O jantar havia terminado, mas a conversa com Ethan Carter continuava martelando na mente de Isabella.
Ele havia sido direto. Demasiado direto. O jeito como a olhava, como falava… aquilo não era apenas um encontro de negócios. No caminho para casa, ela tentou se convencer de que estava exagerando. Talvez Ethan apenas quisesse testar sua lealdade, garantir que poderia confiar nela. Mas, no fundo, uma parte de Isabella sabia que havia algo mais. E o mais perigoso de tudo era que ela não conseguia ignorar a atração que sentia. Ela suspirou, apertando mais forte o volante. — Isso não vai acontecer, Isabella. Você não vai se deixar envolver. Mas será que conseguiria manter aquela promessa? Na manhã seguinte, Isabella chegou à Falcon Enterprises sentindo-se mais determinada. Evitaria qualquer envolvimento emocional e manteria o foco no trabalho. Mal havia se sentado quando Claire apareceu. — O Sr. Carter quer vê-la. Agora. Ótimo. Respirando fundo, ela caminhou até o escritório dele e bateu antes de entrar. Ethan estava de pé, perto da estante, folheando um documento. Ao vê-la, fechou a pasta e sorriu de canto. — Bom dia, Isabella. — Bom dia, Sr. Carter. Ele indicou a cadeira à frente da mesa, e ela se sentou. — Preciso que revise estes contratos antes da viagem. — Ele deslizou alguns papéis em sua direção. — Quero sua opinião sobre eles. Ela franziu a testa. — Minha opinião? — Sim. Quero saber o que acha. — Mas eu não sou advogada… — E não preciso de uma advogada agora. Preciso do seu olhar atento. Ele apoiou os cotovelos sobre a mesa e entrelaçou os dedos, observando-a. — Acha que consegue lidar com isso? Isabella ergueu o queixo. — Claro. Ela pegou os documentos e começou a ler. O silêncio entre os dois era quase palpável. Após alguns minutos, Isabella apontou para um dos parágrafos. — Esta cláusula aqui… Está muito vaga. Pode ser interpretada de diferentes maneiras e criar problemas no futuro. Ethan ergueu uma sobrancelha, pegando o papel de volta para analisar. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. — Interessante. — Isso é um problema? — Não. Isso significa que você tem olhos afiados. Ele se recostou na cadeira, ainda a observando. — Você me surpreende, Isabella. Ela sentiu um leve calor subir pelo pescoço, mas manteve a compostura. — Apenas faço meu trabalho, Sr. Carter. — Chame-me de Ethan. Isabella hesitou. — No ambiente de trabalho, acho melhor mantermos a formalidade. Ethan inclinou a cabeça, avaliando-a. — Como quiser, Srta. Castillo. Ela sentiu que ele estava se divertindo com aquilo. E, de alguma forma, aquilo a incomodava. Ao longo do dia, Isabella percebeu algo curioso: sempre que Ethan passava por ela, seu olhar parecia ficar um segundo a mais do que o necessário. E o pior? Ela notava. Quando chegou a hora do almoço, Claire se aproximou com um sorriso sugestivo. — Então, o que está acontecendo entre você e o CEO? Isabella quase engasgou com seu café. — O quê? — Ah, por favor. Você acha que ninguém percebeu? Ele te olha de um jeito diferente. — Isso é coisa da sua cabeça. Ele só está testando minha competência. — Certo… — Claire riu. — Mas me avise quando mudar de ideia. Isabella revirou os olhos, mas a inquietação permaneceu dentro dela. Ela precisava se manter firme. Não podia cair no jogo de Ethan Carter. No fim do expediente, Isabella estava revisando um último e-mail quando recebeu uma mensagem no celular. Ethan Carter:Jantar esta noite. 20h. Enviarei um carro para buscá-la.* Ela ficou olhando para a tela, sem saber como reagir. Respirou fundo antes de digitar. Isabella: Acredito que já discutimos tudo o que era necessário para a viagem.* A resposta veio quase imediatamente. Ethan Carter: Quem disse que o jantar é sobre trabalho?* O coração de Isabella disparou. Ela deveria recusar. Mas, por algum motivo, não conseguia. O jogo havia começado. E ela já estava dentro dele.Isabella ficou encarando a tela do celular por alguns instantes, tentando decidir qual seria sua resposta. Ela deveria dizer não. Isso era o certo. O profissional. Mas, por alguma razão, seus dedos hesitaram antes de digitar. Isabella: Se não é sobre trabalho, então sobre o que é?A resposta veio em segundos. Ethan Carter: Descubra às 20h.Ela fechou os olhos e soltou um suspiro. Ela sabia que cruzar aquela linha seria um erro. Mas então por que seu coração batia tão forte com aquela mensagem? Às 19h50, um carro preto parou em frente ao prédio de Isabella. O motorista, um homem de terno impecável, desceu e abriu a porta para ela. — O Sr. Carter a aguarda, Srta. Castillo. Ela hesitou por um instante antes de entrar no carro. Estava vestindo um vestido vinho de alças finas, sofisticado sem ser exagerado. Não queria parecer que estava se arrumando para impressionar Ethan, mas, no fundo, sabia que queria. O carro a levou até um restaurante à beira do rio. Era um lugar re
O ar dentro do carro parecia pesado. Cada célula do corpo de Isabella estava em alerta máximo, sentindo a proximidade de Ethan Carter como uma corrente elétrica percorrendo sua pele.Ele ainda segurava seu queixo, os olhos analisando cada detalhe de seu rosto, como se esperasse que ela tomasse uma decisão.E, naquele momento, Isabella soube que estava jogando com fogo.Respirou fundo, tentando recobrar o controle.— Boa noite, Sr. Carter.E então, afastou-se dele e saiu do carro.O ar frio da noite foi um choque bem-vindo contra sua pele quente.Ela não olhou para trás enquanto entrava no prédio. Mas sentia o olhar de Ethan a seguindo até desaparecer.Na manhã seguinte, Isabella decidiu que precisava colocar limites claros entre ela e Ethan.Era seu chefe. Um homem poderoso, acostumado a ter tudo o que queria.E ela?Ela não seria mais uma conquista fácil.Determinada, passou a manhã ocupada, recusando-se a pensar na noite anterior. Mas sua determinação foi testada quando Claire apare
Nos dias seguintes, Isabella se manteve fiel à sua decisão. Distância. Profissionalismo. Controle. Ela evitava interações desnecessárias com Ethan, respondia apenas o essencial e nunca ficava sozinha com ele por muito tempo. Mas não importava o quanto tentasse, a presença dele parecia envolvê-la de uma forma impossível de ignorar. Ethan, por outro lado, parecia fascinado pelo desafio. Não a pressionava, mas também não recuava. Havia algo nos olhares que lançava a ela, nos momentos sutis em que seus dedos roçavam os dela ao entregar um documento, que a faziam sentir que ele estava apenas esperando. Esperando que ela cedesse. Na sexta-feira à tarde, Isabella estava revisando relatórios quando uma notificação apareceu em seu e-mail. Assunto: Evento corporativo – Comparecimento obrigatório. Ela abriu a mensagem e encontrou um convite para um jantar de gala da empresa, organizado por Ethan Carter. O detalhe que fez seu estômago revirar foi a nota no final: Srta. Castillo, sua
Na segunda-feira, Isabella chegou ao escritório determinada a enterrar os acontecimentos do jantar de gala. A dança, os olhares, a proximidade perigosa entre ela e Ethan—tudo precisava ser deixado para trás. Mas, como já esperava, Ethan Carter não era do tipo que deixava as coisas morrerem facilmente. Antes mesmo de conseguir tomar seu primeiro gole de café, uma mensagem discreta apareceu na tela de seu computador: “Minha sala. Agora.”Isabella soltou um suspiro, tentando ignorar a inquietação em seu peito. Pegou seu bloco de notas e foi até a sala do CEO, preparando-se mentalmente para lidar com o inevitável. Ao entrar, encontrou Ethan recostado contra a mesa, as mangas da camisa social dobradas até os antebraços. Ele parecia descontraído, mas o olhar afiado denunciava que aquele encontro tinha um propósito. — Bom dia, Srta. Castillo. — Sr. Carter — ela respondeu com formalidade, fechando a porta atrás de si. — Como foi seu fim de semana? — Produtivo. Trabalhei nos
O silêncio dentro do jato era quase tão denso quanto a tensão entre Isabella e Ethan. A iluminação suave criava sombras delicadas nos traços firmes dele, e a forma casual com que segurava a taça de vinho só reforçava o contraste entre os dois. Ele estava relaxado. Ela, em alerta. Cada detalhe daquela viagem parecia ter sido planejado para testar os limites dela—e talvez fosse exatamente isso que Ethan Carter queria. — Relaxe, Isabella — ele disse, sem desviar os olhos dela. — Estamos a dez mil metros de altitude. Não há para onde fugir. Ela cruzou as pernas e manteve o olhar fixo nos documentos à sua frente. — Não estou tentando fugir de nada, Sr. Carter. Apenas prefiro manter o foco no trabalho. — Claro. O trabalho. O tom arrastado da voz dele fez algo revirar dentro dela. Isabella ergueu o olhar, e os olhos de Ethan capturaram os dela no mesmo instante, como se já estivessem esperando. — Você sempre faz isso? — ela perguntou, estreitando os olhos. — Isso o quê? —
O voo parecia interminável. A sensação de estar a milhares de metros do chão, cercada pelo luxo e pela calma artificial do jato particular, deixava Isabella com a mente ainda mais dispersa. As horas passavam lentamente, mas sua ansiedade só aumentava. Ao fundo, os sons do piloto e da comissária de bordo não faziam mais diferença, enquanto ela se perdia em pensamentos que a conduziam diretamente para Ethan. Apesar de seus melhores esforços para se manter focada, não conseguia escapar das lembranças da noite anterior, daquelas palavras provocativas e da maneira como ele a olhava. Ethan Carter não era apenas um chefe impiedoso e manipulador. Ele era algo mais, algo que ela não conseguia definir, mas que a fazia sentir uma mistura de desejo e desconforto ao mesmo tempo. Por mais que tentasse afastar o pensamento dele, o perfume sutil de sua presença parecia ainda pairar no ar da cabine. A forma como ele olhou para ela, como se soubesse exatamente o que se
O silêncio no jato parecia agora uma presença tangível. Isabella sentiu a pressão de cada segundo passar, os olhos de Ethan como uma marca em sua pele. Cada palavra que ele havia dito, cada toque discreto, ecoava dentro dela. Ela tentava se convencer de que estava no controle, mas a verdade era que Ethan havia mexido com algo profundo, algo que ela não sabia se conseguia mais controlar.Ele ainda estava perto, não muito longe, mas próximo o suficiente para que ela pudesse sentir a energia entre eles, como uma chama prestes a consumir tudo ao redor. A tentação de dar o próximo passo estava ali, pulsando nas veias dela, mais forte a cada instante. No entanto, o medo, aquele medo familiar e sufocante, ainda estava presente. Ele a fazia hesitar, recuar.Ethan, por sua vez, não parecia disposto a desistir tão facilmente. O olhar dele ainda estava fixo nela, e ele sabia exatamente o que queria. Sabia, também, que ela não estava tão distante dele quanto gostaria
O peso das palavras de Ethan ainda pairava no ar, denso e implacável. Isabella sentia-se à beira de um precipício, e cada segundo que passava ao lado dele a aproximava mais de uma queda que ela não sabia se teria forças para suportar. Não era só o desejo inegável que a consumia, mas o medo. O medo do que poderia acontecer caso cedesse. O medo do que ele poderia despertar nela, algo que ela já não sabia mais controlar. Ela o observava com um olhar carregado de perguntas, de incertezas, e mesmo assim sentia seu corpo reagir à presença dele, como se sua própria alma estivesse em conflito com sua mente. O jogo estava ficando mais complicado a cada passo, e ela não sabia até onde seria capaz de ir. Mas o pior de tudo era que, de alguma forma, ela sabia que ele também estava ciente de sua luta interna.Ethan ficou em silêncio por um momento, apenas observando-a, seus olhos escuros impenetráveis, como se estivesse esperando que ela fosse a primeira a quebrar. M