Isabella acordou naquela manhã com um peso no peito que não conseguia ignorar. Nos últimos dias, tentou se convencer de que sua vida seguiria normalmente sem Ethan, mas a verdade era outra. Tudo parecia sem cor, sem sabor, sem sentido. Ela sentia falta dele. Falta da forma como ele a olhava, como seu tom de voz mudava sutilmente quando falava com ela, falta até da teimosia dele. E naquela manhã, ao encarar seu reflexo no espelho, ela finalmente admitiu para si mesma: estava apaixonada por Ethan. Era um sentimento que lutou para ignorar, que tentou sufocar com a raiva e o orgulho, mas que se recusava a desaparecer. Seus dedos deslizaram pelo celular, abrindo a última mensagem que ele havia lhe enviado. Uma simples “Boa noite”, mas que agora parecia carregada de significados. Ela não queria mais fugir. E se Ethan rea
Isabella saiu do restaurante sem olhar para trás, mas seu coração parecia um peso morto dentro do peito. O ar ao seu redor parecia mais frio, mais denso, e cada passo que dava para longe de Ethan era como se cravasse mais fundo a dor que acabara de sentir. Ela havia se declarado. E ele… não disse nada. As ruas movimentadas de Nova York passaram diante de seus olhos como um borrão. Ela queria chegar em casa o mais rápido possível, queria se trancar no apartamento e apagar aquele momento da sua memória. Mas a voz de Marie ecoava em sua mente. — Que interessante… Aquela mulher sabia. Ela sabia que Isabella estava apaixonada por Ethan e, pior, parecia satisfeita com a situação. Isabella sentiu o estômago se revirar. Afinal, o que ela esperava? Que Ethan se levantasse no meio do restaurante, segurasse sua mão e dissesse que a amava também? <
Ethan a encarou, os olhos faiscando com um misto de frustração e desejo reprimido. Isabella se manteve firme, sentindo o peso da sua própria decisão. Ela não fugiria mais, mas também não se entregaria a ele sem que soubesse exatamente onde estava pisando. — O que você quer dizer com isso? — A voz dele soou rouca, carregada de algo que Isabella não conseguia decifrar. Ela respirou fundo. — Eu não vou mais correr de você, Ethan. Eu não vou mais fingir que não sinto nada, porque eu sinto. Mas eu não vou permitir que você me tenha pela metade. Ele franziu a testa, claramente irritado. — Eu nunca te tive pela metade. Isabella soltou uma risada sem humor. — Não? Então me diz, o que foi aquilo hoje? Eu me declarei para você e tudo o que fez foi me olhar como se eu tivesse enlouquecido. Depois, me deixou ali, sozinha, e continuou seu almoço com Marie como se nada tivesse acontecido. Ethan fechou os
Ethan sentia que estava à beira da loucura. Já fazia dias desde que Isabella havia estabelecido aquela regra cruel: ele não poderia tocá-la até que tomasse uma decisão sobre o que realmente queria. O problema era que, pela primeira vez em sua vida, ele não sabia exatamente o que queria. Ele sabia que desejava Isabella. Isso era inegável. Ele a queria debaixo dele, ao lado dele, dentro da vida dele. Mas a palavra *compromisso* sempre fora algo que o afastava. Por mais que tentasse negar, ele tinha medo. Medo de se envolver de verdade, medo de dar tudo de si e acabar machucado como aconteceu com sua mãe, que o abandonou sem olhar para trás. Ainda assim, Isabella estava lentamente desmontando suas defesas. No escritório, os dias se tornaram um teste de resistência. Ethan percebia cada pequeno movimento de Isabella, cada troca de olhares, cada sorriso que ela dava para os outros. Ela parecia estar se abrindo mais para os colegas de t
A chuva castigava a cidade com gotas grossas e impiedosas, transformando as ruas em espelhos traiçoeiros. Isabella estava sentada no banco do passageiro, o olhar perdido na paisagem distorcida pelas gotas que escorriam pelo vidro. O restaurante ficava para trás, assim como Ethan e a confusão de sentimentos que ele causava dentro dela. Alex dirigia em silêncio, respeitando o espaço que Isabella precisava. O motor do carro roncava suavemente enquanto ele avançava pelas avenidas parcialmente vazias. O trânsito estava fluindo, mas a visibilidade era péssima. — Você quer que eu te leve direto para casa? — Alex perguntou, lançando-lhe um olhar rápido. — Sim… — Isabella respondeu com a voz baixa, a mente ainda presa na cena que havia deixado para trás. Ethan com Marie. Ethan confuso. Ethan sem tomar uma decisão. Ela respirou fundo, tentando afastar a dor. Sabia que precisava ser firme, que não poderia continuar presa a alguém que não sabia o
Ethan estava de pé em frente à enorme janela de seu escritório, observando a cidade encoberta pela névoa da manhã. A imagem de Isabella caminhando ao lado de Alex, entrando no carro e partindo sem olhar para trás ainda o corroía por dentro. Ele passara a noite em claro, debatendo consigo mesmo sobre o que sentia, o que queria e como tudo havia saído de controle.Seu celular tocou. Ele atendeu de imediato, esperando que fosse uma ligação comum de trabalho, mas a voz do outro lado da linha carregava uma urgência que o fez congelar.— Senhor Ethan... aqui é Claire. Desculpe ligar assim, mas aconteceu uma coisa. Isabella sofreu um acidente.Por um instante, tudo ao redor pareceu perder o som. O coração de Ethan parou por um segundo antes de disparar, o sangue correndo em suas veias como um raio.— Como assim, Claire? Que acidente? Onde ela está? — ele perguntou, a voz falhando.— Foi grave. Ela estava com Alex... no carro. Bateram em um caminhão... Alex faleceu na hora. Isabella foi leva
Ethan não saiu do hospital. Ele se recusava a deixá-la sozinha, mesmo que os médicos e enfermeiros tentassem convencê-lo de que ela ainda não acordaria tão cedo. A ideia de ir para casa, tomar banho e descansar parecia absurda. Como poderia simplesmente sair dali quando Isabella estava naquele estado? Ele se mantinha firme ao lado dela, segurando sua mão sempre que podia, observando cada batida no monitor cardíaco como se pudesse controlar a recuperação dela apenas com sua presença. A dor no peito ainda era sufocante. O tempo passava devagar. Durante a madrugada, ele ouviu o som suave da porta se abrindo e virou a cabeça. Claire entrou no quarto, segurando um café e um saco de papel. — Você precisa comer alguma coisa.Ethan apenas balançou a cabeça, sem tirar os olhos de Isabella. — Não estou com fome.Claire suspirou, puxando uma cadeira para se sentar ao lado dele. — Você está aqui há quase dois dias sem dormir direito. Se ela acordar e te ver desse jeito, vai ficar preocu
O quarto estava mais calmo agora. Depois que a enfermeira saiu e Isabella foi examinada por um médico que sorriu aliviado ao vê-la consciente, restaram apenas ela e Ethan novamente, mergulhados em um silêncio denso, carregado de tudo o que ficou pendente entre eles.Isabella repousava com os olhos voltados para o teto. Seu corpo doía e a cabeça latejava, mas nada era tão doloroso quanto o vazio que sentia por dentro. A morte de Alex pairava como uma sombra sobre seu peito, pesada e sufocante. E, ao mesmo tempo, havia Ethan. Ao seu lado. Firme. Presente. E absurdamente confuso em sua mente.Ela virou o rosto devagar para encará-lo. Ele estava sentado de forma rígida, os cotovelos apoiados nos joelhos, os olhos cansados a observando como se ela fosse algo frágil demais para o mundo. — Você não precisa ficar — disse ela, sua voz ainda rouca. Ethan ergueu os olhos, franzindo o cenho. — Não diga isso. Eu não vou a lugar nenhum.