AnaTrês meses passaram rápido. Estamos bastante ocupados com a inauguração do restaurante, felizmente estou de férias, então posso ajudar Marco com tudo. Esses últimos dias foram uma loucura, mas finalmente o grande dia chegou, a inauguração do FontanniDuo.Marco está ansioso, mas acredito que tudo ocorrerá bem, ele e seu pai trabalharam muito para chegar até aqui. Contrataram dois ajudantes para cozinha, uma recepcionista e alguns garçons, Gil é um deles, depois de passar três meses na reabilitação, ele é um novo homem, continua o tratamento, mas está liberado para trabalhar e não mora mais na rua. Marco alugou uma casa para ele, no outro dia ele se encorajou e procurou suas filhas, segundo Marco foi um reencontro emocionante, eles não se viam há oito anos. Gil também irá ajudar Marco num projeto para continuar ajudando os outros moradores de rua, todas as tardes eles permanecerão recebendo alimento, além de outras doações que conseguiram.Tento acalmar Marco, ele está uma pilha de
MarcoAinda estou devastado. Ver Ana tão decepcionada comigo me fez sentir como e eu fosse um lixo. Fecho a mão e soco a parede várias vezes.— Marco, seu burro! Medroso, era só você ter sido sincero! — falo comigo mesmo tentando descarregar minha raiva.Ainda fico algum tempo me recompondo. Olho no relógio e vejo que são onze e pouco da noite, certamente mais umas horas de movimento e poderei fechar. Quando saio do escritório dou de frente com a pessoa que eu jamais desejava ver nesse momento, Priscila.Respiro fundo, pois não posso deixar essa louca me fazer perder a razão também.— Até que enfim te encontrei sozinho. Quero te parabenizar de uma forma diferente.Vejo ela se aproximar lentamente, está próxima demais, me afasto rapidamente para fugir do beijo que ela tenta me dar. — Priscila, pare com isso! — falo nervoso.O sorriso que ela lança, me deixa mais irritado. Priscila sempre foi assim, dissimulada.— Que isso, Marco. Era apenas um beijo, que mal tem nisso? Já fizemos co
AnaDormi muito mal, não fui pra casa, pois sabia que Marco iria aparecer por lá. Também não procurei Liliane, na verdade eu não estava afim de conversar sobre o que aconteceu. Dormi no carro, em algum lugar qualquer da cidade, estou exausta e com dores por todo corpo. Sigo até uma cafeteria e procuro logo o banheiro, tento dar um jeito em minha aparência, que a propósito está horrível. Meu cabelo está todo bagunçado e estou cheia de olheiras. Quando saio e vou direto ao balcão e peço um café forte. Não consigo comer nada, depois volto para meu carro e sigo para meu destino. Não tenho muitas alternativas, então decido ir para casa da minha mãe.Não sei ainda como consegui chegar até aqui, em minha cidade. Sinto como se fosse um deja vú, como naquela vez em que estive aqui parada nesta porta, com meu coração em pedaços por causa de Nicolas. Desligo o carro e respiro fundo. Pelo menos desta vez será diferente, não tem a presença do maldito do Zeca e meu relacionamento com minha mãe está
Gatilho.......ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA.AnaDesperto ainda zonza. De imediato pareço ter dormido e que acabo de acordar. Não me recordo de nada. Tento me mexer e percebo que estou com minhas mãos para frente amarradas e os pés também, ainda me sinto meio confusa, até que aos poucos as coisas começam a fazer sentido, me lembro da carta que encontrei no quarto da minha mãe, e de ter visto aquele monstro, o Zeca.Minha cabeça dói bastante. A sala está vazia e escurecida, olho ao redor e não vejo quase nada. As janelas parecem terem sido tapadas com uma espécie de madeira. Ouço barulho distante de batidas de martelo, parece estar vindo de outra parte da casa. Tento me mexer, me soltar ou sair do lugar, mas é quase impossível. Estou bem amarrada. Um pânico começa a tomar conta quando penso em minha mãe. Neste exato momento vejo que atrás do sofá há dois pés calçados com tênis de corrida, são dela, os mesmos que ela usa para caminhar. Minha respiração se acelera ao ri
MarcoDepois que Ana me deixou destroçado no estacionamento, demorei para colocar a cabeça no lugar. Resolvo que não vou me afundar novamente na escuridão em que estive um dia. Priscila não vai destruir minha vida novamente. Respiro fundo e volto para o hospital afim de ter notícias de minha mãe. Ignoro a presença da minha tia Margoh, pois minha vontade é de vomitar toda minha raiva, sobre como ela interferiu no meu casamento e toda sua parcela de culpa por nunca ter dado certo minha relação com sua filha. Ao invés de aconselhar Priscila a ser uma mãe melhor para Melissa, e não alimentar suas paranóias de que eu a traia o tempo todo, minha tia sempre lhe apoiava, sem nem ao menos disfarçar o quanto desprezava nosso relacionamento e desejava que sua filha tivesse se casado com alguém que pudesse dar ela a vida que Priscila desejava. Meu pai me abraça preocupado e me guia direto para o quarto de minha mãe. Vejo seu rostinho corado e me sinto satisfeito. Felizmente ela está bem, há um
Gatilho.......Este capítulo contém cenas de violência, pressão psicológica e assassinato.Ana Entro em choque quando vejo Marco ser agredido da forma mais covarde que existe. No fundo me sinto culpada por ele estar passando por isso, penso que jamais deveria ter entrado em sua vida, agora sabe se lá o que Zeca irá fazer com ele. Choro desesperada, toda minha alma dói ao ver o sangue descendo em seu rosto ferido, seus olhos me encaram de uma forma que me destroça e quando percebo que seu corpo será tingido por várias sequências de chutes, enquanto lança vários xingamentos deixando bem claro o quanto o odeia, me lanço nos braços da minha mãe que também está muito angustiada, me recuso a assistir isso. Suas mãos me envolve numa tentativa inútil de me acalentar. Soluço várias vezes implorando a Deus que esse pesadelo acabe, que tudo isso passe e Marco fique bem.Minha mãe é o meu apoio, um porto seguro neste momento, apesar de que também não está nada bem, parece debilitada afin
AnaOs meses se passaram depois daquele dia terrível em que perdi minha mãe da pior forma possível. Precisei me afastar do trabalho por um tempo, sofri um choque emocional muito grande e não tem sido fácil carregar em minha mente tudo o que aconteceu. Traumas ficaram cravados em mim. Precisei de ajuda especializada, nossa terapeuta tem nos ajudados bastante. Marco também faz algumas sessões por semana, tem sido fundamental para nosso recomeço. O tratamento o ajuda com seus próprios traumas. E por determinação da minha terapeuta, preciso me afastar um pouco do trabalho, até que me recupere. Então passo a maior parte do tempo no restaurante, não dá pra ficar sozinha em casa, acho que eu surtaria, aqui no restaurante, eu tenho aprendido muita coisa com Marco sobre cozinhar e isso além de ocupar meu tempo, me permite ficar perto dele.— Como você está?— Marco passa por mim enquanto mexo o molho.Ele me beija carinhosamente no pescoço. Está visivelmente preocupado, não tenho dormido bem, à
AnaPercebo que não estou em meu apartamento, olho em volta desanimada e vejo minha antiga sala, naquela casa, a mesma que o maldito do Zeca colocou fogo.Estou deitada há dias sem ao menos me levantar da cama, não tenho vontade de fazer mais nada. Sinto todo mal cheiro do meu cabelo que não foi lavado nos últimos quinze dias, minhas roupas quase fazem parte do meu corpo, pois, também não tenho trocado, sei que estou um trapo! Pego o controle com a mão para trocar de canal, a porta da sala se abre. Ela entra, minha mãe, toda extravagante como sempre, com suas unhas longas bem pintadas num tom de roxo e roupas justas demais.— Pelo amor se Deus, Ana! Você não vai continuar nesse estado deplorável — fala num tom bravo quando me vê.Fico parada olhando pra ela, não acreditando que é ela, minha mãe. Como senti saudades!— Vou contar até três e você vai levantar essa bunda do sofá e tomar um banho, assim não vai conseguir segurar o namorado por muito tempo. Bem típico de você né? — ela usa