— Max? — vociferei. — O que está fazendo aqui?— Você... Nos seguiu? — Lucca enrugou a testa, perplexo.— Alteza, prezo pela sua segurança. Jamais a deixaria sair sozinha com o príncipe desconhecido.— Ele... Não é desconhecido — argumentei.— O conhecemos há menos de 24 horas — lembrou.— Ele é um príncipe. Vem de uma família real, pública... Jamais me faria algum mal — aleguei.— Poderia matá-la e jogar o corpo no mar, Alteza. Jamais a encontraríamos. E sequer saberíamos a quem culpar.— Há câmeras pelos mais variados lugares aqui, Max. — Lucca alterou a voz. — Tenta me acusar do que, exatamente?— Não estou acusando, Alteza. Mas o rei de Alpemburg me pediu que fizesse bem meu papel de garantir a segurança de sua filha. E assim o farei. Já tiraram minha arma. E sinceramente não fiquei satisfeito com esta decisão que tomaram. Seguirei a princesa, por onde for, quer queiram, quer não.Dei passos largos, me afastando de Lucca e passando por Max, furiosa. Assim que saí do estábulo, fui
Virei-me para Max e lamentei, suspirando:— Ele é gay!— Sim, é — confirmou.— Já tinha se flagrado disto desde que o viu? Claro... — Lembrei dele ter convidado Max para irem ver a segurança do castelo e ri, balançando a cabeça. — Acho que ele está a fim de você, Max!— Não achei que ele fosse... Mas agora, vendo o olho maquiado... E lembrando da situação dele correndo nu, acusado de ter um caso com a duquesa...— Exato! Tudo planejado para tirar o foco de sua sexualidade e não desconfiarem de nada. Melhor fingir que come todas as mulheres do que assumir o que ele realmente é. Deve ser difícil para um príncipe assumir que é gay. Detesto admitir, mas tenho pena de Catriel. E o entendo.— A parte boa é que ele disse que não tem câmeras no quarto andar... — Max puxou-me pelo braço, agarrando-me enquanto abria a porta e me botava para dentro do quarto.Eu ainda estava abraçada a ele quando acendi a luz e deparei-me com Odette dormindo na minha cama, usando um bonito vestido vermelho e ain
Olhei para Catriel todo sujo de tinta e dei um passo para trás, tocando na tela, que tremulou e caiu sobre a segunda, que tentei segurar, derrubando três delas no chão.Mordi o lábio, nervosamente, olhando na direção dele:— Me desculpe!Ele chegou perto do estrago que fiz e percebi que o suco que eu trazia na mão também havia caído, sobre o trabalho dele.— Eu sinto muito, Alteza! — Abaixei-me e tentei juntar, mas ele impediu-me, pondo o pé sobre a tela e oferecendo-me a mão para que eu pudesse levantar.Aceitei a mão dele, levantando sem ver que a ponta do robe de seda estava sob o pé de Catriel.Agora eu estava somente de camisola rendada, curta e transparente, com o robe no chão e as mãos completamente sujas com a tinta que tinha também nas dele.Observei meus dedos enquanto ele esfregava as mãos, misturando as cores, sem mostrar os dentes ou olhar na minha cara.— Eu... Estava sem sono e fui fazer um suco... Então...— Não foi avisado que não deveria vir para esta ala?— Na verda
Claro que Catriel iria confirmar que tinha um affair, caso ou qualquer outra coisa com a duquesa, afinal ele era gay e não tinha coragem de assumir. Então fazia de tudo para provar sua masculinidade. Aquilo era bem típico de homens covardes, que não tinham coragem de sair do armário e mostrarem ao mundo quem realmente eram. O príncipe tinha medo dos julgamentos, afinal, era uma pessoa pública. Eu ainda não conhecia praticamente nada dos Levi Mallet, mas não imaginava o rei Colton ou a rainha Nair sendo contra a opção sexual do filho mais velho. Mas eu poderia estar enganada.Catriel era muito talentoso nas suas pinturas. Aquilo era fato e não poderia ser contestado. Será que em País del Mar a população sabia que o príncipe herdeiro era um pintor promissor? Se as obras pintadas que estavam em evidência nas paredes do corredor eram dele, aquele homem era um futuro pintor famoso, podendo desbancar grandes nomes da idade média e moderna.Assim que saí do toalete, enrolada na toalha, vi Od
Odette e eu estávamos indo em direção ao carro para acompanharmos o príncipe mais novo quando encontrei Max, no primeiro andar.— Onde estão indo? — perguntou.— Odette e eu iremos ver Lucca treinar.— Com o cavalo?— Sim, com o cavalo Otário. — Não pude deixar de rir.— Nos acompanhará, senhor segurança? — Odette perguntou-lhe de forma irônica. — Na verdade, não. O chefe da guarda nacional me convidou para conhecer o arsenal de País de Mar. É impossível recusar.Suspirei:— Você e sua tara por armas.— É inevitável, Alteza! — Ele sorriu. — E grande parte por culpa sua.— Minha culpa?— Quem praticamente me obrigou a fazer um curso para ser segurança particular da futura rainha?Sorri:— Pelo menos o fiz descobrir um hobby.Max tocou meu rosto carinhosamente:— Cuide-se. Confio em você.— Não deveria — provoquei.Max arqueou a sobrancelha e seus lábios se abriram, intencionando falar algo que não disse.— Aimê, vamos, por favor! Iremos nos atrasar. Não esqueça que não estamos em Alpe
Droga! Eu não queria ter dito aquilo, mas o fiz. Às vezes eu não sabia medir as palavras, assim como ela. Mas éramos amigas e eu sentia que Odette não se abria comigo. Mas aquilo também não importava. Era um direito dela dizer-me ou não sobre seus sentimentos. E eu a magoei. E a última coisa que queria era magoar minha melhor amiga.— Odette, espere! — gritei, andando atrás dela.Percebendo que Odette foi andando mais rápido e apressei o passo. Quando comecei a me aproximar, ela correu. Fiz o mesmo, corri atrás dela.Lucca, parecendo perceber que algo não estava bem entre nós duas, veio na nossa direção, ainda cavalgando. Mas estava rápido demais. Odette assustou-se e acabou caindo.Nós dois a alcançamos ao mesmo tempo. Lucca já havia desmontado e pulou a cerca com facilidade. Abaixei-me, preocupada, vendo o semblante de dor de minha amiga:— Odette, o que você está sentindo?— Está doendo muito o meu pé — ela admitiu.Fui ajudá-la a levantar, mas ela não conseguiu. Lucca retirou o sa
— No seu cavalo? — Fiquei incerta.— Na minha égua — corrigiu, me oferecendo a mão.Olhei o animal e toquei-lhe atrás de onde estava a cela, sentindo o pelo macio.— O que acha, Tempestade? Sobrecarregarei você? — Toquei-lhe o pescoço.— Ela não fala!— Mas é um ser vivo.— Um animal.— Ainda assim... Seríamos duas pessoas em cima dela.— Ela poderia levar uma carruagem se estivéssemos nos tempos antigos.— Mas não estamos. São tempos modernos.— A força dos animais não mudou.— O que acha, Tempestade? — insisti.— Ela não fala, porra! Ou sobe ou faz o trajeto a pé.Olhei para frente e vi o caminho de ladrilhos perfeitos, que praticamente não tinha fim. Talvez eu não aguentasse e morresse antes de chegar no castelo, de insolação ou mesmo desidratação.— Já que insiste, eu vou com você.— Eu não estou insistindo.— Claro que está! — contestei, pegando a mão dele que já nem estava mais estendida para mim.A questão é que ficamos com as mãos juntas, mas eu não fazia a mínima ideia do que
Catriel desceu e me pegou pela cintura, retirando-me da cela. Depois montou e me olhou, com um meio sorriso sarcástico:— Gosto de mulheres e o fato de eu não ter dado em cima de Vossa Alteza não significa que eu seja gay.— Mas... Não é por isso.— Por que então?Como dizer que eu era uma idiota e falava demais? E que talvez tivesse tirado conclusões precipitadas? Ou não?!Começou a trotar com o cavalo, me deixando no meio do caminho.— Ei... Onde você vai? — perguntei.— Procurar meu príncipe encantado, Alteza!Dizendo isso ele saiu a galope, me deixando ali, completamente sozinha. Sentei-me no banco que havia próximo e olhei para o mar. Por que aquele homem me deixava sempre sem palavras? Nunca fazia o que se esperava dele. Não gostava de mim e eu sequer sabia o motivo.Catriel me maltratava, esta era a verdade. E por que eu ainda tentava mudar aquilo e provar-lhe que eu poderia ser uma boa pessoa ou mesmo estar à altura dele?Fiquei ali uns dez minutos, tentando pensar em qualquer