Falar com Alexia sempre me deixava mais tranquila. Eu nunca senti pena de mim mesma e não seria agora que o faria, por conta de algumas palavras de Pauline.No dia seguinte, fui à casa de Max, com Odette, que tentava me dissuadir de tentar recontratá-lo:- Não pode ir atrás dele novamente. Ele se demitiu mais uma vez.- Mas terá que me explicar o motivo.- Já sabe o motivo: ele a ama.- Quero Max como meu segurança, Odette. Não abro mão disto, entendeu? – A encarei.Ela assentiu, desistindo.Assim que apertei a campainha, foi ele mesmo que atendeu. Era difícil encontrá-lo daquele jeito: vestido de moletom com capuz e calça do mesmo tecido. Estava descalço e os cabelos despenteados. E por incrível que pareça, não conseguia ficar feio.- Alteza! – Curvou-se, de forma debochada.Empurrei a porta e entrei, sem ser convidada. Odette veio atrás de mim. Ele fechou a porta enquanto sentei-me o sofá, pedindo um copo de água à governanta.Max parou na minha frente, cruzando os braços:- Se veio
- Lembra quando eu lhe falei que Lucca estava beijando Carmela?- Sim – Odette respondeu – Mas isso não mais importa. Eu já sabia que falava a verdade, antes mesmo de Max dizer o que viu.- Acontece que o fato de Lucca ter beijado Carmela talvez não signifique nada, Odette.- Claro que significa, Aimê!- Eu beijei Max inúmeras vezes. E até pensei em perder a virgindade com ele. Mas nunca o amei.- Não importa se Lucca ama ou não Carmela. Ele a beijou.- E Lucca lhe prometeu algo?Ela riu de forma irônica, olhando para o nada:- Claro que não! E nem poderia. Lucca não pode cumprir promessas. Ele está comprometido com você, não é mesmo?Respirei fundo e fechei os olhos:- Eu acho que gosto de Catriel.Como não houve nenhuma resposta dela, abri os olhos e a encarei:- Ouviu o que eu disse?Ela começou a rir.- Odette, eu falei sério!Minha amiga seguiu rindo um tempo até conseguir se conter:- Eu não “acho” que você gosta de Catriel. Eu tenho absoluta certeza. Na verdade, creio que todo
- Será difícil escapar de uma condenação, por menor que seja. – Disse um dos advogados, seriamente.Continuei olhando para baixo, observando a mesa de vidro, como se fosse a coisa mais importante do mundo naquela reunião.- Iremos alegar a verdade! Que ela não teve intenção de feri-lo. – Estevan foi enfático.- Quando pôs a mão no volante, bêbada, havia o risco. – Disse o outro advogado.- De que lado você está, porra? – Satini perguntou, furiosa.- Do lado da princesa, Majestade – ele justificou-se rapidamente – Mas ainda assim, precisamos falar de forma sincera aqui.- E o fato do sr. Durand não a ter denunciado e se recusar a acusá-la, ajuda minha filha de alguma forma?- Sim, com certeza, Majestade. Mas ainda assim não a exime da culpa.- Se minha filha for condenada, ficarei em seu lugar. – Satini afirmou.Levantei os olhos e a encarei:- Não, não ficará! Eu assumirei a condenação e cumprirei a pena, independente de qual seja. Quero me livrar de uma vez desta porra.- E a coroaç
- Mas seu pai é o rei. Ele pode sim convencer alguém a lhe dar o nome.- Meu pai é Estevan D’Auvergne Bretonne, Donatello. Ele jamais faria isso. Está tentando me proteger de todas as formas do que está acontecendo, mas porque é meu pai. Enquanto rei ele não se aproveitaria do título que carrega.- Por isso ele é um dos melhores reis da história de Alpemburg: ético, responsável e consciente. Mas você não tem curiosidade em saber?- Eu... Mais ou menos já sei. – Confessei, fazendo careta.- Quer que eu escreva algo sobre isto?- Isto o quê?- Você não ter sido culpada de fato pelo que aconteceu.- Mas eu fui culpada, Donatello.- Estava bêbada. Não sabia o que estava fazendo.- Mas fui culpada duplamente, pois bebi e depois o atropelei. Tentei me eximir da culpa inúmeras vezes, confesso, mas não adianta. Eu sou culpada. E quanto mais rápido pagar por isso, melhor será.- Sabe que o povo de Alpemburg está um pouco revoltado com tudo isso, não é mesmo?- Sim. E por isso mesmo quero que s
- Não fique tão decepcionada! Certamente Lucca ligará também. - Ouvi a risada irônica do outro lado da linha.- O que você quer?- Eu... Fiquei sabendo o que houve. Sinto muito.- Fala de que? Do fato de eu ser julgada pela sua denúncia?- Eu não a denunciei, Aimê. - Fique feliz, Alteza! Serei julgada e condenada. E finalmente estarei livre da culpa que carrego. E então você poderá deitar sua cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, já que estarei presa. - Não-fui-eu! – Reafirmou, pausadamente.- Catriel, não há como negar! A duquesa me disse que você só sossegaria quando me visse pagando pelo que fiz. - Isso foi antes...- Antes do que?- De conhecê-la pessoalmente.- O que mudou? Eu atropelei Donatello da mesma forma, Catriel. Por que me odeia tanto?- Quem dera pudesse odiá-la como tanto diz, Aimê! Não foi suficiente eu dizer que você fez o tempo passar devagar o suficiente para sentir cada segundo da sua presença?- Eu acabei de levar uma pedrada na cabeça, por sua causa.
Cheguei a estremecer ao pensar em como seria beijar Catriel. Tantas vezes me vi fixa em seus lábios e até mesmo os abri para recebê-los, sendo rejeitada. O que aquele homem havia feito para que eu ficasse tão enlouquecida por ele? Havia explicação para os sentimentos que envolviam paixão ou mesmo amor? Deveria ter, já que talvez eu estivesse apaixonada por alguém que nunca moveu um dedo sequer para me fazer algo de bom.Quando foi exatamente que Catriel tomou conta do meu coração? Foi quando vi seu bumbum perfeito no pátio da mansão dos Cappel? Ou teria sido quando meus olhos cruzaram com os dele naquela sala de jantar do castelo de País del Mar e senti como se fossem dois icebergs de tão gélidos e hostis? Ou quem sabe quando ele me deixou fazer o percurso sozinha até o castelo enquanto ia montado em sua égua, me ignorando por completo e não sendo nenhum pouco gentil?Eu não sabia quando... Mas tinha certeza do momento que me dei em conta de que não havia mais volta para o que sentia
Não sei se o príncipe herdeiro de País del Mar chegou a ouvir quando falei seu nome, mas o olhar dele imediatamente cruzou com o meu. E senti como se tivesse engolido uma bola de fogo, passando pela garganta e percorrendo o trajeto até cair no estômago, me destruindo completamente e fazendo minhas pernas amolecerem e a mente perder-se naquele azul profundo que eram suas íris.Os Levi Mallet não vieram até nós e nem nós fomos até eles. Mas sem que eu entendesse como, nos encontramos no meio do saguão de entrada do Hotel, como se cada família tivesse dado exatamente os mesmos passos para se aproximarem.- Meu Deus! Parece que não a vejo faz anos... Tamanha saudade que senti da sua vivacidade, Aimê! – A rainha Nair abriu os braços e a abracei carinhosamente.- Querida e doce Aimê! É um prazer revê-la. – O rei Colton puxou-me para um abraço, contrariando todos os protocolos.Meu coração parecia sair pela boca de tão forte que batia. E eu ia indo de forma automática cumprimentando um a um,
- Alteza! – olhou para Lucca – Um prazer conhecê-lo pessoalmente. Diferente da princesa de Alpemburg, o senhor não tem uma rede social muito ativa, o que torna quase impossível de segui-lo. Mas sempre ouvi falar muito bem de seu país, assim como do governo dos Levi Mallet.- Grato! – Lucca foi breve.- A família Levi Mallet e sua equipe ficarão no quarto andar.- Pois eu já gostaria de ver meus aposentos. – Lucca foi enfático, olhando para a família, percebendo que havia sobrado, assim como eu.- Todos podem me acompanhar, por favor! – O concierge disse de forma gentil.- Nos vemos no jantar? – Lucca me olhou.- Certamente, Alteza! – Pisquei.Enquanto todos acompanhavam o concierge, peguei a mão de Odette rapidamente, sussurrando em seu ouvido:- Diga a Lucca que pode conhecer seu quarto. – Provoquei.- Ele que vá conhecer o quarto da Carmela. – Ela deu de ombros, “mal agradada”.- Quanto tempo passou desde que não nos vemos? – Ouvi a voz atrás de mim e deparei-me com Samuel Beaumont.