Eu demorei para me acalmar. Eu tremia e chorava ao mesmo tempo. Zilma tirou Junior dos meus braços e o colocou no berço. Diana foi discutir com Clóvis. Ela estava descontrolada. — Você contou um segredo meu para ela! Você não tinha esse direito! Eu vou embora desta casa, Clovis! Eu vou sumir da sua vida para sempre! Victor nunca vai me perdoar! Ela saiu correndo e Clóvis se desesperou. Ele saiu atrás dela, mas chegando na sala, foi barrado por Amélia. Ele ficou olhando Diana subir as escadas correndo. O quarto dela ficava lá em cima. Amélia falava alterada: — Não pode ficar correndo atrás dela, Clóvis! Você já perdeu muito tempo da sua vida com ela! Acorda! Estamos bem, nós dois! Norma veio saber o que estava acontecendo e Clóvis explicou: — A patroa descobriu que Diana foi amante do pai do meu menino! Ela vai embora daqui! Norma, não deixe, por favor! Norma se aproximou incrédula. — Descobriu tudo! Como ela descobriu tudo, meu Deus!
Eu subi as escadas em passos indecisos. O coração apertado, o medo de descobrir algo que me magoasse, mas se o meu marido estava distante, eu não poderia continuar fingindo não perceber. Eu dei dois toques na porta e abri. Ele estava lá na varanda com o pescoço inclinado, na intenção de ver quem era. — Nora! É você?— ele tinha um sorriso inocente no rosto, que me desmontou. — Não acha que está distante demais?— eu disse me aproximando. — De quem? — De tudo! Do seu filho, de mim, da casa! Victor me olhava como se eu estivesse falando de algo que só existisse na minha cabeça. — Sinto falta de você! — eu disse chorosa. — Só está carente porque não podemos fazer amor!— ele disse, voltando-se para o notebook na mesa de centro. — Eu posso! Victor ergueu os olhos subitamente surpresos. — Pode? — Nosso filho já fez quatro nesses!— expliquei. Victor ficou confuso. Eu indaguei curiosa: — Quando Rafaella teve nenê, quanto tempo ficara
Eu voltei para o meu quarto e fiquei muito tempo amadurecendo a ideia de ir embora daquela casa. Eu me sentia derrotada. Eu pensava em tudo o que tive que enfrentar por amor ao meu marido, sem nunca poder conquistá-lo. No máximo, eu o tinha na cama, eu o seduzia mas nunca teria o seu amor. Eu estava mendigando o seu ódio, porque quando eu o xingava, ele me punia me dominando na cama, mas até quando eu iria suportar aquilo? O meu corpo carente não me ajudava a manter o meu orgulho de pé. Se Victor chegasse naquele instante e me tomasse nos braços, eu seria sua, do jeito que ele quisesse. Eu havia voltado ao meu corpo, eu me sentia mais sensual, mas ele não me via. O meu resguardo pós nascimento do Junior nos afastou. Eu usava uma camisola preta transparente e curta e o meu corpo queimava de desejo. Levantei algumas vezes na intenção de ir para o quarto de Victor, mas desisti da porta. Andei pelo quarto muitas vezes impaciente. Eu queria aquele homem, nem
Desci para o desjejum na intenção de fazer a última refeição ao lado do meu marido. Victor estava faminto. Ele comia e por vezes olhava o relógio de pulso. Eu não vi Durval o esperando, como sempre o fazia. Ele costumava ficar parado na porta segurando o seu quepe. — Está preocupado com alguma coisa, Victor?— eu quis saber. — Não, não! Claro que não! — ele falava agitado. Eu dei de ombros e voltei a comer minha salada de frutas com iogurte. De repente, uma visita, uma voz conhecida: — Bom dia! Eu ergui os olhos sem acreditar. Era a minha mãe! Victor se levantou animado para recebê-la. Dona Armênia estava eufórica. Olhava todos os cantos da casa, enquanto se aproximava da mesa. Eu fui recebê-la sorrindo, mas aquilo me pareceu, no mínimo, estranho. — Ainda bem que cheguei a tempo para o café! Estou faminta! Minha mãe encheu a casa de alegria. Durval sorria na porta de entrada. Eu imaginei que ele a pengou no aero
Dona Armênia entrou em pânico e pôs-se a me seguir até o banheiro falando sem parar: — Então resolveu mesmo aceitar o destino cruel que nos resta? Um quarto de pensão, um balcão no comércio! — Pare com isso, mãe! Eu já recuperei a nossa casa e a fazenda, esqueceu?— eu disse parando na porta do banheiro. Minha mãe não desistiria tão fácil. — Está bem! Quando sair desse banheiro, vamos conversar na piscina. Eu vou trocar de roupa. Quero nadar um pouco! Eu suspirei olhando o espelho. Estava tão magra. Eu fiz uma pose, querendo parecer elegante, depois ri de mim mesma. Victor me pegava de qualquer jeito, porque eu queria me parecer com suas possíveis amantes? Eu prendi o cabelo e lavei o rosto. Eu gostava de mim assim, sem maquiagem, com um rosto angelical. Eu me vi na minha cidade do interior, onde sempre fui feliz. Suspirei saudosa. Se pudesse, nunca teria saído de lá. Eu estava machucada, essa era a verdade. Eu podia aceitar aquela vida de rainha
Eu olhei para a mão de Victor que segurava a minha sobre a mesa e falei em pensamento:” Tudo o que mais quero hoje é uma noite especial com você, meu amor !” — Você quer, Nora? Quer dormir comigo esta noite? Quer enlouquecer nos meus braços e dizer que não pode mais viver sem mim? Ele sussurrava e eu delirava. O garçom se aproximou e pisquei algumas vezes, atordoada com o efeito do feitiço daquele homem! Victor manuseava o cardápio, mas não olhava para ele, eu via os seus olhos verdes me devorando inteira. — Quer pedir algo especial, Nora? — ele quis saber. Eu só meneei a cabeça e me mexi impaciente. Eu queria estar em algum lugar a sós com aquele homem cheiroso, gostoso! O jantar chegou. Victor pediu uma refeição leve, regada a um bom vinho branco. Eu exagerei. Tomei três taças. Victor sabia que eu não tinha o costume de beber e ficou esperando a hora de dar o bote. Ele parecia um tigre caçando um animal indefeso. Os seus olhos corriam em volta d
Os seguranças dormiam no carro e quando nos viram, se assustaram. Durval tinha voltado para a mansão. Fomos no banco de trás sem nos falar, até chegar em casa. Entramos em casa e minha mãe tomava o seu desjejum. Ela nos olhou curiosa. — Bom dia!— ela disse olhando o meu vestido. — Ficou mesmo ótimo em você! — ela disse. Nós dois parados ali, esperando sei lá o que. Minha mãe falou impaciente: — Venha tomar café! Pelo visto, a noite foi ótima! Victor me puxou pela mão e enquanto nos dirigimos à mesa, ele respondeu: — A noite foi maravilhosa! Estamos famintos! Eu o olhei surpresa, enquanto sentava na minha cadeira e Victor que me auxiliava, sorriu falso e continuou: — Não é verdade, querida? Tivemos uma bela e inesquecível noite de amor! Precisávamos disso! Com o nascimento do Junior nos afastamos um pouco. Eu acompanhei os movimentos do meu marido falante que empolgado, acreditava que enganava a todos, ou será que enganava
Durante todo o dia, Victor foi muito simpático com a minha mãe e eu peguei os dois cochichando algumas vezes. Em alguns momentos, ele falava com ela com autoridade e ela só assentia com a cabeça nervosa. A noite, quando ela fazia as malas, eu fui conversar no seu quarto. — Por favor filha! Veja bem o que vai fazer! Esse homem não é de brincadeira!— ela dizia guardando seus pertences numa pequena mala de mão. — Não se preocupe, mãe! Eu já sei o que vou fazer, mas não se iluda, eu não vou demorar a voltar para casa. Minha mãe me olhou séria e preocupada. — Filha, você o ama, não vai mais viver sem esse homem! Ele tem o poder de persuadir, aceite! — Ele tem todo tipo de poder, se é que a senhora me entende!— eu retruquei cruzando os braços, me balançando. Minha mãe parou de fazer as malas e segurou os meus braços falando apavorada: — Esse homem é perigoso, filha! Cuidado! Pense bem no que vai fazer! Ele é orgulhoso e vingativo! — E foi para ess