Mary também voltou. Parecia animada. Ela e Zilma tinham a mesma expressão de satisfação. Depois de um tempo, Victor resolveu ir embora. Eu já bocejava. Ele me ofereceu o braço e saímos da festa. Zilma e Mary foram num dos carros da escolta e eu fui com o Victor. Ele estava cansado também e quando eu inclinei a cabeça sobre o seu ombro, ele também se ajeitou me abraçando. Quase cochilamos, mas o trajeto era curto e logo chegamos. Entramos sem que eu visse mais as criadas e subimos as escadas abraçados. Victor parou na porta do meu quarto e a abriu, segurando a maçaneta. Eu parei para olhá-lo e ele descansou a cabeça na parede, me olhando sedutor. — Está com muito sono?— ele indagou. Eu não respondi logo e fiquei olhando para a sua boca como se lhe pedisse um beijo. Ele acariciou o meu queixo e disse olhando para os meus lábios entreabertos: — Você me ama de verdade? Mesmo me achando tão frio como um homem de pedra? Eu assenti
Eu nadei um pouco e voltei para dentro da casa, vestindo um roupão. Eu e Zilma paramos diante de Diana curiosas. — Temos uma visita para o almoço! — ela avisou. Eu assenti com a cabeça e falei impaciente, revirando os olhos: — Já estou sabendo! A pergunta é, quem é essa essa visita? É mulher por acaso? Por que o seu patrão parece ter imã por pessoas do sexo feminino. Diana pressionou as mãos antes de responder: — É uma prima do patrão. Eles têm a mesma idade, falam a mesma língua e estão no escritório dando altas risadas! Eu franzi a testa ao constatar que Diana estava enciumada. — Quando a dona Mariela está no Brasil, ele não dá atenção para ninguém! — ela disse aborrecida. Eu saí andando em direção ao escritório, ou biblioteca, para mim era a mesma coisa. Zilma e Diana ficaram me olhando sem acreditar. — Não vá, senhora! — Diana disse tensa. Eu não queria ouvir. O que essa Mariela poderia significar para o meu marido, depois de
Eu desci e desabafei com as criadas. Até Diana estava sentada na grande mesa de mármore. — Não pode deixar isso acontecer! Não pode deixar ele tirar o seu filho!— Diana disse indignada. Eu bebi um gole do meu chá e retruquei: — Não vou deixar, Diana! Mas vou não ficar aqui e esperar recuperar todos os meus bens. A casa da cidade já foi passada para o meu nome no ato do casamento. Quando o meu filho nascer, recupero a fazenda e já está de bom tamanho, minha mãe que se conforme! Vamos arregaçar as mangas e trabalhar, investir na plantação de soja, é o que sabemos fazer! Zilma deu o seu parecer: — Mas ele não vai querer comprar a sua colheita para te obrigar a voltar para casa! — Vou tentar uma cooperativa, Zilma. Para tudo dar-se um jeito! Diana se serviu de mais chá e disse meneando a cabeça: — Admiro a sua coragem, mas o patrão não é diplomático, ele vai arrancar o seu filho das suas mãos usando o seu poder aquisitivo. — Ninguém pode tirar o
Foi um alvoroço. Victor ficou desesperado. — Nora! Eu vou chamar a Diana! — Não! Diana não, Victor! Vamos para o hospital! Liga para o doutor Sérgio! Eu não sei como podia estar tão calma! Logo o meu quarto foi invadido por várias pessoas. Victor acordou a casa toda. Zilma apareceu com as malas do bebê que já estavam prontas. — Vem menina, vem! Vou te ajudar a descer porque o seu marido está igual uma barata tonta lá no jardim. Amélia também veio me amparar. Elas me levaram para o meu quarto e me vestiram com um vestido confortável. Eu usava só um roupão até então. Mary desceu as coisas do bebê junto com Zilma. Com todo esse movimento, faltava só uma pessoa, Mariela. Ela nos observava da sacada do seu quarto e tinha um olhar misterioso. Eu entrei no carro e Diana ficou falando repetidas vezes para eu ficar calma, que ia dar tudo certo. Quando cheguei no hospital, já éramos esperados. Uma equipe de médicos começou a faze
Victor começou a chegar mais animado em casa depois da chegada do seu filho. Realmente aquela casa estava mais alegre. Eu evitava descer as escadas nos primeiros dias pós-cirúrgico e Victor vinha sempre me ver logo que chegava. Zilma dormia com o Junior todas as noites e o trazia para amamentar sempre que precisava. Foi essa a minha rotina durante quase trinta dias. Depois eu fui descendo mais vezes nas refeições e foi ficando normal. Um pediatra acompanhava o meu filho regularmente. Eu não saía de casa há quase quatro meses. Victor estava trabalhando muito e passou a se fechar na biblioteca nos finais de semana. Mariela finalmente foi embora de casa. Alugou um apartamento e estava animada trabalhando com Victor e ao que tudo indica, Marcel estava flertando com ela. Ele veio fazer a sua mudança. Quando eu já estava me sentindo de volta ao mundo real, querendo chamego com o meu marido, percebi que ele andava muito ausente. F
Eu demorei para me acalmar. Eu tremia e chorava ao mesmo tempo. Zilma tirou Junior dos meus braços e o colocou no berço. Diana foi discutir com Clóvis. Ela estava descontrolada. — Você contou um segredo meu para ela! Você não tinha esse direito! Eu vou embora desta casa, Clovis! Eu vou sumir da sua vida para sempre! Victor nunca vai me perdoar! Ela saiu correndo e Clóvis se desesperou. Ele saiu atrás dela, mas chegando na sala, foi barrado por Amélia. Ele ficou olhando Diana subir as escadas correndo. O quarto dela ficava lá em cima. Amélia falava alterada: — Não pode ficar correndo atrás dela, Clóvis! Você já perdeu muito tempo da sua vida com ela! Acorda! Estamos bem, nós dois! Norma veio saber o que estava acontecendo e Clóvis explicou: — A patroa descobriu que Diana foi amante do pai do meu menino! Ela vai embora daqui! Norma, não deixe, por favor! Norma se aproximou incrédula. — Descobriu tudo! Como ela descobriu tudo, meu Deus!
Eu subi as escadas em passos indecisos. O coração apertado, o medo de descobrir algo que me magoasse, mas se o meu marido estava distante, eu não poderia continuar fingindo não perceber. Eu dei dois toques na porta e abri. Ele estava lá na varanda com o pescoço inclinado, na intenção de ver quem era. — Nora! É você?— ele tinha um sorriso inocente no rosto, que me desmontou. — Não acha que está distante demais?— eu disse me aproximando. — De quem? — De tudo! Do seu filho, de mim, da casa! Victor me olhava como se eu estivesse falando de algo que só existisse na minha cabeça. — Sinto falta de você! — eu disse chorosa. — Só está carente porque não podemos fazer amor!— ele disse, voltando-se para o notebook na mesa de centro. — Eu posso! Victor ergueu os olhos subitamente surpresos. — Pode? — Nosso filho já fez quatro nesses!— expliquei. Victor ficou confuso. Eu indaguei curiosa: — Quando Rafaella teve nenê, quanto tempo ficara
Eu voltei para o meu quarto e fiquei muito tempo amadurecendo a ideia de ir embora daquela casa. Eu me sentia derrotada. Eu pensava em tudo o que tive que enfrentar por amor ao meu marido, sem nunca poder conquistá-lo. No máximo, eu o tinha na cama, eu o seduzia mas nunca teria o seu amor. Eu estava mendigando o seu ódio, porque quando eu o xingava, ele me punia me dominando na cama, mas até quando eu iria suportar aquilo? O meu corpo carente não me ajudava a manter o meu orgulho de pé. Se Victor chegasse naquele instante e me tomasse nos braços, eu seria sua, do jeito que ele quisesse. Eu havia voltado ao meu corpo, eu me sentia mais sensual, mas ele não me via. O meu resguardo pós nascimento do Junior nos afastou. Eu usava uma camisola preta transparente e curta e o meu corpo queimava de desejo. Levantei algumas vezes na intenção de ir para o quarto de Victor, mas desisti da porta. Andei pelo quarto muitas vezes impaciente. Eu queria aquele homem, nem