Eu voltei para o meu quarto e fiquei muito tempo amadurecendo a ideia de ir embora daquela casa. Eu me sentia derrotada. Eu pensava em tudo o que tive que enfrentar por amor ao meu marido, sem nunca poder conquistá-lo. No máximo, eu o tinha na cama, eu o seduzia mas nunca teria o seu amor. Eu estava mendigando o seu ódio, porque quando eu o xingava, ele me punia me dominando na cama, mas até quando eu iria suportar aquilo? O meu corpo carente não me ajudava a manter o meu orgulho de pé. Se Victor chegasse naquele instante e me tomasse nos braços, eu seria sua, do jeito que ele quisesse. Eu havia voltado ao meu corpo, eu me sentia mais sensual, mas ele não me via. O meu resguardo pós nascimento do Junior nos afastou. Eu usava uma camisola preta transparente e curta e o meu corpo queimava de desejo. Levantei algumas vezes na intenção de ir para o quarto de Victor, mas desisti da porta. Andei pelo quarto muitas vezes impaciente. Eu queria aquele homem, nem
Desci para o desjejum na intenção de fazer a última refeição ao lado do meu marido. Victor estava faminto. Ele comia e por vezes olhava o relógio de pulso. Eu não vi Durval o esperando, como sempre o fazia. Ele costumava ficar parado na porta segurando o seu quepe. — Está preocupado com alguma coisa, Victor?— eu quis saber. — Não, não! Claro que não! — ele falava agitado. Eu dei de ombros e voltei a comer minha salada de frutas com iogurte. De repente, uma visita, uma voz conhecida: — Bom dia! Eu ergui os olhos sem acreditar. Era a minha mãe! Victor se levantou animado para recebê-la. Dona Armênia estava eufórica. Olhava todos os cantos da casa, enquanto se aproximava da mesa. Eu fui recebê-la sorrindo, mas aquilo me pareceu, no mínimo, estranho. — Ainda bem que cheguei a tempo para o café! Estou faminta! Minha mãe encheu a casa de alegria. Durval sorria na porta de entrada. Eu imaginei que ele a pengou no aero
Dona Armênia entrou em pânico e pôs-se a me seguir até o banheiro falando sem parar: — Então resolveu mesmo aceitar o destino cruel que nos resta? Um quarto de pensão, um balcão no comércio! — Pare com isso, mãe! Eu já recuperei a nossa casa e a fazenda, esqueceu?— eu disse parando na porta do banheiro. Minha mãe não desistiria tão fácil. — Está bem! Quando sair desse banheiro, vamos conversar na piscina. Eu vou trocar de roupa. Quero nadar um pouco! Eu suspirei olhando o espelho. Estava tão magra. Eu fiz uma pose, querendo parecer elegante, depois ri de mim mesma. Victor me pegava de qualquer jeito, porque eu queria me parecer com suas possíveis amantes? Eu prendi o cabelo e lavei o rosto. Eu gostava de mim assim, sem maquiagem, com um rosto angelical. Eu me vi na minha cidade do interior, onde sempre fui feliz. Suspirei saudosa. Se pudesse, nunca teria saído de lá. Eu estava machucada, essa era a verdade. Eu podia aceitar aquela vida de rainha
Eu olhei para a mão de Victor que segurava a minha sobre a mesa e falei em pensamento:” Tudo o que mais quero hoje é uma noite especial com você, meu amor !” — Você quer, Nora? Quer dormir comigo esta noite? Quer enlouquecer nos meus braços e dizer que não pode mais viver sem mim? Ele sussurrava e eu delirava. O garçom se aproximou e pisquei algumas vezes, atordoada com o efeito do feitiço daquele homem! Victor manuseava o cardápio, mas não olhava para ele, eu via os seus olhos verdes me devorando inteira. — Quer pedir algo especial, Nora? — ele quis saber. Eu só meneei a cabeça e me mexi impaciente. Eu queria estar em algum lugar a sós com aquele homem cheiroso, gostoso! O jantar chegou. Victor pediu uma refeição leve, regada a um bom vinho branco. Eu exagerei. Tomei três taças. Victor sabia que eu não tinha o costume de beber e ficou esperando a hora de dar o bote. Ele parecia um tigre caçando um animal indefeso. Os seus olhos corriam em volta d
Os seguranças dormiam no carro e quando nos viram, se assustaram. Durval tinha voltado para a mansão. Fomos no banco de trás sem nos falar, até chegar em casa. Entramos em casa e minha mãe tomava o seu desjejum. Ela nos olhou curiosa. — Bom dia!— ela disse olhando o meu vestido. — Ficou mesmo ótimo em você! — ela disse. Nós dois parados ali, esperando sei lá o que. Minha mãe falou impaciente: — Venha tomar café! Pelo visto, a noite foi ótima! Victor me puxou pela mão e enquanto nos dirigimos à mesa, ele respondeu: — A noite foi maravilhosa! Estamos famintos! Eu o olhei surpresa, enquanto sentava na minha cadeira e Victor que me auxiliava, sorriu falso e continuou: — Não é verdade, querida? Tivemos uma bela e inesquecível noite de amor! Precisávamos disso! Com o nascimento do Junior nos afastamos um pouco. Eu acompanhei os movimentos do meu marido falante que empolgado, acreditava que enganava a todos, ou será que enganava
Durante todo o dia, Victor foi muito simpático com a minha mãe e eu peguei os dois cochichando algumas vezes. Em alguns momentos, ele falava com ela com autoridade e ela só assentia com a cabeça nervosa. A noite, quando ela fazia as malas, eu fui conversar no seu quarto. — Por favor filha! Veja bem o que vai fazer! Esse homem não é de brincadeira!— ela dizia guardando seus pertences numa pequena mala de mão. — Não se preocupe, mãe! Eu já sei o que vou fazer, mas não se iluda, eu não vou demorar a voltar para casa. Minha mãe me olhou séria e preocupada. — Filha, você o ama, não vai mais viver sem esse homem! Ele tem o poder de persuadir, aceite! — Ele tem todo tipo de poder, se é que a senhora me entende!— eu retruquei cruzando os braços, me balançando. Minha mãe parou de fazer as malas e segurou os meus braços falando apavorada: — Esse homem é perigoso, filha! Cuidado! Pense bem no que vai fazer! Ele é orgulhoso e vingativo! — E foi para ess
No dia seguinte, quando desci para o café da manhã, dona Armênia já havia viajado. Eu voltei para as minhas mães do coração. Elas me cercaram de carinho quando sentei à mesa. — E o patrão de vocês? — eu indaguei demonstrando pouco interesse. Victor descia as escadas nesse momento. As criadas ficaram assustadas e se espalharam. Ele sentou-se à mesa, me olhou com indiferença e me cumprimentou: — Bom dia, Nora! — Bom dia, Victor! Eu nem levantei os olhos para não vê-lo arrumado. Aposto que estava lindo num terno impecável como sempre. Melhor eu nem pensar, porque eu mesma escolhi aquela situação. Ele podia chegar tarde ou nem chegar, que eu não poderia mais cobrar nada dele. Ele se levantou e veio me dar um leve beijo no rosto só para eu sentir o seu perfume estonteante. Victor era provocador. — Até amanhã senhora, Sorano! — ele disse baixinho. Eu o acompanhei com o olhar, boquiaberta. As criadas se achegaram, todas sem exceção.
No dia seguinte, eu e Victor estávamos sentados à mesa sem se falar. O som das parcelanas quebrava o silêncio Diana acompanhou as criadas servirem o café olhando curiosa de rabo de olho para os patrões. Zilma e Mary ficavam na cozinha esperando a hora do patrão sair para conversarem comigo. — Vai chegar tarde hoje novamente?— Não sei o que deu em mim para fazer essa pergunta. Victor ergueu os olhos e eu já sabia que vinha ironia. — Sentiu minha falta? Ficou desesperada, desabafando com as criadas? Eu olhei na hora para Diana que ficou sem graça. Norma baixou a cabeça e Amélia se retirou. Então elas me traíram. Contaram para o patrão que eu estava preocupada com ele! Bem, eu respirei fundo e respondi: — Me preocupei sim, Victor! Moramos na mesma casa, e é natural, mas se isso lhe incomoda, não acontecerá outra vez! Victor me olhou com um sorriso maroto. Eu disfarcei que achava aquela carinha de menino levado a coisa mais linda! — Vou chegar cedo hoje! Assim está melhor, min