DanielleEu tinha perdido a batalha para o amor. A frase era tão clichê, que chegava a doer no ouvido caso alguém dissesse aquilo em voz alta. Não seria o meu caso, no entanto. Mas eu não podia deixar que o Miguel terminasse tudo entre nós, por eu não ter feito o meu melhor e o ter deixado lutar por nossa relação sozinho, como ele tem feito desde o ínicio.Eu precisava dar aquele passo e dizer para ele que eu queria sim, casar com ele e formar a sua tão sonhada família e quando o vi à minha espera no apartamento, entendi que seria agora ou nunca e que não dava mais para adiar aquele momento.O Miguel parecia um homem disposto a tudo, inclusive a terminar o nosso relacionamento, quando ele me olhou, ao me ver entrar e eu entendi que devia impedi-lo de terminar tudo e que ele precisava me dar mais uma chance de acertar.Quando eu fiz o pedido de casamento, após dezenas de pedidos seus, ele pareceu incrédulo e sem fala e temi que tenha sido tarde demais, por esse motivo eu o segurei pel
DanielleA minha vida de casada não era nada parecida com aquilo que eu poderia ter imaginado, se em algum momento eu tivesse parado para pensar realmente sobre aquele assunto.Mas, pensando bem, a maioria dos exemplos que eu tive para me basear não eram nada agradáveis, a começar pelo primeiro casamento da minha mãe, que por acaso foi com o homem que era meu pai biológico.Além do fracasso dos casamentos dos meus pais, tinha também todos os casos de divórcio que eu representava em meu trabalho como advogada e isso, por si só, representava muita coisa. Mas o fato é que viver com o Miguel era algo maravilhoso e irritante ao mesmo tempo, pois nós éramos muito felizes juntos e tínhamos uma relação bastante equilibrada, em todos os sentidos. As coisas que me irritavam eram pequenas, se comparado a todos os pontos positivos e fazia parte do dia a dia como casal, mas eu não relevava e o Miguel ouvia poucas e boas de mim, mas ele não se importava e tudo sempre acabava em beijos e sexo. —
MiguelEra bem cedo ainda, mas eu já estava no banho, afinal, logo precisaria estar no trabalho.Enrolei uma toalha preta em meu corpo e saí do banheiro pingando ainda, mas não me importei com aquilo, afinal, agora que eu era um homem muito bem casado, minha esposa fazia toda a questão de cuidar de tudo e um banheiro molhado não era nada demais para ela.Cheguei ao meu quarto e já encontrei a minha mulher me esperando segurando uma bandeja de café da manhã, que eu sabia, mesmo sem ter me aproximado o suficiente ainda, que deveria estar repleta com tudo o que eu mais gostava de comer pela manhã. — Bom dia, meu amor! — A Danielle me cumprimentou bastante animada.— Bom dia, xuxu. — Falei e ela sorriu pelo apelido carinhoso que ela tanto apreciava. A chamei para que se aproximasse de mim e logo ela estava colocando a bandeja em cima da nossa cama e me abraçando, sem se importar que eu estava todo molhado ainda e colou sua boca à minha, com ardor.Nos beijamos por alguns minutos, apro
Danielle Olhei para o estado em que minha amiga se encontrava e senti a raiva me consumir. Aquilo era inadmissível e eu faria o que estivesse ao meu alcance para que a justiça fosse feita naquele caso. Eu mesma iria garantir aquilo. — Como você conseguiu esse vídeo, Talita? — Perguntei em um tom de voz que exprimia tranquilidade, apesar de tudo. — Enviaram para mim, de um número desconhecido. — Ela falou entre soluços. — E eu já tentei falar com a pessoa, mas está sempre desligado ou fora da área de cobertura da operadora. Fiquei considerando as suas palavras e me perguntando quem poderia ter interesse naquela situação ao ponto de gravar um vídeo do marido da Talita a traindo e enviar o conteúdo para ela. — Eu estou tão decepcionada com o Miguel, amiga. — Ela repetiu pela enésima vez, as lágrimas jorrando de seus olhos em uma proporção arrasadora. — Como ele pôde me trair dessa forma? — Eu compreendo o seu desgosto, Talita. Mas isso não ficará assim, eu te garanto. A Tal
DanielleEnquanto a Talita contava tudo sobre seu relacionamento, desde o início do seu namoro com o grande empresário Miguel Pontes até os dias atuais, o que não era muito tempo, uma vez que eles se conheceram há pouco mais de um ano, eu me perdia em pensamentos. Sempre tive a capacidade de me concentrar no que uma pessoa falava e trazer outros fatos ao pensamento, a todo o momento alinhando informações, mas naquele instante, tudo o que passava por minha cabeça eram as imagens do belíssimo e cretino, homem com o qual a minha amiga havia se casado. Eu havia tido o desprazer de conhecer o empresário riquíssimo e arrogante ao extremo, Miguel Pontes durante uma festa promovida pelo sócio majoritário do escritório para o qual eu trabalhava e assim que coloquei os olhos naquele homem, eu senti algo diferente, uma antipatia, eu diria. Não gostei do Miguel Pontes e não disfarcei os meus sentimentos nem por um minuto e a todo o momento em que eu o olhava, a minha expressão deixava claro o
Miguel Olhei pela janela do meu escritório no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro, e a sensação que eu tinha era de ter sido feito totalmente de idiota e que o único culpado por aquilo era eu mesmo e aquilo me deixava bastante irritado. Eu não havia sido completamente enganado por uma mulher, pois dizer aquilo seria uma grande hipocrisia da minha parte, quando todos, mas todos mesmo, não apenas a minha família e os amigos também, tentaram me avisar sobre quem ela era de verdade. Além dessas pessoas mais próximas, até mesmo alguns funcionários e parceiros de negócios insistiam que eu deveria pensar melhor sobre a ideia de casamento e que eu poderia apenas continuar como já estávamos, em um relacionamento cômodo e em que poderíamos sair a qualquer momento, sem mais problemas ou dificuldades. Mas eu, totalmente concentrado em fazer negócios e aproveitar a boceta sempre disposta e pronta para mim, não dei ouvidos àqueles que só estavam tentando ser leais a mim, ao contrário do que acon
MiguelLevantei da minha confortável cadeira de CEO do grupo Pontes e fiquei andando por minha sala ricamente decorada em tons de ocre e bege, com as mãos em punho. Aquela havia sido a sala do meu pai por anos, enquanto ele foi o homem por trás do Grupo Pontes, ou GA, como os funcionários costumavam chamar. — Cuidado com suas ações, Miguel. – Eduardo alertou mais uma vez. – Por mais que a Talita tenha aprontado com você, foi você que a deixou entrar em sua vida. — Preciso de um drinque. – Falei ao parar próximo a porta da sala. – Vamos ao clube? Tenho saudades do nosso lugar preferido. Estava brincando na verdade, apenas na tentativa de descontrair um pouco o clima, uma vez que me sentia muito tenso e o clube Season Hot sempre foi um lugar que o Eduardo e eu frequentamos, mas que, desde que comecei a me relacionar com a Talita, me abstive de ir. Aquela era só mais uma coisa que me privei, para me ver ainda ser taxado de traidor por aquela mulher fútil e mentirosa. — Você a
Danielle Olhei para Miguel Pontes jantando com seu então melhor amigo, que também era seu advogado, me fez pensar no fato de que a audiência de conciliação para o acordo de divórcio da minha melhor amiga seria amanhã. E enquanto ela estava em casa se sentindo infeliz por ter que encarar ao homem que ela amava e com que ela esperava construir uma família em um processo para o fim do casamento entre os dois, o seu ex-marido estava prestigiando a inauguração de um restaurante chique e conversando de maneira bastante tranquila com seus amigos ricos e poderosos. Cheguei a bufar de raiva pelo absurdo da situação e o quanto aquilo era injusto, pois ele não parecia nenhum pouco incomodado de que estaria em sua audiência de divórcio no dia seguinte. Apesar disso, não poderia dizer que estava de todo surpresa, pois eu não estava. Quando não se tinha nenhuma expectativa em alguém, como era o caso, não causava espanto quando as atitudes daquela pessoa eram insensíveis ou algo do tipo. O fa