**Luana Sartori**O almoço foi servido em uma sala ampla, com paredes de vidro que permitiam uma visão deslumbrante da piscina e do mar ao fundo. A luz natural preenchia o ambiente, e a brisa que entrava pelas janelas abertas era refrescante. A casa tinha um charme único, simples e sofisticada ao mesmo tempo, com detalhes que refletiam o bom gosto da minha madrinha. Alice estava sentada ao meu lado, e seu entusiasmo era contagiante. Ela apontava para tudo ao seu redor, encantada com a beleza do lugar. “Olha, mamãe! Dá pra ver o mar daqui!” disse ela, com os olhos brilhando. Benício, que até então parecia distante, sorriu e puxou assunto com ela: “Gosta do mar, pequena?” Alice assentiu energicamente, com a boca cheia de comida. “Eu achei o mar lindo, onde morávamos as praias não eram assim tão lindas.”“O que acha de irmos até ele e nadar um pouco?” Benício já inventava mais coisas para fazer. “Um passeio de barco pelo mar, talvez?”“Eu acho que voce deve descansar, dona Al
**Luana Sartori**O vento chicoteava meu rosto e a água fria castigava minha pele, mas nada importava. Eu me agarrei à borda do barco, gritando: “Benicio!”A resposta era apenas o rugido do mar. Minhas mãos tremiam enquanto olhava para as ondas que pareciam devorar tudo ao redor. Fiona apareceu ao meu lado, o pânico estampado em seu rosto. “O que está acontecendo?”Eu a encarei, meu coração em pedaços. “Benício caiu no mar. Eu não posso deixá-lo morrer!” “Caiu no mar?” Fiona ofegou, seus olhos se arregalando. Pela primeira vez, ela parecia genuinamente preocupada. “Como caiu no mar?”“Fiona, eu preciso que você cuide da Alice para mim.” Eu estava frenética, vasculhando os armários em busca dos coletes salva-vidas e Fiona atrás de mim fazendo perguntas. “Você me promete cuidar da minha filha, eu preciso ir atrás do Benício?” “Sim, eu prometo, mas…” Sua voz tremia. “Me promete!” insisti, segurando seus ombros e a encarando. “Você ama o Benício?” Ela demorou um pouco para resp
O JUIZ - Tio do Meu FilhoCapítulo 1Eu sou mais uma Maria na multidão, aquela que não deu certo na vida. Assim como tantas outras, vou levando, dia após dia, matando um, dois, três leões por dia. Tento ser mãe, provedora, trabalhadora, mas o mundo parece sempre estar contra mim. Eu sou apenas mais uma Maria lutando para sobreviver no cruel mundo dos humanos.******Maria Silva**"Até mais, meninas. Bom descanso." Deixei o trabalho aliviada por ter sobrevivido a mais uma noite na boate. Os saltos altos e a minissaia de couro, que eu era obrigada a usar, pareciam instrumentos de tortura. Cada passo doía, cada movimento parecia exibir uma ferida que eu escondia. Quando finalmente troquei aqueles sapatos desconfortáveis pelos meus velhos tênis de guerra, senti um alívio imediato. Estava livre, ainda que por algumas horas."Cansada... Como estou cansada," murmurei para mim mesma enquanto caminhava até o ponto de ônibus.O ônibus estava lotado como de costume, repleto de trabalhadores que
**Maria Silva**Ele apertou mais o meu braço, seus olhos penetrantes me encarando com desdém. "Vamos, me diga quem você é," ele repetiu, sua voz carregada de ameaça."Eu..." minha voz falhou. Não sabia o que responder. Estava apavorada."Você não deveria estar aqui," ele rosnou. "Eu vou fazer da sua vida um inferno se não me disser o que sabe." Ele se aproximou ainda mais, sussurrando no meu ouvido. "Mal posso esperar para descobrir o que está escondendo."Minhas pernas começaram a tremer, o medo me consumindo por completo. Eu não deveria ter vindo. Estava claro que eu havia cometido um erro terrível. Mas antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para mais perto."Você vai sair daqui agora, e vamos conversar em um lugar mais privado," ele disse, guiando-me em direção à saída. O pânico me dominou, e minha mente começou a correr em busca de uma saída. Não podia deixar que ele me levasse.Eu me sentia como se estivesse flutuando em um mar de confusão e angústia. As memórias da minha vida
**Maria Silva**Eu estava nervosa, as mãos tremendo enquanto tentava manter a compostura. Não errar as palavras e saber o que falar aquele homem imponente à minha frente era crucial naquele momento."Não, eu não vim aqui a mando de ninguém,” O que eu diria para ele? Tive um caso com seu irmão e ele me enganou e vim aqui só para ver se ela realmente estava morto? A voz dentro da minha cabeça me alertava, tentando encontrar uma saída para aquela situação insana.Diante de mim, o homem que parecia ser a sombra viva de Matheus me encarava com uma intensidade perturbadora. "Sou uma jornalista e queria uma foto." Era a desculpa mais plausível que consegui formular naquele momento. “Só isso.”"Foto? Como assim? Você acha mesmo que sou idiota, garota? Até parece que você não sabe com quem está falando" A voz dele era um misto de desprezo e desafio. Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. "Você queria tirar foto da minha família num momento frágil como esse. Era para eu e
Maria SilvaEu me joguei no banco do carro, ofegante, tentando processar tudo que havia acontecido nas últimas horas. Não era apenas a tensão de estar no velório do homem que destruiu minha vida. Agora, eu estava à mercê de um completo estranho, ou melhor, do irmão do daquele que eu tanto queria esquecer. A presença dele ao meu lado era sufocante, e o silêncio que dominava o carro era ainda pior."Você não pode fazer isso, me jogar dentro do seu carro," disse, tentando soar mais firme do que me sentia.Ele me olhou de soslaio, os olhos estreitos e a mandíbula cerrada. "Você queria que eu te deixasse lá para ser... Deveria ter deixado aqueles homens fazerem o que quisessem com você, talvez você deixasse de ser tão teimosa." Ele estava furioso, mas eu não conseguia rebater, pois sabia que ele estava certo. Se Bruno não tivesse ali, o que teria acontecido? Nem queria imaginar.Ele continuou, sua voz carregada de desconfiança. "A não ser que eles estivessem com você e tudo aquilo era uma
Maria Silva**Assim que Vivian falou, senti um calafrio subir pela espinha. Benício era mesmo a cara de Bruno, cada traço dele me lembrava Matheus, o pai de Ben. Eu mal conseguia pensar em como eu ia esconder isso. Meus pensamentos corriam, e quando ela mencionou o quanto Ben se parecia com Bruno, senti meu coração disparar.“Se ele ver o moleque, ele vai saber na mesma hora. Quase caí pra trás, quando prestei atenção no rosto dele,” Vivian comentou, balançando a cabeça como se estivesse em choque.“Vivian, o pai do Ben morreu,” murmurei, tentando processar tudo.“Como assim, morreu?” Ela arregalou os olhos.“Você assistiu os noticiários hoje? Viu o filho de um ricaço que mataram? Ele é o pai do meu filho,” expliquei, ainda incrédula.“Caralho, eu não acredito que o pai do Ben é rico?” Vivian estava pasma, e antes que eu pudesse responder, o cliente dela apareceu no topo da escada.“Vivian, eu paguei pela hora e você fica aí de papo com a sua amiga,” ele resmungou.“Espera aí, bebezão
**Maria Silva**Eu era uma mãe desesperada naquele momento, sentindo-me a pior de todas. Havia negligenciado meu próprio filho, deixado ele de lado enquanto me envolvia nas complicações do velório do pai dele e na tentativa de fugir de Bruno de Alcântara e Leão. As lembranças de tudo o que havia acontecido nas últimas horas rodavam em minha mente, me afogando em culpa e desespero. Como pude ser tão egoísta? Meu pequeno Ben precisando de mim, e eu fugindo, me escondendo, vivendo na sombra de um passado que parecia sempre me alcançar.“Venha, Maria, eu levo você,” a voz suave e acolhedora de seu João, nosso vizinho, me tirou de meus pensamentos sombrios. Ele era um senhorzinho gentil, dono de um Fusca preto que, embora velho e barulhento, sempre estava à disposição para ajudar quem precisasse.“Obrigado, eu vou aceitar,” respondi, forçando um sorriso enquanto lutava para segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Entrei no Fusca, o barulho do escapamento pipocando e me lembrando da fragili