Amy acordou na cama de Marcus, sentindo o toque suave dos lençóis de cetim contra a pele, mas algo estava errado. A cama estava gelada, vazia. Ela se espreguiçou, olhando ao redor, percebendo a ausência de Marcus. A luz suave da manhã iluminava o quarto, revelando que ainda era cedo, por volta das 7 horas. Ela olhou para a escrivaninha ao lado da cama e viu um bilhete simples e direto, a caligrafia dele firme e quase impessoal."Tive que sair cedo. Marcus."Amy suspirou, irritada. Não era a primeira vez que ele saía assim, sem dar maiores explicações. Era como se as noites intensas que compartilhavam fossem imediatamente seguidas por uma barreira invisível que ele construía ao redor de si. Ela queria mais que apenas noites passionais, queria proximidade, intimidade, não só física, mas emocional também.Com um último olhar para o bilhete, Amy se levantou e começou a se vestir rapidamente. Pegou suas roupas espalhadas pelo chão, vestindo-se enquanto sentia uma leve onda de frustração cr
Amy estava no estúdio de gravação, cercada por paredes acolchoadas e luzes suaves. O microfone à sua frente capturava cada nota, cada suspiro, mas a melodia que antes fluía tão naturalmente agora parecia forçada. As palavras escapavam de seus lábios com uma certa hesitação, uma ansiedade que ela tentava esconder. O produtor, do outro lado da janela de vidro, acenava com a cabeça, satisfeito, mas Amy sabia que havia algo errado. Não era apenas a pressão de estar de volta. Era algo mais profundo, algo que a estava corroendo.Ela terminava mais uma música, a voz falhando em algumas notas, mas ninguém parecia notar. A gravadora estava mais preocupada em acelerar os prazos para lançar as músicas e iniciar os videoclipes. Amy mal tinha tempo para respirar entre as gravações e as reuniões de planejamento. Cada minuto era preenchido com compromissos, sua agenda apertada, e as mensagens de Marcus iam ficando cada vez mais escassas. As poucas interações que tinham eram breves, muitas vezes apen
Amy se sentia à deriva em um mar de emoções turbulentas enquanto subia ao palco. A multidão a aguardava, o burburinho das vozes ecoando pelo teatro. As luzes ofuscantes a cegavam momentaneamente, e ela fechou os olhos por um breve segundo, tentando controlar a tempestade que rugia dentro de si. O peso do pânico ainda estava lá, mas Ethan, ao menos, havia conseguido ajudá-la a recuperar algum controle.Ela cantava, sua voz pura e doce, enquanto seu coração parecia prestes a explodir. A música que seu pai havia escrito sobre a perda preenchia o ambiente, e as palavras se entrelaçavam com suas emoções. A letra falava sobre o medo de perder alguém, sobre como apenas imaginar essa dor já era suficiente para partir o coração. O público não sabia, mas aquela era mais do que apenas uma música para ela. Era uma despedida emocional, uma confissão de tudo o que estava se rompendo dentro dela. As lágrimas começaram a escorrer sem que Amy pudesse controlar, e, mesmo que sua voz falhasse por um se
Amy se afastou em silêncio, a respiração curta e entrecortada, os passos leves como se tentasse desaparecer sem chamar atenção. Ethan a observava de longe, o olhar fixo e preocupado, mas respeitava o espaço dela, entendendo que, às vezes, o silêncio dizia mais do que qualquer palavra. Ele sabia que ela precisava de tempo para processar tudo, mesmo que sua vontade fosse correr atrás dela e abraçá-la, protegê-la de toda a dor que carregava. Enquanto isso, Sophie olhava para Amy com seus grandes olhos inocentes, percebendo o que os adultos pareciam não ver. Ela puxou a manga da blusa de Zoe com suavidade, e sua voz pequena cortou o silêncio que havia se instaurado na cozinha.— Tia Zoe, a tia Amy não está bem, ela estava chorando — Sophie disse, com uma mistura de preocupação e tristeza na voz.Zoe abaixou-se ao nível de Sophie, forçando um sorriso tranquilo enquanto colocava as mãos nos ombros da menina.— Ela só está cansada, querida. — Zoe tentou desconversar, sua voz suave e carinho
Amy subiu as escadas com um peso em seu coração. Desde o momento em que viu Victoria na casa de Marcus, algo se quebrou dentro dela, mas de uma forma estranha, sem a fúria ou a raiva que imaginava que sentiria. Ele não a estava traindo, ela conhecia o caráter dele bem o suficiente para saber que ele não era capaz daquilo, mas também soube com certeza que ele a tinha abandonado quando ela mais precisava. Ele não a traiu com outra mulher, mas a traiu ao não estar presente.Sua cabeça estava cheio de pensamentos que pareciam não fazer sentido, mas que não paravam de se repetir. A música, que sempre foi sua fonte de força e de expressão, de repente não fazia mais sentido. Todas as letras, melodias e composições pareciam distantes, vazias de significado. "O que eu estou fazendo?" A pergunta ecoou em sua mente. Já não sabia se aquilo era o que queria. Já não tinha certeza se conseguiria continuar.Ao entrar em seu quarto, ela trancou a porta atrás de si, como se pudesse se proteger de tudo
Quando finalmente chegou à banheira, o cenário diante de seus olhos fez seu coração despencar. Amy estava lá, sentada, submersa na água até a cintura, ainda vestida com o mesmo vestido rosa-claro que usava quando chegou mais cedo. Seus longos cabelos estavam molhados, grudados na pele, e seus olhos, vidrados, encaravam o nada. A expressão dela era distante, fria, como se estivesse perdida em algum lugar muito longe dali. O vapor subia ao redor dela, como se estivesse criando uma barreira entre ela e o mundo exterior. Parecia que Amy não havia ouvido nenhum dos gritos, batidas ou vozes desesperadas que ecoaram pela casa.— Amy? — A voz de Melissa saiu num sussurro, quase inaudível. O coração da mãe parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, e o medo que a consumia era sufocante.Amy piscou lentamente, como se estivesse emergindo de um sonho. Ela finalmente olhou para a mãe, e por um momento, seu olhar pareceu vazio, sem reconhecer quem estava à sua frente. Mas seus olhos encon
A noite já havia caído quando Amy foi retirada da banheira, mas o mundo à sua volta parecia estar mergulhado em uma escuridão impenetrável. Melissa, com as mãos trêmulas e o coração descompassado, ajudava a filha a se trocar em silêncio, enquanto Ethan, Charles e Zoe observavam a porta, agora quebrada, do quarto de Amy, sem saber o que fazer. Eles não tinham coragem de olhar, o vazio nos olhos de Amy era quase insuportável, como se ela não estivesse mais presente, como se a pessoa que eles conheciam tivesse sido drenada, deixando apenas uma casca.A tensão era palpável. Melissa olhava para Amy com uma mistura de medo e impotência, como se a qualquer momento ela pudesse se despedaçar por completo. Ethan, sempre tão confiante, agora mal conseguia manter as mãos firmes, a culpa nublando sua mente. Zoe, por sua vez, estava desolada, sentindo a dor de Amy como se fosse sua própria, como se cada suspiro de sofrimento da amiga ecoasse dentro dela.Charles, que sempre teve um carinho especial
— Victoria? — Ethan murmurou o nome, franzindo a testa. — Então era ela?Marcus assentiu, fazendo com que a raiva em Ethan fervilhasse. Ele sabia desde o começo que Amy não gostava daquela secretária, ele também não gostava, pois sempre a achou manipuladora e vulgar.— Ela... — Marcus parou, respirando fundo. — Ela foi quem enviou aquelas imagens para a mídia. Criou o caos ao redor de Amy.— E o que esse projeto de… — Ethan respirou fundo segurando a raiva. — O que essa mulher estava fazendo em sua casa?— Ela foi me pedir ajuda, disse que não conseguia emprego após o vídeo que publicaram dela seminua sendo expulsa da joalheria. — Marcus massageou as têmporas.Ethan ficou em silêncio por um momento, processando o que havia acabado de ouvir. Sua expressão endureceu.— Agora faz sentido... — ele murmurou. — Amy deve ter visto Victoria na sua casa quando foi te procurar depois do show. Isso explica por que ela saiu de lá tão... devastada.Marcus sentiu o peito apertar, como se um peso im