão quase ir ao chão. Ela não poderia estar falando sério. - Além do mais, os dois formam um casal bem bonito. Você não acha,Marcelo?Congelado.Marcelo estava congelado no lugar sem saber exatamente como encarar aquilo, como entender ou responder sem queimar todo o céu ego machucado sem sentido. De fa