Capítulo 3

Caminho pela sala, sentindo os olhares das criadas pesarem sobre mim como um manto de adoração. Sei que estou irresistível, um homem no auge de sua virilidade e poder, cheio de pensamentos e planos impuros.

Meu carro está estacionado em frente ao Jardim, a porta aberta como um convite à noite que me espera. Adolfo, sempre meticuloso, me entrega o casaco, o chapéu e uma matilha de cigarros.

— Tenha um boa noite, senhor — diz ele discretamente, sua voz uma sombra de sua devoção. Mesmo se quisesse, Adolfo jamais se oporia aos meus desejos.

— Ah, Adolfo... — minha voz é baixa, mas carregada de intenção. — Sobre o almoço de amanhã com meu pai, ligue e garanta que tudo esteja planejado. Diga a ele para trazer o seu melhor vinho, pois brindaremos ao nosso futuro, e eu quero, pelo menos, apreciar uma boa bebida.

— Sim, senhor. — Ele abaixa a cabeça, sem ousar questionar.

O motorista abre a porta do carro, e eu entro com a confiança de um rei. Acendo um cigarro, ordenando que siga adiante. A noite está fria, mas meus casacos e luvas me aquecem, enquanto o carro se move pelas ruas da cidade.

Passamos por crianças famintas, seus rostos pressionados contra o vidro, implorando por esmolas. Jogo algumas moedas no chão, como se estivesse alimentando pombos, e o carro segue seu caminho.

Quando chegamos à praça pública, há uma agitação no ar. Um grupo se reúne em torno de um jovem sendo agredido, seus gritos perfurando a noite. Desvio o olhar, desinteressado. A justiça dos pobres não me preocupa. Mas, por um breve instante, algo me incomoda... uma sensação de que essa noite, apesar de todos os meus planos, me reservará uma surpresa.

— São homens pobres — diz o motorista, sua voz rouca quebrando o silêncio do carro, chamando minha atenção.

— O que você disse? — pergunto, apagando o cigarro no cinzeiro com um movimento lento e deliberado.

— Os camponeses, senhor. Pobres. Aposto dez moedas que o que está apanhando na praça pública roubou alguma coisa.

Ergo uma sobrancelha, intrigado pela ousadia de seu comentário.

— Ah, conhece os plebeus? — indago, olhando para fora do carro, observando a cena com desdém.

— Sim, senhor — ele responde, mantendo o tom respeitoso. — Sou chofer. Cheguei a Blackwood há quase dois anos e, durante esse tempo, já vi tantas pessoas passarem por situações deploráveis...

— São escolhas da vida — retruco, franzindo o cenho. — Só um indivíduo pode escolher por si mesmo.

— Perdoe-me, senhor... — ele hesita, mas continua, talvez movido por um senso de justiça. — Mas você visitou as áreas mais pobres da província?

— E você, chofer? — corto a conversa, lançando a pergunta de volta. Ele se cala, desviando os olhos para a estrada, sua atenção novamente focada no volante.

A tensão no carro é palpável, mas dura apenas alguns minutos até que chegamos à bela mansão de Violeta. Desço do carro, abandonando a conversa desconfortável, meu foco agora totalmente na noite que me aguarda.

A propriedade está transformada desde a última vez que a vi. Rosas vermelhas adornam as árvores, espalhando um perfume delicado pelo ar fresco da noite, enquanto um extenso tapete vermelho estende-se pela entrada, dando as boas-vindas aos convidados ilustres. É a primeira grande festa de novembro, e tudo exala opulência e elegância.

Ao me aproximar da entrada principal, um funcionário uniformizado me aborda com um semblante profissional.

— Seu nome, por favor?

— Allan Melarque — anúncio com uma confiança natural, deixando que meu nome carregue o peso de sua reputação.

Ele confere rapidamente a lista em suas mãos e me concede uma reverência respeitosa.

— Seja bem-vindo, senhor Melarque.

Adentro o saguão principal e imediatamente meus olhos capturam Violeta dançando graciosamente com seu marido no centro do salão. Ambos me observam por um instante, e não posso deixar de notar o brilho satisfeito nos olhos dela. Parece que conseguiu manipular o tolo como pretendia.

Desço as escadarias com elegância, sentindo os olhares de admiração e inveja cravados em mim. Meu traje, confeccionado com os melhores tecidos que o dinheiro pode comprar, destaca-se em meio à multidão. Não é surpresa, considerando que minha família domina o comércio de tecidos nesta região.

Um garçom passa por mim oferecendo uma bandeja de aperitivos e taças de champanhe. Pego um de cada, saboreando o gosto refinado enquanto caminho com tranquilidade em direção a Violeta. Lanço-lhe um sorriso encantador e aceno cordialmente para seu marido, apreciando o desconforto sutil que minha presença provoca.

Enquanto me dirijo ao jardim para apreciar o ar noturno, um homem jovem se aproxima com entusiasmo evidente.

— Você é Allan, certo? O filho mais velho do senhor Frederick, nosso Conde de Blackwood? — pergunta ele, analisando-me com olhos curiosos. Percebo pelo uniforme que se trata de um soldado.

— Sim, exatamente — respondo, oferecendo um sorriso polido. — E você é...?

— Ah, onde estão meus modos! Sou Thomas Kensington. Venha, por favor, conhecer meus amigos. Estávamos justamente discutindo sobre seu pai e seus empreendimentos.

Considero o convite por um momento antes de assentir.

— Claro, será um prazer.

Acompanho Thomas através do salão movimentado, antecipando as oportunidades que essa nova interação pode me proporcionar. Nesta noite, tudo parece se alinhar perfeitamente aos meus interesses.

E assim, me junto a todos os amigos de Thomas. São quatro ao todo, e entre eles há uma moça chamada Tereza, que, conforme descubro, perdeu os pais no naufrágio do Titanic.

— Foram meses de agonia, até que percebi que eles não voltariam — ela lamenta, alimentando a imaginação de todos, exceto a minha. Pelo seu comportamento, fica claro que Tereza não sente falta dos pais. Ela apenas disfarça o alívio de ter sido a única sobrevivente do acidente. Agora, herdaria toda a fortuna dos falecidos.

Tereza está vestida de maneira impecável, exibindo a elegância típica da alta sociedade de 1912. Seu vestido de seda azul-cobalto é cortado no estilo da época, com uma cintura alta marcada por um cinto delicado, que acentua sua figura esguia. A saia, longa e ligeiramente volumosa, desliza suavemente pelo chão, enquanto o decote em V, ousado para os padrões conservadores, atrai olhares, revelando um pouco mais de pele do que o habitual.

As mangas são longas, com punhos bordados em fio de ouro, conferindo um toque de opulência discreta. Um colar de pérolas, certamente herdado de sua família, repousa sobre seu colo, destacando-se contra a seda do vestido. Seu cabelo, preso em um penteado elaborado com pequenas ondas, é adornado por um fascinator delicado, decorado com plumas e uma pequena joia brilhante, seguindo a moda das damas da elite.

Várias vezes, sinto sua perna, coberta por meias de seda finíssimas, roçar contra a minha debaixo da mesa enquanto conversamos com seus primos. A provocação é clara, ainda que ela mantenha uma expressão de perfeita compostura, sorrindo delicadamente, como se nada estivesse fora do lugar.

Embora estivesse noiva, era evidente que Tereza não tinha real interesse em seu pretendente. Ele era, afinal, apenas um pacote gordo com problemas gástricos, longe de ser o tipo de homem que poderia despertar qualquer paixão genuína.

— Senhores, com licença, vou me retirar por alguns minutos — digo, levantando-me da mesa. O grupo assente educadamente, mas é o olhar disfarçado de Tereza que mais me intriga enquanto saio.

Caminho tranquilamente até um dos escritórios da mansão, fechando a porta atrás de mim. Ao me sentar na poltrona de couro, deixo escapar um suspiro de satisfação, aproveitando o breve momento de isolamento para refletir sobre os eventos da noite.

Como esperado, não demora muito até que a porta se abra com um rangido suave. Tereza entra no cômodo com um misto de prazer e curiosidade nos olhos, como se tivesse experimentado a mesma sensação ao abrir as outras doze portas até encontrar este escritório.

Nós nos olhamos fixamente, um silêncio carregado de intenções não ditas. Tereza fecha a porta novamente, empurrando um dos móveis para bloquear a entrada. Eu observo com diversão enquanto ela, tão deslumbrante em seu vestido de seda, usa toda sua força contra a pesada cômoda de madeira. A cena é quase cômica, a combinação de delicadeza e esforço arrancando de mim uma risada baixa.

— Impressionante, Tereza — comento, ainda sorrindo, sem esconder meu divertimento.

Depois de concluir sua tarefa, ela caminha até a mesa do escritório com um ar de determinação e se senta na borda, adotando uma postura claramente sedutora. Seus olhos brilham, e o jogo começa.

— Então, Allan Melarque, você conhece o meu noivo? — Tereza pergunta, tirando a pluma de seu fascinator e passando-a provocativamente pelo rosto.

— Hmm... só de nome, minha cara — respondo, meus olhos fixos em seus gestos. A provocação é irresistível. Levanto-me da poltrona e caminho em sua direção, sentindo o jogo se intensificar.

— Ouvi dizer que você é um galanteador — continua ela, agora deslizando a pluma sobre mim, sua voz carregada de insinuação — e que também é um Conde, ou será um dia.

— Não gosto quando colocam meu título em jogo, senhorita — sorrio maliciosamente, agarrando a pluma em um movimento súbito. Com um puxão firme, faço com que ela se levante, ficando de pé, colada a mim. — Você estava roçando as pernas em mim... Para uma virgem pobre, que perdeu os pais em um naufrágio, você está surpreendentemente à vontade.

— Hmm, o vinho tirou meu luto, momentaneamente, senhor Conde. Sinto que estou até... um pouco louca. Você gosta de mulheres loucas, Allan? — Tereza pergunta, sua voz carregada de uma provocação sedutora enquanto suas mãos descem para tocar minhas calças.

— Sim. Essas são as melhores — respondo, inclinando-me para ela, a proximidade intensificando o desejo entre nós.

— Mesmo? — Tereza sorri perversamente, seus dedos explorando com audácia. — E o que você faz com garotas insanas como eu?

— Eu as castigo! — exclamo, com um sorriso satisfeito.

Sem mais palavras, nossas bocas se encontram em um beijo feroz. As mãos dela descem pelo meu suspensório... chegando as calças. Tereza adentra o interior de minhas vestimentas, chegando a minha intimidade.

Os olhos dela são perversos e sinto o desejo dela por mim. Eu aposto que, esta pobre moça, nunca mais verá um membro masculino, volumoso e bonito, como o meu.

Caminhamos juntos, aos beijos, até a mesa de centro do cômodo. A excitação e o desejo nos impulsionam a cada passo. Com um movimento decidido, eu a coloco sobre o móvel, com toques firmes e cheios de intenção. Tereza se acomoda sobre a mesa, e eu continuo a beijá-la.

Ergo uma parte do vestido de Tereza, delicadamente, e retiro suas calçolas. Ela parece compreender a direção dos meus movimentos e, com um olhar de antecipação, me ajuda a terminar de abaixar minhas calças. A penetração é imediata.

Os seios dela balançam no decote em V do vestido enquanto o peso e a pressão sobre a mesa fazem o móvel ranger sob nós. Tereza geme de prazer e, em um impulso de intensidade, mordisca a ponta da minha orelha. Suas unhas se cravam nas minhas costas, aumentando o calor e a urgência do momento.

Acelero os movimentos até que ambos alcançamos o clímax. Foi um sexo rápido, mas intensamente satisfatório.

— Relaxe, eu não posso ter filhos... — entrego-lhe um dos meus lenços, para que limpe o esperma. — Você se saiu bem. Por um instante, pensei que ainda fosse pura.

— Nunca terás alguém como eu — ela sorri, limpando o que escorria entre suas pernas. — Todos os homens dizem que são estéreis até se casarem com uma moça de boa família e, milagrosamente, Deus os faz viris.

O som da festa a faz rir.

— É uma pena, você ser infértil. Quem sabe eu poderia te dar um golpe de barriga, mas pelo menos, pude me divertir com você.

— Por que vai se casar? — pergunto.

— Infelizmente, nos dias de hoje, as mulheres ainda precisam de títulos. E para que eu os tenha, preciso me casar, entrar de branco em uma capela e entregar minha virtude ao meu marido — Tereza começa a ajeitar suas roupas. — Mesmo que ele seja deplorável como meu noivo, há maneiras de ambos se divertirem...

— Não consigo me ver casado — admito. Após me recompor, volto para a mesa e me sento ao lado dos primos de Tereza. Minutos depois, ela retorna com um sorriso e seu criado, dizendo que estão felizes com o casamento.

Sorrio cinicamente e ergo meu copo.

— Viva a noiva e o noivo! — exalto, fazendo com que todos me acompanhem. Tereza agarra o braço do noivo e levanta sua taça, brindando ao seu casamento.

— Minha amada futura esposa! — diz o coitado, beijando-a na testa.

Celebramos, compramos algumas pinturas e joias no leilão, e sorrimos o máximo possível. Comprei lençóis finos e móveis caros, tudo para que minha futura esposa tivesse o melhor. No dia seguinte, todos na festa retornariam às suas vidas calmas e hipócritas. Eu não era melhor ou pior do que qualquer outra pessoa naquela mansão.

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