Os dias começaram a se arrastar, como se o tempo tivesse desacelerado, cada segundo mais pesado que o anterior. Melissa havia parado de ir à padaria com Charles. Ele nunca reclamou, entendia que a filha dela precisava dela agora mais do que nunca. Melissa passava horas ao lado de Amy, sentada na beira da cama, esperando que ela dissesse algo, qualquer coisa. Mas Amy permanecia em silêncio, os olhos vidrados, o corpo tão imóvel quanto sua mente parecia estar.A casa, que antes era cheia de vida, estava agora envolta em um silêncio sufocante, quebrado apenas pelos passos suaves de Melissa ou o som das respirações pesadas no meio da noite. O tempo continuava seu ciclo impiedoso, mas para Amy, os dias passavam sem deixar marca. Tudo parecia congelado em um vazio emocional que ela não conseguia escapar.Ethan, fiel como sempre, ia todos os dias. Ele se sentava ao lado de Amy, tentando conversar, às vezes apenas falando sobre banalidades. Ele sabia que ela não o ouvia realmente, mas isso nã
Os meses que se seguiram foram uma batalha lenta e dolorosa. A presença da psicóloga na mansão tornou-se uma constante presença, quase uma sombra gentil que rondava os dias de Amy. O progresso era lento, às vezes imperceptível, mas, aos poucos, ela começou a mostrar pequenos sinais de vida. Primeiro, seus olhos não estavam mais vidrados; ela os movia, fixando-se em pequenos detalhes da sala, ou olhando pela janela para o céu. O silêncio ainda reinava, mas a sensação opressiva começava a se dissipar.Ethan, que havia sido uma presença incansável ao lado dela, sabia que qualquer melhora era um avanço. Ele continuava a visitá-la, a conversar, a trazer-lhe pequenos pedaços de normalidade, na esperança de que, um dia, ela voltasse a ser a Amy que ele conhecia. E, finalmente, após meses de silêncio e sofrimento, ele tomou uma decisão importante. Amy precisava de um hiato sem data de volta.A notícia de que Amy iria entrar em hiato novamente foi um choque para seus fãs. As redes sociais expl
Amy ficou parada diante da porta por alguns segundos antes de tocar a campainha. O frio do final de ano envolvia seus ombros, e ela sentia o vento gelado chicotear seu rosto. Enquanto esperava, um misto de ansiedade e melancolia pesava sobre ela. O som dos passos vindo do outro lado da porta parecia distante, mas cada vez mais real, à medida que Marcus se aproximava.Quando a porta finalmente se abriu, Marcus surgiu com uma expressão surpresa que rapidamente se transformou em algo mais complexo. Amy não precisou dizer nada de imediato; o olhar dele a atravessou, misturando choque e uma dor antiga. Ele ficou imóvel por um momento, como se estivesse processando o que via.— Amy… — ele murmurou, sem saber o que mais dizer. Ela havia sumido de sua vida por tanto tempo, e agora estava ali, de repente.O silêncio entre eles se prolongou por alguns segundos que pareceram infinitos. Amy observou os olhos de Marcus, a maneira como ele tentava encontrar alguma resposta, alguma explicação, para
O silêncio que se seguiu àquelas palavras parecia mais frio do que o vento lá fora. Marcus respirava com dificuldade, tentando absorver a gravidade do que Amy havia acabado de dizer. O peso da situação parecia esmagar seus ombros, e ele não sabia como lidar com a possibilidade de perdê-la para sempre. Finalmente, ele encontrou forças para falar, ainda que sua voz estivesse trêmula.— Amor, espera... — Ele começou, dando um passo em sua direção. — Sobre aquele dia... o dia com a Victoria... Eu não sabia sobre a mensagem. Eu juro que se eu tivesse visto, nunca teria te deixado. Nunca teria te abandonado daquele jeito.Amy balançou a cabeça, uma expressão triste em seu rosto, como se já tivesse ouvido aquilo inúmeras vezes em sua própria mente.— Eu sei, Marcus — respondeu ela, sua voz firme, mas com uma nota de resignação. — Sei que você nunca teria feito aquilo intencionalmente. Mas o problema é que, mesmo sabendo disso, não consigo mais seguir em frente com a gente. Você tem o dobro d
Amy fechou a porta da casa de Marcus sem olhar para trás, lutando contra o impulso de voltar. Cada passo que dava longe dele parecia um desafio, mas ela sabia que não poderia ceder. Decidira que precisava se fortalecer, aprender a se aceitar e, um dia, talvez aceitar Marcus com todos os defeitos que ele carregava.Ao chegar em casa, Amy entrou em silêncio, seu coração pesado pelas palavras trocadas. A conversa com Marcus ainda reverberava em sua mente, e o impacto emocional a consumia. Quando viu Zoe sentada no sofá, esperando por ela, a fachada que Amy tentava manter se desfez.Zoe se levantou imediatamente, preocupada ao ver o estado da amiga. Amy mal conseguia conter as lágrimas. Antes que qualquer pergunta pudesse ser feita, Amy caiu nos braços de Zoe, seu corpo tremendo enquanto soluçava.— Eu sabia que não seria fácil, mas... — Amy começou a falar, sua voz embargada e cheia de dor. — Eu não sabia que ia doer tanto assim.Zoe a abraçou forte, oferecendo o suporte silencioso que A
P.O.V. AmyEu olhava pela janela do carro enquanto o mundo lá fora passava em borrões. Los Angeles estava especialmente movimentada, mas o caos da cidade parecia pequeno comparado ao que se passava dentro de mim. Zoe dirigia com uma mão no volante, conversando animadamente com a minha mãe, mas suas vozes soavam distantes, abafadas. Eu mal prestava atenção. Meus pensamentos estavam longe, em Tóquio, no voo que partiria amanhã... e na despedida que eu ainda não estava pronta para enfrentar.Era surreal. Em questão de horas, minha vida mudaria completamente, e tudo que eu conhecia ficaria para trás. Uma parte de mim se perguntava se essa fuga era o certo a se fazer, mas outra parte — a parte que estava cansada, exausta de tudo — sabia que eu precisava dessa mudança. O que fui até agora já não funcionava mais. Eu precisava descobrir quem eu realmente era, longe das expectativas de todo mundo.Quando o carro parou no shopping, dois seguranças se posicionaram ao nosso lado. Eu sabia que hav
P.O.V. AmyO aeroporto estava lotado, barulhento, mas para mim, tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta. A longa fila no balcão de embarque, as malas que me esperavam, o grande painel de voos... tudo parecia tão distante. E, enquanto eu me aproximava das despedidas, a realização do que estava prestes a fazer tornava-se mais real, mais pesada. Cada passo que eu dava era um passo para longe do que conhecia, para longe das pessoas que, apesar de tudo, ainda me faziam sentir um lar.Minha mãe foi a primeira a me abraçar. Quando a segurei, senti sua respiração tremer contra o meu ombro. Ela sempre tentou ser forte, sempre foi a rocha da nossa família, mas, naquele momento, não conseguiu esconder a emoção.— Eu te amo, querida. — A voz dela estava embargada. — E sei que você precisa disso. Mas quero que saiba que sempre vai ter um lugar aqui. Comigo, com a gente. E... — ela respirou fundo, tentando controlar a emoção — estarei sempre a uma ligação de distância, tudo bem?Assenti, meu
P.O.V. MarcusO silêncio no meu quarto era tão ensurdecedor quanto o vazio que preenchia cada canto da minha alma desde que Amy saiu da minha vida. Era como se todo o ar tivesse sido sugado, e o peso daquela solidão tornava difícil até respirar. Nada ali parecia o mesmo. Eu me movia pela casa e cada mínimo detalhe, cada pequena lembrança, era um lembrete cruel do que eu havia perdido. O cheiro dela ainda estava nas minhas roupas, e as pequenas coisas que ela sempre deixava espalhadas pela casa estavam ali, me encarando como um testemunho das escolhas erradas que eu havia feito.O desespero começou a me consumir. Eu precisava vê-la, ouvir sua voz, encontrar um jeito de desfazer toda a dor que causei. Antes que pudesse reconsiderar, caminhei em direção à casa dela, com o coração acelerado e uma esperança irracional de que ela estivesse lá, de que fosse possível consertar tudo. Quando cheguei e a porta se abriu, vi Charles parado na entrada. Seu rosto era uma mistura de tristeza e compai