Ethan acordou com uma sensação estranha, um peso abafado em sua mente. Seus olhos estavam pesados, e a luz suave que entrava pela janela parecia dolorosa. Ele tentou se mexer, mas seu corpo estava exausto, como se tivesse sido drenado de toda energia. A febre ainda o consumia, mas agora ela parecia estar cedendo, permitindo-lhe finalmente tomar consciência do ambiente ao seu redor.O que o fez se sentir ainda mais confuso, no entanto, não foi a dor ou a febre. Foi o som suave da respiração dela. Ele não podia ver, mas podia sentir. Isabella estava ali, perto dele. Ele reconheceu o cheiro dela, algo reconfortante e ao mesmo tempo profundamente íntimo. O suave toque das mãos dela, que, até então, ele não tinha percebido, fez com que ele ficasse tenso. A preocupação de Isabella estava em cada gesto, em cada cuidado, e isso o atingiu com força.Seu olhar ainda turvo finalmente conseguiu focar em seu rosto, e ele a viu sentada ao lado dele, com a cabeça baixa, pare
Isabella observou a geladeira vazia com uma expressão de incredulidade. Tudo o que encontrou foram algumas garrafas de água, uma caixa de leite provavelmente vencida e um frasco de molho esquecido no canto. Suspirando, ela cruzou os braços e balançou a cabeça. — Típico. Esse homem vive à base de café e puro orgulho — murmurou para si mesma. Decidiu, então, sair para comprar algumas coisas. Ethan ainda não estava totalmente recuperado, e era evidente que, se dependesse dele, ficaria sem comer. Pegou sua bolsa e saiu do apartamento, sem fazer barulho para não incomodá-lo. No mercado, Isabella caminhava pelos corredores pegando itens básicos: frutas, pão, ovos, suco e até algumas refeições prontas para facilitar a vida de Ethan nos próximos dias. Apesar de tudo, não conseguia evitar o sorriso discreto nos lábios. Era estranho estar ali, cuidando dele desse jeito. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se confortável, como se aquilo fosse natur
O vento frio da noite cortava o rosto de Isabella enquanto ela caminhava apressada pela calçada. Seu peito subia e descia de forma irregular, a raiva e a decepção misturadas em um turbilhão dentro dela. Ela não sabia ao certo para onde estava indo, só queria se afastar daquele apartamento. Daquele homem. Seu celular vibrou dentro da bolsa. Ela já sabia quem era antes mesmo de olhar. **Ethan.** Ignorou. Mais uma vez, vibrou. E de novo. Ele estava insistindo. Com os dentes cerrados, Isabella pegou o telefone e atendeu, sem dar chance para que ele falasse primeiro. — Não me ligue. — Isabella, por favor, me escuta. A voz dele soava carregada de frustração, mas também havia uma urgência ali. — Não há nada para escutar, Ethan — sua voz saiu firme, mas seu coração batia acelerado. — Eu te vi. Eu vi Marie praticamente jogada em cima de você! — Eu não a chamei, Isabel
A dor de cabeça de Ethan latejava, e seu corpo ainda estava fraco, mas ele não se importava. Ele não conseguiu dormir direito depois que Isabella saiu furiosa do seu apartamento na noite anterior. A imagem dela com os olhos cheios de mágoa o atormentou, e ele sabia que não poderia deixar as coisas daquele jeito. Então, mesmo doente, ele pegou seu carro e dirigiu até o apartamento de Isabella. Cada quilômetro parecia uma eternidade, e o peso da febre ainda pesava sobre seus ombros, mas ele ignorava tudo. Precisava vê-la. Precisava explicar. Ao chegar, subiu as escadas lentamente, sentindo o coração bater mais forte a cada passo. Ele bateu na porta com força, a ansiedade corroendo seu peito. Do outro lado, Isabella abriu a porta e congelou ao vê-lo ali. Seu olhar se endureceu no mesmo instante. — O que você está fazendo aqui, Ethan? — A voz dela era fria, mas ele percebeu o brilho de preocupação nos olhos dela. Ele
Os dias seguintes passaram em um ritmo estranho. Ethan permaneceu no apartamento de Isabella, e embora ela ainda estivesse relutante em abrir espaço para ele novamente em sua vida, não conseguia mandá-lo embora enquanto ele ainda estava doente. Ela havia organizado um canto no sofá para ele dormir, apesar de saber que seu próprio quarto era muito mais confortável. Mas Ethan, mesmo doente, não reclamou. Apenas aceitava o cuidado dela em silêncio, como se soubesse que não poderia exigir mais nada naquele momento. Isabella saía para o trabalho e, quando voltava, encontrava Ethan um pouco melhor a cada dia. No início, ele passava a maior parte do tempo dormindo, recuperando suas forças, mas conforme a febre diminuía, sua presença no apartamento se tornava cada vez mais evidente. Ele começou a cozinhar para os dois — um detalhe que Isabella nunca imaginou ver. Encontrá-lo na cozinha, preparando uma sopa ou até mesmo um simples café, era um choque. — Você sabe cozinhar? — perguntou,
Ethan partiu naquela tarde, deixando um vazio no apartamento de Isabella que ela não queria admitir que sentia. Os dias seguintes foram silenciosos. Ela voltou à sua rotina normal, mergulhando no trabalho e tentando convencer a si mesma de que tudo estava como deveria ser. Mas não estava. Desde que Ethan se foi, Isabella se pegava olhando para o celular com mais frequência do que gostaria. A ausência dele parecia mais forte do que qualquer outro distanciamento que haviam tido antes. E o pior de tudo? Ela não sabia o que fazer com essa sensação. No escritório, Ethan estava de volta ao seu posto de CEO imponente. No entanto, algo nele parecia diferente. Mais sério, mais distante. Ele não a procurava, não tentava provocar, não lançava aqueles olhares intensos que a faziam perder o fôlego. Era como se ele realmente tivesse aceitado o afastamento. E isso doía mais do que Isabella esperava. — Você está bem? — Claire perguntou em um sussurro, enquanto ambas organizavam documentos p
Isabella acordou naquela manhã com um peso no peito que não conseguia ignorar. Nos últimos dias, tentou se convencer de que sua vida seguiria normalmente sem Ethan, mas a verdade era outra. Tudo parecia sem cor, sem sabor, sem sentido. Ela sentia falta dele. Falta da forma como ele a olhava, como seu tom de voz mudava sutilmente quando falava com ela, falta até da teimosia dele. E naquela manhã, ao encarar seu reflexo no espelho, ela finalmente admitiu para si mesma: estava apaixonada por Ethan. Era um sentimento que lutou para ignorar, que tentou sufocar com a raiva e o orgulho, mas que se recusava a desaparecer. Seus dedos deslizaram pelo celular, abrindo a última mensagem que ele havia lhe enviado. Uma simples “Boa noite”, mas que agora parecia carregada de significados. Ela não queria mais fugir. E se Ethan rea
Isabella saiu do restaurante sem olhar para trás, mas seu coração parecia um peso morto dentro do peito. O ar ao seu redor parecia mais frio, mais denso, e cada passo que dava para longe de Ethan era como se cravasse mais fundo a dor que acabara de sentir. Ela havia se declarado. E ele… não disse nada. As ruas movimentadas de Nova York passaram diante de seus olhos como um borrão. Ela queria chegar em casa o mais rápido possível, queria se trancar no apartamento e apagar aquele momento da sua memória. Mas a voz de Marie ecoava em sua mente. — Que interessante… Aquela mulher sabia. Ela sabia que Isabella estava apaixonada por Ethan e, pior, parecia satisfeita com a situação. Isabella sentiu o estômago se revirar. Afinal, o que ela esperava? Que Ethan se levantasse no meio do restaurante, segurasse sua mão e dissesse que a amava também? <