O clima gelado era cada vez mais notável. O velho ônibus bufava uma fumaça acinzentada muito densa e, com certeza, qualquer um que viesse atrás não poderia enxergar um palmo à frente do para-brisa. A vegetação era muito diferente de onde os dois estavam saindo. O que antes era verde-vivo, agora beirava o preto e branco da neve e das folhas murchas. Um sol fraco beijava as copas das árvores que pareciam não se incomodar e só faziam acumular mais neve.
Heitor e sua mãe vinham de um país vizinho, um país mais verde e mais quente. Mais aconchegante, talvez. Chamava-se: Brigada e em nada se parecia com o lugar que atravessavam agora. Por mais que fossem vizinhos, os dois países eram totalmente diferentes. Heitor notou que, enquanto saíam de Brigada, a vegetação tornara-se escassa e que o clima desértico perdeu espaço mais à frente para, por mais confuso que pareça, um clima de gélido, coberto por neve e de ar anuviado.
Fazia duas horas que tinham atravessado a fronteira para São Havier e Heitor já não podia sentir suas mãos, que congelavam mesmo mantendo-as nos bolsos do sobretudo preto que sua mãe o emprestara. Uma pequena boina cobria seu cabelo engomado e uma fumaça de vapor pairava sobre seus olhos sempre que respirava, encontrando-se com a janela embaçada do ônibus. Ao seu lado, sua mãe: Antonella cochilava completamente despreocupada, enquanto sua cabeça chacoalhava de acordo com o ônibus. A mulher era morena de olhos azuis-vivos e, ao acordar, esbanjou um sorriso gentil que ofuscou seu cachecol preto e sua boina de tricolina bege-acinzentado.
— Acordado, querido? — Antonella olhou para os lados, tentando entender onde estavam e voltou-se para o menino — Estamos quase em Romana, melhor ir preparando as malas.
As duas malas gigantescas estavam aos pés dos dois, ambas abertas pois, conforme o clima esfriava, os dois puxavam para si novas peças de roupas.
— Ficaremos muito tempo aqui? — Heitor perguntou enquanto tentava fechar a sua mala estufada.
— Vamos morar aqui, querido. — A mulher deu mais um sorriso e seus olhos quase se fecharam. Logo o ônibus começou a desacelerar.
“Podem desembarcar por aqui e por favor deixem os passes comigo!” Gritava o motorista enquanto se virava de seu assento para recolher os passes das pessoas que desembarcavam ao seu lado.
O frio parecia duas vezes pior do lado de fora do ônibus e a brisa gélida parecia travar as pernas de Heitor, que agora atravessava a rua para pegar uma carruagem com sua mãe enquanto carregava com dificuldade sua gigantesca bagagem.
— Vamos, querido! Está muito frio aqui fora... — Antonella dizia, ajudando Heitor a carregar a mala para dentro da carruagem.
O cocheiro não deu um pio o caminho inteiro. Pelo contrário, ignorou qualquer tentativa de diálogo que a mulher tentara e ao fim só fez estender a mão para pegar o dinheiro.
— Aqui estamos. Lar doce lar! — Eles olhavam para a casinha verde-escuro do outro lado da rua enquanto a carruagem sumia ao fim da estrada de paralelepípedos. A porta surgia ao fim de cinco pequenos degraus e ao lado da porta uma janelinha branca dava um ar comportado à faixada.
Por dentro não era nada extravagante. As paredes tinham uma cor verde também, porém mais claras e o teto branco não parecia combinar com nada mais da casa.
Heitor subiu as escadas para o segundo andar, onde ficava seu quarto, e colocou a mala em cima da cama. Pôs-se a frente da pequena janela arredondada e congelou alguns minutinhos, apreciando a vista branca dos telhados cobertos de neve que se misturavam com o céu nublado.
O clima nada se parecia com seu país natal, mas não deixava de ser agradável. O branco para todos os lados lhe dava um ar sereno que Brigada nunca tivera.
“É, São Havier parece uma boa escolha para recomeçar” Pensou o garoto segundos antes de se virar para a porta onde sua mãe estava parada, apreciando-o.
— Que está pensando, Heitor? — A mulher apoiara a cabeça no batente da porta e cruzara os braços devido ao frio.
— Nada, mãe — O garoto colocava a boina em cima da cômoda, ao lado da janela redonda, e tombava os suspensórios para fora dos ombros. — Só... não via problema algum com Brigada.
O garoto agora sentara na cama de colcha verde, como todo o resto da casa, e sua mãe sentou-se ao seu lado.
— Estava cada vez mais difícil viver lá, querido. Já providenciei tudo aqui. — A mulher se levantou e seus olhos azuis brilharam por um momento. — Agora durma, amanhã é dia seis, ou seja: vamos cedo à padaria. O serviço não pode parar.
E com um sorriso jovial Antonella deixou o quarto de Heitor, que deitou olhando para o teto com uma miríade de pensamentos ricocheteando em sua cabeça; a respeito de sua nova vida em São Havier.
O céu de fevereiro parecia mais branco no dia seguinte. A janela redonda do quarto de Heitor estava coberta de neve. Pelo visto a nevasca aumentara durante a noite e o frio de agora parecia queimar a pele do garoto, que acordara com um susto.
“Heitor! Heitor, querido. Desça aqui!”. A voz de Antonella se espalhou pelo quarto e momentos depois, com ruídos de passos sobre o chão de madeira forrado em carpete, a mulher entrou no quarto de Heitor, que mais parecia um zumbi.
— Ainda deitado?! Vamos, temos visita! — A mulher saiu pelo corredor, deixando a porta do quarto bater.
O menino não teve muita escolha, levantou-se e prendeu novamente os suspensórios sobre os ombros. Pegou sua boina bege e rumou para o corredor, mas parou sob o batente da porta, voltou os olhares para a janela redonda e preferiu pegar um casaco de lã preta que ganhara de natal no ano passado e apoiou um cachecol sobre o ombro; para usá-lo quando fosse para a padaria com a sua mãe.
Caminhou sobre o chão velho que rangia com mais vontade hoje do que ontem. Uma brisa serpenteou a nuca de Heitor que não pôde esconder o calafrio e ao descer a escada no fim do corredor — que dava à sala-cozinha — conseguiu ver uma senhora de óculos, magricela e muito nariguda; de cabelos loiros tão desbotados que lhe delatavam a idade. Um sobretudo amarelo horrível e uma pinta um pouco acima de sua clavícula dava o toque final à convidada.
— Aí está ele! — Entusiasmou-se a senhora, vindo em sua direção e apertando-lhe as bochechas com força desmedida. — Que rapazinho bonito!
— Heitor, querido. Esta é dona Valentina, a mulher de quem comprei a padaria e o imóvel. — Antonella apoiava-se no balcão da cozinha e mantinha um sorriso fraco que contrastava com o olhar penetrante, quase dissimulado.
— Sempre disse. Ah! Sempre mesmo... veja! Os olhos de Erick, não? — O dedão magro e pontudo de Valentina cutucava agora o queixo do garoto, para que levantasse-o. — Não puxou os olhos tão cobiçados da mãe. Certo? — Completou virando-se para Antonella e tombando um pouco a cabeça, para que pudesse olhá-la sobre os óculos marrons.
— Puxou a paciência. — Antonella mordeu os lábios, parecia desconfortável com a inconveniência da velha. — Dona Valentina lhe trouxe alguns doces, querido.
A mãe olhou para a mesa onde os doces descansavam e voltou-se para a xícara de café que estava sobre o balcão. Bebericou e insistiu com um: “Vá em frente”.
Heitor fixou os olhos nos doces e, quando Valentina deu um passo ao lado, o menino decolou em direção à mesa. Antonella observava calmamente o menino se satisfazer enquanto tomava mais um trago do café. Valentina também ficou imóvel, com um sorriso dentuço acentuando mais ainda seu batom vermelho, quase rosa.
Não demorou muito e a velha voltou seu olhar para mãe de Heitor, para perguntar se estavam gostando de São Havier.
— Chegamos ontem à tarde, não tivemos tempo de... sabe. Perambular por aí. — Antonella deu mais um gole do seu café, que expunha mais fumaça que o normal; devido ao frio absurdo.
— Claro, não recomendo que “perambulem” — A mulher fez as aspas com os dedos secos erguidos e um risinho irônico no rosto. — ...neste tempo. Não se preocupem, até as férias de verão o verde de Romana se fará presente!
A velha voltou a olhar para Heitor que, de boca cheia, notou-a.
— Muito obrigado, a senhora é formidável! — Algumas gomas saltaram de sua boca que parecia querer explodir.
— Oh! Que venham os dias em que mais cavalheiros, assim como você, surjam!
— Heitor, ponha o cachecol, nós temos que ir para a padaria, preciso de sua ajuda com algo. — Antonella mantinha os lábios rígidos, os olhos fixados na velha.
— Eu... bem, já vou indo. Espero que gostem da experiência aqui. Heitor, continue este cavalheirinho. — E, passando as mãos nos cabelos engomados do garoto, a velha se foi.
— Ela é muito legal, não?! — Mesmo com as bochechas esticadas era possível ver seu enorme sorriso.
— Hum... Vamos.
O clima pairava assustadoramente frio, mas o que mais espantava era o fato dos cidadãos parecerem indiferentes à densa nevasca que atordoava as calçadas e ruas. Heitor, mais de uma vez, sentiu o pé afundar uns quinze centímetros na neve e seus pés já doíam de frio quando finalmente chegaram a faixada da humilde padaria. A mulher atravessou a rua, dando algumas escorregadas no gelo e finalmente chegou a porta de vidro com uma plaquinha do lado de dentro escrita: “Fechado”.
Sacudiu a pequena bolsa de couro até encontrar as chaves e finalmente abriu a porta, ouvindo um chacoalhar de pingentes. Lá dentro havia um clima confortável. O ar tão quente que aqueciam os pulmões e aliviavam a quase hipotermia que o corpo de Heitor parecia querer ter.
— Os fornos. — Apontou Antonella, retirando seu sobretudo preto e sua boina bege-acinzentado e colocando-as em cima do balcão. Deu alguns passos em direção à vitrine e virou a placa para: “Aberto”.
— A senhora veio aqui mais cedo? — Questionou o menino ao observar que o calor no interior do estabelecimento se dava pelo forno a lenha acesso em brasas rasas.
— Pedi para um velho amigo adiantar as coisas.
A padaria era humilde, a faixada feita em vidro para que pudessem expor os belos pães que Antonella não tardou em assar. Duas fileiras cheias de pães e bolos se estendiam até o balcão onde ficava o caixa. Atrás do balcão havia uma porta marrom que levava ao estoque, uma sala escura que ficava aos fundos. Nada além de prateleiras. Uma outra porta estreita mais ao fundo levava à cozinha, também estreita e revestida de cerâmica azul-claro. Dois fornos se estendiam por uma das paredes, mas somente um estava funcionando.
O garoto esperou Antonella retirar a primeira fornada do dia para levar como encomenda para uma casinha que ficava duas quadras à frente. Uma velhinha muito gentil o atendeu, chamava-se Janeth Joel e não parou de falar um único momento. Coisas do tipo:
“Você tem a idade da minha neta, tem mesmo. Veja aqui uma foto, linda não é? Angelina, o nome dela. Um docinho!”
Quando e menino finalmente conseguiu sair havia mais duas entregas para serem feitas; a primeira um pouco mais longe. Próximo a um parque, um rapaz magricela atendera. Agradeceu e não falou muito mais. A última entrega não foi muito bem uma entrega. Heitor caminhava quando encontrou uma menininha muito pequena, ruivinha e de sardas que partiam do queixo à testa, cobrindo-a feito um morango. Esta disse que estava mesmo indo buscar a encomenda.
O garoto logo voltou para a padaria, apreciando cada centímetro da bela paisagem. As lojas eram todas diferentes. Na mesma esquina Heitor notou uma livraria, um boteco e uma floricultura com faixadas verde, azul e rosa.
O dia clareou, mais frio que o dia anterior e Heitor mal conseguiu abrir os olhos devido à luz do dia que escorregava dentre a janela redonda e pousava sobre suas pálpebras. Coçou o cabelo perfeitamente alinhado que, mesmo depois do sono, acordara com o topete completamente submisso. Ergueu o tronco e notou algumas vozes vindas do andar de baixo onde, provavelmente, Antonella conversava com alguma visita. Meio sem jeito pela sonolência vestiu sua jaqueta de couro-brigiano e sua boina inseparável e partiu degraus abaixo, rumo à cozinha. As vozes foram subitamente ofuscadas pelos ruídos dos degraus e madeira velha, mas logo voltaram à tona quando o garoto surgiu do corredor. — Querido, você tem uma visita. — Antonella, que agora cortava algumas cebolas sobre o balcão, fez um aceno com a cabeça para que Heitor olhasse à volta. — Dona Valentina! — Disse o menino — A senhora está magnífica! E não pude deixar de notar as belas lantejoulas em seu cabe
Os dois outros dias passaram como um sopro forte, Heitor começara a acostumar-se com o frio e, como se o clima tentasse pregar-lhe uma peça, o sol nasceu maior e mais quente que nunca. Ao debruçar-se para ficar sentado em sua cama Heitor notou que o gelo acumulado do lado de fora da janela redonda agora derretia. Um sorriso quase involuntário imprimiu-se em seus lábios. Não precisaria mais andar embrulhado em camadas de panos como fizera desde que chegara.Levantou-se e rumou para a cômoda ao lado da janela, pegou sua velha boina e pôs-se à frente do espelho na porta do guarda roupa.“Não” — Pensou o menino passando as mãos pelos grossos fios de seu cabelo escuro. — “Desculpe, velha amiga.”Posou-a de volta acima da cômoda e vestiu sua velha jaqueta de couro preta. Seguiu, então, para o corredor e desceu os degraus que rangiam como se senti
— Sim? — Disse o garoto, num espanto.— Você vai responder ou só sabe sair por aí quebrando vidraças?Heitor apertou as mãos, era um absurdo o professor falar com ele daquela maneira, sem nunca tê-lo visto antes.— Qual a pergunta?O professor mordeu os lábios, mas pareceu respirar fundo e acalmar-se antes de prosseguir:— Qual o país que tem a maior fronteira com São Havier?— Brigada. — Heitor respondeu voltando os olhares para a garota, que em momento algum tirou os olhos do caderno, ao qual parecia desenhar alguma coisa. O professor ficou calado por alguns segundos, provavelmente incrédulo pela resposta correta.— Um ponto à menos na média.— O quê? Mas eu respondi certo! — Heitor disse, desviando os olhares da menina.— Mas estava babando pela srta. Delamare durant
Os garotos seguiram a pé para o grande lago, não demorou apenas quinze minutos como dissera Ícaro. Heitor teve a impressão de caminhar por no mínimo uma hora, talvez fosse o peso das bebidas em sua mochila, mas dali alguns minutos o garoto não aguentaria mais andar. Logo pode enxergar o azul à frente. O lago parecia calmo, e era realmente muito grande; quase não se via a outra margem, exceto por uma linha finíssima traçada sob o horizonte. — Aqui está ótimo. — Afonso disse, largando a mochila sobre a grama muito verde. — Parece que estamos sozinhos, ótimo! Heitor não conseguiu nem raciocinar, no que pareceram segundos, Marcus havia colocado uma música altíssima para tocar. Algo parecido com punk-rock socou os tímpanos do menino e todos os três largaram as camisetas e calças e se lançaram ao rio. Heitor ficou parado, sem compreender. — Vem, idiota! — Heitor viu as mãos dos garotos chacoalhando para cima e não pensou duas vezes. Deu um último go
O clima quente arrancava toda a energia de Heitor enquanto ele varria toda a padaria. Seu Omar já havia ido embora e sua mãe estava preparando a primeira fornada para entregas. Alguns minutos depois Antonella surgiu atrás do balcão estendendo-lhe a cesta com os pães.— Estes são para seu Héctor, o bibliotecário. Quando voltar tem outra entrega para o sr. Tirante. — O garoto fez uma cara de tédio e ela acrescentou, rapidamente — É aqui do lado.O sorriso da mulher melhorou, de certa forma, o seu dia. Heitor recolheu a cesta de pães e pôs-se à caminhar pela calçada que, sem a neve, parecia menos abandonada. Agora haviam mais pessoas na rua, do outro lado da calçada Heitor viu a velha sra. Joel carregando algumas batatas; andava tão devagar que parecia em câmera lenta. Acenou para Heitor e entrou na pequena casa que morava com sua neta.Heitor seguiu caminhando, a biblioteca não ficava tão perto da padaria de sua mãe. Heitor percebeu isso quando precisou ir pela primeira vez,
Heitor seguiu então para o outro lado, haviam centenas de prateleiras e o garoto começou a pensar o porquê de nunca ter entrado ali. Conseguiu ver títulos de todos os tipos, desde: “Uma viajem com gigantes” à “No pico da neblina” e até alguns livros mais velhos; depois de tirar a espessa camada de poeira pôde ler: “O príncipe Levi e suas estrelas”. Mas uma pessoa sentada em uma das mesas lhe chamou a atenção e, ao aproximar-se um pouco mais, conseguiu reconhece-la.— Quer dizer que a senhorita Áurea passa os intervalos aqui? — Berrou Afonso às costas de Heitor, enquanto corria para sentar-se com ela.— Eu não passo os intervalos aqui. — A menina respondeu com uma voz suave e tímida.— Claro, claro. Que merda você está lendo? — Afonso tentou puxar o livro mas a menina esquivou.Heitor conseguiu ler o título do livro enquanto sentava-se do outro lado da mesa, de frente para os dois.— O que são “Os ideais turcanos”? — O garoto perguntou para a menina e Afonso girou os o
Chegou mais de duas horas atrasado em casa e Antonella já estava dormindo em seu quarto. O menino pôs-se à subir os degraus até seu quarto e largou-se na cama meia iluminada pela luz que aparecia timidamente na janela redonda ao lado da velha cômoda de madeira escura.Quando acordou na manhã seguinte sua mãe não estava em casa, o garoto não se preocupou, sabia que provavelmente a mulher estaria na padaria, adiantando algumas tarefas. Comeu algumas torradas que Antonella deixara para o ele e partiu para o colégio, dessa vez sabia que não chegaria atrasado. Um carro muito bonito; de cor vermelho-azulado atravessou a estrada à toda velocidade, levantando poeira à uns dois metros de altura. Mas Heitor não se deixaria levar por nenhuma distração, chegaria no horário hoje, se não...Mas alguém chamou sua atenção do outro lado da rua
— Engraçado Victória. — Disse Áurea sem olhar para as meninas que soltaram mais risinhos irritantes.— Vim só dar um recadinho. — Liz e Mirela seguraram os risos com a mão e Victória continuou. — Fique longe dele, já tem dona e — Seus olhos pousaram nos cabelos da garota. — você não ficaria contente se essa coisa que você chama de cabelo ficasse... como posso dizer... grudados.As meninas explodiram em risadinhas e Afonso, que se encontrava atrás de Heitor, riu exageradamente alto. Heitor não conseguia suportar, aquelas garotas eram repugnantes e o fato de Afonso gostar daquilo...— Então, estamos entendidas? — Victória disse, agora com um sorriso maléfico.Áurea não respondeu, ainda tentava guardar o livro na mochila, mas a vergonha e a raiva pareciam lhe ter roubado suas capacidades mo