Ele riu:- O castelo de País del Mar fica em uma ilha. Para acessá-lo é pelo ar ou mar.- Nossa, que magnífico! – Empolguei-me.- O helicóptero está do outro lado – ele ofereceu-me o braço, que aceitei, enganchando o meu sem pestanejar – Podemos ir caminhando, se não se importa. Sua assessora e o segurança podem embarcar na limusine, que o motorista os levará até o barco que os espera no cais. De lá serão levados para o castelo.- Sem problemas. – Respondi, já me virando para iniciar o trajeto.- Não! – ouvi a voz de Max e parei, olhando para trás – Acompanharei sua Alteza no mesmo transporte que ela usar.Encarei Max, que seguia sisudo. Seria uma cena de ciúme?- Não? – Lucca olhou para Max e depois para mim – Ele... Disse “não” para uma ordem de sua Alteza?- Sua Alteza não me deu uma ordem, ela somente concordou com a sua, o que é bem diferente. Sei muito bem meu papel e preparei-me anos para exercê-lo da melhor forma possível, ou seja, a princesa não ficará sozinha sendo transport
Pousamos no heliponto próximo do castelo e um automóvel nos esperava. Max sentou-se ao lado do motorista e fiquei com Odette e Lucca no banco de trás. Eu queria dizer mil coisas, mas a paisagem era magnífica demais para conseguir manifestar-me oralmente.Olhava para tudo como se fosse uma criança vendo um doce pela primeira vez.A estrada era exatamente do tamanho do carro e em alguns minutos estávamos em frente à entrada do castelo, com sua enorme porta de vidro, num estilo moderno contrastando com o antigo da construção. Na verdade, mais parecia uma construção vintage do que antiga. Ou o prédio todo estava com excelentes manutenções.- Meus pais a recepcionarão com um pequeno jantar, Aimê – Lucca chamou meu nome sem receio, já retirando o Alteza e transformando nossa conversa em algo menos formal, o que gostei.- Estou... Ansiosa... – Olhei para o alto, sentindo o coração acelerado pelo tamanho daquele lugar.Assim que entramos pela porta principal, subindo alguns lances de escadas,
Carmela abriu a porta e me deparei com o quarto grande e ao mesmo tempo aconchegante. O teto era arredondado, certamente fazendo parte de uma das torres. Haviam enormes janelas em vidros quadriculados, que ocupavam quase todas as paredes. Na parte superior de cada uma delas vitrais em tons rosa com gravuras em formatos geométricos, algumas parecendo flores. A pintura era branca, puxado a um tom mais gelo, fosco. Tinha um lustre retrô pendendo do teto, quase sobre a cama. Esta, por sua vez, tinha um bom tamanho, um pouco menor que a do meu quarto em Alpemburg. A cabeceira era alta e estofada em branco com detalhes dourados, sendo coberta na parte de cima por um metal ouro envelhecido. Ao fundo da cama ficava uma das janelas e as outras duas na lateral direita. Tinha duas mesas de cabeceira com abajures minimalistas. Um grande recamier rosa estofado ficava aos pés da cama, que estava com lençóis e travesseiros com fronhas brancas e uma colcha em tom rosa envelhecido, combinando com a de
Estreitei os olhos e o rei começou a chamar-lhe a atenção. Sinceramente, não entendi a forma rude com a qual o homem me tratava, mas respondi de forma dócil: — Água, por favor, Alteza! — Temos espumantes de qualidade também. — Seguiu afrontoso. — Catriel! — A rainha chamou-lhe a atenção. — Prefiro não, Alteza! Não quero correr o risco de beber o juízo e sair por aí nua, mostrando meu bumbum ao mundo inteiro! — Devolvi a gentileza. — Oh, não! Você viu o bumbum dele? — A rainha lamentou, rindo divertidamente. Olhei na direção dele, sorrindo debochadamente, sem confirmar. Catriel não riu. Foi até o homem que preparava as bebidas e trouxe-me o copo de água antes que o serviçal o fizesse. Quando fui pegar da mão dele, nossos dedos se encontraram e senti sua pele gélida, talvez mais cortante que seu belo par de olhos azuis. — Obrigada, Alteza! — agradeci. Ele não disse nada. Seguiu com o olhar fixo no meu, sem sequer mostrar os dentes, com o semblante fechado. — Pode me chamar de
— Catriel, o que está acontecendo com você, porra? — Lucca levantou, vindo na minha direção.Estiquei meu braço, não deixando Lucca se aproximar:— Não se preocupe, Lucca... Não vou chorar por conta das “mal agradadices” de seu irmão. Não sou uma pobre princesa indefesa, caso pense isto de mim. Já passei por muita coisa na vida e superei. Não será um príncipe recalcado como você. — Apontei o dedo indicador na direção de Catriel. — Que me diminuirá enquanto mulher. Tenho total consciência que não lhe fiz nada. Só se sonhou comigo e lá, na sua imaginação com a minha pessoa, causei algum desconforto à vossa Alteza.— Odeio pessoas que bebem a consciência, causando o mal a terceiras, que não tem culpa alguma. — Catriel foi um pouco mais claro.— Eu não preciso e não irei discutir minha vida pessoal com você. Não lhe devo satisfações.— Mas espero que tenha dado ao homem que atropelou.Arqueei a sobrancelha, completamente atônita:— Não é da sua conta.— Aqui as leis são severas com relaçã
Lucca ficou em silêncio e seguimos um tempo sem dizer nada, pelo caminho suntuoso, cercado de árvores esplendorosas e altas, cheias de folhas, que balançavam com o vento fresco vindo do mar.— Se eu dissesse que nunca havia bebido antes, acreditaria em mim? — perguntei, apertando levemente o braço dele, apreensiva.— Sim, acreditaria. Porque sei que a imprensa só mostra o que vê e o que quer que suponhamos que aconteceu.— Você... Leu o que escreveram sobre mim?— Sim.— E pelo visto seu irmão... E certamente seus pais.— Sim — confirmou de novo de forma monossílaba.— Sabe aquele momento que você planeja uma coisa e dá tudo errado? Então... Foi o que aconteceu naquela noite. O paparazzi não era para estar ali. Para começar eu nem deveria ter bebido e sequer sabia que os espumantes estariam ali.— E seu segurança? Qual a relação de vocês?— Amigos.— Mas... Não cheguei a ver imagens, mas a notícia que se espalhou, de forma sensacionalista, era de que tinham um caso.— Um caso? — Eu ri
— E este? — perguntei, tentando tocá-lo, ao passo que o animal foi para trás, arredio.— Esta... — ele me corrigiu.— Olá, “Otária” — brinquei, admirando a égua. — Ela é... Linda.— Bem, meu irmão ficaria um pouco ofendido se ouvisse você chamando a égua dele de Otária. — Lucca foi irônico.Afastei-me imediatamente do animal, receosa:— Pensando melhor, nem é tão bonita! — Dei de ombros.A égua passou a relinchar e Lucca foi até ela, alisando-a até que se acalmasse.— Está tudo bem, Tempestade.— Tempestade?— Sim, esta é nossa bela Tempestade.— Nem parecido com Otária... — Arqueei a sobrancelha, analisando o animal perfeito.Sabe aquele sonho do príncipe chegando num cavalo branco? Então...— Por que o seu cavalo não é branco? — perguntei para Lucca.— Porque... Ele é marrom? — A resposta dele veio junto com uma quase pergunta.— Cavalos brancos são mais bonitos.— Discordo. Prefiro os marrons.— Quando você aparecer em Alpemburg para me salvar, por favor, use Tempestade e não Otári
— Max? — vociferei. — O que está fazendo aqui?— Você... Nos seguiu? — Lucca enrugou a testa, perplexo.— Alteza, prezo pela sua segurança. Jamais a deixaria sair sozinha com o príncipe desconhecido.— Ele... Não é desconhecido — argumentei.— O conhecemos há menos de 24 horas — lembrou.— Ele é um príncipe. Vem de uma família real, pública... Jamais me faria algum mal — aleguei.— Poderia matá-la e jogar o corpo no mar, Alteza. Jamais a encontraríamos. E sequer saberíamos a quem culpar.— Há câmeras pelos mais variados lugares aqui, Max. — Lucca alterou a voz. — Tenta me acusar do que, exatamente?— Não estou acusando, Alteza. Mas o rei de Alpemburg me pediu que fizesse bem meu papel de garantir a segurança de sua filha. E assim o farei. Já tiraram minha arma. E sinceramente não fiquei satisfeito com esta decisão que tomaram. Seguirei a princesa, por onde for, quer queiram, quer não.Dei passos largos, me afastando de Lucca e passando por Max, furiosa. Assim que saí do estábulo, fui