O Delegado em Seu Coração
O Delegado em Seu Coração
Por: Mari Saints
Prólogo

Acontecimentos em abril de 2015  

 A vida vai de 0 a 100 em um instante, ela pode subir,mas quando desce a queda é bem pior.

Eu não podia estar mais feliz!  Por 3 minutos a felicidade me dominou. 

Nas cinco universidades que me inscrevi, fui aceita em quatro delas.

Estava ansiosa para contar tudo para minha família e para Josh, meu noivo.

Nossas famílias ainda não sabiam que estávamos noivos, planejamos contar a novidade no aniversário da minha Bisa, na semana que vem, onde todos estariam reunidos.

Provavelmente ficaria com a universidade de Jacksonville que era mais próxima daqui e de todos, antes eu queria uma em outro lugar, mas com a minha nova descoberta, eu queria ficar o mais perto possível. 

E precisava contar a Josh a outra novidade, essa que mudaria nossas vidas. 

Já podia imaginar seu sorriso de felicidade, ele sempre quis ter uma família comigo, mesmo que ainda fossemos jovens demais. 

Mas nos amávamos.

Estava tão empolgada de felicidade, que não tinha visto meu celular tocar, mas olha para minha cama, no exato momento que a tela acende com mais uma ligação.

Era Liana, minha irmã.

Expectativa a mil para contar a todo mundo. 

— Liana! Você não vai acreditar!— eu falo entusiasmada assim que atendo. 

— Como você pôde fazer uma coisa dessas? Como você faz isso?  — do que ela estava falando. — Você só pensa em você? 

A voz dela estava transbordando de raiva.

— Do que você está falando Liana? — pergunto confusa. 

— Você não viu? Ai América, como pode?  — ela pergunta baixo agora, no fundo da sua ligação escuto um carro cantar pneu — Olha o que eu vou te enviar, agora!  

E desliga, mas segundos depois recebi um vídeo no meu celular.  

Eram duas pessoas,transando, a cena estava bem explícita para o que estavam fazendo. O rapaz era Tyler Crain, o rosto dele estava de frente para a câmera que gravava, e o ângulo favorecia a imagem dele, como eu odiava ele, e a mulher estava de costas para a câmera, mas pelo cabelo, pelo corpo, o jeito, parecia que era..... 

Um minuto para que eu conseguisse respirar e processar a imagem do vídeo.

Era…. eu? Vou vomitar.  

Não! Não era eu, eu nunca dormiria com ele. Nunca! 

Eu odiava tanto aquele garoto, se só de olhar para ele sentia ânsia, veja lá dormir com ele.  

Não mostrava o rosto da mulher e quem via as costas, diria sem dúvidas que era eu, mas não era eu! 

Meu Deus.  

Percebo que o áudio está desligado e aumento o volume, e assim escuto exatamente o momento que ele diz: 

"América" e em seguida ele profere vários palavrões enquanto. 

Meu estômago revira mais ainda, e tudo que eu tinha comido estava pronto para voltar..  

Não era eu!  

Começo a ficar desesperada.  

Era uma armação, eu tinha certeza.  

Como eu ia explicar isso a Josh? Esse vídeo já deveria ter sido espalhado por toda cidade. Mas ele confia em mim. 

Ele não devia ter dúvidas, quando eu não estava com ele, estava com a Bisa, como agora.  

Como eu era tola em achar que ele acreditaria em mim. 

A chuva caia lá fora e eu ainda continuava incrédula com o vídeo.  

A vontade de vomitar era muito grande.  

Preciso ver Josh.  

Mas prevendo meus pensamentos, o carro que eu conheço muito bem o som, para do lado de fora. 

Desço correndo as escadas de encontro a ele.  

Assim que abro a porta da sala e saio na varanda, ele estava na frente do seu carro, debaixo da chuva. Me esperando.  

Seu rosto transparecia todos os sentimentos que estava sentindo.

E eu conseguia claramente diferenciar as lágrimas no seu rosto, das gotas de chuva.  

Eu ainda ficava besta com a beleza de Josh. Ele era muito alto, devia passar dos 1.80, os cabelos pretos, magro, mas forte. Roupas pretas sempre lhe caíram bem, como agora, mesmo debaixo da chuva, e com os olhos vermelhos e lágrimas pelo rosto. 

— Como pode? — ele pergunta.  

Um raio ilumina os céus, e o som dos trovões não abafava as batidas do meu coração. .  

— Josh..... 

— Eu devia imaginar que aquele ódio que você dizia sentir era...... — Ele balançava a cabeça.

— Não termine! — o corto, ele não sabe o que passei com Tyler para odiá-lo — Eu não fiz nada! Não sou eu naquela merda de vídeo!  

— Como pode fazer uma coisa dessa! — ele grita. — Comigo? Com nós dois? 

— Josh, eu não..... — Eu falava desesperadamente. 

Eu estava sentindo as vertigens da tontura chegando. 

— Eu te amava! — ele me corta. — E como você me retribui? Me traindo!?

 — Josh, isso é um mal entendido...... 

— Eu vi América, estava nítido, você com ele. Logo ele?  

Um raio corta o céu no exato momento que eu saio da varanda para a chuva. 

— Eu nunca dormiria com ele! — grito.

— Eu nunca achei que você fosse uma pessoa que agia dessa maneira — A cada palavra que ele falava meu coração se partia mais e mais. 

 — Josh...... 

— Você não merece nada de mim, a não ser meu desprezo, eu tenho nojo de você. Nojo do que fez com nós. — fala e cospe no chão.  

Nesse momento em meu rosto as lágrimas já se misturam com a água da chuva que caia sobre mim.

 — Como pode acreditar nos outros e não em mim? — pergunto magoada. 

 — Eu não preciso acreditar em nada, eu já vi, você é uma mentirosa.  

— Eu estou grávida! — grito antes que ele entre no carro.  

Mas ele não se vira, ele não corre até mim e me beija, como eu imaginei tantas vezes depois de descobrir. 

Ele parte mais um pouco meu coração. 

— Então com certeza não é meu —Ele fala e entra no carro, e vai embora, levando meu coração com ele. Levando tudo.

Caio no chão, e de joelhos vejo seu carro sumir. E choro, de dor, mágoa, de tudo. Eu estava tão feliz segundos atrás.

Não era eu! Não era eu! Me cansava de repetir. 

E depois desse dia só ladeira abaixo. 

O vídeo tomou uma proporção absurda. Todo mundo acreditou, eu fui humilhada de todas as formas.  

A família de Josh era muito querida, então eu tinha corrompido a imagem deles. E eu tentei, e muito falar que não era eu, mas ninguém acreditou.  Eu denunciei, mas foi pior ainda. 

 Eu encontrei Tyler e ele me humilhou ainda mais. Acho que nunca vivi um desgaste emocional tão grande. 

Não era eu!  

Eu apanhei da minha mãe. 

Faltou pouco para apanhar do Dylan, meu irmão, por comprometer a amizade com o melhor amigo.  

Levei um tapa na cara de Liana, a única que pediu desculpas depois do tapa. Mas também não acreditou em mim. 

Escutei palavras que abriram feridas em mim. Na minha casa ninguém me olhava nos olhos. 

Até os gêmeos sabiam, mas a noite quando eu chorava, eles vinham me abraçar.  

E talvez o que mais me magoava era o silêncio do meu pai. Ele não me falou absolutamente nada.  

O namoro de Liana com o irmão de Josh estava em crise por minha culpa.  

Fiquei um mês trancada no meu quarto, não contei a mais ninguém sobre a gravidez.  

Recebia ataques se saia na rua. Nos grupos vou nem mencionar, sai de todos. 

"Deixa eu te pegar também" 

"Ela é boa"  

Esses eram os menos pesados. E ainda tinha xingamentos. 

Fora os absurdos de outras histórias que passaram a surgir. 

Depois de todos os sentimentos veio a raiva.  

E em um desses acessos de raiva, eu fui parar em uma clínica de aborto clandestina.  Tive hemorragia.  

Fiquei três dias desaparecida, e quando retornei, ninguém tinha sentido minha falta. 

Exceto minha Bisa. 

Josh, eu te amava tanto, nós íamos nos casar! E você destroçou meu coração. 

Se fosse eu no seu lugar eu teria pelo menos te escutado, como já havia feito uma vez. 

Eu era tão patética que não merecia um ponto de dúvida? 

Mas não se preocupe Josh, isso não tira ou exclui toda a felicidade que tivemos e vivemos juntos.  

Talvez por isso a mágoa é maior.  

Em uma parte eu não tiro sua razão. O vídeo era nojento. Manchava sua imagem e a da sua família. 

Teve um tempo no ápice da minha loucura que até eu acreditei naquele vídeo. Mas a verdade prevaleceu, não era eu! 

Eu tinha minha consciência limpa, mas ela não ia sair da minha cabeça e provar para os outros. 

Não agora pelo menos, mas eu iria provar minha inocência, um dia eu iria voltar para essa cidade de cabeça erguida, e todos veriam a grande injustiça que cometeram.

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