**Luana Sartori**Scott me encarou com uma mistura de preocupação e curiosidade. “Luana, quem é essa mulher? E por que ela está falando com você desse jeito?” Antes que eu pudesse responder, Fiona deu um passo à frente, como se fosse dona do barco e do mundo. “Eu pergunto o mesmo. De quem você está dando em cima desta vez, Luana? Marido de alguém que foi ao banheiro e você se aproveitou?” Ela gargalhou.Minha respiração travou. Fiona soube como me fazer ficar irritada, do que ela estava falando? Se nem mesmo havia motivo algum para isso. Esse ataque sem nexo.“Você está louca?” retruquei. “E quem é você para vir aqui e questionar a minha presença? Conheço a família a muito mais tempo que você e Maria e Bruno são meus padrinhos, quero respeito comigo.” Ela cruzou os braços, sem nem disfarçar o desprezo. “Eu? Eu sou a noiva do dono deste barco. E você? Uma ninguém. E ele, quem é esse aí?” Ela apontou para Scott. Scott deu um passo à frente, mantendo a postura firme. “Eu so
**Luana Sartori**O almoço foi servido em uma sala ampla, com paredes de vidro que permitiam uma visão deslumbrante da piscina e do mar ao fundo. A luz natural preenchia o ambiente, e a brisa que entrava pelas janelas abertas era refrescante. A casa tinha um charme único, simples e sofisticada ao mesmo tempo, com detalhes que refletiam o bom gosto da minha madrinha. Alice estava sentada ao meu lado, e seu entusiasmo era contagiante. Ela apontava para tudo ao seu redor, encantada com a beleza do lugar. “Olha, mamãe! Dá pra ver o mar daqui!” disse ela, com os olhos brilhando. Benício, que até então parecia distante, sorriu e puxou assunto com ela: “Gosta do mar, pequena?” Alice assentiu energicamente, com a boca cheia de comida. “Eu achei o mar lindo, onde morávamos as praias não eram assim tão lindas.”“O que acha de irmos até ele e nadar um pouco?” Benício já inventava mais coisas para fazer. “Um passeio de barco pelo mar, talvez?”“Eu acho que voce deve descansar, dona Al
**Luana Sartori**O vento chicoteava meu rosto e a água fria castigava minha pele, mas nada importava. Eu me agarrei à borda do barco, gritando: “Benicio!”A resposta era apenas o rugido do mar. Minhas mãos tremiam enquanto olhava para as ondas que pareciam devorar tudo ao redor. Fiona apareceu ao meu lado, o pânico estampado em seu rosto. “O que está acontecendo?”Eu a encarei, meu coração em pedaços. “Benício caiu no mar. Eu não posso deixá-lo morrer!” “Caiu no mar?” Fiona ofegou, seus olhos se arregalando. Pela primeira vez, ela parecia genuinamente preocupada. “Como caiu no mar?”“Fiona, eu preciso que você cuide da Alice para mim.” Eu estava frenética, vasculhando os armários em busca dos coletes salva-vidas e Fiona atrás de mim fazendo perguntas. “Você me promete cuidar da minha filha, eu preciso ir atrás do Benício?” “Sim, eu prometo, mas…” Sua voz tremia. “Me promete!” insisti, segurando seus ombros e a encarando. “Você ama o Benício?” Ela demorou um pouco para resp
**Benicio de Alcântara e Leão**O vento frio cortava minha pele, e a água salgada ardia em meus olhos. Meu corpo já não respondia, e cada braçada parecia um esforço inútil contra a força implacável das ondas. Eu queria sair dali, juro que queria, mas a cada movimento, sentia-me mais fraco, mais impotente. Era como se o mar tivesse decidido que eu não pertencia mais à superfície.O braco estava distante agora, um borrão cada vez mais difícil de distinguir. Por um momento, fechei os olhos e tentei lembrar do motivo pelo qual estava ali. Luana. Era sempre ela. A mulher que eu amava, que nunca deixei de amar, mesmo quando fui tolo demais para admitir. Mas o que eu estava tentando provar com isso? Que era invencível? Que ainda podia protegê-la, mesmo depois de tê-la perdido? A verdade é que sempre fui um homem de desculpas mal contadas e arrependimentos mal resolvidos. Um homem cheio de segredos obscuros. O que eu queria era um recomeço. Mas e agora? Como poderia recomeçar, se sequer sabi
**Benicio de Alcântara e Leão**A noite se fechava sobre nós como um manto pesado. O vento frio vindo do mar castigava minha pele, mas eu mal sentia o desconforto. Toda a minha atenção estava em Luana, caída na areia, gemendo baixo. Não eram os sons suaves e provocantes que eu estava acostumado a ouvir dela, mas sim de dor. E eu odiava isso. Eu, Benicio Alcântara e Leão, sempre fui o cara que resolvia tudo, o que encontrava uma saída. Mas agora, ali parado, sentia uma impotência que me corroía por dentro. Ela tremia, sua pele quente demais, o corpo molhado, vulnerável. Precisávamos de abrigo, calor e algo para abaixar aquela febre antes que as coisas saíssem do controle. Lembrei das malditas aulas de escotismo que minha mãe me obrigou a fazer quando eu era criança. "Se um dia você se perder, vai saber o que fazer", ela dizia. Ela foi sequestrada quando eu era pequeno e ela temia, que algo acontecesse comigo ou com minha irmã, e tivemos muitas aulas: lutas marciais, escoteiro e a
**Benicio de Alcântara e leão**Meu corpo enrijecia a cada segundo. O som na mata não era apenas o vento ou algum animal se movendo entre as folhas. Havia algo maior ali, algo que me fez prender a respiração.Eu me aproximei da janela da cabana, tentando enxergar alguma coisa através da escuridão, mas a floresta densa engolia qualquer vestígio de luz. O fogo da lareira lançava sombras trêmulas contra as paredes rústicas da cabana, mas lá fora tudo permanecia oculto. Meus olhos se voltaram para Luana. Ela estava alheia a tudo, mergulhada na situação que se encontrava, respirando de forma pesada e solta em gemidos baixos. Ela parecia tão frágil naquele momento, tão diferente da garota que costumava me enfrentar de cabeça erguida. A cada pequeno som que ela fazia, meu peito apertava. Eu precisava protegê-la. Esperei por um longo tempo, atento a qualquer novo movimento, mas tudo o que percebia eram folhas se mexendo ao longe. O vento não estava tão forte para aquilo ser apenas a natur
**Benicio de Alcântara e Leão**O frio da lâmina contra meu pescoço era um lembrete constante de que qualquer movimento errado poderia ser o último. Meu coração batia forte, mas mantive a expressão firme. A mulher diante de mim continuava a me encarar com aquele olhar enigmático, como se soubesse de algo que eu desconhecia.Aquilo me incomodou. O que ela queria dizer com isso? E, mais surpreendente ainda, como ela sabia a minha língua?“Por que você está dizendo isso?” perguntei, tentando entender sua intenção.Ela, no entanto, não respondeu. Apenas me observou por um instante antes de desviar o olhar. Foi então que um homem surgiu entre os outros. Diferente dos guerreiros ao redor, ele usava adereços na cabeça que o destacavam. Seu olhar era severo, e sua presença fez todos ao redor se encolherem ligeiramente, como se sua autoridade fosse inquestionável.“Quem ousou pisar na minha aldeia sem ser convidado?” sua voz ecoou com firmeza, e os homens que seguravam as lanças contra meu pes
**Benicio De Alcântara e Leão**A sombra do homem escondido entre as árvores ainda me inquietava. Quem era ele? O que fazia ali? Instintivamente, tentei me soltar dos guerreiros que seguravam meus braços, mas a força deles era impressionante. Não estavam apenas me escoltando, estavam me contendo. “Quem é aquele homem?” perguntei, olhando diretamente para o cacique. “Alguém daqui o conhece?”Ninguém respondeu. “Tem alguém observando vocês, ninguém vai atrás dele?”Nenhum deles reagiu às minhas perguntas ou hesitações, apenas continuaram me carregando com a mesma firmeza impassível. Tentei me dirigir ao cacique, buscando alguma resposta, mas ele sequer me lançou um olhar. Sua voz soou firme e impenetrável quando, sem me dar qualquer explicação. “Você ainda estava sob o efeito da erva que te fez adormecer.”Isso só aumentou minha irritação. Eu não estava acostumado a ser ignorado. Passei a vida inteira no comando, ditando ordens, julgando, decidindo o destino de outras pessoas. Mas