Os garotos seguiram a pé para o grande lago, não demorou apenas quinze minutos como dissera Ícaro. Heitor teve a impressão de caminhar por no mínimo uma hora, talvez fosse o peso das bebidas em sua mochila, mas dali alguns minutos o garoto não aguentaria mais andar.
Logo pode enxergar o azul à frente. O lago parecia calmo, e era realmente muito grande; quase não se via a outra margem, exceto por uma linha finíssima traçada sob o horizonte.
— Aqui está ótimo. — Afonso disse, largando a mochila sobre a grama muito verde. — Parece que estamos sozinhos, ótimo!
Heitor não conseguiu nem raciocinar, no que pareceram segundos, Marcus havia colocado uma música altíssima para tocar. Algo parecido com punk-rock socou os tímpanos do menino e todos os três largaram as camisetas e calças e se lançaram ao rio.
Heitor ficou parado, sem compreender.
— Vem, idiota! — Heitor viu as mãos dos garotos chacoalhando para cima e não pensou duas vezes. Deu um último gole na cerveja e tirou a jaqueta, camiseta, calça e sapatos e pôs-se a cair sobre as águas que estavam geladíssimas.
O dia foi de fato muito divertido, Heitor pôde conhecer mais sobre os três garotos e até combinaram de fazer isso mais vezes.
Heitor descobriu que Marcus era o mais velho dos quatro, e que repetira duas vezes essa série.
— Beleza, e a Ane?
— Ela é bonitinha, mas aquele laço brega...
— E a Victória Romênia? — Afonso cortou a conversa, enquanto todos se esquentavam sob as toalhas que Ícaro levara. Haviam , também, acendido uma pequena fogueira, que faiscava a mesma cor do sol ponte no horizonte.
— Vai mentir que ela piscou para você de novo? — Riu Marcus.
— A gente já sabe que é mentira. — Ícaro ria alto. — Áurea me contou.
— E ela sabe do quê? Por acaso anda comigo?!
Todos riram de Afonso que ficava mais vermelho a cada riso.
— Ela piscou mesmo, caras. Eu estava do lado dele. — Heitor tentou ajudar, mas as gargalhadas surgiram novamente.
— Eu sei bem, eu era a mesa. — Marcus divertia-se imitando Heitor, que rira também.
O dia fora de longe o melhor desde que Heitor chegará em São Havier, o clima de acampamento daquela tarde fora o melhor de sua vida e o garoto, por algumas horas, deixou de pensar em Áurea.
Perto do horário de saída os garotos já estavam em frente à escola, prontos para se juntarem a manada de alunos que saíam depressa, rumo às suas casas. Áurea passou por Heitor sem olhá-lo, deu apenas um sorrisinho tímido para Afonso que ignorou. Provavelmente ainda estava chateado pelo que ela contara para Ícaro.
Minutos depois Heitor já estava em casa, pronto para deitar-se, as costas doíam do peso das bebidas que carregara por tanto tempo e as costas ardiam um pouco pelo sol anormalmente escaldante para uma cidade que ontem mesmo estava repleta de neve.
Sua mãe não quis conversar muito, chegou tarde da padaria e tudo que fizera fora largar a bolsa sobre o sofá, subir os degraus cantantes e depositar-se sobre sua cama. Heitor fez o mesmo.
Agora, mais do que nunca, sua cabeça girava. Tentava alcançar a velocidade de seus pensamentos que pousavam sobre a sua tarde no lago e depois retornavam aos ombros de Áurea, que sorria de maneira gentil para ele. Carregava consigo um envelope e tentava esconder atrás do corpo, mantendo sempre o sorriso meigo, que Heitor não conseguia parar de olhar. Tentava se aproximar, mas à cada passo que dava a menina recuava dois. E se continuasse assim a menina sumiria de seus olhares. Pôs-se à observá-la, de longe mesmo. Ela agora abria o envelope e tirava uma pequena fotografia. A fotografia de seu pai.
Heitor acordou de um pulo, girou os olhares assustados e sonolentos pelo quarto que estava completamente vazio. Alguns gritos vinham do andar de baixo, sua mãe parecia berrar para o garoto descer.
— Estou indo! — Heitor soltou um berro enferrujado pelo sono.
Levantou-se e escorregou pela lateral da cama, até o chão. Vestiu um calça jeans azulada, uma camiseta branca com listras finíssimas pretas traçadas horizontalmente por toda a extensão do pano e sua jaqueta preta de couro brigiano.
Deu mais uma olhada ao redor e focalizou a primeira gaveta da cômoda que ficava ao lado da pequena janela redonda, agora sem neve alguma.
Sua boina repousava sobre o móvel. O menino abriu, então a gaveta e puxou um óculos de sol de armação fina, colocou-o sobre o nariz e parou alguns minutos, observando-se no espelho.
“Nada mal!”
— Heitor! Desse jeito vai se atrasar para o colégio!
Heitor congelou por alguns segundos, lembrou-se do que a diretora Rosalina dissera no dia anterior. Dissera que seus pais ficariam sabendo de seu atraso e um pensamento ainda pior encharcou seu cérebro: E se a mulher descobrira que Heitor havia “matado” a última aula?
Ao descer os degraus gritantes, porém, deparou-se com uma Antonella sorridente; apoiava-se sobre o balcão com o queixo em uma das mãos e olhava em direção à sala de onde uma voz grave e cansada ressoava tranquilamente.
— ...De todas as formas, querida Antonella. O mercado para nós está... bem, eu diria complicado. Eu receio que por conta das atuais desavenças e... — O homem quase careca notou a presença de Heitor e abriu um longo sorriso amarelado. — Ah, Heitor! Que bom vê-lo, garoto!
Heitor reconhecera o velho na hora. Este era seu Omar, um carroceiro que trabalhava para o pai de Afonso e que havia conhecido no mesmo dia que conhecera Afonso. O velho usava as mesmas roupas que, agora Heitor notou que deveria seu o uniforme de trabalho.
— Bom, creio que não se lembra de mim... — O velho ia começar a se apresentar novamente, mas Heitor o interrompeu.
— Lembro sim, senhor. — Heitor disse enquanto caminhava para trás do balcão e puxava algumas torradas de um pequeno prato. O sorriso de sua mãe havia diminuído desde que Heitor chegara na cozinha. E o garoto percebeu isso. Apoiou um dos cotovelos sobre o balcão, de modo que seus olhares emparelharam com os de Antonella e questionou:
–Por que tão sorridente, mamãe? — Heitor segurou o riso. Sabia que Antonella tinha uma “queda” pelo velho rapaz.
A mulher corou e, depois de respirar fundo, respondeu:
— Porque aquela velha abelhuda da Valentina não veio nos incomodar hoje. — Ao terminar a frase deu um sorriso longo que não lembrava mais o sorriso gentil de sempre.
Heitor ficou pensativo, a mulher prometera (por algum motivo) visita-lo todas as manhãs e até hoje tinha cumprido a promessa. Será que acontecera algo com ela? Antonella, como se pudesse ouvir seus pensamentos, continuou:
— Ela teve que resolver alguns problemas, sabe? Ela tem muitos negócios espalhados por aí... — A mulher virou os olhos para a mesa-de-centro da sala e Heitor notou que havia um pequeno pacote. — Ela pediu para o seu Omar trazer...
Omar sorriu e deu espaço para o garoto, que voara em cima do pacote como um falcão. Os pedações de papel esvoaçavam com a mesma velocidade que Heitor rasgava o pacote como se houvesse ouro ali dentro. Finalmente conseguiu abrir e rodeado por balas de goma, chocolates e até um ursinho de chiclete havia um bilhete. Heitor pegou o papel e leu o conteúdo:
“Querido Heitor, queira me desculpar pela minha ausência. Estou resolvendo alguns negócios aqui em Turca. Enquanto isso, aproveite os mimos que lhe mandei.
Com muito carinho, Valentina. ”
Heitor não se importou com o recado, ele nem gostava da mulher a ponto de sentir sua falta. Correu para os doces e recolheu-os dentre os braços entrelaçados; como se desse um grande abraço. Antonella ergueu as sobrancelhas como resposta e Omar soltou um risinho sincero.
O garoto dirigiu-se para o corredor onde ficava a escada que dava ao segundo andar, mas sua mãe o interrompeu:
— Heitor, precisarei da sua ajuda na padaria hoje.
— Ah, qual é mãe? — O menino ergueu as sobrancelhas e deitou-as nas pontas.
— Seu Omar vai nos levar na carroça.
O velho sorriu de novo e Heitor começou a se irritar com a imagem de sonso que o velho estava tentado transmitir.
— Tá... — Heitor disse voltando a subir os degraus que rangiam como nunca.
Chegou no seu quarto com dificuldade, a quantidade de doces que carregava era tanta que tampava sua visão e o garoto precisara se deslocar de lado.
Pôs os doces sobre a cama e jogou a carta em cima da cômoda, girou os olhares pelo quarto e encontrou a boina, agora em cima do criado mudo e deu uma outra olhada pelo quarto, certificando-se de não ter esquecido nada. Foi até a janela e puxou sua mochila sobre os ombros e, ao olhar pela janela, viu o seu Omar preparando a carroça para partirem. No mesmo estante a voz de Antonella ecoou pela casa:
“Vamos logo, menino! Toda vez essa demora!”
Heitor tratou de ajeitar a mochila às costas e partiu para o andar de baixo onde sua mãe o esperava com um olhar severo. Disse para o menino se apressar e os dois saíram da casa, não havia mas a necessidade de usar jaqueta, cachecol ou gorro. O sol ardia sobre a estrada de paralelepípedos bem mais visível sem aquela neve toda.
— Apresse-se Heitor! Tenho duas entregas que precisam ser feitas pontualmente! — Berrou Antonella, acomodando-se ao lado de Omar, enquanto Heitor escalava a gigantesca roda da carroça com muita dificuldade.
Quando finalmente conseguiu se sentar no banco de trás, Omar sacudiu as rédeas e o velho cavalo disparou estrada a frente. As rodas de madeira faziam a carroça trepidar e mais de uma vez Heitor pesou que seria lançado para fora, olhava ao redor as casas e pessoas que passeavam distraidamente e do banco da frente ouviu, finalmente, Omar abrir a boca:
— Acredito que o risco seja mínimo, dona Antonella. — O velho ergueu os olhos quando percebeu a reação da mulher, que olhava de esguelha para o filho e depois voltava os olhares para Omar repetidamente. — Ah, sim! Tudo bem... Bom, Heitor. Como vai o colégio?
Heitor voltou a sentir um rebuliço na barriga que não sentia desde que saltara naquele lago gelado no dia anterior. Os dois provavelmente sabiam que o garoto havia “matado” as últimas aulas e estavam fazendo algum tipo de joguinho para tentar arrancar uma confissão.
— Bom... é... ruim não está, certo? — O garoto deu um sorriso evidentemente forçado e Omar pareceu perceber, mas não fez objeções.
— Creio que sim... Eu já estudei lá. Sabia? Quando era mais novo que você...
Heitor segurou a risada ao imaginar quanto tempo isso fazia.
— Chegamos — disse Antonella, levantando-se enquanto segurava a alça de sua bolsa sobre o ombro.
O clima quente arrancava toda a energia de Heitor enquanto ele varria toda a padaria. Seu Omar já havia ido embora e sua mãe estava preparando a primeira fornada para entregas. Alguns minutos depois Antonella surgiu atrás do balcão estendendo-lhe a cesta com os pães.— Estes são para seu Héctor, o bibliotecário. Quando voltar tem outra entrega para o sr. Tirante. — O garoto fez uma cara de tédio e ela acrescentou, rapidamente — É aqui do lado.O sorriso da mulher melhorou, de certa forma, o seu dia. Heitor recolheu a cesta de pães e pôs-se à caminhar pela calçada que, sem a neve, parecia menos abandonada. Agora haviam mais pessoas na rua, do outro lado da calçada Heitor viu a velha sra. Joel carregando algumas batatas; andava tão devagar que parecia em câmera lenta. Acenou para Heitor e entrou na pequena casa que morava com sua neta.Heitor seguiu caminhando, a biblioteca não ficava tão perto da padaria de sua mãe. Heitor percebeu isso quando precisou ir pela primeira vez,
Heitor seguiu então para o outro lado, haviam centenas de prateleiras e o garoto começou a pensar o porquê de nunca ter entrado ali. Conseguiu ver títulos de todos os tipos, desde: “Uma viajem com gigantes” à “No pico da neblina” e até alguns livros mais velhos; depois de tirar a espessa camada de poeira pôde ler: “O príncipe Levi e suas estrelas”. Mas uma pessoa sentada em uma das mesas lhe chamou a atenção e, ao aproximar-se um pouco mais, conseguiu reconhece-la.— Quer dizer que a senhorita Áurea passa os intervalos aqui? — Berrou Afonso às costas de Heitor, enquanto corria para sentar-se com ela.— Eu não passo os intervalos aqui. — A menina respondeu com uma voz suave e tímida.— Claro, claro. Que merda você está lendo? — Afonso tentou puxar o livro mas a menina esquivou.Heitor conseguiu ler o título do livro enquanto sentava-se do outro lado da mesa, de frente para os dois.— O que são “Os ideais turcanos”? — O garoto perguntou para a menina e Afonso girou os o
Chegou mais de duas horas atrasado em casa e Antonella já estava dormindo em seu quarto. O menino pôs-se à subir os degraus até seu quarto e largou-se na cama meia iluminada pela luz que aparecia timidamente na janela redonda ao lado da velha cômoda de madeira escura.Quando acordou na manhã seguinte sua mãe não estava em casa, o garoto não se preocupou, sabia que provavelmente a mulher estaria na padaria, adiantando algumas tarefas. Comeu algumas torradas que Antonella deixara para o ele e partiu para o colégio, dessa vez sabia que não chegaria atrasado. Um carro muito bonito; de cor vermelho-azulado atravessou a estrada à toda velocidade, levantando poeira à uns dois metros de altura. Mas Heitor não se deixaria levar por nenhuma distração, chegaria no horário hoje, se não...Mas alguém chamou sua atenção do outro lado da rua
— Engraçado Victória. — Disse Áurea sem olhar para as meninas que soltaram mais risinhos irritantes.— Vim só dar um recadinho. — Liz e Mirela seguraram os risos com a mão e Victória continuou. — Fique longe dele, já tem dona e — Seus olhos pousaram nos cabelos da garota. — você não ficaria contente se essa coisa que você chama de cabelo ficasse... como posso dizer... grudados.As meninas explodiram em risadinhas e Afonso, que se encontrava atrás de Heitor, riu exageradamente alto. Heitor não conseguia suportar, aquelas garotas eram repugnantes e o fato de Afonso gostar daquilo...— Então, estamos entendidas? — Victória disse, agora com um sorriso maléfico.Áurea não respondeu, ainda tentava guardar o livro na mochila, mas a vergonha e a raiva pareciam lhe ter roubado suas capacidades mo
O parque ficava literalmente de frente à biblioteca e hoje estava cheio de pessoas. Muitos do colégio; Heitor conseguiu reconhecer Liz e Mirela que estavam, pela primeira vez, sem Victória Romênia e davam risinhos para um garoto loiro que Heitor lembrava ser um ano mais velho. Reconheceu também Angelina, uma menina de cabelos escuros e olhos castanho-claros muito bonita. A garota deu um sorrisinho para ele quando o viu. E, mais à frente, Áurea sentada em um banquinho ao lado de Icaro que ria feito uma criança que acabara de receber um aviãozinho de brinquedo, ou como Heitor, quando ganhava doces.Um calor subiu pelas pernas de Heitor, Icaro era o tipo de garoto que babava por Victória e Heitor sabia que, se menina estivesse ali, era muito provável que Icaro se juntasse à ela para zombar de Áurea.Sem pensar Heitor seguiu em direção aos dois, os olhos fixos em Icaro e
Finalmente dia vinte de fevereiro chegou. Heitor acordou como se tivesse dormido em cima de pedregulhos. Fora a pior noite desde que mudara-se. O nervosismo surgiu como um baque assim que debruçou-se para ficar sentado em sua cama. Olhou para a janelinha redonda de seu quarto e percebeu que o dia estava nublado, não duvidaria se dali à alguns minutos caísse uma tempestade. A sua jaqueta se encontrava pousada em cima da cômoda que ficava ao lado da janelinha e Heitor correu em sua direção. Levantou tão rápido que bateu os calcanhares no piso de madeira, fazendo um ruído seguido de um berro: — Heitor, se levantou agora?! — Sim, mãe. — Respondeu o garoto, enquanto revirava os bolsos da jaqueta. — Aqui! Guardou, então, o envelope na última gaveta da cômoda e jogou algumas meias por cima. — Vem tomar o seu café, querido. Preciso de sua ajuda hoje! — Estou indo. O garoto vestiu uma camiseta branca, um suéter azul-ciano e sua velha bo
Os dois levantara-se e rumaram ao colégio; a menina sorridente, mas um pouco tímida. E Heitor completamente congelado de pavor, tinha o máximo cuidado para não dizer nada que a ofendesse e a fizesse voltar a ignorá-lo. Caminhavam razoavelmente devagar, a garota abraçava a bolsa de lado em frente a cintura com as duas mãos, como se a abraçasse. Os olhos sempre fixos à frente. A poucos minutos do colégio os dois ouviram um barulho muito alto às suas costas, um carro cortava a estrada jorrando torrentes de fumaça pelos ares. Um carro verde-musgo, muito bonito e, provavelmente, muito caro. O veículo parou com uma freada brusca e um garoto desceu, seus cabelos pretos feito nanquim e olhos verde-água pareceram acentuados pelo forte sol. Afonso se aproximava sorrindo e o carro sumia às suas costas. Áurea parecia tão vermelha quanto um vinho tinto, a menina fitou rapidamente Heitor e disse que precisava se apressar, pois tinha que fazer alguma coisa antes da aula. Sumi
A professora passou alguns exercícios a respeito do purianismo e Heitor não teve muita dificuldade em respondê-los. Nesses últimos dias lera bastante sobre Turca e suas ideologias extremamente nacionalistas e em menos de meia hora terminou o seu trabalho e passou o resto da aula observando as costas de Áurea, seus cabelos curtos eram ainda mais bonitos vistos deste ângulo. Esperou, então, o fim da aula, guardou o material e acompanhou Áurea, com os olhares, sair da sala. Pulou sobre a perna esticada de Afonso; que agora conversava com Icaro sobre o jogo de ontem e seguiu para o corredor. A menina subia mais um lance de escadas e Heitor seguiu-a. Chegou ao quarto andar, onde nunca antes viera, o corredor parecia completamente vazio, exceto por uma menina que caminhava para o banheiro femino. — Áurea! — Berrou o garoto, caminhando em sua direção. A garota parou e fitou-o intrigada, mais de uma vez tentou abrir a boca, mas som algum saía. Finalmente conseguiu falar, e c