Danielle Olhei para o estado em que minha amiga se encontrava e senti a raiva me consumir. Aquilo era inadmissível e eu faria o que estivesse ao meu alcance para que a justiça fosse feita naquele caso. Eu mesma iria garantir aquilo. — Como você conseguiu esse vídeo, Talita? — Perguntei em um tom de voz que exprimia tranquilidade, apesar de tudo. — Enviaram para mim, de um número desconhecido. — Ela falou entre soluços. — E eu já tentei falar com a pessoa, mas está sempre desligado ou fora da área de cobertura da operadora. Fiquei considerando as suas palavras e me perguntando quem poderia ter interesse naquela situação ao ponto de gravar um vídeo do marido da Talita a traindo e enviar o conteúdo para ela. — Eu estou tão decepcionada com o Miguel, amiga. — Ela repetiu pela enésima vez, as lágrimas jorrando de seus olhos em uma proporção arrasadora. — Como ele pôde me trair dessa forma? — Eu compreendo o seu desgosto, Talita. Mas isso não ficará assim, eu te garanto. A Tal
DanielleEnquanto a Talita contava tudo sobre seu relacionamento, desde o início do seu namoro com o grande empresário Miguel Pontes até os dias atuais, o que não era muito tempo, uma vez que eles se conheceram há pouco mais de um ano, eu me perdia em pensamentos. Sempre tive a capacidade de me concentrar no que uma pessoa falava e trazer outros fatos ao pensamento, a todo o momento alinhando informações, mas naquele instante, tudo o que passava por minha cabeça eram as imagens do belíssimo e cretino, homem com o qual a minha amiga havia se casado. Eu havia tido o desprazer de conhecer o empresário riquíssimo e arrogante ao extremo, Miguel Pontes durante uma festa promovida pelo sócio majoritário do escritório para o qual eu trabalhava e assim que coloquei os olhos naquele homem, eu senti algo diferente, uma antipatia, eu diria. Não gostei do Miguel Pontes e não disfarcei os meus sentimentos nem por um minuto e a todo o momento em que eu o olhava, a minha expressão deixava claro o
Miguel Olhei pela janela do meu escritório no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro, e a sensação que eu tinha era de ter sido feito totalmente de idiota e que o único culpado por aquilo era eu mesmo e aquilo me deixava bastante irritado. Eu não havia sido completamente enganado por uma mulher, pois dizer aquilo seria uma grande hipocrisia da minha parte, quando todos, mas todos mesmo, não apenas a minha família e os amigos também, tentaram me avisar sobre quem ela era de verdade. Além dessas pessoas mais próximas, até mesmo alguns funcionários e parceiros de negócios insistiam que eu deveria pensar melhor sobre a ideia de casamento e que eu poderia apenas continuar como já estávamos, em um relacionamento cômodo e em que poderíamos sair a qualquer momento, sem mais problemas ou dificuldades. Mas eu, totalmente concentrado em fazer negócios e aproveitar a boceta sempre disposta e pronta para mim, não dei ouvidos àqueles que só estavam tentando ser leais a mim, ao contrário do que acon
MiguelLevantei da minha confortável cadeira de CEO do grupo Pontes e fiquei andando por minha sala ricamente decorada em tons de ocre e bege, com as mãos em punho. Aquela havia sido a sala do meu pai por anos, enquanto ele foi o homem por trás do Grupo Pontes, ou GA, como os funcionários costumavam chamar. — Cuidado com suas ações, Miguel. – Eduardo alertou mais uma vez. – Por mais que a Talita tenha aprontado com você, foi você que a deixou entrar em sua vida. — Preciso de um drinque. – Falei ao parar próximo a porta da sala. – Vamos ao clube? Tenho saudades do nosso lugar preferido. Estava brincando na verdade, apenas na tentativa de descontrair um pouco o clima, uma vez que me sentia muito tenso e o clube Season Hot sempre foi um lugar que o Eduardo e eu frequentamos, mas que, desde que comecei a me relacionar com a Talita, me abstive de ir. Aquela era só mais uma coisa que me privei, para me ver ainda ser taxado de traidor por aquela mulher fútil e mentirosa. — Você a
Danielle Olhei para Miguel Pontes jantando com seu então melhor amigo, que também era seu advogado, me fez pensar no fato de que a audiência de conciliação para o acordo de divórcio da minha melhor amiga seria amanhã. E enquanto ela estava em casa se sentindo infeliz por ter que encarar ao homem que ela amava e com que ela esperava construir uma família em um processo para o fim do casamento entre os dois, o seu ex-marido estava prestigiando a inauguração de um restaurante chique e conversando de maneira bastante tranquila com seus amigos ricos e poderosos. Cheguei a bufar de raiva pelo absurdo da situação e o quanto aquilo era injusto, pois ele não parecia nenhum pouco incomodado de que estaria em sua audiência de divórcio no dia seguinte. Apesar disso, não poderia dizer que estava de todo surpresa, pois eu não estava. Quando não se tinha nenhuma expectativa em alguém, como era o caso, não causava espanto quando as atitudes daquela pessoa eram insensíveis ou algo do tipo. O fa
DanielleOlhei novamente para o lado e uma mulher havia chegado à mesa do Miguel, algo que me deixou extremamente chateada. Claro que a minha raiva era devido a Talita e não por qualquer outro motivo. A mulher parecia ter acabado de chegar ao restaurante e ter parado para falar com os dois homens, mas sua atenção estava concentrada apenas em um deles, o que me fazia ferver de raiva, pois mesmo estando em processo de divórcio, a audiência marcada para amanhã, ele ainda estava aproveitando bastante a situação. — Cretino. — Resmunguei, sem conseguir me controlar. — Ele não está retribuindo o interesse dela. — Carlos apontou. Me espantei com a sua colocação e olhei de imediato para o Carlos, sentindo um ardor na face, pois pelo visto ele havia ouvido o que eu falei e entendido a quem eu estava me referindo, o que era ainda pior. — Não importa se ele não está devorando-a com os olhos como ela está fazendo com ele. — Optei então por defender meu ponto, uma vez que já tinha passado a ve
Miguel Depois que voltei a minha mesa, após tentar confrontar a advogada da minha querida ex-esposa, chamei o Eduardo para ir embora, pois eu não tinha mais nenhum pouco de vontade de continuar ali, depois de toda a frieza com a qual aquela advogada me tratou e aquela noite já havia rendido muito mais do que eu pretendia. Meu amigo, no entanto, ainda estava terminando sua refeição e como sempre acontecia, não parecia ter pressa alguma, como se ele tivesse todo o tempo do mundo e eu constatei, por toda a minha experiência com o Eduardo, que o melhor a ser feito era sentar novamente e esperar por ele. Olhei para a mesa ao lado, para olhar mais uma vez para a pedante Danielle, e foi a tempo de ver que o casal estava se levantando e saindo do restaurante. A expressão de entojo no rosto da advogada quase me fez rir, mas a irritação vendeu qualquer divertimento que eu pudesse sentir. — Você por acaso teria tentado falar com a doutora Danielle ou foi impressão minha? — Eduardo pergun
MiguelCheguei na casa dos meus pais, local onde eu voltei a morar após a minha separação, deixando para a Talita a minha cobertura na Barra, a qual eu possuía desde antes do nosso casamento, ainda era cedo, considerando os meus horários de quando era adolescente, antes de decidir morar sozinho. Eu havia pedido o divórcio e solicitado que a Talita saísse do meu apartamento, mas quando ela deixou bastante claro que não sairia de lá de forma alguma, assim como também não aceitava o pedido de divórcio, eu mesmo saí. O fato é que eu não aguentava mais ver aquela mulher na minha frente e antes que chegássemos a um pouco ainda mais desgastante, era melhor ceder. Mas não o faria novamente, no entanto. — Só chegou agora da empresa? - Minha mãe me perguntou, quando nos esbarramos no corredor que levava aos quartos da família. — Não. Estava jantando com o Eduardo. Aproximei-me da belíssima e ainda jovem mulher que era a minha mãe e dei um beijo breve em sua face, sentindo o perfume famili