- Estou deixando nossos pais preocupados. Alexia me liga frequentemente. Eu não quero mais isso.- Foi só uma crise de estresse. – Nossa mãe disse, se aproximando.- Imaginei que fosse. Por minha culpa! – Abaixei os olhos – Tenho acabado com o sossego de vocês. E só lhes trago preocupações. Um pedido de casamento num dia, um escândalo no outro... – sorri amargamente.- Esta vida que vivemos é estressante às vezes. – Satini respondeu, fazendo-me encará-la – Estamos do seu lado e sempre estaremos.- Obrigada, mãe. Mas por que você e papai não vão viajar? Precisam descansar um pouco.- Já pensei nisto. Esperaremos o julgamento e talvez façamos isto.- Não precisam estar aqui no julgamento. – Argumentei.- Jamais a deixaríamos sozinha neste momento, Aimê.- Mas eu sou forte.- Não duvido disto. Mas eu sou sua mãe. E nunca a abandonarei, assim como seu pai e suas irmãs. Mas depois deste julgamento tentarei convencer Estevan a tirarmos um tempo de férias, fora de Avalon.- Mas papai é o rei
- Catriel... É um ótimo artista. – Me limitei a falar.- Ótimo? Não, ele não é só ótimo – Pauline articulou – Ele é o melhor de todos. Só não põe seu nome como um dos pintores mais famosos da atualidade porque não quer.- Ele não ligou? – Meu pai quis saber.- Não. – Respondi sem olhá-los, fixando-me no prato à minha frente – E eu nem queria. – Menti.- Uma pena aquela obra de arte com seu rosto ter ficado na parede de um quarto de Hotel tão distante daqui. – Minha mãe lamentou – Se contratássemos um pintor profissional, duvido que faria melhor.- Parece que não retirarão a obra, segundo Samuel – meu pai comunicou – Pedirão autorização de Catriel e Aimê para deixarem a obra exposta. Creem que atrairá muito as pessoas a escolherem aquele quarto.- De um casal que não ficou junto mais de três dias? – Eu ri, com ironia – Aposto que vai dar azar para quem ficar lá.- Lamento profundamente ele não ter ligado. – Minha mãe disse.- Não era para ele ter ligado. Nós... Não temos mais nada um c
Ele olhou-me pelo retrovisor:- Mas, Alteza...- Agora! É uma ordem!Ele estreitou os olhos, mas não pensou duas vezes ao dar a volta, fazendo os carros da segurança seguirem reto, fazendo o retorno logo em seguida, em alta velocidade, preocupados com a mudança brusca de trajeto. Pegou o rádio do carro e comunicou:- Por ordem da princesa Aimê, estou indo em direção ao aeroporto de Alpemburg. – Anunciou – Alteza, poderia confirmar sua ordem, por favor?- Avisem ao meu pai que o rei Colton Levi Mallet morreu. E estou indo para País del Mar. – Avisei no rádio para os seguranças.- Desligue a comunicação, por favor. – Pedi, em tom de autoritário – Providencie um voo para País del Mar imediatamente, Odette.- Eu... Já fiz isto. – Ela confessou.- Já fez? – Arqueei a sobrancelha, espantada.- Por mais que eu saiba que isto está totalmente errado, já que todos a esperam no julgamento, sou sua amiga o suficiente para saber que voaria imediatamente para País del Mar para acalentar Catriel e a
Assim que pus meus pés na Capela, ofegante, sentindo as pernas trêmulas e a garganta em frangalhos um dos sapatos caiu da minha mão, fazendo um barulho no chão, chamando a atenção de todos, que viraram na nossa direção.Naquele momento, foi como se o corredor da capela me levasse diretamente a ele. E não existisse nada além de nós dois e a distância que nos separava. Deixei a outra mão descansar ao longo do corpo enquanto gotículas de suor se formaram na minha testa e outras escorriam pelas minhas costas. Uma camisa e uma calça de bom corte nunca pareceram tão desconfortáveis na minha vida.Os olhos de Catriel estavam avermelhados. E embora eu não conseguisse prestar atenção em nada mais além dele, era visível que não tinha muitas pessoas ali.Fiquei incerta sobre como agir naquele momento, já que todos esperavam alguma reação da minha parte. Conseguia sentir e ouvir as batidas do meu coração e temia que todos percebessem o quanto eu estava tensa.Meu príncipe levantou-se da cadeira a
Felizmente fomos salvas por duas cadeiras que foram trazidas especialmente para nós, colocadas ao lado dos príncipes. Estaria minha amiga fazendo parte oficialmente da família real Levi Mallet? Ou seria somente um momento delicado da rainha Nair, o qual ela não sabia ao certo o que estava fazendo?Olhei Odette e Lucca e continuei acreditando que eles eram perfeitos um para o outro, embora ela fosse mais madura e aparentasse mais idade e Lucca tivesse o semblante de um adolescente, mas o comportamento responsável, embora isso não tirasse seu ar divertido e alegre.Não tenho certeza de quanto tempo ficamos ali, olhando para o nada, esperando não sei o que...Só sei que em nenhum momento larguei a mão do príncipe herdeiro de País del Mar, querendo que ele encontrasse em mim tudo que precisasse para diminuir a sua dor.Alguns guardas entraram pela porta principal, fardados em traje que imaginei que fosse de gala, com as cores da bandeira de País del Mar em seus tecidos: azul claro prevale
Conforme o tempo foi passando, as pessoas presentes na cerimônia fúnebre do rei Colton foram despedir-se da rainha e dos príncipes. Dentre eles, claro, o duque e a duquesa Cappel.- Majestade, qualquer coisa que precisar, não hesite em nos procurar. – Mencionou o duque Giancarlo.A barba dele estava mais crescida, assim como os cabelos escuros, que chegavam quase na altura dos ombros. A duquesa Anna Julia, por sua vez, havia cortado um pouco dos cabelos, diminuindo o comprimento.- Obrigada, Giancarlo! – a rainha agradeceu.A duquesa beijou a bochecha da rainha, pegando sua mão entre as dela:- Que Deus conforte o coração de vocês, Majestade!Despediu-se também de Lucca e quando chegou em Catriel, encarou-me antes de dirigir-se a ele:- Se precisar de mim, “Alteza” – usou o Alteza de forma debochada – Estou à sua disposição. – A voz soou melindrosa.- Ele não precisará. – Garanti, de forma séria.O sorriso dela foi de sarcasmo, assim como o olhar, que me analisava de cima abaixo, cert
- Onde exatamente você deseja ir agora? – Catriel me olhou, enquanto caminhávamos sem pressa na estradinha acimentada, entrando no caminho arborizado, que diminuía a claridade do céu devido às copas das árvores.- Há alguma praia por aqui? Ou todo o mar no entorno da ilha é impróprio e perigoso?- Há uma pequena praia mais adiante. Mas embora tenha faixa de areia, é um pouco perigosa.- Eu só gostaria de olhar o mar... Sentada ao seu lado. Sei que está cansado... Mas acho que ainda temos tanto a dizer um ao outro.Catriel sorriu e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Começamos a mover as mãos unidas em demasia, observando-as enquanto ríamos.- Sabe que quando eu soube da notícia da morte do meu pai, achei que jamais voltaria a sorrir. Até que você apareceu na capela. E a primeira coisa que fez foi arrancar-me um sorriso.- Eu gosto do seu sorriso. – Confessei.- Acho que já me disse isto algumas vezes... Ou melhor, duas, para ser mais exato.- Lembra quantas vezes eu disse? – I
- Somos nós? – Perguntei, sentindo o coração acelerar de tanta emoção.- Sim. – Ele confirmou, aproximando-se, ficando atrás de mim, a mão encontrando a minha sobre a pintura.- É... Lindo!- Fiz antes de você partir de País del Mar.- E pretendia me mostrar um dia? – Virei o rosto na sua direção, com as mãos ainda na imagem.- Não tenho certeza. – Sorriu com os lábios fechados, sem mostrar os dentes.Catriel tinha vários sorrisos, mas tive dúvida se aquele não era o mais lindo que eu já havia recebido até então.- E se não tivéssemos ficado juntos? Se eu tivesse noivado com Lucca?- Eu avisei que você não ficaria com meu irmão. Lembro de ter lhe dito no Hotel em Avalon. Creio que não tenha acreditado em mim.- Certamente não. – Sorri.Catriel pegou-me no colo e levou-me para a cama, depositando-me cuidadosamente sobre ela. Quando percebi, estava sobre mim, abraçando-me com força, enquanto eu sentia o peso de todo seu corpo, querendo que ele nunca mais saísse dali.- Eu amo você, Aimê