Odette e eu estávamos indo em direção ao carro para acompanharmos o príncipe mais novo quando encontrei Max, no primeiro andar.— Onde estão indo? — perguntou.— Odette e eu iremos ver Lucca treinar.— Com o cavalo?— Sim, com o cavalo Otário. — Não pude deixar de rir.— Nos acompanhará, senhor segurança? — Odette perguntou-lhe de forma irônica. — Na verdade, não. O chefe da guarda nacional me convidou para conhecer o arsenal de País de Mar. É impossível recusar.Suspirei:— Você e sua tara por armas.— É inevitável, Alteza! — Ele sorriu. — E grande parte por culpa sua.— Minha culpa?— Quem praticamente me obrigou a fazer um curso para ser segurança particular da futura rainha?Sorri:— Pelo menos o fiz descobrir um hobby.Max tocou meu rosto carinhosamente:— Cuide-se. Confio em você.— Não deveria — provoquei.Max arqueou a sobrancelha e seus lábios se abriram, intencionando falar algo que não disse.— Aimê, vamos, por favor! Iremos nos atrasar. Não esqueça que não estamos em Alpe
Droga! Eu não queria ter dito aquilo, mas o fiz. Às vezes eu não sabia medir as palavras, assim como ela. Mas éramos amigas e eu sentia que Odette não se abria comigo. Mas aquilo também não importava. Era um direito dela dizer-me ou não sobre seus sentimentos. E eu a magoei. E a última coisa que queria era magoar minha melhor amiga.— Odette, espere! — gritei, andando atrás dela.Percebendo que Odette foi andando mais rápido e apressei o passo. Quando comecei a me aproximar, ela correu. Fiz o mesmo, corri atrás dela.Lucca, parecendo perceber que algo não estava bem entre nós duas, veio na nossa direção, ainda cavalgando. Mas estava rápido demais. Odette assustou-se e acabou caindo.Nós dois a alcançamos ao mesmo tempo. Lucca já havia desmontado e pulou a cerca com facilidade. Abaixei-me, preocupada, vendo o semblante de dor de minha amiga:— Odette, o que você está sentindo?— Está doendo muito o meu pé — ela admitiu.Fui ajudá-la a levantar, mas ela não conseguiu. Lucca retirou o sa
— No seu cavalo? — Fiquei incerta.— Na minha égua — corrigiu, me oferecendo a mão.Olhei o animal e toquei-lhe atrás de onde estava a cela, sentindo o pelo macio.— O que acha, Tempestade? Sobrecarregarei você? — Toquei-lhe o pescoço.— Ela não fala!— Mas é um ser vivo.— Um animal.— Ainda assim... Seríamos duas pessoas em cima dela.— Ela poderia levar uma carruagem se estivéssemos nos tempos antigos.— Mas não estamos. São tempos modernos.— A força dos animais não mudou.— O que acha, Tempestade? — insisti.— Ela não fala, porra! Ou sobe ou faz o trajeto a pé.Olhei para frente e vi o caminho de ladrilhos perfeitos, que praticamente não tinha fim. Talvez eu não aguentasse e morresse antes de chegar no castelo, de insolação ou mesmo desidratação.— Já que insiste, eu vou com você.— Eu não estou insistindo.— Claro que está! — contestei, pegando a mão dele que já nem estava mais estendida para mim.A questão é que ficamos com as mãos juntas, mas eu não fazia a mínima ideia do que
Catriel desceu e me pegou pela cintura, retirando-me da cela. Depois montou e me olhou, com um meio sorriso sarcástico:— Gosto de mulheres e o fato de eu não ter dado em cima de Vossa Alteza não significa que eu seja gay.— Mas... Não é por isso.— Por que então?Como dizer que eu era uma idiota e falava demais? E que talvez tivesse tirado conclusões precipitadas? Ou não?!Começou a trotar com o cavalo, me deixando no meio do caminho.— Ei... Onde você vai? — perguntei.— Procurar meu príncipe encantado, Alteza!Dizendo isso ele saiu a galope, me deixando ali, completamente sozinha. Sentei-me no banco que havia próximo e olhei para o mar. Por que aquele homem me deixava sempre sem palavras? Nunca fazia o que se esperava dele. Não gostava de mim e eu sequer sabia o motivo.Catriel me maltratava, esta era a verdade. E por que eu ainda tentava mudar aquilo e provar-lhe que eu poderia ser uma boa pessoa ou mesmo estar à altura dele?Fiquei ali uns dez minutos, tentando pensar em qualquer
Notei a falta de Catriel à mesa no desjejum na manhã seguinte. Tentando não parecer interessada em saber onde o príncipe herdeiro se encontrava, arrisquei:— Irá montar hoje, Lucca?— Sim. Treino diariamente pela manhã.— Será que... Catriel se importaria se eu montasse Tempestade?— Há vários outros cavalos, querida. Pode pedir que escolham um cavalo mais manso que Tempestade para ela? — A rainha olhou para Lucca.— Mas Tempestade é mansa — retruquei.— Tempestade não é muito mansa! — Lucca riu.— Se acha que Catriel se importaria, tudo bem, Majestade. Posso usar outro cavalo.— Por favor, Aimê, não me chame de Majestade. Eu ficaria muito feliz se me chamasse por meu nome, assim como tomei a liberdade de chamá-la pelo seu.— Prometo que... Tentarei. — Sorri.— Mandarei comprar um cavalo para você, Aimê — disse o rei.— Para mim? — Espantei-me com a atitude dele.— Sempre que voltar a País del Mar, saberá que terá um animal só para você montar.— Fico lisonjeada, Majestade. — Abaixei
— Desculpar-se? — Riu, de forma irônica. — Depois de ter revelado algo que escondi a vida inteira do mundo, até mesmo das pessoas que estão diariamente dentro do castelo, você simplesmente acha que desculpas resolverão a tolice que fez?Eu queria falar qualquer coisa, especialmente defender-me. Mas só me ative a cicatriz que ele tinha na parte esquerda do peito e nas marcas de arranhões pelo corpo. Não, não havia sido um gato... E sim uma “gata”, certamente de unhas compridas e vermelhas, enormes.— Só mostrei ao meu amigo porque achei bonito seu trabalho...— O que fez depois que atropelou o homem? Pediu desculpas? — Me encarou.— Sim. — Enruguei a testa, confusa.— E acha que isso resolveu? Ah, não, certamente não. Por isso o promoveu a seu assessor de imprensa.— Como sabe? — falei, entredentes.— Da mesma forma que descobriu que pinto, “Alteza”... Investigando sua vida alheia. Aliás, você mostra tudo ao seu povo, menos as coisas ruins que faz, como atropelar pessoas e depois compr
- Pai?- Olá, querida! - O que o rei Colton queria? Por qual motivo ligou para você?- Achei que estava me ligando para perguntar como está sua irmã e seus sobrinhos.- Ah, sim... Como está minha irmã e meus sobrinhos? – Certamente não consegui transparecer preocupação real com Pauline.- Já estamos em casa. E sua mãe me disse que ligou e você só falou das belezas de País del Mar e sequer perguntou sobre Pauline.- O que o rei queria?Pauline estava longe demais da minha mente naquele momento. E eu estava tão ansiosa que não conseguiria fingir que estava curiosa por saber sobre ela. Minha irmã estava viva e isso que importava. Talvez se eu chegasse a conclusão de que ela havia mudado e descoberto que a saúde era uma dádiva e que atentar contra si própria era a pior coisa que uma pessoa poderia fazer, um dia mudasse de opinião.Ouvi o suspiro de meu pai do outro lado da linha:- Me pergunto por que você só consegue olhar para si mesma!- Alexia olhava para todos, menos para si mesma.
Ouvi a risada dele do outro lado da linha antes de se despedir.Ok, eu tinha carta branca para decidir sobre a proposta que talvez o rei me faria de casar com um de seus filhos, ou melhor, Lucca Levi Mallet.Cheguei na sala de reuniões do castelo exatamente no horário combinado, junto de minha assessora, Odette. O rei, por sua vez, também tinha um assessor junto dele, que me apresentou como Richard.O homem era de meia idade e interessante. Ele e o rei Colton pareciam se dar bem, mas não melhores amigos, como Aimê e eu.Fui servida de chá de hibisco com cravo. Enquanto os filhos do rei não chegavam, nós dois tratávamos de assuntos banais e sem importância.Catriel e Lucca Levi Mallet chegaram talvez uns dois a três minutos atrasados, já recebendo uma crítica pesada do rei por deixarem a princesa esperando por eles.Lucca me cumprimentou, mesmo já tendo nos visto no desjejum. Catriel, por sua vez, sequer olhou nos meus olhos.Depois de falarmos sobre o que nossos países importavam e ex