- Fico lisonjeado com o convite, Alteza. – Donatello disse de forma sincera.Sorri e revelei:- Pode começar então a partir de agora, trabalhando de dentro do seu quarto de hospital.- Já? – ele sorriu, parecendo empolgado.- Quero que anuncie, em primeira mão, que além de ser meu novo contratado, o que levará o povo a acreditar que “o comprei”...- E que certamente tirará parte de minha credibilidade enquanto profissional justo por isso... – Ele completou, rindo.- Enfim, não podemos fazer tudo que os outros querem ou esperam de nós, não é mesmo? Ainda assim, desejo que revele ao povo de Alpemburg que farei, junto de meus pais, uma visita a País del Mar a fim de tratar de negócios.- País del Mar? – Ele surpreendeu-se.- Sim, País del Mar – confirmei – Fomos convidados pela rainha, Nair Levi Mallet. Será minha primeira viagem de negócios. – Gabei-me, incerta.- E quando será a viagem, Alteza?- Dentro de uma semana. Além de meus pais, minha assessora pessoal e meu segurança me acompa
O jantar naquela noite foi servido antes do horário habitual, algumas horas antes de embarcarmos para País del Mar. Estávamos sentados à mesa quando meu pai falou:- Não quero que leve este encontro como um possível casamento arranjado, Aimê.Olhei para o garfo, pensativa, antes de responder:- Não me importo se for.- Porra, você é a única pessoa que conheço que parece fazer questão de casar com alguém por conveniência. – Minha mãe falou em tom de crítica, largando o garfo e me encarando.- Na conversa que tivemos aquela manhã achei que não se importasse se eu me casasse com um dos príncipes. – Lembrei.- E eu achei que fosse uma brincadeira da sua parte. Mas às vezes você fala de forma tão séria que fico na dúvida.- Sei que não preciso casar com um dos herdeiros de País del Mar. Mas caso vocês tivessem feito isto em forma de negócios com os Levi Mallet, eu não me importaria. Sempre ficou claro para mim que devido ao meu nome e futuro, deveria casar com alguém à altura.- Alguém à a
Faziam uns bons anos que eu não ouvia o meu antigo apelido de “monstrinha”. E aquilo aqueceu meu coração, trazendo lembranças de nossa família toda unida, com minhas irmãs morando no castelo e meu querido avô, que também era um ótimo conselheiro e amigo. Infelizmente ele havia partido junto de Alexia e Andrew. A ligação que Sean e Ale tinham era inexplicável. Ele era o mecânico dela e havia se dedicado por anos a criar um carro especialmente para sua pilota favorita.Das boas lembranças que eu tinha, a melhor delas era eu e minhas irmãs pulando na cama antes de dormir, enquanto falávamos sobre os garotos que elas gostavam. Alexia foi apaixonada por Andrew desde sempre. Já Pauline... Bem, hoje eu achava que ela havia casado com Henry e engravidado dele somente para fugir do trono e jogar a coroa na cabeça de outra pessoa.Alexia sempre foi gentil e amorosa. Pauline sempre foi legal comigo, mas a vida toda se pôs em primeiro lugar. Eu não a julgava pela forma como agia ou pensava. Mas q
Ele riu:- O castelo de País del Mar fica em uma ilha. Para acessá-lo é pelo ar ou mar.- Nossa, que magnífico! – Empolguei-me.- O helicóptero está do outro lado – ele ofereceu-me o braço, que aceitei, enganchando o meu sem pestanejar – Podemos ir caminhando, se não se importa. Sua assessora e o segurança podem embarcar na limusine, que o motorista os levará até o barco que os espera no cais. De lá serão levados para o castelo.- Sem problemas. – Respondi, já me virando para iniciar o trajeto.- Não! – ouvi a voz de Max e parei, olhando para trás – Acompanharei sua Alteza no mesmo transporte que ela usar.Encarei Max, que seguia sisudo. Seria uma cena de ciúme?- Não? – Lucca olhou para Max e depois para mim – Ele... Disse “não” para uma ordem de sua Alteza?- Sua Alteza não me deu uma ordem, ela somente concordou com a sua, o que é bem diferente. Sei muito bem meu papel e preparei-me anos para exercê-lo da melhor forma possível, ou seja, a princesa não ficará sozinha sendo transport
Pousamos no heliponto próximo do castelo e um automóvel nos esperava. Max sentou-se ao lado do motorista e fiquei com Odette e Lucca no banco de trás. Eu queria dizer mil coisas, mas a paisagem era magnífica demais para conseguir manifestar-me oralmente.Olhava para tudo como se fosse uma criança vendo um doce pela primeira vez.A estrada era exatamente do tamanho do carro e em alguns minutos estávamos em frente à entrada do castelo, com sua enorme porta de vidro, num estilo moderno contrastando com o antigo da construção. Na verdade, mais parecia uma construção vintage do que antiga. Ou o prédio todo estava com excelentes manutenções.- Meus pais a recepcionarão com um pequeno jantar, Aimê – Lucca chamou meu nome sem receio, já retirando o Alteza e transformando nossa conversa em algo menos formal, o que gostei.- Estou... Ansiosa... – Olhei para o alto, sentindo o coração acelerado pelo tamanho daquele lugar.Assim que entramos pela porta principal, subindo alguns lances de escadas,
Carmela abriu a porta e me deparei com o quarto grande e ao mesmo tempo aconchegante. O teto era arredondado, certamente fazendo parte de uma das torres. Haviam enormes janelas em vidros quadriculados, que ocupavam quase todas as paredes. Na parte superior de cada uma delas vitrais em tons rosa com gravuras em formatos geométricos, algumas parecendo flores. A pintura era branca, puxado a um tom mais gelo, fosco. Tinha um lustre retrô pendendo do teto, quase sobre a cama. Esta, por sua vez, tinha um bom tamanho, um pouco menor que a do meu quarto em Alpemburg. A cabeceira era alta e estofada em branco com detalhes dourados, sendo coberta na parte de cima por um metal ouro envelhecido. Ao fundo da cama ficava uma das janelas e as outras duas na lateral direita. Tinha duas mesas de cabeceira com abajures minimalistas. Um grande recamier rosa estofado ficava aos pés da cama, que estava com lençóis e travesseiros com fronhas brancas e uma colcha em tom rosa envelhecido, combinando com a de
Estreitei os olhos e o rei começou a chamar-lhe a atenção. Sinceramente, não entendi a forma rude com a qual o homem me tratava, mas respondi de forma dócil: — Água, por favor, Alteza! — Temos espumantes de qualidade também. — Seguiu afrontoso. — Catriel! — A rainha chamou-lhe a atenção. — Prefiro não, Alteza! Não quero correr o risco de beber o juízo e sair por aí nua, mostrando meu bumbum ao mundo inteiro! — Devolvi a gentileza. — Oh, não! Você viu o bumbum dele? — A rainha lamentou, rindo divertidamente. Olhei na direção dele, sorrindo debochadamente, sem confirmar. Catriel não riu. Foi até o homem que preparava as bebidas e trouxe-me o copo de água antes que o serviçal o fizesse. Quando fui pegar da mão dele, nossos dedos se encontraram e senti sua pele gélida, talvez mais cortante que seu belo par de olhos azuis. — Obrigada, Alteza! — agradeci. Ele não disse nada. Seguiu com o olhar fixo no meu, sem sequer mostrar os dentes, com o semblante fechado. — Pode me chamar de
— Catriel, o que está acontecendo com você, porra? — Lucca levantou, vindo na minha direção.Estiquei meu braço, não deixando Lucca se aproximar:— Não se preocupe, Lucca... Não vou chorar por conta das “mal agradadices” de seu irmão. Não sou uma pobre princesa indefesa, caso pense isto de mim. Já passei por muita coisa na vida e superei. Não será um príncipe recalcado como você. — Apontei o dedo indicador na direção de Catriel. — Que me diminuirá enquanto mulher. Tenho total consciência que não lhe fiz nada. Só se sonhou comigo e lá, na sua imaginação com a minha pessoa, causei algum desconforto à vossa Alteza.— Odeio pessoas que bebem a consciência, causando o mal a terceiras, que não tem culpa alguma. — Catriel foi um pouco mais claro.— Eu não preciso e não irei discutir minha vida pessoal com você. Não lhe devo satisfações.— Mas espero que tenha dado ao homem que atropelou.Arqueei a sobrancelha, completamente atônita:— Não é da sua conta.— Aqui as leis são severas com relaçã