Gatilho.......ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA.AnaDesperto ainda zonza. De imediato pareço ter dormido e que acabo de acordar. Não me recordo de nada. Tento me mexer e percebo que estou com minhas mãos para frente amarradas e os pés também, ainda me sinto meio confusa, até que aos poucos as coisas começam a fazer sentido, me lembro da carta que encontrei no quarto da minha mãe, e de ter visto aquele monstro, o Zeca.Minha cabeça dói bastante. A sala está vazia e escurecida, olho ao redor e não vejo quase nada. As janelas parecem terem sido tapadas com uma espécie de madeira. Ouço barulho distante de batidas de martelo, parece estar vindo de outra parte da casa. Tento me mexer, me soltar ou sair do lugar, mas é quase impossível. Estou bem amarrada. Um pânico começa a tomar conta quando penso em minha mãe. Neste exato momento vejo que atrás do sofá há dois pés calçados com tênis de corrida, são dela, os mesmos que ela usa para caminhar. Minha respiração se acelera ao ri
MarcoDepois que Ana me deixou destroçado no estacionamento, demorei para colocar a cabeça no lugar. Resolvo que não vou me afundar novamente na escuridão em que estive um dia. Priscila não vai destruir minha vida novamente. Respiro fundo e volto para o hospital afim de ter notícias de minha mãe. Ignoro a presença da minha tia Margoh, pois minha vontade é de vomitar toda minha raiva, sobre como ela interferiu no meu casamento e toda sua parcela de culpa por nunca ter dado certo minha relação com sua filha. Ao invés de aconselhar Priscila a ser uma mãe melhor para Melissa, e não alimentar suas paranóias de que eu a traia o tempo todo, minha tia sempre lhe apoiava, sem nem ao menos disfarçar o quanto desprezava nosso relacionamento e desejava que sua filha tivesse se casado com alguém que pudesse dar ela a vida que Priscila desejava. Meu pai me abraça preocupado e me guia direto para o quarto de minha mãe. Vejo seu rostinho corado e me sinto satisfeito. Felizmente ela está bem, há um
Gatilho.......Este capítulo contém cenas de violência, pressão psicológica e assassinato.Ana Entro em choque quando vejo Marco ser agredido da forma mais covarde que existe. No fundo me sinto culpada por ele estar passando por isso, penso que jamais deveria ter entrado em sua vida, agora sabe se lá o que Zeca irá fazer com ele. Choro desesperada, toda minha alma dói ao ver o sangue descendo em seu rosto ferido, seus olhos me encaram de uma forma que me destroça e quando percebo que seu corpo será tingido por várias sequências de chutes, enquanto lança vários xingamentos deixando bem claro o quanto o odeia, me lanço nos braços da minha mãe que também está muito angustiada, me recuso a assistir isso. Suas mãos me envolve numa tentativa inútil de me acalentar. Soluço várias vezes implorando a Deus que esse pesadelo acabe, que tudo isso passe e Marco fique bem.Minha mãe é o meu apoio, um porto seguro neste momento, apesar de que também não está nada bem, parece debilitada afin
AnaOs meses se passaram depois daquele dia terrível em que perdi minha mãe da pior forma possível. Precisei me afastar do trabalho por um tempo, sofri um choque emocional muito grande e não tem sido fácil carregar em minha mente tudo o que aconteceu. Traumas ficaram cravados em mim. Precisei de ajuda especializada, nossa terapeuta tem nos ajudados bastante. Marco também faz algumas sessões por semana, tem sido fundamental para nosso recomeço. O tratamento o ajuda com seus próprios traumas. E por determinação da minha terapeuta, preciso me afastar um pouco do trabalho, até que me recupere. Então passo a maior parte do tempo no restaurante, não dá pra ficar sozinha em casa, acho que eu surtaria, aqui no restaurante, eu tenho aprendido muita coisa com Marco sobre cozinhar e isso além de ocupar meu tempo, me permite ficar perto dele.— Como você está?— Marco passa por mim enquanto mexo o molho.Ele me beija carinhosamente no pescoço. Está visivelmente preocupado, não tenho dormido bem, à
AnaPercebo que não estou em meu apartamento, olho em volta desanimada e vejo minha antiga sala, naquela casa, a mesma que o maldito do Zeca colocou fogo.Estou deitada há dias sem ao menos me levantar da cama, não tenho vontade de fazer mais nada. Sinto todo mal cheiro do meu cabelo que não foi lavado nos últimos quinze dias, minhas roupas quase fazem parte do meu corpo, pois, também não tenho trocado, sei que estou um trapo! Pego o controle com a mão para trocar de canal, a porta da sala se abre. Ela entra, minha mãe, toda extravagante como sempre, com suas unhas longas bem pintadas num tom de roxo e roupas justas demais.— Pelo amor se Deus, Ana! Você não vai continuar nesse estado deplorável — fala num tom bravo quando me vê.Fico parada olhando pra ela, não acreditando que é ela, minha mãe. Como senti saudades!— Vou contar até três e você vai levantar essa bunda do sofá e tomar um banho, assim não vai conseguir segurar o namorado por muito tempo. Bem típico de você né? — ela usa
AnaMarco segue para o restaurante e vou para o apartamento de Lili. Ela deve estar no maior mau humor, o final da gravidez não tem sido fácil e ficar sem Lucas por perto a desestabiliza. Como o bebê está para chegar ele conseguiu tirar férias, ou seja está minando bastante minha amiga, mas hoje ele tinha algo para resolver em uma cidade que fica a uns 75 km, então Lili deve estar se sentindo sozinha.Chego ao seu apartamento e aperto a companhia várias vezes e ela não atende. Bato na porta, grito e nada. Começo a me preocupar. Me lembro da chave que ela passou a deixar no vaso de planta depois que ela e Lucas resolveram morar juntos. Lili disse que Lucas sempre perdia suas chaves. Então uso desta estratégia, confiro nas plantas e sinto um enorme alívio ao encontrar as chaves bem ali.Abro a porta e vejo que a sala está vazia.- Lili!- chamo.Ouço alguns gemidos vindo do quarto e corro até lá.- Ai meu Deus, nem acredito que você está aqui - ela fala em lágrimas.Encontro minha amiga
AnaMeu coração está transbordando com o nosso grande dia, dia em que nossas vidas estarão unidas para sempre, nosso casamento. Não imaginava que as coisas fossem acontecer tão rápido entre a gente, mas na verdade descobri que o mais importante não é sobre o tempo que se conhece alguém, mas sobre o quanto essa pessoa tem feito a diferença em sua vida enquanto esteve contigo. Decidimos por uma cerimônia simples, apenas com a presença de um juiz, além da família de Marco, obviamente minha amiga Liliane e Lucas, e alguns poucos amigos. Eu não queria todo aquele glamour de um casamento convencional e religioso, Marco também não. Helena escolheu um espaço para eventos, um lugar incrivelmente lindo, ao estilo castelos Vitoriano, e confesso que mesmo achando exagerado, acabei aceitando e amando.O dia amanheceu bastante frio e chuvoso, bem diferente do que uma noiva tradicional sonha para este grande dia, mas enquanto analiso a chuva fina cair ao lado de fora, muitas coisas passam em minha
AnaAcordo sentindo todas as partes do meu corpo dolorida, acho que fiquei horas demais trabalhando na mesma posição em frente ao notebook. Depois que aceitei fazer algumas alguns trabalhos de campo, tenho me desdobrado. Apesar de não ser o que eu gosto, Marco tem me incentivado bastante com isso. Por falar nele, não o vi chegar ontem, o FontanniDuo está participando de um concurso dos melhores restaurantes da cidade e por isso o movimento triplicou além de que ele passa boa parte do tempo que sobra de folga, criando pratos novos. Nossos horários estão se desencontrando. Bufo ao notar a cama vazia, o que significa que ele talvez tenha saído cedo. Mas quando sinto um cheiro familiar invadir o quarto, sei que ele está aqui, em seu lugar favorito da casa, a cozinha.Tomo um banho rápido, pois, estou em cima do meu horário, visto um vestido de mangas compridas preto com bordados. Tenho aprendido a me vestir melhor, de forma mais elegante, meus cabelos estão presos no alto. Me abaixo par