Assim que cheguei nos meus aposentos, completamente em choque com a atitude de Max, ouvi meu telefone tocando. Era meu pai:- Aimê, preciso que retorne imediatamente para Alpemburg. - O que houve, pai?- A denunciaram diretamente na Corte pelo atropelamento do sr. Durand e abriu-se um processo contra você. Precisamos trabalhar na sua defesa ou será presa. Já chamei os nossos advogados e contei o tempo que levará de País del Mar até Alpemburg. Preciso que esteja aqui em no máximo dez horas. - Mas... Preciso arrumar minhas coisas. E me despedir. É... Tarde da noite. - Eu não estaria ligando e exigindo seu retorno se não fosse extremamente necessário. Não estamos discutindo isso. Estou mandando, como seu pai e seu rei.- Estou indo... “Majestade”! – Encerrei a ligação.E pensar que há poucas horas atrás eu havia decidido que partiria porque a situação com Catriel estava insustentável. E agora que sabia que realmente precisava ir, por que meu coração doía tanto?Era minha casa, meu paí
- E... Quando não está fazendo chá?- Carrossel.- E quando não está no carrossel?- Play... – Mostrou o escorrega.- E... Se não estiver no play, no escorrega e nem no quarto.- Cat.- Cat? – Enruguei a testa.- Cat! – Sorriu, como se eu soubesse o que significava.- Quem é você?- Siena.Sim, óbvio! Claro que ela era a Siena e inclusive já tinha me dito antes. Eu amava crianças, principalmente porque uma delas me devolveu a vida: meu sobrinho, Arthur, filho de Alexia e Andy. Convivi muito com os filhos de Alexia e não sentia tanta saudade dela e do marido quanto deles.- Venha! – ela pegou minha mão, empolgada, me levando para uma escada estreita.Olhei para cima e percebi que a escada dava numa cama e para descer só através do escorrega em espiral.- Você dorme aí? – Questionei.- Sim. – Ela sorriu, confirmando.- Por que mesmo eu nunca tive um quarto assim? Vou perguntar para o meu pai quando chegar em casa.- Aonde você mora?- Alpemburg. E você?- No castelo! – Gargalhou.- Você
- Ela fala sim. – Olhei para a menina – Como eu saberia que o nome dela é Siena?Catriel riu e apontou para uma parede. Eu não havia percebido, mas o nome dela estava pintado, de várias formas diferentes, com cores vibrantes e flores. Ao lado, ela bebê, que reconheci pelos olhinhos puxados. E a mulher, com a barriga crescida, certamente sua mãe.Eu poderia dizer mil coisas, mas a arte na parede era tão incrível que fiquei sem palavras. Como queria poder tocar cada pincelada e um dia poder ter dele tudo que dava a qualquer outra pessoa, menos a mim.Quando me voltei novamente para eles, Siena já estava mais calma. O jeito que Catriel a olhava era simplesmente inexplicável. Havia todo o amor do mundo dentro daquela forma como ele contemplava a filha.A menina desceu do colo do pai e saiu. Juro que queria acompanhar para onde ela ia, mas meus olhos só conseguiam ficar estagnados naquele azul profundo que era a sua íris.Abri a boca para tentar me defender, incerta se valia a pena. Flagre
- Eu... Conheci Siena. – Falei, sem jeito – Mas juro que não fui me intrometer. Ela que me chamou.O rei Colton ficou um tempo me analisando antes de dizer:- Por favor, eu imploro, não fale a ninguém que viu a menina aqui.- Majestade... Ela... Foi sequestrada por vocês?Ele riu e balançou a cabeça, em negativa:- Jamais sequestraríamos uma criança, querida! Ela é minha neta.Respirei fundo e deixei o ar sair devagar pelas minhas narinas, enfim confirmando que Siena era filha de Catriel.- Não tenho nada a ver com a vida pessoal de vocês, Majestade. Não se preocupe. Siena é encantadora. E... Gostei muito de conversar com ela. – Arrisquei.- Conversar com ela? – ele ficou sério – Siena não fala.Engoli em seco e olhei em seus olhos:- Siena fala, Majestade.- Não, querida. Ela emite alguns sons. Mas talvez nunca mais volte a falar.- Então... Um dia ela falou com vocês?- Sim. Depois do trauma, parou de falar.- Que trauma?- Querida Aimê... É um assunto de família. Sinto muito...- A
Eu sorri sem jeito para o rei Colton:- Catriel me odeia.- Você é a única pessoa no mundo que pode mudar meu filho. E eu soube disto no momento em que os olhos dele fixaram-se nos seus, quando entrou naquela sala de jantar, há dias atrás.- Majestade, o carro está pronto e o avião espera pela princesa e sua assessora. – Disse um dos seguranças.- Precisamos partir. – Falei, pegando a mão de Odette. – Obrigada mais uma vez por tudo.Olhei para o topo da escadaria, sentindo um pingo de esperanças de que ele viesse se despedir. Mas eu não podia esperar de Catriel nada. Porque era exatamente aquilo que ele tinha a oferecer: nada.Enquanto o carro partia, não pude evitar de olhar para trás, vendo o castelo diminuir de tamanho conforme a distância aumentava. Por que meu peito doía tanto? Por que eu sentia meu coração dilacerado?Sim, eu havia gostado daquele país, mas não a ponto de sentir tanta tristeza por saber que nunca voltaria.Respirei fundo e voltei a cabeça para frente. Sentia mão
- Eu disse 10 horas para chegar. Levando em conta as 8 horas de viagem, lhe dei 2 de tempo extra. – Meu pai disse com a voz alterada. - Marquei com os advogados pela manhã. São quase 3 da tarde, Aimê!- Não foi culpa dela, Majestade! – Odette tentou defender-me.- Não foi culpa dela? – Estevan riu de forma irônica – Como se eu não soubesse que Aimê não sabe cumprir horários e compromissos.- Realmente... Me atrasei para despedir-me da família real. Já era tarde quando me ligou, pai.- E era um assunto de extrema urgência! A sua defesa, porra! – ele pôs as mãos na cabeça, aturdido.- Me desculpe. – Abaixei o rosto, envergonhada.- Por que não atendeu o telefone? Você passa 24 horas grudada naquela coisa.- Eu... Mal peguei o telefone em País del Mar. E nem me dei em conta que estava sem bateria quando parti. E... Pai, sequer retirei o celular da bolsa.- Mentira!- Verdade, Majestade – Odette interviu – Aimê usou o telefone algumas poucas vezes para tirar fotos e enviar ao senhor Duran
- Está tudo certo, Alteza! – Uma delas disse, não passando nenhuma credibilidade.- Por favor... Eu preciso da verdade! – Insisti.- O povo acha que não está preparada para ser rainha, Alteza! – a mais velha delas se arriscou – O que corre nas conversas é que vossa Alteza é imatura, egoísta e... Prefiro não mencionar o resto. E que fique claro que não é minha opinião.- E sobre o atropelamento?- Que atropelou o sr. Durand, tentou pôr a culpa no seu segurança e como não deu certo viajou para País del Mar, a fim de fugir da situação.- Querem minha condenação?- Quanto a isto, as opiniões estão divididas.Respirei fundo e sorri:- Obrigada. Era importante para mim saber a verdade.Bati as frutas e provei o suco, pondo uma pitada de açúcar. Servi vários copos e pus sobre a bancada gigantesca:- Quero que provem. Além de bom, ele induz o sono – ri – Não me dei em conta de que estão trabalhando e não podem dormir. Me desculpem.- Dá tempo de tirarmos uma soneca durante o intervalo, Alteza
- Depende o que é de fachada ou conveniência para você. Posso apostar que não pensamos a mesma coisa. Afinal, eu não engravidaria de um homem para fugir da minha responsabilidade com a coroa.- Tenho certeza que não. Só seria capaz de atropelar alguém e ir embora, deixando a vítima sangrando até a morte. Quem fez pior? Eu ou você?- Você, porque envolveu três pessoas: a si mesma, seu marido e uma criança inocente que estava no seu ventre. Sem contar Alexia. E consequentemente Andy.- Chega disto! – Satini gritou – Vocês não têm mais idade para brigar por lugares ou discutirem feito duas meninas mimadas. Estou farta! – jogou o guardanapo à mesa.- Não quero que case com o príncipe de País del Mar. – meu pai me olhou seriamente.- Já tomei minha decisão, pai.- Você mal conhece esta família.- Eu quero.- Você... Dormiu com ele? – Satini perguntou.- Não. – Respondi imediatamente.- Por que, porra? Preciso entender... – Estevan pediu.“Porque eu preciso ficar perto de Catriel, ou vou en