— A ideia de ter uma dessas pedras no peito é aterrorizante, eu sei. — A Filha do Outono simpatizou com o temor do irmão. — Entretanto, seu corpo será feito de magia após isso e então, você se torna uma espécie de semideus do Outono. — Um deus, na verdade. Tão forte quanto qualquer outro ser divino que resida em Cylch atualmente. O Domador dos Ventos, se aceita a sugestão — disse o filho do Senhor da Luz. — Precisamos de um novo depois do que aconteceu com Zephy. — Não que isso signifique que você saberia usar toda a extensão de seu poder como alguém do panteão — Kyria falou em um tom brincalhão. — Certo. — Engoliu em seco. — Vamos logo com isso. — Calma, não é tão simples desse jeito. É impossível trazer os mortos de volta à vida. — Mas vocês disseram que havia um modo! — Ela está querendo dizer que é chegada a hora de fazer uma escolha, Gale. — Samhain tomou a palavra. — Posso lhe emprestar um coração, mas não mudar o que já foi feito. Você pode aceitar a minha oferta e se tor
O Sentinela do Outono acordou de seu sono vagarosamente, não querendo abrir os olhos por conta da dor no corpo. A noite anterior não havia sido nada gentil com ele, e aquele Devoto da Fumaça que portava a lança lutava muito bem. Além da dor, mais uma coisa o incomodava: Estava muito quente. Abriu os olhos e se viu sob o Sol do meio-dia, possível responsável pelo desconforto, então relaxou. As costas começaram a queimar até o ponto em que não aguentasse mais, forçando-o a levantar. Gale percebeu que estava sobre uma pira, em chamas. Em desespero compreensível, os olhos do rapaz se acenderam e ele provocou uma pequena tempestade de vento forte o suficiente para encerrar o incêndio, controlado instantaneamente. Ao voltar a si, viu os quatro companheiros feridos, sujos e exaustos, encarando-o incrédulos. — ESTAVAM TENTANDO ME QUEIMAR VIVO? — OLHA BEM COMO FALA COMIGO, SUA PESTE! — Brianna avançou para cima dele, mas foi segurada por Alabaster. — Está vivo… — Guido quase não consegu
E a sacerdotisa proverá a estrada das águas até a terra que é sagrada O grupo partiu em viagem com Yew à frente, ditando o caminho qual deveriam seguir para chegar ao local que profecia os mandava. O elfo de olhos esmeralda não era muito revelador quanto para onde realmente estavam indo ou quem seriam esses tais “velhos amigos” que contara. Gale permanecia mais reflexivo que o normal, não podendo deixar de contar cada batida que seu novo coração dava com a Joia do Outono, pulsando magia em suas veias, sabendo que essa sensação de estar vivo não duraria muito. Depois de muita barganha e prometer mais algumas estrelas, ele também conseguiu recuperar suas roupas que estavam em posse do meio merco da pele espelhada. Quando Kyria morreu, logo antes da espada do Outono se partir, uma rajada de vento acometeu todos que estavam em volta e esta foi a primeira manifestação do desequilíbrio em Cylch, com o novo Sentinela não poderia ter sido diferente. Depois de ter caído em batalha, todas a
Sob a Luz da Lua, Brianna galopava velozmente através do Oceano com quatro pesos que certamente não gostaria de estar carregando, entretanto, reclamar não era uma das habilidades que possuía ao estar transformada em um corcel do pélago. As espumas na água se formavam em torno dos seis cascos que bagunçavam o andamento das ondas naquela vastidão infindável onde nada se via aos arredores. Alguns cardumes de espécies variadas de peixes acompanhavam a jornada, formando uma escolta invejável com tubarões arco-íris ao lado garantindo que a viagem fosse segura. Para o ladrão de pele espelhada isso era aterrorizador, ele estava recolhido tentando ao máximo não tocar na água com medo de ser devorado por aquelas criaturas que cintilavam à Luz da noite selvagem. Yew pediu para que a Sacerdotisa parasse de correr, então respirou fundo e se curvou para que pudesse levar suas mãos até o mar calmo daquela noite. Sentiu o balançar da vida, como as ondas se comportavam ao seu toque, em qual ritmo o
Após o fim da batalha e a partida do Arauto da Liberdade de Cylch, eles foram perseguidos pelos humanos que não entendiam sua natureza e deixavam com que o temor falasse mais alto. Os aldyanos que restavam residiam ali, usando os barcos que fabricavam para ainda exercer sua função na terra que o Senhor da Luz tanto amou, apesar de ter ciência das chances que teriam de voltar para casa. Hoje comemoravam com a partida de mais uma nau, indo até Cylch para prestar socorro às vítimas do desequilíbrio espalhado por toda a terra. A animação reinava na ilha inteira, enquanto preparam várias fogueiras para danças circulares e afinavam seus instrumentos curiosamente estranhos para cantarem até o nascer do Sol, quando o grupo de aldyanos zarparia. Todos eles carregavam pedras das Estações consigo de alguma forma, já que eram Embaixadores. Baturinn possuía um colar que segurava a sua pedra da Luz, algo raro demais para ainda existir em Cylch, até mesmo Yew só havia visto uma desse tipo e era ex
Ao nascer do Sol, os aldyanos se despediram dos Embaixadores que iriam peregrinar por Cylch. A rota seria aportar nas terras gélidas do norte, e a partir dali, dividir o grupo por todas as regiões, inclusive por Niwloedd. Gale esperava que pudessem chegar até Masnach e cuidar da vila de seus pais. A filha de Baturinn estava entre os aldyanos voluntários que zarparam àquela manhã no Aliança Vespertina, navio este que haviam construído com suas próprias mãos. O mar estava revolto naquele dia, assim como todos os que o antecederam desde o desequilíbrio. Enquanto a população assistia o navio lutar contra as ondas, puderam ver ao fundo um maremoto imenso se erguer contra Cylch e devastar com a fúria implacável do Oceano grande parte da costa nortenha, para onde os Embaixadores iam. Depois de secar o rosto que fora completamente tomado pelas lágrimas de orgulho e relutância, o guardião de Raegin se responsabilizou por guiar o grupo até o Cemitério de Torres, de onde seguiriam sozinhos para
O fato de se aproximar do destino da jornada não era algo que agradava completamente a todos. Não terem lidado com os tais “monstros” que Baturinn dizia ter por ali os deixava com certo peso no peito, qual ia trincando suas costelas para chegar até o coração à força. Metade das tochas do piso em que chegaram estavam apagadas, que pelos cálculos da cabeça não tão confiáveis de Yew, seria o último antes de chegarem até a relíquia. Nenhum deles precisou abrir a boca para dizer o quão sombria e desnecessária era a atmosfera da sala onde estavam e como o dyninse de cabelos negros tinha medo do escuro. — Isso não está cheirando bem — disse o Sentinela. — Eu não sinto cheiros há uns cinquenta anos, então finjo que tudo cheira mal. — A velha deu de ombros. Com um ganido, a figura alada de pele púrpura se revelou para o grupo de aventureiros, como se nadasse pelo ar. Era um ser de aparência diabólica, com a cabeça esticada e dentes em formato de serra. Seus olhos explodiam em vermelho vivo
— Não deveríamos nos preocupar com… “isso”? — o dyninse questionou ao olhar o extremo vazio. A extensão abissal ao redor não era somente uma representação da grande força responsável por dizimar mundos, mas também trazia consigo uma infinita quantidade de sentimentos estranhos quais os aventureiros nunca haviam tido o infortúnio de experimentar. O grande vazio parecia transbordar para fora da prisão e infestar os corações daqueles indivíduos, os fazendo se sentirem fracos, impotentes, pequenos. Alabaster, que olhava para a flecha compenetrado, pôde jurar que, por um instante, escutara algo vindo de lá. — Parece até que estamos na prisão de Gallag e Wintanag. Onde o tempo não corre. Um lugar entre o dia e a noite. — Gale procurava algo no vácuo, se perguntando qual o motivo de ter um artefato tão importante em outro plano onde a maior ameaça à vida residia. — O próprio Abismo. — Vamos lá buscar então! — Guido se apressou, mas fora segurado por Yew, que começou a falar. — É burro p