Eu acordei como se tivesse levado uma surra. O corpo todo doía. Maria veio me trazer um chá calmante e me ajudou a sair da cama. — Venha menina! Precisa ser forte. Vamos comer alguma coisa e irá enfrentar o mundo de cabeça erguida. Eu olhei curiosa para ela. Claro que Maria e Ana sabiam de tudo o que acontecia. Minha mãe as tinha como fiéis escudeiras. Ana entrou para arrumar o meu quarto e não me olhou nos olhos. Então eu comecei a falar sem parar: — O que vocês sabem que eu ainda não sei? O que pode ser pior do que ser deixada no altar? Descobrir que o noivo passou mal e está num hospital? Andem, conte tudo logo de uma vez! Foi armação da minha mãe, não foi? Maria suspirou me encarando com os braços cruzados, enquanto Ana se aproximava. — Não tenha pressa, menina! Logo vai saber o tamanho da lambança que a sua mãe e o tal homem de coração gelado foram capazes de fazer. Eu suspirei resignada e caminhei para fazer minha higiene pessoal. Quando vo
Eu entrei em casa bufando e encontrei a minha mãe com ar de satisfeita. — Quem são esses seguranças na porta? São homens dele, não é?— eu fui logo falando. — Sim, são homens do seu noivo!— minha mãe respondeu tranquilamente enquanto examinava as unhas da mão. — Estou presa em minha própria casa, é isso?— questionei irritada. — Eles sempre estiveram aí, querida. Você é que nunca percebeu! Eu ainda fiquei confusa na minha ingenuidade. Claro que esses homens nunca estiveram ali. Victor ligou para minha mãe e lhe deu ordens para me guardar. Eu subi as escadas batendo os pés com força no assoalho. Ana veio correndo atrás de mim. Ela fechou a porta atrás de si e foi falando: — Foi isso mesmo, Nora! O homem ligou aqui e avisou que estava mandando esses seguranças para evitar que você fugisse. Sua mãe mandou mensagem para o Antônio atrasar um pouco a viagem para que vocês fossem ultrapassados. Eu consegui me lembrar que Antônio parou numa loja de conven
Eu fiquei bem à vontade. Deixei que parte dos meus seios ficassem à mostra e as pernas sempre entreabertas fazendo movimentos contínuos para que a minha calcinha aparecesse. Era branca, rendada e minúscula. Eu me divertia pensando na reação de Victor. De fato, ele estava incomodado. Tentava disfarçar o sentimento de incômodo que as fotos lhe causavam. Temia que percebessem que por vezes elas lhe provocavam ereção. Eu via pelas fotos que chegavam de volta o quanto ele estava impaciente. Por vezes colocava uma mão sobre o roupão na altura das coxas, comprimindo o tecido sobre a roupa íntima. As vezes eu achava que Victor se deixava fotografar propositadamente de forma sensual para me provocar, mas a tola achava que só ela teria a brilhante ideia. Ficamos assim, sutilmente mandando recado um para o outro através de fotos ousadas até que uma das moça disse: — Chega de fotos, vocês vão ter a noite inteira para se exibir um para o outro. Agora precisam se vestir
Eu pensei que fosse desmaiar, tamanho foi o pavor que eu senti ao ver tanto ódio naqueles olhos sombrios do então meu marido. Vontade não me faltou de sair correndo, implorando para que anulasse aquele casamento. Na verdade, eu também tinha um desejo enorme de pedir perdão e dizer que estava apaixonada por ele. Eu estava mesmo perdida. O que seria de mim agora? Eu estava num mato sem cachorro. Por mais que eu achasse que era perigoso estar ao lado de Victor eu sabia que o que eu sentia por ele era mais forte. As mãos fortes dele comprimiam minha pele delicada e os meus olhos imploravam clemência. Acho que eu tentei dizer algo em minha defesa, mas as palavras morreram em minha garganta. Eu vi Victor se afastar contrariado e o meu mundo desabou. Eu realmente estava apaixonada pelo temido Homem de pedra. Eu queria ir atrás dele, me humilhar diante de todos, mas ainda tinha um pouco de juízo. Já pensou? Ele iria tripudiar sobre mim diante de um
Eu parecia uma adolescente ansiosa atrás do meu príncipe falando animada: — Está bem, está bem! Chegamos finalmente ao tal quarto e não ouvíamos mais o som da música nem dos falatórios dos convidados. Victor me puxou com violência, logo que passou a chave na porta. — Vamos acabar logo com isso!— ele disse me empurrando sobre o leito. Ele nem tirou o meu vestido. Abaixou-se no meio das minhas pernas e ergueu o vestido com dificuldade pois ele era acinturado e justo no meu corpo. Eu pensei que ele iria rasgar. Foi tudo muito rápido. A minha roupa íntima de baixo foi arrancada, melhor, rasgada. Victor ficou de pé abaixando as calças e me encarando sério. Eu já não tinha certeza se queria mais aquilo. Seria outra experiência traumática. — Não! — eu gritei. Mas ele não me deu ouvidos, ergueu as minhas pernas e me penetrou de uma vez. Eu senti uma dor terrível. Pior que da primeira vez. — Não Victor, não! — eu implorava em vão. Victor estava tão ereto, parecia me fu
Arthur ignorou a minha aflição e continuou: — Nora, eu vejo que você está infeliz! Esse homem não te merece. — Ele te convidou, não foi? Ficaram amigos, não? Acreditou em tudo o que ele falou, não acreditou?— eu desabafei a minha mágoa. Arthur se desesperou: — Ele tem esse jeito, Nora! Ele fala bonito, é convincente! Não sei como não se apaixonou por ele! Eu confessei: — Eu me apaixonei, Arthur! Ele me abraçou com carinho. — Eu não te culpo, Nora! Ele parece um príncipe! Nasceu rico daquele jeito, impõe respeito, é todo educado, elegante! — É um ogro! Não sabe tratar uma mulher! Eu o odeio! Arthur ficou surpreso. — Então é verdade! Você se deitou com ele. Aquele filho que você perdeu era dele mesmo! — Não! — quase gritei. Eu estava tão confusa. Não queria explicar nada para ninguém. Estava decepcionada com os dois homens igualmente. Saí desesperada pelo meio dos convidados, eu só queria ficar só. Meu desejo era dar u
Chegamos finalmente ao aeroporto. Eu olhei deslumbrada. Nunca tinha ido a um. Meus pais viajavam muito para fora do país, mas nunca me levaram e não foi diferente quando a minha mãe se casou pela segunda vez. Eu não disfarçava minha surpresa. Era muito maior do que parecia nas revistas. Minha mãe trazia muitas revistas para casa e era assim que eu conhecia um pouco do mundo. Eu vi alguns seguranças passar na nossa frente e Victor me puxou pela mão. Logo estávamos entrando no avião. Eu parecia uma criança feliz, ainda mais que estávamos na primeira classe. Victor parecia um rei, tinha sempre algum comissário de bordo querendo servi-lo. Eu imaginei que ele era muito conhecido, mas eu achava que o prefeito da minha cidade era um bobo. Lembrei da estátua de pedra na pracinha e ri gostoso. — O que lhe parece tão engraçado?— Victor indagou curioso virando-se para a minha poltrona. Eu desmanchei o sorriso, claro. Me acomodei no meu canto e não respondi.
Um grito ecoou de dentro de mim, com toda a minha indignação: — Quem é Rafaella?— eu gritei enquanto Victor tentava entender como foi parar no chão. Ele se levantou irritado. — Não é da sua conta! Victor entrou no banheiro e demorou muito, o que me deixou mais revoltada. Quando ele voltou, eu desabafei enquanto ele se deitava tranquilamente: — Estava se tocando pensando nela? Tem uma amante? É isso? Victor bocejou me ignorando e se ajeitou debaixo do cobertor. — Quem é Rafaella?— eu insisti. Ele não respondeu e houve um silêncio. Eu queria gritar de ódio. Estava fora de mim. — Isso não faz parte do acordo! — eu falei alterada insistindo em continuar com a discussão, mesmo que Victor estivesse tentando voltar a dormir. Num minuto, eu já estava de pé pisando na barra daquele pijama ridículo. Victor sentou-se à beira da cama e já estava começando a perder a paciência, uma vez que eu não parava mais de falar. Até a minha mãe eu