Gael, com a adrenalina correndo em suas veias, forçava o carro a acelerar, determinado a chegar até Cecília o mais rápido possível. A tensão em seu peito aumentava a cada segundo, o medo de que, ao chegar, algo irreparável já tivesse acontecido com ela. O sangue escorria de seu ombro, mas ele não se importava. O único pensamento que o mantinha consciente era ela, Cecília, e a necessidade urgente de resgatá-la. A estrada à frente estava escura e lamacenta, e, quando ele tentou virar uma curva fechada, o carro perdeu a aderência. O som do pneu derrapando cortou o silêncio da noite, seguido por um grito estridente do motor tentando se recuperar, mas, em um piscar de olhos, o carro deslizou para o lado e, com um barulho seco, colidiu com uma árvore. O impacto foi violento, e Gael foi jogado para frente, o cinto de segurança apertando contra seu corpo. Sua cabeça bateu no volante com força, e ele ficou alguns segundos atordoado, o rosto quente pela dor, tentando recuperar os sentidos.
Gustavo olhou para Gael com desprezo, como se ele fosse um simples insecto a ser esmagado. — Esse merdinha achou que eu ia deixar ele vivo para me chantagear depois, igual a vagabunda da sua mãe fez, e aquela desgraçada da cafetina dela... Sua mãe eu matei por acidente, quer dizer, só antecipei o trabalho sujo que eu ia pagar para alguém fazer por mim. Mas a cafetina, eu matei de propósito, com minhas próprias mãos. — A risada cruel de Gustavo cortou o ar gelado, e Gael sentiu a raiva queimando sua alma. Com uma força renovada, Gael tentou avançar para ele, mas o disparo veio rápido, ensurdecedor. O som do tiro foi como um trovão, e Cecília gritou em pânico ao ver Gael cair no chão, ensanguentado. Ela correu até ele, mas já era tarde. O corpo de Gael estava caído, e a vida dele parecia se esvair a cada segundo. O desespero tomou conta de Cecília, e, em um grito de dor e impotência, ela se ajoelhou ao lado dele. Foi nesse momento que a polícia invadiu o galpão, as sirenes cortando
Gael estava imerso em um torpor, mas a dor que sentia no corpo era insignificante perto da angústia que corria em seu coração. Quando ele finalmente abriu os olhos, a luz do hospital era suave, mas ainda assim, ardia nas suas pálpebras. Ele estava em uma cam, uma cama de hospital e o corpo ainda dolorido, mas algo em seus olhos, um brilho de força, não havia se apagado. Cecília estava ali, ao seu lado, segurando sua mão com tanto cuidado e carinho, mas com uma força inabalável que ele conhecia bem. Ela estava cansada, os olhos vermelhos de tanto chorar, mas havia uma expressão em seu rosto que ele nunca esqueceria: alívio. E mesmo com a intensidade dos eventos que haviam passado, havia ali algo em seus corações que os unia ainda mais forte. — Gael, você está comigo. Estamos juntos. — Ela disse, com a voz trêmula, mas cheia de uma esperança renovada. A dor de vê-lo ferido não era nada comparada ao medo de perder tudo. Ela olhou para ele, e em seu olhar, ele viu mais do que sof
O sol se punha, tingindo o céu com tons dourados e rosados enquanto Gael e Cecília caminhavam de mãos dadas pela beira da piscina do luxuoso hotel de Gael. A brisa suave balançava as palmeiras e a música ambiente preenchia o espaço, mas nada disso importava mais do que o que estavam vivendo juntos. Dois anos havia se passado desde o pesadelo que quase os separou, e agora, de alguma forma, eles haviam encontrado a paz. Aquele lugar, o hotel de Gael, tinha se tornado um símbolo do novo começo para os dois. Não era apenas um hotel; era o palco do amor que floresceu, da vida nova que estavam criando juntos, e agora, com os filhos pequenos que tinham, o cenário perfeito para celebrar seu amor. Gael, agora mais sensível e conectado com a dor dos outros, começou a fazer doações generosas para instituições que ajudavam mulheres vítimas de violência, muitas das quais acabavam se prostituindo por motivos que as levaram a caminhos difíceis. Ele sentia que tinha uma missão de ajudar a reconstr
Gael Ferraz caminhava lentamente pela orla de Copacabana, mas mal percebia o mar, o céu, ou as pessoas ao seu redor. Aquele dia, que se repetia todos os anos como uma maldição, trazia com ele uma dor sufocante, uma lembrança impossível de apagar. Era o aniversário da morte de sua mãe.Diferente de todos os outros dias, hoje ele decidira dispensar seus seguranças. Precisava ficar sozinho, sentir o peso da solidão que sempre o acompanhou, mesmo em meio à fortuna, aos negócios milionários e à bajulação constante daqueles que o cercavam. Hoje, nada disso importava. O CEO bilionário, sempre visto como frio e implacável, voltará a ser Gael, o garoto que, aos nove anos, viu sua mãe ser brutalmente assassinada diante de seus olhos. A lembrança era tão vívida que o fazia estremecer. Ele conseguia ver com clareza o minúsculo apartamento onde viviam, o cheiro de cigarro e álcool impregnado nas paredes, e sua mãe, que sempre fazia o possível para protegê-lo. Ela era uma prostituta, e por isso a
O sangue começou a escorrer rapidamente, e Gael se viu congelado por um breve momento. A visão do sangue trouxe de volta lembranças de sua mãe, a poça vermelha ao redor de sua cabeça, o desespero de não poder fazer nada. Ele mal conseguia processar o que acontecia à sua volta, sentindo o corpo fraquejar. A dor física misturava-se com o trauma emocional. De repente, uma voz forte e firme o trouxe de volta à realidade.___Fica calmo, senhor, você está ferido. Vou levá-lo para um pronto-socorro.Era um policial que, ao testemunhar parte da confusão, correu até ele enquanto seu parceiro perseguia o assaltante. O policial rapidamente pressionou o ferimento no braço de Gael com um pano, tentando estancar o sangue.___ Você vai ficar bem, só precisa de cuidados médicos.Gael, ainda em choque, mal conseguiu responder. Ele foi colocado na viatura e, com as sirenes ligadas, levado diretamente para o hospital. No hospital, Gael foi encaminhado para a emergência, onde médicos e enfermeiros c
___Correto, senhor. Mas a médica de plantão está em uma cirurgia de emergência. Se ainda não notou, este é um hospital público, onde a escassez de médicos é grande, e na maioria das vezes o médico que estiver presente tem que priorizar os casos com riscos maiores. — disse ela, tentando se manter o mais educada e paciente possível, e depois continuou.___Portanto, ou me deixa cuidar do seu ferimento ou terá que usar todo seu dinheiro e poder para ser atendido em um lugar mais de acordo com seu status. A frustração de Cecília era palpável. Ela havia tido uma manhã difícil, enfrentando não apenas o comportamento arrogante de Gael, mas também o desrespeito de um jovem bêbado, filho de papai, que havia passado a mão nela. Ela relevou, sabendo que o rapaz estava fora de si, mas a amargura do momento ainda a afetava.___Você me deu uma boa ideia. É isso que vou fazer — disse Gael, com um olhar de superioridade. No entanto, ao tentar pegar o celular do bolso, esqueceu-se do braço ferido e e
Por outro lado, Cecília, enquanto tratava o ferimento, também notou a atração que Gael emanava. Era raro ela se fixar na aparência de um paciente, mas Gael era, sem dúvida, o homem mais bonito e atraente que ela já havia visto. Ela o conhecia por fotos em revistas e na internet, mas, ao vê-lo pessoalmente, sua beleza era ainda mais marcante. Ele tinha um corpo atlético, alto e com músculos definidos, mas sem exagero. Seu rosto exibia uma beleza que, com certeza, chamava atenção por onde passava. Apesar da atração, Cecília manteve o foco em sua tarefa. Ela se lembrou de que, por trás da aparência bela e atraente de Gael, havia uma personalidade que não a agradava de forma alguma. Ela costumava evitar pessoas com o temperamento dele e, principalmente, com sua posição social. Ao retornar sua atenção para o que estava fazendo, fez o possível para manter seus pensamentos focados apenas no atendimento que estava prestando. Com mãos delicadas e uma habilidade precisa, Cecília trat