Tive certeza de que aquilo que fizemos com as meninas não fez bem só a mim, mas também à Pauline. A mais velha chegou a dormir na minha cama enquanto a outra estava cansada de tanta bagunça. Pauline pegou uma delas no colo e eu a outra e as levamos para o quarto, onde dormiam juntas, já que a caçula tinha medo de dormir sozinha.Logo após deixá-las em suas respectivas camas fui para a cozinha e preparei um suco de maçã com casca para beber antes de dormir. Estava olhando a noite pela janela e pensando em Catriel, se ele naquele momento pensava em mim, da mesma forma como eu nele. Pus minha mão no vidro, fingindo tocar a lua tão clara e bonita, lembrando da forma como era esplendorosa se refletindo no mar, feito um espelho, em País del Mar.Ouvi uma leve batida na porta e Pauline entrou. A luz do meu quarto já estava fraca, proporcionando uma atmosfera tranquila e qu
Fui até ela e a abracei com força:- Precisa ter certeza do que sente e falar a Henry, Pauline.- Eu... Já tenho certeza! – Sussurrou no meu ouvido, deixando as lágrimas grossas e quentes escorrerem, pingando no meu ombro – E o fato de constatar isso me deixou completamente destruída. Porque... Ele é uma pessoa impossível de não amar.- Creio que você o ame, Pauline. Mas não mais como homem. O ama como pai das suas filhas, como amigo... Como o homem que tirou-a de Alpemburg, a fez esquecer seu ex e lhe deu alguns bons anos de alegria e felicidade.- Eu... Desejei outro homem, pela primeira vez. – Ela afastou-se de mim, completamente envergonhada.- Então... Realmente não o ama mais.- Tive certeza disto quando senti o sangue fervendo dentro de mim novamente, Aimê. E isso não acontecia há muito tempo. E... Eu deveria
Meu pai explicou que a partir daquele momento, Sasha seria o responsável pela nossa segurança durante o dia. E à noite, quando necessitasse, disporíamos de um dos guarda reais que já estava há tempos no castelo, sendo trocado de função, por também ser de confiança dele.Antes de deixar a sala, avisou-me:- A esperarei dentro de uma hora para partirmos.Respirei fundo, já que sabia muito bem para onde iríamos: o tão esperado dia da minha sentença.Pauline seguiu sentada, sem intenção de sair dali, observando Sasha disfarçadamente. Ele, por sua vez, estava de pé, com as mãos voltadas para frente, unidas uma à outra e o corpo completamente ereto.- E Donatello? – Perguntei-lhe.- Ele deve estar bem. – Deu de ombros.- Você é de Alpemburg ou da Dinamarca? – Me interessei.- Aimê! – Pauline disse em tom de crítica – Isso é pessoal. Sasha, não precisa responder!- Sou natural da Dinamarca, Alteza!- E por que veio dar aulas em Alpemburg?- Fiz a faculdade aqui.- Por qual motivo? Dinamarca
- A parte boa é que João Hadid integrará a Corte novamente.- Ou seja, o pai de Max estará presente no meu julgamento.- Uma boa notícia para nós.Mas não estava tudo bem... Parecia que quanto mais eu queria que aquele julgamento acontecesse, mais coisas davam errado para que não concluísse de vez aquela sentença.Minha vontade era de passar o dia no meu quarto... Talvez a semana inteira, até o dia do novo julgamento. No entanto tive que acompanhar minha família ao funeral do juiz Delacroix e enfrentar a imprensa, que mais uma vez se engalfinhava em frente ao castelo, a fim de saber qualquer notícia sobre meu julgamento.Sasha realmente era bom no que fazia. Parecendo saber que aquilo aconteceria, já estava nos esperando no carro em frente ao prédio público onde foi a despedida ao juiz. E chamou os guardas de motocicletas, que ficaram nas laterais, impedindo qualquer aproximação das pessoas.Meus pais sempre foram muito próximos da população em geral. No entanto depois do que houve co
- Espero que ele entenda, Cat. Mas confesso que será difícil.- Terei que esperar um tempo ainda para fazer isto. Dentro de dias serei coroado. E sabe o que isto significa, não é mesmo?- Cat? Você chegou a pensar que... Certamente não estarei aí... No dia da sua coroação?- Sim. E por este motivo não será feito nenhum tipo de comemoração, Aimê. - Não é justo com você.- Meu pai acaba de falecer. Minha mãe está hospitalizada. Minha noiva certamente cumprindo pena domiciliar. O que eu teria a comemorar?- O fato de ser o rei de um país tão maravilhosos... E com pessoas tão acolhedoras e afetuosas.Ouvi o suspiro dele:- Por que não me contou que pulou no mar para salvar uma garota que caiu do barco?- Eu... Não achei relevante. - Não achou relevante? Não se fala em outra coisa em País del Mar e você não achou relevante o fato de ter salvado uma pessoa?- Qualquer pessoa que soubesse nadar e tivesse visto ela cair faria o mesmo.- Não tão rápido quanto você... Não pensando no outro ma
O tempo parecia passar mais rápido quando eu estava em País del Mar. Mas em Alpemburg ele se arrastava depois que conheci um tal de Catriel Levi Mallet. A questão é que, justo naquela semana, parece que acelerou de tal forma a passar mais depressa do que em qualquer momento de minha vida.E então o dia do julgamento chegou. E enquanto eu estava no carro, me dirigindo para lá, não tocou o telefone dizendo que alguém morreu. Ou mesmo que o prédio pegou fogo. E quando desembarquei do carro, percebi que, independente do que acontecesse, eu teria minha sentença dentro de poucas horas.Creio que toda a imprensa de Alpemburg estivesse ali, atrás dos cordões de isolamento feitos pela guarda real e Polícia. Os flashes cegavam meus olhos e mesmo tentando ser rápida a subir as escadarias do prédio, amparada por meu pai e minha mãe, consegui ler algumas faixas e cartazes pedindo “Justiça” e “Prisão”.Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar a tal ponto que achei que pudesse ter uma crise de
- É a sua palavra contra a dele, Alteza – outro membro da Corte deixou claro – Então ouviremos as duas versões já que o pouco que temos é a filmagem breve e algumas fotos feitas pela câmera do próprio senhor Durand, onde fica muito claro que Vossa Alteza dirigia o carro no momento do acidente.- Ainda não acabei – Donatello deixou claro.- Não? – Não consegui conter meu tom de deboche, curiosa sobre qual seria a próxima mentira dele.- Não! – seguiu – Depois de ter sido arremessado pelo carro que a princesa dirigia, implorei por socorro – ele lacrimejou, parecendo lembrar da cena que sequer havia acontecido, tentando comover a todos os presentes – E tudo que ela fez foi fugir, me deixando ali, à beira da morte, que era como eu me sentia após o ocorrido.- Como consegue mentir desta forma, Donatello? – Minha voz soou fraca, de tão estupefata que eu estava.- Sabe que não é mentira, Alteza!- Por que só está nos contando isso agora, senhor Durand? Parece que ainda se emociona com o ocor
Meus pais já me esperavam quando deixei a cadeira na qual estava sentada. Me ampararam carinhosamente. Mas meus olhos procuravam por ele... E não o encontrava devido aos advogados próximos, todos falando ao mesmo tempo.- A fala do senhor Durand compromete e muito a princesa. – Um deles mencionou.- Mas ele está mentindo. – Afirmou minha mãe.- Como disseram, é a palavra dele contra a dela. – O outro advogado lembrou.- É possível passarmos de uma possível pena de reclusão em domicílio para algo mais drástico, doutor? – Perguntou meu pai.- Infelizmente sim, Majestade. Não esperávamos o depoimento de Donatello Durand, especialmente acusando a princesa desta forma.- Mas ainda temos a versão do meu filho – falou João Hadid – Max confirmará que tudo que o senhor Durand fala é mentira.- Como acha que a Corte reagirá, meu amigo? – meu pai perguntou diretamente a João.- Nas últimas reuniões havia ficado decidido que seria a prisão em domicílio, Majestade. Mas confesso que os membros esta