- Está tudo certo, Alteza! – Uma delas disse, não passando nenhuma credibilidade.- Por favor... Eu preciso da verdade! – Insisti.- O povo acha que não está preparada para ser rainha, Alteza! – a mais velha delas se arriscou – O que corre nas conversas é que vossa Alteza é imatura, egoísta e... Prefiro não mencionar o resto. E que fique claro que não é minha opinião.- E sobre o atropelamento?- Que atropelou o sr. Durand, tentou pôr a culpa no seu segurança e como não deu certo viajou para País del Mar, a fim de fugir da situação.- Querem minha condenação?- Quanto a isto, as opiniões estão divididas.Respirei fundo e sorri:- Obrigada. Era importante para mim saber a verdade.Bati as frutas e provei o suco, pondo uma pitada de açúcar. Servi vários copos e pus sobre a bancada gigantesca:- Quero que provem. Além de bom, ele induz o sono – ri – Não me dei em conta de que estão trabalhando e não podem dormir. Me desculpem.- Dá tempo de tirarmos uma soneca durante o intervalo, Alteza
- Depende o que é de fachada ou conveniência para você. Posso apostar que não pensamos a mesma coisa. Afinal, eu não engravidaria de um homem para fugir da minha responsabilidade com a coroa.- Tenho certeza que não. Só seria capaz de atropelar alguém e ir embora, deixando a vítima sangrando até a morte. Quem fez pior? Eu ou você?- Você, porque envolveu três pessoas: a si mesma, seu marido e uma criança inocente que estava no seu ventre. Sem contar Alexia. E consequentemente Andy.- Chega disto! – Satini gritou – Vocês não têm mais idade para brigar por lugares ou discutirem feito duas meninas mimadas. Estou farta! – jogou o guardanapo à mesa.- Não quero que case com o príncipe de País del Mar. – meu pai me olhou seriamente.- Já tomei minha decisão, pai.- Você mal conhece esta família.- Eu quero.- Você... Dormiu com ele? – Satini perguntou.- Não. – Respondi imediatamente.- Por que, porra? Preciso entender... – Estevan pediu.“Porque eu preciso ficar perto de Catriel, ou vou en
Falar com Alexia sempre me deixava mais tranquila. Eu nunca senti pena de mim mesma e não seria agora que o faria, por conta de algumas palavras de Pauline.No dia seguinte, fui à casa de Max, com Odette, que tentava me dissuadir de tentar recontratá-lo:- Não pode ir atrás dele novamente. Ele se demitiu mais uma vez.- Mas terá que me explicar o motivo.- Já sabe o motivo: ele a ama.- Quero Max como meu segurança, Odette. Não abro mão disto, entendeu? – A encarei.Ela assentiu, desistindo.Assim que apertei a campainha, foi ele mesmo que atendeu. Era difícil encontrá-lo daquele jeito: vestido de moletom com capuz e calça do mesmo tecido. Estava descalço e os cabelos despenteados. E por incrível que pareça, não conseguia ficar feio.- Alteza! – Curvou-se, de forma debochada.Empurrei a porta e entrei, sem ser convidada. Odette veio atrás de mim. Ele fechou a porta enquanto sentei-me o sofá, pedindo um copo de água à governanta.Max parou na minha frente, cruzando os braços:- Se veio
- Lembra quando eu lhe falei que Lucca estava beijando Carmela?- Sim – Odette respondeu – Mas isso não mais importa. Eu já sabia que falava a verdade, antes mesmo de Max dizer o que viu.- Acontece que o fato de Lucca ter beijado Carmela talvez não signifique nada, Odette.- Claro que significa, Aimê!- Eu beijei Max inúmeras vezes. E até pensei em perder a virgindade com ele. Mas nunca o amei.- Não importa se Lucca ama ou não Carmela. Ele a beijou.- E Lucca lhe prometeu algo?Ela riu de forma irônica, olhando para o nada:- Claro que não! E nem poderia. Lucca não pode cumprir promessas. Ele está comprometido com você, não é mesmo?Respirei fundo e fechei os olhos:- Eu acho que gosto de Catriel.Como não houve nenhuma resposta dela, abri os olhos e a encarei:- Ouviu o que eu disse?Ela começou a rir.- Odette, eu falei sério!Minha amiga seguiu rindo um tempo até conseguir se conter:- Eu não “acho” que você gosta de Catriel. Eu tenho absoluta certeza. Na verdade, creio que todo
- Será difícil escapar de uma condenação, por menor que seja. – Disse um dos advogados, seriamente.Continuei olhando para baixo, observando a mesa de vidro, como se fosse a coisa mais importante do mundo naquela reunião.- Iremos alegar a verdade! Que ela não teve intenção de feri-lo. – Estevan foi enfático.- Quando pôs a mão no volante, bêbada, havia o risco. – Disse o outro advogado.- De que lado você está, porra? – Satini perguntou, furiosa.- Do lado da princesa, Majestade – ele justificou-se rapidamente – Mas ainda assim, precisamos falar de forma sincera aqui.- E o fato do sr. Durand não a ter denunciado e se recusar a acusá-la, ajuda minha filha de alguma forma?- Sim, com certeza, Majestade. Mas ainda assim não a exime da culpa.- Se minha filha for condenada, ficarei em seu lugar. – Satini afirmou.Levantei os olhos e a encarei:- Não, não ficará! Eu assumirei a condenação e cumprirei a pena, independente de qual seja. Quero me livrar de uma vez desta porra.- E a coroaç
- Mas seu pai é o rei. Ele pode sim convencer alguém a lhe dar o nome.- Meu pai é Estevan D’Auvergne Bretonne, Donatello. Ele jamais faria isso. Está tentando me proteger de todas as formas do que está acontecendo, mas porque é meu pai. Enquanto rei ele não se aproveitaria do título que carrega.- Por isso ele é um dos melhores reis da história de Alpemburg: ético, responsável e consciente. Mas você não tem curiosidade em saber?- Eu... Mais ou menos já sei. – Confessei, fazendo careta.- Quer que eu escreva algo sobre isto?- Isto o quê?- Você não ter sido culpada de fato pelo que aconteceu.- Mas eu fui culpada, Donatello.- Estava bêbada. Não sabia o que estava fazendo.- Mas fui culpada duplamente, pois bebi e depois o atropelei. Tentei me eximir da culpa inúmeras vezes, confesso, mas não adianta. Eu sou culpada. E quanto mais rápido pagar por isso, melhor será.- Sabe que o povo de Alpemburg está um pouco revoltado com tudo isso, não é mesmo?- Sim. E por isso mesmo quero que s
- Não fique tão decepcionada! Certamente Lucca ligará também. - Ouvi a risada irônica do outro lado da linha.- O que você quer?- Eu... Fiquei sabendo o que houve. Sinto muito.- Fala de que? Do fato de eu ser julgada pela sua denúncia?- Eu não a denunciei, Aimê. - Fique feliz, Alteza! Serei julgada e condenada. E finalmente estarei livre da culpa que carrego. E então você poderá deitar sua cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, já que estarei presa. - Não-fui-eu! – Reafirmou, pausadamente.- Catriel, não há como negar! A duquesa me disse que você só sossegaria quando me visse pagando pelo que fiz. - Isso foi antes...- Antes do que?- De conhecê-la pessoalmente.- O que mudou? Eu atropelei Donatello da mesma forma, Catriel. Por que me odeia tanto?- Quem dera pudesse odiá-la como tanto diz, Aimê! Não foi suficiente eu dizer que você fez o tempo passar devagar o suficiente para sentir cada segundo da sua presença?- Eu acabei de levar uma pedrada na cabeça, por sua causa.
Cheguei a estremecer ao pensar em como seria beijar Catriel. Tantas vezes me vi fixa em seus lábios e até mesmo os abri para recebê-los, sendo rejeitada. O que aquele homem havia feito para que eu ficasse tão enlouquecida por ele? Havia explicação para os sentimentos que envolviam paixão ou mesmo amor? Deveria ter, já que talvez eu estivesse apaixonada por alguém que nunca moveu um dedo sequer para me fazer algo de bom.Quando foi exatamente que Catriel tomou conta do meu coração? Foi quando vi seu bumbum perfeito no pátio da mansão dos Cappel? Ou teria sido quando meus olhos cruzaram com os dele naquela sala de jantar do castelo de País del Mar e senti como se fossem dois icebergs de tão gélidos e hostis? Ou quem sabe quando ele me deixou fazer o percurso sozinha até o castelo enquanto ia montado em sua égua, me ignorando por completo e não sendo nenhum pouco gentil?Eu não sabia quando... Mas tinha certeza do momento que me dei em conta de que não havia mais volta para o que sentia