Amy estava no estúdio de gravação, cercada por paredes acolchoadas e luzes suaves. O microfone à sua frente capturava cada nota, cada suspiro, mas a melodia que antes fluía tão naturalmente agora parecia forçada. As palavras escapavam de seus lábios com uma certa hesitação, uma ansiedade que ela tentava esconder. O produtor, do outro lado da janela de vidro, acenava com a cabeça, satisfeito, mas Amy sabia que havia algo errado. Não era apenas a pressão de estar de volta. Era algo mais profundo, algo que a estava corroendo.Ela terminava mais uma música, a voz falhando em algumas notas, mas ninguém parecia notar. A gravadora estava mais preocupada em acelerar os prazos para lançar as músicas e iniciar os videoclipes. Amy mal tinha tempo para respirar entre as gravações e as reuniões de planejamento. Cada minuto era preenchido com compromissos, sua agenda apertada, e as mensagens de Marcus iam ficando cada vez mais escassas. As poucas interações que tinham eram breves, muitas vezes apen
Amy se sentia à deriva em um mar de emoções turbulentas enquanto subia ao palco. A multidão a aguardava, o burburinho das vozes ecoando pelo teatro. As luzes ofuscantes a cegavam momentaneamente, e ela fechou os olhos por um breve segundo, tentando controlar a tempestade que rugia dentro de si. O peso do pânico ainda estava lá, mas Ethan, ao menos, havia conseguido ajudá-la a recuperar algum controle.Ela cantava, sua voz pura e doce, enquanto seu coração parecia prestes a explodir. A música que seu pai havia escrito sobre a perda preenchia o ambiente, e as palavras se entrelaçavam com suas emoções. A letra falava sobre o medo de perder alguém, sobre como apenas imaginar essa dor já era suficiente para partir o coração. O público não sabia, mas aquela era mais do que apenas uma música para ela. Era uma despedida emocional, uma confissão de tudo o que estava se rompendo dentro dela. As lágrimas começaram a escorrer sem que Amy pudesse controlar, e, mesmo que sua voz falhasse por um se
Amy se afastou em silêncio, a respiração curta e entrecortada, os passos leves como se tentasse desaparecer sem chamar atenção. Ethan a observava de longe, o olhar fixo e preocupado, mas respeitava o espaço dela, entendendo que, às vezes, o silêncio dizia mais do que qualquer palavra. Ele sabia que ela precisava de tempo para processar tudo, mesmo que sua vontade fosse correr atrás dela e abraçá-la, protegê-la de toda a dor que carregava. Enquanto isso, Sophie olhava para Amy com seus grandes olhos inocentes, percebendo o que os adultos pareciam não ver. Ela puxou a manga da blusa de Zoe com suavidade, e sua voz pequena cortou o silêncio que havia se instaurado na cozinha.— Tia Zoe, a tia Amy não está bem, ela estava chorando — Sophie disse, com uma mistura de preocupação e tristeza na voz.Zoe abaixou-se ao nível de Sophie, forçando um sorriso tranquilo enquanto colocava as mãos nos ombros da menina.— Ela só está cansada, querida. — Zoe tentou desconversar, sua voz suave e carinho
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d
Amy soltou uma risada nasalada lembrando-se da tarde de piquenique. De fato, boa parte de suas músicas eram as escritas por seu pai, e todas elas eram aclamadas e extremamente sentimentais. Posts em redes sociais elogiavam aquelas músicas e até mesmo eram usadas nas biografias de alguns perfis de fãs.A cantora saiu brevemente de seu devaneio ao ouvir o homem ao seu lado bufar. Ela olhou de canto de olho e o viu encarar o computador de forma irritada. O homem sentindo-se observado olhou para Amy, seus olhos se encontraram por um instante e a cantora se viu perdida no verde dos olhos alheio. Ela tinha a sensação de já o ter visto em algum lugar, mas não sabia ao certo onde.Quando ele franziu o cenho, Amy pigarreou e desviou o olhar sentindo-se envergonhada por encará-lo, mas logo esqueceu-se da situação e voltou a olhar para a janela.A cantora olhou para o celular e viu a data, novamente outra lembrança tomou conta de sua mente, uma das últimas lembranças felizes que tinha tido com
Após o avião pousar em Los Angeles, Amy pigarreou e saiu logo atrás do homem de olhos verdes. Estava envergonhada, tão acostumada a ter fãs ao seu redor que uma interação com alguém que parecia não a conhecer a deixou desconcertada.Não sabia ao certo como poderia pedir desculpas, e sentia que não podia deixar aquele homem ir embora sem um pedido de desculpas realmente válido. Sentia que precisava falar com ele novamente, era como se o seu corpo estivesse sendo atraído para ele.Assim que saíram do avião, Amy, por um impulso segurou o braço do homem ainda a sua frente.— O quê? — Amy observou o olhar confuso e cansado do homem a sua frente que parecia ter pelo menos uns 35 anos. — O que está fazendo?— Ah! Desculpe. — Balbuciou as palavras sem saber ao certo o porquê de ter feito aquilo. — O lenço. — Pigarreou evitando o olhar dele. — O lenço que me emprestou. — Começou desajeitada, completamente sem graça. — Preciso devolvê-lo. Se me falar qual o seu nome e onde trabalha, posso pedir
— Ela só veio me perguntar onde era o banheiro. — Deu de ombros e voltou a caminhar rapidamente até o seu carro e então colocou sua mala no porta-malas. — Por favor, dirija o mais rápido possível. Minha filha está me esperando. E espero que pare de agir como se tivéssemos algo.— Claro, Senhor Caldwell. — Victoria mordeu a parte interna de sua bochecha e sentou no banco do motorista.Enquanto Victoria ligava o carro, Marcus procurava involuntariamente pela garota do avião novamente, mas não a viu, o que fez com que ele ficasse desapontado. Amy já estava na van a caminho de casa, ignorando completamente o que tinha acontecido no avião. Sabia que a chance de encontrar com o primogênito da família Caldwell era praticamente zero, além de que ele não parecia conhecê-la.— Amy? — Ethan a chamou pela segunda vez. — Está tudo bem?— Uh? — Amy o olhou e então sorriu. — Desculpe, Ethan, sei que está preocupado. Estou apenas cansada, nada mais.— Vou providenciar suas férias após o evento de ca
Amy observava a cortina entreaberta nos bastidores, seu coração batendo descompassado no peito. Os gritos da multidão que clamavam pela famosa Aurora em expectativa a deixava ainda mais ansiosa. A fama, embora brilhante, ainda parecia distante e assustadora.Já fazia um ano desde que Amy mergulhara de cabeça no mundo da fama, impulsionada pela fé de seu gerente, Ethan. Ele, que enxergara o potencial de um astro em ascensão, apostara todas as fichas nela. A responsabilidade pesava nos ombros jovens de Amy, que agora se via no em um novo capítulo de sua vida, tão diferente dos anos tranquilos que viveu em Oakland.— Aurora? — A voz de Ethan rompeu o devaneio de Amy, trazendo-a de volta à realidade pulsante dos bastidores. — Está tudo bem? Está quase na hora de entrar.Amy piscou, forçando um sorriso trêmulo. O nervosismo a envolvia como uma brisa fria, fazendo-a tremer por dentro.— Ansiosa. — Balbuciou sentindo um leve tremor nas mãos. — Não consigo me acostumar com o fato de que há mi