Eu acordei como se tivesse levado uma surra. O corpo todo doía. Maria veio me trazer um chá calmante e me ajudou a sair da cama.
— Venha menina! Precisa ser forte. Vamos comer alguma coisa e irá enfrentar o mundo de cabeça erguida. Eu olhei curiosa para ela. Claro que Maria e Ana sabiam de tudo o que acontecia. Minha mãe as tinha como fiéis escudeiras. Ana entrou para arrumar o meu quarto e não me olhou nos olhos. Então eu comecei a falar sem parar: — O que vocês sabem que eu ainda não sei? O que pode ser pior do que ser deixada no altar? Descobrir que o noivo passou mal e está num hospital? Andem, conte tudo logo de uma vez! Foi armação da minha mãe, não foi? Maria suspirou me encarando com os braços cruzados, enquanto Ana se aproximava. — Não tenha pressa, menina! Logo vai saber o tamanho da lambança que a sua mãe e o tal homem de coração gelado foram capazes de fazer. Eu suspirei resignada e caminhei para fazer minha higiene pessoal. Quando voltei do banheiro, Ana e Maria estavam olhando apreensivas lá para baixo. Eu fui até a sacada para ver o que estava acontecendo e vi Arthur insistindo para entrar. Instintivamente eu saí correndo do quarto e desci as escadas fazendo muito barulho com os meus chinelos. A minha mãe me olhou com satisfação e não tentou me impedir de sair correndo pelo jardim para encontrar o meu amigo, o meu noivo desaparecido. — Arthur! Meu Deus! Estava preocupada com você! O que aconteceu? Eu abracei o Arthur com tanto desespero que ele quase desistiu de fazer o que havia planejado. Mas aconteceu. Ele me empurrou bruscamente e começou a me falar coisas que eu jamais pensei ouvir da sua boca. — Me solte sua adúltera! Não quero ouvir mais falar de você! Eu te odeio! Você é pequena, mesquinha! — Eu não entendo!— apenas disse sentindo uma pontada no meu ventre. Arthur me olhou com tanto desprezo que eu senti o chão se abrir e desmaiei. Quando eu acordei, minha mãe estava sentada à beira do leito de hospital. — Querida! Que bom que acordou! — ela disse aflita. — Perdi o bebê?— eu quis saber. — O médico vem falar com você, filha! Um homem de jaleco branco entrou no quarto, com expressão de preocupação, o que me deixou desesperada. — Eu sinto muito, senhorita! — ele disse. Eu chorei por um longo tempo. A única força que eu tinha era aquela criatura dentro de mim, sem me cobrar nada. Eu queria aquele filho mesmo que para isso tivesse que me casar com aquele ser desprezível. Eu havia perdido o meu amigo. Eu não tinha mais nada a que me apegar. Não reconhecia mais a minha mãe. Ela só se preocupava em manter o padrão de vida que sempre teve. Eu entendi tudo. Arthur ouviu da boca de Victor coisas horríveis que eu jamais faria. Maria e Ana me contaram os detalhes. Um plano arquitetado pela minha mãe. Eu estava perdida. A cidade inteira me julgava por eu me deitar com o homem de pedra e ter traído o meu noivo. Havia quem dissesse que eu teria ficado grávida do ditador. Eu vivi trancada no meu quarto por alguns dias. Não aguentava mais sair na rua e ouvir piadas. Até as minhas amigas me julgavam. As vezes eu mesma acreditava naquela história absurda. — Eu nunca me deitei com Victor Sorano! Eu não mereço o que falam por aí! Minha mãe simplesmente não se importava com a minha dor e se limitava a falar: — Se você visitasse Victor Sorano para tratar de negócios, ninguém deste lugar teria o direito de te julgar! Indignada eu respondi: — Está bem! Está querendo prostituir a sua filha para não viver a ruína que o seu marido nos deixou! — Não posso obrigá-la a nada! Podemos morar num quarto de pensão, se trabalharmos, quem sabe num balcão de uma loja ou farmácia! Meu estômago revirou. Era muita humilhação. Aquela cidade me julgando como adúltera e eu os servindo num balcão. Nunca!! Eu chorei, me descabelei, mas aceitei o convite do infeliz. Eu me arrumei como uma garota de programa. Eu coloquei um batom bem vermelho. Vesti um vestido preto, curto e decotado. Coloquei um salto e desci as escadas rebolando, mascando um chiclete. — O que é isso?!— minha mãe exclamou horrorizada. Ah, eu também usava uma bolsa vermelha enrolada nas mãos. Acho que vi isso em algum filme. — Ele quer uma esposa, não uma prostituta!— minha mãe gritou. Eu respondi prontamente: — É o máximo que posso oferecer a um ser tão maquiavélico, o qual não é capaz de conquistar uma moça da sociedade para casar. Antônio entrou pela porta e se assustou. Eu lhe ordenei, enquanto seguia para a saída: — Vamos logo, Antônio! Me leve na presença desse velho horroroso! Estou pronta para o abate! Logo, eu estava a caminho da capital para seguir o meu destino. Pensava que seria apenas um encontro. O pagamento de parte de uma dívida. — Tem certeza, senhorita?— Antônio falou com voz chorosa. Eu assenti apenas e ele continuou: — Eu a vi menina, bem pequena! Não faça o jogo dele! Eu não respondi. Segurei o choro para não borrar a maquiagem e fiquei em silêncio durante todo o trajeto — “Dane-se! Nunca amei Arthur!”— eu pensava, para não me recriminar. Eu sabia que sexo era horrível, doloroso, nojento, então vesti o personagem e fui. O carro entrou numa mansão incrível. Fiquei boquiaberta com tanto luxo. O jardim bem cuidado, não tinha mais fim. A piscina era gigante, maravilhosa, daquelas que eu via nas revistas. Eu desci do carro e procurei lembrar de rebolar o mais vulgar que eu pudesse. Queria que o homem de pedra sentisse nojo de mim, assim como eu sentia dele. Antônio ficou no carro e eu fui conduzida para dentro da casa por um segurança. O homem me tratava como uma rainha, embora eu estivesse tentando parecer exatamente o contrário. Eu fui levada para dentro de uma sala, que seria na verdade o escritório, onde o todo poderoso tratava de negócios. Ele estava lá de costas, atrás da mesa. Eu comecei a desmontar. Senti um medo terrível. Aquele velho asqueroso iria querer me usar ali mesmo. As pernas me traiam e tremiam insistentemente. Eu me deixei cair na poltrona sem tirar os olhos do infeliz. Ele virou-se de frente e eu não acreditei no que os meus olhos viram. Ele era simplesmente lindo. Um príncipe. A minha boca não fechava. Os olhos bem verdes e misteriosos me olhavam curiosos. A boca deliciosamente entreaberta. Ai meu Deus, lembrei das conversas com as amigas na praça, no centro da minha pequena cidade. Por que aquela estátua de pedra não fez juz aquele homem tão perfeito. Além de tudo, era elegante. Usava um terno azul marinho impecável. A gravata de seda, afrouxando ao toque das mãos sutis. O queixo bem definido. Um Deus grego. Eu senti vergonha dos meus trajes, mas como queria mesmo ser insultada, sustentei o personagem. Ele se aproximou de mim e pôs-se a me examinar dos pés à cabeça. Eu senti os olhos dele pousando no meu decote de onde surgia parte dos meus seios. — Quer ser usada, senhorita?— ele indagou, provocando arrepios. Eu não respondi e então senti o meu vestido sendo arrancado com violência. Eu fiquei nua em questão de segundos. Tive vontade de cobrir os seios com as mãos, mas sabia que ele esperava por isso. — Quer transar comigo para se vingar do seu noivo idiota que acreditou em tudo o que eu lhe falei?— ele falou isso se colocando no meio das minhas pernas. Eu fechei os olhos e assenti com a cabeça, sentindo muita vergonha e medo. Vontade de sair correndo não me faltou. Eu suspirei quando ele ajeitou os joelhos para separar mais as minhas coxas. Ele estava de pé na minha frente. Aquele homem bem vestido, lindo e eu desejando que me fizesse mulher de uma vez por todas. Mas ele me surpreendeu: — Vista-se! Não faz o meu tipo! Eu arregalei os olhos e me inclinei para apanhar o meu vestido no momento em que ele saiu da minha frente. Victor parou segurando a porta para que eu me retirasse e disse me olhando, enquanto eu me vestia desesperadamente: — Eu preciso de uma esposa, não uma de uma garota de programa. Quando preciso, pago a melhor! Eu passei por ele ouvindo absurdos. — Não preciso de uma piralha inexperiente na minha cama. Eu quase parei na porta para encará-lo, mas o desejo de sair correndo dali era prioridade para mim naquele momento. Enquanto meus cabelos voavam ao vento, ouvia as últimas barbaridades que saiam da boca do homem de pedra: — Tratarei com a sua mãe a respeito do nosso casamento! Eu entrei no carro onde Antônio já me esperava e desabei no choro. O que seria da minha vida agora? Era julgada pelas pessoas da minha cidade, tinha uma mãe fria e calculista. A dor de perder o meu pai depois de tantos anos voltou mais forte. Eu já fazia planos de sumir daquela cidade, de sair pelo mundo sem rumo. Eu pensava em fazer uma pequena mala e seguir meu destino, mas o que eu não sabia era que Victor Sorano não aceitaria a minha recusa tão fácil e que minha vida ainda se tornaria um inferno. Logo que chegamos na frente da minha casa, percebi que a mesma estava fortemente guardada por muitos seguranças do homem de pedra. Eu não tinha ideia do quanto tinha deixado Victor irritado com a minha visita inusitada. Ele lembrava do meu corpo despido e sentia mais ódio por mim. — Pirralha insolente! Vai implorar o meu toque no seu corpo! Vai se arrepender por não ter-se guardado para mim! Victor empurrava tudo que havia na sua mesa com a força das mãos nervosas. — Droga! Eu não ia te usar! Droga! Eu ia te respeitar! A infeliz tinha que ser gostosa desse jeito! Eu vou me controlar! Eu vou! Não vou tocá-la! Ela vai implorar para se deitar comigo! E se ela se apaixonar por mim, vou fazê-la derramar lágrimas de sangue! Eu juro. Eu estava cheia de ódio, mas não tirava da cabeça aqueles olhos verdes, aquele jeito sedutor. Victor havia me despido sem que eu pudesse esboçar qualquer reação! Que homem era aquele! Meu Deus! Estava perdida! Ele tinha o poder, a sedução e o ódio. Eu seria presa fácil!Eu entrei em casa bufando e encontrei a minha mãe com ar de satisfeita. — Quem são esses seguranças na porta? São homens dele, não é?— eu fui logo falando. — Sim, são homens do seu noivo!— minha mãe respondeu tranquilamente enquanto examinava as unhas da mão. — Estou presa em minha própria casa, é isso?— questionei irritada. — Eles sempre estiveram aí, querida. Você é que nunca percebeu! Eu ainda fiquei confusa na minha ingenuidade. Claro que esses homens nunca estiveram ali. Victor ligou para minha mãe e lhe deu ordens para me guardar. Eu subi as escadas batendo os pés com força no assoalho. Ana veio correndo atrás de mim. Ela fechou a porta atrás de si e foi falando: — Foi isso mesmo, Nora! O homem ligou aqui e avisou que estava mandando esses seguranças para evitar que você fugisse. Sua mãe mandou mensagem para o Antônio atrasar um pouco a viagem para que vocês fossem ultrapassados. Eu consegui me lembrar que Antônio parou numa loja de conven
Eu fiquei bem à vontade. Deixei que parte dos meus seios ficassem à mostra e as pernas sempre entreabertas fazendo movimentos contínuos para que a minha calcinha aparecesse. Era branca, rendada e minúscula. Eu me divertia pensando na reação de Victor. De fato, ele estava incomodado. Tentava disfarçar o sentimento de incômodo que as fotos lhe causavam. Temia que percebessem que por vezes elas lhe provocavam ereção. Eu via pelas fotos que chegavam de volta o quanto ele estava impaciente. Por vezes colocava uma mão sobre o roupão na altura das coxas, comprimindo o tecido sobre a roupa íntima. As vezes eu achava que Victor se deixava fotografar propositadamente de forma sensual para me provocar, mas a tola achava que só ela teria a brilhante ideia. Ficamos assim, sutilmente mandando recado um para o outro através de fotos ousadas até que uma das moça disse: — Chega de fotos, vocês vão ter a noite inteira para se exibir um para o outro. Agora precisam se vestir
Eu pensei que fosse desmaiar, tamanho foi o pavor que eu senti ao ver tanto ódio naqueles olhos sombrios do então meu marido. Vontade não me faltou de sair correndo, implorando para que anulasse aquele casamento. Na verdade, eu também tinha um desejo enorme de pedir perdão e dizer que estava apaixonada por ele. Eu estava mesmo perdida. O que seria de mim agora? Eu estava num mato sem cachorro. Por mais que eu achasse que era perigoso estar ao lado de Victor eu sabia que o que eu sentia por ele era mais forte. As mãos fortes dele comprimiam minha pele delicada e os meus olhos imploravam clemência. Acho que eu tentei dizer algo em minha defesa, mas as palavras morreram em minha garganta. Eu vi Victor se afastar contrariado e o meu mundo desabou. Eu realmente estava apaixonada pelo temido Homem de pedra. Eu queria ir atrás dele, me humilhar diante de todos, mas ainda tinha um pouco de juízo. Já pensou? Ele iria tripudiar sobre mim diante de um
Eu parecia uma adolescente ansiosa atrás do meu príncipe falando animada: — Está bem, está bem! Chegamos finalmente ao tal quarto e não ouvíamos mais o som da música nem dos falatórios dos convidados. Victor me puxou com violência, logo que passou a chave na porta. — Vamos acabar logo com isso!— ele disse me empurrando sobre o leito. Ele nem tirou o meu vestido. Abaixou-se no meio das minhas pernas e ergueu o vestido com dificuldade pois ele era acinturado e justo no meu corpo. Eu pensei que ele iria rasgar. Foi tudo muito rápido. A minha roupa íntima de baixo foi arrancada, melhor, rasgada. Victor ficou de pé abaixando as calças e me encarando sério. Eu já não tinha certeza se queria mais aquilo. Seria outra experiência traumática. — Não! — eu gritei. Mas ele não me deu ouvidos, ergueu as minhas pernas e me penetrou de uma vez. Eu senti uma dor terrível. Pior que da primeira vez. — Não Victor, não! — eu implorava em vão. Victor estava tão ereto, parecia me fu
Arthur ignorou a minha aflição e continuou: — Nora, eu vejo que você está infeliz! Esse homem não te merece. — Ele te convidou, não foi? Ficaram amigos, não? Acreditou em tudo o que ele falou, não acreditou?— eu desabafei a minha mágoa. Arthur se desesperou: — Ele tem esse jeito, Nora! Ele fala bonito, é convincente! Não sei como não se apaixonou por ele! Eu confessei: — Eu me apaixonei, Arthur! Ele me abraçou com carinho. — Eu não te culpo, Nora! Ele parece um príncipe! Nasceu rico daquele jeito, impõe respeito, é todo educado, elegante! — É um ogro! Não sabe tratar uma mulher! Eu o odeio! Arthur ficou surpreso. — Então é verdade! Você se deitou com ele. Aquele filho que você perdeu era dele mesmo! — Não! — quase gritei. Eu estava tão confusa. Não queria explicar nada para ninguém. Estava decepcionada com os dois homens igualmente. Saí desesperada pelo meio dos convidados, eu só queria ficar só. Meu desejo era dar u
Chegamos finalmente ao aeroporto. Eu olhei deslumbrada. Nunca tinha ido a um. Meus pais viajavam muito para fora do país, mas nunca me levaram e não foi diferente quando a minha mãe se casou pela segunda vez. Eu não disfarçava minha surpresa. Era muito maior do que parecia nas revistas. Minha mãe trazia muitas revistas para casa e era assim que eu conhecia um pouco do mundo. Eu vi alguns seguranças passar na nossa frente e Victor me puxou pela mão. Logo estávamos entrando no avião. Eu parecia uma criança feliz, ainda mais que estávamos na primeira classe. Victor parecia um rei, tinha sempre algum comissário de bordo querendo servi-lo. Eu imaginei que ele era muito conhecido, mas eu achava que o prefeito da minha cidade era um bobo. Lembrei da estátua de pedra na pracinha e ri gostoso. — O que lhe parece tão engraçado?— Victor indagou curioso virando-se para a minha poltrona. Eu desmanchei o sorriso, claro. Me acomodei no meu canto e não respondi.
Um grito ecoou de dentro de mim, com toda a minha indignação: — Quem é Rafaella?— eu gritei enquanto Victor tentava entender como foi parar no chão. Ele se levantou irritado. — Não é da sua conta! Victor entrou no banheiro e demorou muito, o que me deixou mais revoltada. Quando ele voltou, eu desabafei enquanto ele se deitava tranquilamente: — Estava se tocando pensando nela? Tem uma amante? É isso? Victor bocejou me ignorando e se ajeitou debaixo do cobertor. — Quem é Rafaella?— eu insisti. Ele não respondeu e houve um silêncio. Eu queria gritar de ódio. Estava fora de mim. — Isso não faz parte do acordo! — eu falei alterada insistindo em continuar com a discussão, mesmo que Victor estivesse tentando voltar a dormir. Num minuto, eu já estava de pé pisando na barra daquele pijama ridículo. Victor sentou-se à beira da cama e já estava começando a perder a paciência, uma vez que eu não parava mais de falar. Até a minha mãe eu
Victor sacudiu a cabeça irritado e respondeu: — Para que? Para se achar no direito de me controlar? Eu já disse quais são as condições dessa droga de casamento! Eu larguei o lençol que tinha enrolado ao corpo e me ofereci para ele. Me coloquei na sua frente com o corpo virado para a parede de espelho. Apoiei um pé no vaso sanitário deixando as pernas abertas. — Tem certeza?— ele sussurrou ao meu ouvido. Eu apenas assenti e procurei não fazer careta dessa vez. O espelho refletia ele por trás de mim inclinando o meu corpo, segurando o meu quadril. A respiração dele era um tanto animalesca. Eu me imaginei sendo a própria Rafaella. Ela devia ser bem servida daquele corpo. Eu não deixaria ele tão fácil para ela. Ele casou comigo. Por que não casou com ela? Deixei o meu corpo inclinado o máximo para frente até que senti Victor me tocando por baixo das minhas pernas, me excitando. Logo fiquei bem lubrificada. — Você me deixa louco! — ele disse beijando as