Dois

A garota continua me olhando de cima a baixo, seu rostinho de boneca está todo corado, confesso que tô achando ela muito linda, mas não a quero aqui, esse é o meu paraíso particular, e não irei deixar nenhuma Eva aparecer para me tirar isso.

— Você é o meu presente? E quem me mandou esse presente? - pergunto logo pra saber com quem eu irei cortar de vez relações.

— O senhor Nogueira e o senhor no Soares compraram os meus serviços, e eu estou aqui de presente pra você. - ela diz sorrindo, eu me sinto amolecer com esse sorriso lindo dela, mas logo me recomponho, eu não posso cair no sorriso dessa Eva feiticeira.

— Então o Guto e o Sérgio resolveram se intrometer na minha vida. Olha moça, muito obrigado, mas eu irei devolver o presente. - digo fazendo sinal para ela se retirar.

— Não gostou de mim? Não sou do seu agrado? - pergunta fazendo um biquinho lindo, que só me dá vontade de morder, a olho de cima a baixo, contemplando seu belo corpo de violão.

Essa mulher é maravilhosa!

— Não é isso é que... eu agora sou um homem da natureza, eu estou vivendo alternativamente, mas aqui só há espaço pra mim. - digo e me viro em direção à mata. — Você deve saber o caminho de volta.

(...)

Vou direto para o rio, pois é a parte mais fria aqui da propriedade e com certeza, irá ajudar a controlar esse fogo que está queimando dentro de mim, parece até que eu estou com febre, não é à toa, que a mulher simboliza a luxúria e o pecado, alguém como aquele presente que eu tive a sabedoria de recusar, tem o poder de virar a cabeça de qualquer homem.

— Shi... - me assusto e dou um salto para trás no momento em que a moça que me mandaram de presente surge do meu lado com a lança que eu mesmo fiz para pegar os peixes do rio. — Esse é dos grandes.

Ela diz jogando a lança no rio e quando a puxa de volta, traz um peixe enorme para a superfície.

— O que você está fazendo? Eu te mandei embora! - disse já sentindo o meu coração palpitar, a respiração acelerar, e o meu pau ficar duro que nem pedra.

A mulher está pelada dos pés à cabeça, do jeito que veio ao mundo, e devo dizer que...

Ela é simplesmente maravilhosa!

— Eu sou o seu presente e irei ficar! Você não vai me fazer sair daqui, a mata é pública. - disse séria e começou a retirar as escamas do peixe, com bastante precisão. — Acho que apenas esse aqui vai dar para nos satisfazer no almoço.

— Você não vai tomar o meu espaço! Esse território é meu! - disse com raiva.

— Eu não irei tomar o seu espaço! Vim dividi-lo com você. - disse terminando de lavar o peixe e se voltando na minha direção.

Me perco na visão dos seus seios fartos e empinadinhos balançando em minha direção.

— Fêmeas não brigam por territórios, apenas os divide com seus machos alfas. - fala sedutoramente, me fazendo engolir em seco. — Você pode acender a fogueira por favor?

Foi aí que eu percebi que ela já tinha temperado o peixe com algumas ervas naturais que eu mantinha próximas ao local onde eu fazia minha fogueira, e também já tinha envolto todo o peixe em palhas de bananeiras, essa mulher sabe viver na mata tanto quanto eu.

— Onde você aprendeu a preparar peixe assim? - perguntei enquanto acendia a fogueira pra gente, montei umas estacas em forma de grelha, e ela colocou o peixe pra assar.

— Meu pai era o líder do acampamento dos escoteiros, eu domino tudo o que você possa imaginar sobre sobrevivência na floresta. - respondeu com o sorriso mais belo que eu já vi, e novamente eu engoli em seco.

— Depois que comer, você pode ir embora. - disse olhando para o rio, se eu ficar mais tempo olhando-a, tenho certeza que não resistirei.

— Acho que antes de comer eu irei tomar um banho, eu só consigo me alimentar depois que fico bem limpinha. - dizendo isso, Ester foi caminhando sedutoramente para o rio e adentrando o mesmo devagar.

Seu corpo magnífico aos poucos foi sendo tomado pela água, e novamente meu garoto deu sinal de vida, enquanto ela deslizava delicadamente nas águas claras, parecendo uma sereia feiticeira, que acabara de hipnotizar o pobre marujo. É assim que estou me sentindo, completamente hipnotizado pela beldade à minha frente.

"Ah Guto! Sérgio! Vocês me pagam." pensei sorrindo da minha própria desgraça, pois meus planos de vida reclusa na floresta que eu tanto almejara, estavam indo rio abaixo, literalmente.

Sorrindo maliciosamente eu a vi sair da água e...

Puta que pariu!

Parecia uma deusa do rio, a própria Iara saindo da água, descobrindo o pescoço e aos poucos o colo, os seios fartos, revelando a cintura fina de violão, e os belos quadris, e a minha visão ficou turva no momento em que finalmente encarei sua intimidade, que até então estava lutando avidamente para não olhar, e eu simplesmente fiquei com água na boca, e foi impossível não morder os lábios que formigavam sem parar, foi impossível também controlar meu pau, que começou a latejar, doido de tesão por essa sereia feiticeira.

— Agora eu irei secar meu corpo ao sol! - disse subindo em uma das gigantes pedras ao redor do rio, e fechando os olhos, ela levantou seu rosto e expôs seu corpo ao sol, e pra mim foi a gota d'água.

Pulei no mesmo instante no rio, as águas frias tinham que apagar essa chama que crescia loucamente dentro de mim, teria também que me ajudar com o meu garoto, que agora parece ter pensamentos e vontades próprias.

Fechei meus olhos e fui aos poucos controlando a minha respiração, aguardando o frio chegar. Mas acontece que um fenômeno completamente diferente começou a acontecer, porque em vez da água fria congelar a minha pele, fui eu que esquentei toda a água com o fogo que eu estava sentindo, não sei se era delírio ou algum devaneio, só sei que a sensação que eu tinha, era que a água ao meu redor estava fervendo, em consonância com a minha pele.

Agora eu consigo entender perfeitamente os motivos de Adão, por ter se deixado levar pelas palavras de Eva e ter cometido o pecado original, não dá pra pensar direito com uma mulher pelada próximo à você, principalmente quando essa mulher tem um corpo de deusa igual a senhorita Ester Fontes.

Também entendo os motivos dele ter abandonado o paraíso junto com Eva.

Não dá pra resistir a uma tentação dessa magnitude.

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